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28/09/2015

Magia de Umbanda

magia de umbanda



Magia de Umbanda – O que é Magia? – Tipos de Magia


O que é magia?


Existem muitas definições para magia como manipulação de forças; como a capacidade de interagir com os elementos da natureza; como produzir uma ação por meio da vontade; ou a evocação de poderes e mistérios de maneira que os coloque a seu favor; ou a evocação de poderes, forças e mistérios para ajudar você ou outra pessoa.


Há muitas definições para magia, mas às vezes por mais que a gente dê várias definições, para muitos ainda é difícil entender o que venha a ser magia e fica mais delicada ainda a diferença entre magia e religião.


Existe uma linha tênue entre o que é magia e o que é religião, até porque as religiões também possuem um viés mágico e as magias muitas vezes tem uma conotação religiosa.


Existem religiões mágicas, magias religiosas e religiões que mesmo não se considerando religiões mágicas têm uma influência da magia ou no seu ritual ou na sua origem. Existem vários olhares para explicar o que é magia, diferentes olhares e formas de entender.


Magia é manipulação de forças, é chamada de poderes, é chamada de entidades, a relação, a forma de evocar, de determinar. O praticante de magia tem uma postura diferente da postura do religioso.


A pessoa que pratica magia é ativa, tem um contato direto com os mistérios aos quais está se submetendo/lidando, a pessoa que pratica magia trabalha direto com a divindade, com as forças, com os poderes, com os mistérios determinando, dando ordens mágicas, realizando ações mágicas com a finalidade de alcançar um objetivo.


A palavra mago hoje tem um peso tão grande que é difícil utilizar essa palavra porque quando você fala que alguém é um mago, já imaginam que ele tem que ser o Merlin com chapéu de Merlin com uma varinha na mão, com uma roupa esquisita e fazendo mágica de palco.


O mago, o praticante de magia é e pode ser uma pessoa comum que conhece técnicas de magia, essa é a questão.
A postura do religioso é de reverência, de humildade, de quem está pedindo, clamando, se curvando. O religioso é aquele que está sempre pedindo, o praticante de magia é aquele que está determinando, a postura é diferente.


O religioso está sempre esperando que as coisas aconteçam sob a vontade de Deus, o praticante de magia está interferindo como elemento ativo e dependendo do segmento, o praticante de magia é o elemento ativo da vontade de Deus, o religioso é sempre um elemento passivo.


A relação do religioso com o mistério Maior, na maioria das religiões, é de passividade e em muitas religiões o fiel, o religioso, não tem um contato direto com a divindade, entre ele e a divindade existe um intermediário: o sacerdote.


O praticante de magia tem contato direto.


Há uma ação mágica e uma ação religiosa: a ação religiosa é aquela que está trabalhando o seu íntimo, o seu lado interno; ação mágica está trabalhando o lado externo e aquilo que você quer conquistar, que você quer trabalhar ou aquilo que você quer cortar, anular, a energia que você quer descarregar, a entidade que você quer encaminhar, o trabalho que você quer desfazer, quer desamarrar. Isso é uma ação mágica e uma ação mágica em que você está manipulando elementos e sabe que, por meio daqueles elementos, você desamarra, corta, purifica, esgota, encaminha, quebra, desfaz.


Na ação religiosa você entra em contato com sagrado e pede que se for do seu merecimento, de forma direta, seja feito o que tiver de ser das suas necessidades, esse é o contato religioso.


O contato mágico implica num conhecimento, é uma ciência, uma arte real, a arte da magia, da prática da magia, ciência que implica o conhecimento de um objeto que está sendo trabalhado.


O religioso não precisa conhecer uma ciência, ele precisa ter uma doutrina, o religioso não é estudioso de ciência, o religioso é doutrinado é ovelha, o praticante de magia é leão.


O religioso pode se tornar uma galinha, o praticante de magia deve ser uma águia. O religioso é passivo, o praticante de magia é ativo. A religiosidade é algo que acontece de dentro pra fora, a magia acontece de fora para dentro.


Rubens Saraceni diz que: “ A ação religiosa é uma ação que se desdobra a partir do lado interno da criação”.


O que tem no lado interno da criação?


O lado íntimo de Deus, o lado íntimo daquilo que é o sagrado e é desconhecido, onde a gente não penetra.


E o lado externo da criação?


É o mundo tal qual nós conhecemos com suas dimensões paralelas, com o lado espiritual, o material que é possível ver e relacionar-se.


Temos o lado interno e externo da criação e no lado externo a gente tem as realidades divinas que é aquela que se manifesta para nós, a natural das realidades naturais e paralelas e a realidade espiritual.


Nós nos relacionamos com seres naturais, com seres divinos e com seres espirituais isso é um conceito da obra de Rubens Saraceni em Teologia de Umbanda.


Na ação religiosa o meu lado interno se comunica com o lado interno do criador, com o lado interno da criação, é uma ação que se desdobra de dentro para fora.


Na ação mágica, o meu lado externo, a minha espiritualidade, minha relação com as divindades, com os seres naturais, com os elementos, com as forças, com os poderes, isso é o meu lado externo e está atuando, ou seja, há um desdobramento mágico que acontece no lado externo. Então, a ação religiosa é uma ação que acontece de dentro para fora e ação mágica que acontece do lado externo para o lado interno a partir do externo vai provocar mudanças que vão alterar o meu interno.


O religioso é submisso, reverente, humilde, aquele que se curva.


O praticante de magia é ativo, ele determina e ele manipula.


Max Weber explica que a grande diferença entre religião e magia é: que a religião é a prática de uma comunidade e a magia é uma prática solitária, o religioso se estabelece em comunidades, se congrega, se une em torno de uma doutrina, de uma filosofia, de um Templo.


O praticante de magia realiza a sua arte, a sua ciência sozinho, de forma solitária, para ver como é difícil entender a diferença entre magia e religião, o Weber não entra no mérito de como é feita a prática, ele entra no mérito que religião é algo que congrega as pessoas, magia é algo que você pratica sozinho.


Essa é uma característica de que para praticar magia você não precisa de uma congregação, não precisa se congregar com as pessoas para praticar a magia você não precisa de um Templo para reunir pessoas, para praticar magia você não precisa de hierarquia religiosa, você não precisa de um sacerdote, você não precisa de uma doutrina porque a doutrinação envolve a maneira de conduzir um grupo.


A magia é uma prática que pode ser solitária porque ela dispensa toda organização do contexto religioso que implica em como conduzir uma comunidade, o praticante de magia tem um contato direto com o mistério, ele é ativo, determina, faz, realiza e ele não depende de ninguém, de nenhuma estrutura, de nenhuma hierarquia, ninguém está acima dele, ele tem um contato direto. Agora, os praticantes de magia podem se reunir, mas eles não dependem de uma reunião para realizar a sua arte mágica, mas eles podem se reunir.


Da mesma forma, os religiosos podem ter práticas mágicas, mais ou menos mágicas e aí entram as religiões mais ou menos mágicas.


A Umbanda é uma religião mágica, o religioso de Umbanda não é alguém que fica apenas em atitude passiva, ele não vai ao Templo para sentar e ficar esperando de forma passiva, essa atitude passiva na Umbanda a gente só vê nos consulentes que não são exatamente a figura do religioso de Umbanda porque o consulente não precisa nem ser Umbandista, o consulente pode ser Católico, Judeu, Muçulmano, ateu – o consulente – e o consulente é passivo porque ele chega, senta no banquinho e ele fica esperando a hora de chegar sua consulta, o consulente é passivo.


Esse consulente pode se tornar um religioso Umbandista passivo enquanto consulente, mas quando uma entidade falar para ele: “Meu filho, pra trazer fartura para sua vida, você pega uma moranga dá uma cozinhada nessa
moranga, tira a tampa de cima da moranga, abre ela, faz uma canjiquinha amarela cozida coloca dentro da moranga, coloca uns cravos da índia por cima, acenda uma vela verde de sete dias e coloque dentro dessa moranga oferece isso para Oxóssi, o Orixá do reino vegetal, dos vegetais e da fartura e pede para Oxóssi trazer fartura para sua vida, faça isso e como resultado você vai sentir uma melhora nesse campo”.


A entidade está ensinando magia, está falando: “Meu filho, pra abrir os seus caminhos vá até uma estrada, até um trilho de trem e faça uma oferenda pra Ogum”, esse consulente que é passivo, está aprendendo práticas mágicas, então, a religião é uma religião mágica.


Quando a gente olha uma religião como o Catolicismo, a gente pensa que é uma religião que se coloca frontalmente contra a magia e não tem prática nenhuma de magia. A gente pensa que no Catolicismo não existe magia porque historicamente o Catolicismo foi contra a magia, no entanto, o eixo central da religião, da ritualística Católica é a missa e na missa você transforma o vinho em sangue e o pão em carne, em corpo de Cristo.


E aí você pensa: “É, mas, o vinho não se torna sangue de fato e a hóstia não se torna carne de fato”, pois é, mas simbolicamente sim.


Simbolicamente aquele vinho não é mais visto como vinho e sim como o sangue de Cristo, simbolicamente a hóstia não é mais um pão, ela é o corpo de Cristo, a carne de Cristo, então, simbolicamente o vinho foi consagrado para tornar-se sangue de Cristo. E como? Por meio de um ritual.


Na missa existe um ritual no qual você faz com que o vinho se torne sangue e com que o pão se torne carne, esse é um ritual mágico. A missa tem um ritual de magia que não pode ser explicado para os fiéis e só quem pode fazer esse ritual é o sacerdote, o fiel é passivo.
A religião Católica busca os fundamentos do Cristianismo é uma forma de Cristianismo, não é a única forma, ela revive a vida, a história, a filosofia de Jesus Cristo e na vida de Jesus é relatado, por exemplo, a multiplicação dos pães - é magia, o momento em que Jesus faz com que a água se torne vinho – é magia, Jesus levanta a mão e expulsa demônios ou espíritos imundos, seja lá qual for a tradução – é magia.


A linha é tênue entre magia e religião.


Muitas vezes o religioso, principalmente o Católico vai dizer assim: “O que Jesus fazia não era magia era milagre”. E nas outras religiões? “Ah nas outras religiões era magia”, então, a ação mágica da sua religião é um milagre e a ação mágica da outra religião é magia, é feitiçaria.


Atente para esse detalhe: que o religioso de outra religião quando não reconhece a presença divina e sagrada na sua religião ele diz que o que você faz é magia e feitiçaria porque ele não está reconhecendo que ali está Deus e ali tem algo sagrado.


No momento em que reconhece isso deixa de ser magia pra dizer: isso aí é um milagre, uma intercessão de Deus, mas um milagre é também uma ação mágica quando a pessoa que faz sabe o que está fazendo.


O que vem antes do Cristianismo?


O Judaísmo.


No Velho Testamento nós temos Moisés: “Moisés solta sete pragas no Egito. Foi um milagre que Deus operou”, é magia; “Moisés pega um cajado bate no morro e sai água”, é magia; “Moisés pega o cajado e joga no chão e o seu cajado se transforma numa cobra”, é magia. Não é milagre. Milagre é porque é da sua religião porque quando você olha de fora é magia, isso é magia. “Moisés bate o cajado no chão e abre o mar”, é uma ação mágica produzindo um efeito externo, isso acontece de fora para dentro, isso é magia. Moisés poderia operar tudo isso sozinho sem intercessão de ninguém, então isso é ação mágica.


Moisés diz: “Que todos os primogênitos no Egito irão morrer menos os filhos primogênitos dos semitas”, mas para isso todos fizeram sinal na porta da sua casa para que a morte não entrasse. Quem é a morte? É o Anjo da Morte.


Moisés evocou o Anjo da Morte, a presença do Anjo da Morte para levar a morte para todos os primogênitos dos Egito menos na casa dos semitas, por quê? Porque na porta de entrada eles colocaram um sinal, esse sinal é um sinal cabalístico, é um sinal que tem o poder, que tem uma força.


Ali há uma ciência, é magia.


Quem é Moisés?


Moisés é um semita que foi criado como príncipe do Egito, foi criado para ser Egípcio, mas ele foge e se casa com Séfora passando a conviver com seu sogro, chamado Jetro, que é negro, Africano, passa a conviver com ele, vai aprender magia com Jetro, Moisés torna-se um grande praticante de magia e ele dá base de fundamentação para o Judaísmo tanto a base Judaica religiosa quanto a base Judaica Mística ou Mágica que está na Cabala ou na Cabalá. “Ah, então, o Judaísmo tem religião e magia?”. Sim. O Judaísmo tem uma vertente mais religiosa e uma vertente mais mágica.


As religiões possuem a vertente mágica também que é relacionada com a mística e a parte que a gente chama de mediúnica.



Embora uma coisa não dependa da outra: o ato mediúnico não depende do ato mágico e o ato místico não é necessariamente um ato mágico. O ato místico é o encontro com a deidade, o ato místico é quando você e a divindade se tornam um, então, o transe mediúnico tem viés místico.


Os místicos também tem um viés mágico que é o de conhecer de perto a divindade e por meio desse conhecer, manipular forças e poderes, mistérios e etc.


Mas, voltando ao Judaísmo, o Judaísmo tem um viés mágico que é trabalhado na Cabala ou Cabalá Hebraica, na Cabala Hebraica se estuda a mística ou a magia do Judaísmo que é antiguíssima e que é uma magia que remonta, por exemplo, a Moisés que é alguém que estudou Magia Egípcia, que estudou a magia Africana de Jetro que é uma forma de Xamanismo Africano, que estudou a Magia Semita que já descende de Abrahão que vem de uma cultura mágica religiosa.


Moisés dá esse fundamento mágico religioso, mas Moisés dá a base religiosa para o seu povo ser pacífico e passivo pelo fato de Moisés ter contato direto com Deus. Mas, sempre existe um grupo mais próximo em que vai se ensinar a arte real, a magia, por isso Jesus tinha doze discípulos. Jesus tinha doze discípulos diretos, por quê? Para que ter discípulos diretos? Porque alguma coisa ele ensinava para esses discípulos que não chegava para o resto da população.


O ensinamento mais próximo, fechado, é um ensinamento mágico, místico, é aquele ensinamento que para você transmitir para alguém esse alguém tem que assumir uma responsabilidade, é um ensinamento que, para ser passado, implica em uma iniciação.


Jesus iniciou doze discípulos e pelo menos uma discípula que se tem notícia: Maria Madalena que era muito querida a Jesus, amada a Jesus e o que fica evidente e claro nos Evangélicos Apócrifos e com certeza ele também deve ter iniciado a sua mãe Maria, então, Maria Madalena, Maria sua mãe e provavelmente outra Maria, irmã de sua mãe, que juntas são as três Marias, provavelmente no mínimo ele iniciou três Marias daí ser tão forte o nome Maria no contexto religioso Cristão.


Essa iniciação diz respeito a um contato direto com o mistério, com o poder, o ensino de uma ciência fechada, de um conhecimento secreto. Esses discípulos de Jesus iniciaram outros, que iniciaram outros, que iniciaram outros e que geraram uma hierarquia que em religião é a hierarquia sacerdotal e em magia é iniciação.


Na Cabala Hebraica existem iniciações para que você possa trabalhar. Antigamente, para um Judeu praticar Cabala tinha que ser homem, maior de quarenta anos e casado e não bastava ser homem tinha que ser o primogênito.


Antigamente um praticante de Cabala só podia ensinar Cabala para o seu primogênito homem no momento em que ele estivesse com quarenta anos e fosse um homem casado, por quê?


Porque esse era um conhecimento secreto considerado algo muito delicado que para trabalhar com esse conhecimento você precisa ter maturidade. Então, a magia foi tratada dessa maneira como segredo por muitas culturas, no Judaísmo as práticas de magia estão na Cabala.


A Cabala estuda a magia que há nessa religião, nessa cultura, é um fato que existe magia na religião Judaica, no Islã é o sufismo, no Cristianismo você tem o Gnosticismo e tem a alta magia dos Cristãos praticantes de magia.


A magia em si é algo que sempre existiu desde que o homem é homem, desde que o homem se torna homo sapiens ele pratica religião e também pratica magia de tal forma que ninguém pode dizer com certeza o que nasce primeiro: religião ou magia, as duas nascem juntas na vida do ser humano tanto a prática mágica quanto a prática religiosa.


Nós podemos afirmar sem medo de errar, categoricamente, que a primeira forma de manifestação religiosa, a forma mais antiga que nós temos conhecimento é o Xamanismo.


No Xamanismo você verifica o transe como prática básica do Xamã e em quase todas as formas de Xamanismo você vai identificar práticas mágicas, o Xamã é também um praticante de magia, nem todo praticante de magia é um Xamã porque nem todo praticante de magia trabalha a arte do êxtase ou do transe que é a arte do Xamã. Mas, quase todos os Xamãs têm práticas mágicas.


Quem é a figura do Xamã?


Por exemplo, os Pajés Brasileiros indígenas todos eles são Xamãs e todos eles trabalham com ferramentas, com recursos de magia, com maraca, com fumo, com canto, com tambor, com erva, com reza de determinação mágica, isso é magia.


Antes da religião se tornar algo organizado, ela surge na prática Xamânica e com o tempo os grupos sociais vão dogmatizando, vão doutrinando, vão criando suas Teologias em cima da prática Xamânica ou da experiência Xamânica ou da experiência mística. Os grandes fundadores de religião como Cristo, como Moisés, como Buda e tantos outros são grandes místicos e muitos deles, místicos praticantes de magia, assim nascem as religiões.


A magia é algo natural para o ser humano. A gente vai encontrar práticas de magia em todas as culturas, assim como encontramos práticas religiosas em todas as culturas e em todas as culturas a magia era, no passado, praticada junto com a religião - podendo ser praticada de forma separada também.


O Pajé, que um Xamã, é o representante mágico e religioso de uma tribo. Nas culturas Africanas nós encontramos os sacerdotes que são também praticantes de magia e os praticantes de magia que não necessariamente conduzem um grupo de sacerdotes.


Nós vemos em culturas antigas como a cultura Celta, que é a cultura que antecede o Cristianismo, uma religião mágica, aquela imagem do Merlin é a imagem de um Druida, o Druida é um sacerdote na cultura Celta e esse sacerdote é um praticante de magia – quem não assistiu recomendo que assista Brumas de Avallon – onde a presença das mulheres praticando magia era muito forte.


Na cultura Nórdica, na cultura indígena, em todas as culturas aborígenes você vai ver a prática de magia, as religiões organizadas, as grandes instituições religiosas não incentivam a magia e não incentivam a prática mística como o transe, por quê?


Porque quando um religioso tem um contato direto com a divindade ele não precisa mais da organização religiosa.


Quando um religioso entra em transe místico com a divindade ele não precisa mais do Templo e nem do sacerdote, não precisa mais de ponte, Deus não está mais no Templo, está dentro dele e aí este religioso só continua no Templo e na religião se ele estiver ali por amor e em muitas organizações religiosas, as pessoas permanecem por medo, medo do diabo, medo da vida descambar, medo de toda Teologia do terror colocada em cima da pessoa, medo de não ser mais perdoado e não ser absolvido mais dos seus pecados.


E quando o adepto começa a praticar magia ele mesmo começa a manipular as forças e os elementos, ele sai da postura de ovelha para a postura de leão, sai da postura de galinha para a postura de águia, ele sai da postura de passivo para a postura de ativo e isso não interessa para as grandes religiões organizadas.


As grandes religiões pretendem conduzir ovelhas, pessoas passivas porque não dá trabalho conduzir ovelhas, você só precisa tomar conta dos lobos para eles não atacarem as suas ovelhas e colocarem os cães de guarda tomando conta das ovelhas, então, esses cães são os sacerdotes que tomam conta das
ovelhas.


O pastor é uma imagem mítica porque se chama o sacerdote de pastor, mas nas grandes religiões eles estão mais para o cachorro que toma conta do rebanho e o pastor é Jesus, ele é o grande pastor, ele é o divino salvador.


Jesus é a figura do pastor, o grande pastor conduzindo o rebanho com os cachorros em volta evitando que os lobos ataquem, então, diz para o rebanho: “Aqui vocês estão protegidos, os lobos não vão lhe pegar”.


Agora, quando você deixa de ser uma ovelha para ser um leão, você não tem mais medo do lobo e você não precisa do cachorro, não precisa do pastor e de nada mais porque você tem o contato direto com a deidade, mas você continua no rebanho se você tem amor por aquele rebanho, você vai ser um leão ajudando a conduzir aquele rebanho, essa é a postura de quem pratica magia, do praticante de magia, essa é a grande diferença, as grandes instituições não se interessam em ensinar magia, mas elas sabem que a magia existe.


Nas sinagogas se ensina religiosidade judaica, em algumas sinagogas existem estudos paralelos de Cabala ou Cabala Hebraica, nem todo rabino é um estudante da Cabala e nem todo Cabalista é um rabino, no Islã há o sufismo, mas nem todo Sheikh é um praticante Sufi, nem todo Cristão é um praticante de magia.


No caso da Umbanda, nós temos uma religião que é mística e mágica, aprenda e aprofunde-se nisso porque é uma oportunidade única, a nossa religião não é uma religião que tem uma grande instituição central querendo comandar todo mundo, deixe de ser ovelha, se torne um leão; deixe de ser galinha, se torne uma águia. Entenda que o Umbandista transita entre momentos nos quais a sua atitude deve ser passiva e momentos em que a sua atitude deve ser ativa.



Funcionamento da Magia na Umbanda


No momento em que uma religião, como a Católica, assume o poder, e ela assumiu durante um bom tempo, essa religião começa a perseguir as outras e uma forma de perseguir é afirmar que a magia do outro é uma coisa demoníaca, isso é uma receita antiga.

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15/09/2015

Como Reconhecer um Guia de Umbanda


Guias de Umbanda são espíritos em evolução, que trabalham pela caridade nos Terreiros através dos seus médiuns ou na contraparte astral, dando sustentação aos trabalhos realizados. Dentre eles podemos citar os Caboclos, Pretos Velhos, Crianças ou Ibejis, Exus, Povo Cigano, Marinheiros, Boiadeiros, etc.

A Umbanda acolhe todos os espíritos encarnados e desencarnados que desejem ou necessitem trabalhar na terra pela caridade, dando oportunidade de ascensão espiritual a todos. O Caboclo das Sete Encruzilhadas, quando da anunciação da Umbanda em 1908, estabeleceu que: "Com os espíritos mais evoluídos aprenderemos, aos menos esclarecidos ensinaremos e a nenhum renegaremos." Desta afirmação, fácil concluímos que a Umbanda arregimenta os mais evoluídos do que nós, que são os nossos Guias; estão também entre nós os espíritos menos esclarecidos, que muitas vezes acompanham as falanges dos Guias para aprenderem com eles; estão também irmãos desencarnados que nos obsediam e aqueles que são enviados para tratamento no grande hospital que existe na contraparte astral do Terreiro.

Então, o médium que trabalha na Umbanda tem a oportunidade de prática da caridade não apenas para os consulentes encarnados, mas também para a grande maioria desencarnada e necessitada. Como assim? Como o médium auxilia os espíritos desencarnados?

O médium auxilia os desencarnados primeiramente quando auxilia a si próprio, cuidando da sua saúde espiritual e emocional, seguindo os ensinamentos da sua Casa espiritual com disciplina, cuidando do aspecto moral que molda o seu caráter, tentando praticar os ensinamentos do Evangelho em sua vida. Durante os trabalhos em seu Templo e também fora dele, deverá emitir pensamentos positivos sempre para todos, reprimir os sentimentos de inveja, raiva, rancor e melindres, treinando a humildade e sentimento de fraternidade. Desta forma, ele contribui para promover uma atmosfera fluídica salutar em benefício de todos, desta forma estará apto a doar ectoplasma para auxiliar no tratamento dos desencarnados e também estará apto a ensinar, através do bom exemplo, acolhendo a esses irmãos com amor.

Até aqui, já sabemos que existem na Umbanda espíritos Guias, espíritos menos esclarecidos, espíritos obsessores dos encarnados, espíritos sofredores e doentes e também espíritos trevosos que insistem em lutar contra a luz. São estes últimos, os que se comprazem nas trevas, que iremos nos deter neste texto a fim de sabermos identificá-los, pois muitas vezes eles se passam por Guias, ludibriando médiuns invigilantes e o estrago é bem maior quando se passam por Guias Chefe de um Terreiro, através da mediunidade de um dirigente tão negativado quanto ele próprio.

Uma regrinha básica: se tudo é sintonia, o médium atrai para si espíritos semelhantes a ele próprio. Então se quer conhecer a natureza de um espírito, observe a natureza do médium que lhe serve de instrumento. Ninguém é perfeito, claro. Mas é certeza que os bons espíritos, os nossos Guias, estão sempre próximo do médium que se esforça em melhorar-se. Porém, aqueles cujo objetivo é a satisfação pessoal, seja material ou que acaricie o seu ego através da vaidade e orgulho, aqueles que passam por cima do seu irmão e semelhante para se promover e se sobressair, aqueles que semeiam a mentira, a discórdia, a fofoca e toda vibração incoerente com o trabalho de um Guia, com certeza, destes os Guias estarão afastados e permitindo que aprendam com as consequências dos seus erros.

Outra forma de identificar um espírito trevoso, já nos dizia Kardec, é observar a sua linguagem. Alguns até conseguem enganar por um momento com uma suposta sabedoria, mas em algum momento eles se denunciam. No nosso grupo de estudos na Tulca, foi dado um bom exemplo para ilustrar este fato: Pede-se gentilmente que um espírito desincorpore do seu médium para que os trabalhos continuem com outra falange e ele, sentindo-se ofendido, rebate: "ainda não terminei de falar, sou um Guia e preciso continuar..." Ou então: "você sabe com quem está falando?" Um Guia, mesmo da mais alta elevação, sempre é humilde e jamais constrangerá quem quer que seja.

Outro exemplo a nível de Terreiro: os trabalhos se encerram e depois, em um canto, um Guia baixa para falar sobre suas adivinhações da vida de uma pessoa e o cuidado que ela tem que tomar. É óbvio que o Guia respeita acima de tudo a disciplina do Terreiro e, uma vez os trabalhos encerrados pelo dirigente, jamais ele irá manifestar-se em hora imprópria e ser o mau exemplo com tamanha indisciplina. Sem falar que os trevosos podem ter acesso aos nossos segredos e os colocar para impressionar e passar por Guia.

Com relação ao uso da mediunidade na própria residência do médium, o Guia pode até vir em um caso extremamente necessário, raras vezes, por permissão e merecimento, mas nunca como hábito. Por isto, um médium ostensivo que queira realmente ajudar um irmão que procura a sua mediunidade deve aconselhá-lo a ir a seu Terreiro ou a qualquer outro, mas nunca deve dar passividade para os seus Guias em um local sem preparo e segurança, com risco de ser atendido por espíritos trevosos e oportunistas.

Esperamos com este texto poder contribuir um pouco para o reconhecimento de um verdadeiro Guia de Umbanda e consequentemente de uma boa Casa de Umbanda, a fim de evitar consequências desastrosas ao psiquismo de muitos irmãos de fé. Rogamos a Olorum que um dia todos estejam aptos a separar o joio do trigo e fazer a nossa Umbanda resplandecer límpida e cristalina aos olhos de todos.

Do livro "Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo"



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08/09/2015

Povo do Oriente na Umbanda


Povo do Oriente na Umbanda - Por Ednay Melo


A Linha do Oriente na Umbanda é composta por espíritos de alto grau evolutivo, cuja missão é despertar o eu superior do ser humano ligando-o ao Divino na luz do Evangelho de Jesus.

Trabalham basicamente com a cura física e espiritual e estão nos Terreiros que se comprometem com os ensinamentos de Jesus e estão sempre próximos do médium que se esforça em melhorar-se em suas qualidades morais, movido pela caridade pura e sentimento de fraternidade universal.

São espíritos socorristas das esferas umbralinas, que são esferas onde aglomeram-se espíritos devedores da Lei Maior e que podem de lá sair quando se arrependem sinceramente e pedem socorro através da prece sincera, se for do merecimento, o chamado através da prece liga esses espíritos sofredores imediatamente aos psiquismos iluminados dos espíritos socorristas e com a mesma velocidade do pensamento eles se fazem presentes nestas esferas e encaminham estes espíritos, já muito torturados com o sofrimento de suas consciências, para tratamento em esferas espirituais superiores.

São entidades que através da mediunidade de incorporação falam pouco, mas com a profundidade dos verdadeiros sábios, não são dados às consultas como vemos com os nossos Pretos Velhos, caboclos e demais Guias da Umbanda, devido à dificuldade de sintonia com o plano material denso e dificuldade de encontrar instrumento mediúnico que lhe corresponda às energias sutis.

São entidades que estão sempre presentes no anonimato e silêncio, utilizam com mais frequência a mediunidade intuitiva, de psicografia e de cura, principalmente a de imposição de mãos. Na nossa Tenda, o trabalho caritativo de fluidoterapia é comandado pelo Mestre Ramon, da Falange de São Francisco de Assis; no trabalho de fluidoterapia eles utilizam as mãos do médium bem-intencionado para direcionar fluidos salutares para a cura.

A linha do Oriente não é composta apenas por espíritos que na terra foram orientais, como muitos pensam, e sim por todos os espíritos que alcançaram alto grau de iluminação, comprometidos em auxiliar o progresso da terra e do ser humano encarnado. A maioria tem rica experiência com a Ciência, principalmente a Medicina, trazendo conhecimentos milenares para o equilíbrio integral do espírito eterno.

Do livro "Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo"



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02/09/2015

Pai Pequeno na Umbanda

Pai Pequeno


Pai ou Mãe Pequenos são a segunda pessoa dentro da hierarquia do Terreiro. Ser Pai Pequeno requer assimilação consciencial de ser escolhido pela Corrente Astral de Umbanda. Não basta querer, estudar, fazer cursos, dedicar-se ao seu Templo, não basta alcançar grau mediúnico aceitável, ter sido batizado, iniciado, etc. É preciso ser escolhido antes de tudo!

Após a indicação espiritual, é preciso ser aceito também pelo Chefe de Terreiro ou Sacerdote, afinal será o seu substituto quando necessário. Deve ser um médium de sua confiança e que atenda aos requisitos necessários para ser agente de crescimento da sua Casa Espiritual.

Ser Pai Pequeno requer longa experiência no mediunismo do Terreiro que o acolhe. Experiência fundamentada no respeito a Olorum e aos Orixás, à Sagrada Lei de Umbanda e à Coroa Espiritual do seu Sacerdote. Sua experiência deve ser respaldada também na humildade, disciplina e dedicação amorosa ao seu Templo.

O Pai Pequeno se compromete em aceitar, seguir e fazer cumprir os ensinamentos do seu Terreiro. O Pai Pequeno se compromete perante a Coroa Espiritual do seu Sacerdote e perante a sua própria Coroa Espiritual, a seguir e respeitar a Lei de Umbanda, praticando a caridade incondicional e auxiliando a todos os irmãos que dele se aproxime, sem ferir o livre arbítrio, sem julgar nem manifestar preferências, ciente de que todos são iguais perante o Pai Maior.

Do livro "Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo"



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29/08/2015

Sobre Umbanda


Sobre Umbanda

Sobre Umbanda - Por Ednay Melo

Umbanda é uma religião tipicamente brasileira, constituída a partir de uma diversidade de crenças universais como o Africanismo, o Catolicismo e o Espiritismo. É uma religião eclética, que se molda de acordo com a egrégora que a pratica, daí a sua diversidade em Umbanda esotérica, branca, universalista, traçada, omolokô, etc. Esta diversidade tem como aspecto positivo o respeito à liberdade de consciência, imprescindível ao crescimento do ser humano como ser integral, em sua personalidade bio, psíquico e social. E tem como aspecto negativo a confusão de opiniões, refletindo na sociedade uma visão deturpada da Umbanda, muitas vezes uma visão enraizada em conceitos já ultrapassados, que ferem o principal objetivo da religião, que é a oportunidade de crescimento espiritual através de estudo e prática do princípio de amor, fraternidade e caridade.

Este texto surge da necessidade de contribuir para um melhor entendimento da Umbanda, quando a sua filosofia se encontra nebulosa para a sociedade em geral.

Na minha trajetória como aprendiz da Umbanda, do Candomblé e do Espiritismo, me deparei com conceitos e preconceitos que se chocam fortemente com a prática que tenho a oportunidade de vivenciar. Um dos conceitos ou preconceitos da maioria dos irmãos da Doutrina Espírita, Doutrina esta que respeito em sua filosofia enriquecedora, é o de que "ser umbandista ou ser espírita é uma questão de evolução espiritual, assim, os umbandistas ainda não são capazes de entender a Doutrina Espírita, por isto se apegam às práticas grosseiras, às energias mais densas, porque é o que está ao seu alcance evolutivo."

Entendo que é primordial saber o que seja evolução espiritual, é um conceito absoluto ou relativo? Prefiro acompanhar o pensamento já comprovado pela ciência de que tudo é relativo. Ser relativo entende-se não haver parâmetro universal para um paralelo, logo, ser espírita não é sinônimo de ser mais evoluído, tampouco mais capaz de entender determinado pensamento. Energias densas e sutis? Existem em todo ambiente, emanadas de encarnados e desencarnados. Dessa forma, não encontro respaldo na realidade de certos preconceitos com relação à Umbanda.

A Umbanda é uma religião simples, que pratica a humildade através da sabedoria dos Pretos Velhos, que sentados em seus tocos e pitando os seus cachimbos explicam as verdades espirituais com mais clareza de raciocínio aos culturalmente menos favorecidos, que não encontram lugar em palestras com vocabulários ricos e belos em cultura indubitavelmente terrena.

A Umbanda não sacrifica animais, a Umbanda dá de graça o que de graça se recebe, em trabalhos umbandistas não se ingere bebidas alcoólicas, a Umbanda não polui a natureza com oferendas, porque a natureza sendo sagrada na representação dos Orixás é louvada com fé, amor e , sobretudo, respeito a sua integridade.

A Umbanda, enfim, acompanha a evolução da humanidade em seu aspecto mais sublime, que é o encontro do humano com o Sagrado, do eu interior com o eu superior, na absorção gradual dos Mandamentos do Criador.

Ednay Melo

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Você Realmente Conhece a Umbanda? - Por Marilena Mattos

A Umbanda é uma religião de grande diversidade. Ao contrário do Kardecismo, ela não é codificada e se apresenta através de diferentes práticas. Porém, alguns princípios básicos são comuns a todas as ramificações da Umbanda.

O primeiro deles é a caridade gratuita, sem distinção de cor, raça, credo religioso ou status social. Aliás, a incorporação mediúnica de Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, Exus, Boiadeiros etc, se dá para cumprir este objetivo - a caridade a quem precisa - e a evolução do espírito.

No que tange a evolução do espírito, a Umbanda crê na reencarnação para cumprimento de seus karmas e como forma de evoluir na escala espiritual. A Umbanda crê no livre arbítrio, que torna o homem responsável por suas escolhas, ações, pensamentos e sentimentos e que o coloca, portanto, no dever de responder por seus atos sem revolta e com compreensão. Para a Umbanda, o mal é um bem a nascer e todos terão perante a Deus o direito de evoluir, mesmo que para isso sejam necessárias várias encarnações. Eis o verdadeiro objetivo das encarnações: oportunidade de crescimento e evolução para o espírito.

A Umbanda não prega o mal. É absolutamente contra a violência e valoriza a humildade como virtude fundamental. Tanto o corpo mediúnico quanto os dirigentes das Casas de Umbanda devem permanecer no exercício constante de combater a vaidade e lembrar que a doação e honestidade são fundamentais no caminho escolhido por eles: a missão que é o serviço à Umbanda.

A Umbanda também tem como um dos seus principais pilares o respeito. Respeito pelas outras religiões, respeito pela evolução e história de cada espírito, respeito pelos valores humanos, pela moral e pela dignidade.

Ainda hoje, há muita confusão no entendimento da Umbanda. Essa religião, que só prega caridade e respeito, muitas vezes, é mal interpretada por pessoas que a desconhecem. Ou pior, por charlatães ou pessoas de má fé que se dizem Umbandistas e só deturpam os princípios básicos da religião, fazendo com que boa parte da sociedade olhe para a Umbanda com desconfiança, medo e até aversão.

Não tenha medo de descobrir o que é a Umbanda. Ela está de braços abertos, sem nenhum interesse, esperando para receber você, com carinho, respeito, amor e muita, muita fé em Deus!

Marilena Mattos

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O Encanto dos Orixás - Por Leonardo Boff

Como é bom saber que existem pessoas que não são umbandistas e conseguem ter a sensibilidade de entender a Umbanda, talvez mais do que muitos dos que se dizem umbandistas. Vale a pena ler o texto abaixo do teólogo Leonardo Boff:

"Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuína brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual.

O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.

O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento inecessante da força divina). Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso pais criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las. Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade. Elas não multiplicam Deus num falso panteismo mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus. Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus.

A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.

Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título O Encanto dos Orixás, desvendando-nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T. S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.

Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem também era uma religião de escravos e de marginalizados, “os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores”.

Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas."

Leonardo Boff



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16/08/2015

Axé do Pai Omulu


Axé do Pai Omulu

Omulu é o orixá da saúde e da transformação, a base sólida representada pela terra que promove a sustentação e o equilíbrio de todas as coisas.

A promoção da saúde é dada por merecimento e pelo cumprimento de diversos fatores estabelecidos pelas Leis Universais. A saúde, em seu sentido restrito, é a ausência de doenças. Discorreremos brevemente sobre a questão das doenças, a fim de formarmos um parâmetro para o entendimento do axé deste grande Orixá.

A doença faz parte da vida, está entre nós e por toda a parte. Por que existe a doença? Ninguém gosta de se sentir doente, ela gera mal-estar, sentimento de impotência, flagelo e dor.

A doença é imposta, adquirida ou natural, e pode ser física, mental e espiritual.
Ela é imposta quando a Lei Cármica entra em execução e a doença é necessária para ajudar no progresso do espírito, pois enquanto o sofrimento lhe trava uma vida plena na terra, seu espírito está se depurando, se ajustando, quitando dívidas pretéritas com as Leis Universais, para que possa crescer livremente diante da paz de sua consciência.

A doença é adquirida diante do exercício do nosso livre arbítrio. As nossas más escolhas diante da vida promovem a doença, citamos como exemplo os vícios de forma geral; nutrir e permanecer com sentimentos de ódio e mágoas; estresse causado pela ganância do ter e do poder; falta de cuidados devidos com o corpo físico; baixa autoestima, etc. A doença é natural quando é consequência do desgaste do corpo físico causado pelo avanço da idade. O corpo naturalmente e gradativamente perde a sua vitalidade para que possa encerrar o seu ciclo reencarnatório atual.

A doença mental está no limiar do desequilíbrio físico e espiritual. Até meados dos anos 80 acreditava-se que a doença mental era um distúrbio severo da personalidade com o rompimento da realidade. Hoje, o progresso da Ciência comprova por exames de imagem que há alteração também a nível físico e cerebral.

A doença psicológica está ligada aos sentimentos e dificuldades de escolhas e adaptações diante da vida, podemos dizer que a doença psicológica é de nível emocional.

A doença espiritual pode ser a origem de todas as doenças citadas anteriormente, pois o corpo é o reflexo do espírito, ou para melhor entendimento, a doença existente no corpo físico também existe no corpo perispiritual; e a mente pertence ao próprio espírito, força que o impulsiona em todas as dimensões físicas e extrafísicas. A doença espiritual é originada do desajuste e desequilíbrio do espírito durante sua jornada evolutiva, durante o seu ciclo reencarnatório no planeta e vivências no plano astral.

E como o nosso querido Pai Omulu pode nos auxiliar neste quesito tão complexo que são as doenças? Em primeiro lugar, todo auxílio que o mundo espiritual nos dá é de acordo com a Lei do Merecimento. Em segundo lugar, nada nem ninguém inerte conseguirá coisa alguma. Temos que fazer a nossa parte, afinal nem Orixá, nem espírito nenhum está entre nós para fazer por nós, isto seria nos anular e atrasar o nosso progresso. Em terceiro lugar e extremamente necessário: é preciso ter fé, acreditar e aguardar com humildade.

Todas as doenças podem ser curadas ou amenizadas através do axé do Pai Omulu, respeitando sempre as Leis Sagradas. Quantas pessoas já foram desenganadas pela medicina terrena e, de repente, ficam curadas como num "milagre"? Já presenciou ou ouviu falar de uma pessoa que morreu e parecia estar sorrindo? E estava mesmo feliz, sem a dor da doença e com certeza é um espírito desapegado das coisas materiais, com certeza passou pelo processo da transformação e valorização do ser espiritual em detrimento do ser carnal. E a doença mental, será que tem cura? É preciso muita paciência e resignação, porque na maioria das vezes esta doença é consequência de um processo obsessivo grave, que exige longo tempo e talvez várias encarnações para obter a cura.

Enfim, respeitando a Lei do Merecimento e fazendo a nossa parte, o axé do Pai Omulu é distribuído de forma a intensificar e apressar a nossa saúde, o nosso equilíbrio, passando pela escola da transformação, precisamos aprender com Pai Omulu a transformar o que é mal em Bem, ele vibra em nós e por nós para transformarmos a doença em saúde, a tristeza em alegria, as trevas em luz, o ódio em amor e vale refletir sobre toda a belíssima Oração de São Francisco!

Do livro "Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo"



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12/08/2015

A Umbanda no Século XXI


A Umbanda no Século XXI

A Religião de Umbanda encontra-se diante de uma situação curiosa, mas que mais uma vez mostra a grandeza da sabedoria de seus mentores. Iniciada em 1908, deparava-se com um mundo muitíssimo diferente de hoje, onde o telégrafo era o meio mais rápido de comunicação, e hoje cem anos depois é um sistema completamente ultrapassado; a luz elétrica, aviões, computadores, naves espaciais, telefones celulares, internet, e muitas outras modernidades tão comuns aos nossos dias, nos idos de 1908 eram coisas inimagináveis para a maioria.

Podemos perceber claramente que o mundo mudou e desenvolveu nos últimos cem anos, muitíssimas vezes mais do que em toda fase pretérita. Mas e a Umbanda, como ficou ou ficará? Não poderia nem pensar em responder tal questão, até o dia que procurado por um Guia, este me pediu para que o assunto do próximo estudo (abril de 2009) fosse “A evolução da Umbanda diante da evolução do Planeta”. Tal pedido me deixou surpreso e temeroso, pois como iria falar de uma coisa que só o plano espiritual tem acesso saber. Foi quando este espírito certamente vendo em minha mente esta dúvida, me disse que me daria direção do que deveria ser esclarecido. Nesse mesmo momento pediu para que pegasse um “escrevedor” e papel e anotasse: A Espiritualidade Mentora dos Terreiros, em comunhão permanente com o Astral Maior, vem buscando orientar com muita calma e simplicidade (como é comum da parte deles), que a Religião de Umbanda vê com muito bons olhos a evolução tecnológica tanto na área médica, industrial, de comunicações, e demais linhas de desenvolvimento e evolução que vive o nosso Planeta, exceto a preocupação excessiva de alguns governantes em desenvolver armas cada vez mais sofisticadas e letais. E como “casar” essa modernidade, essa evolução com os Terreiros de Umbanda? Ai entra a sabedoria dos Guias! É certo que muitos de nós encarnados iríamos pensar que em muito breve estaríamos vendo Pretos Velhos trabalhando com microfones (estilo apresentadores de programas), consultas via e-mail ou via celular, disque-obrigações, blogs dos Guias ou Terreiros, e demais modernidades instaladas nas Casas Umbandistas, mais é ai que vale muito a sabedoria dos Terreiros que aceitam as normas como devem ser: De cima para baixo, ou seja, as ordens e direções passadas dos Guias para nós, e nunca querermos impor nossas vontades ou pensamentos ainda tão distorcidos e errantes para os Guias, pois a grande questão está na sabedoria deles de manter a simplicidade das casas e principalmente dos trabalhos, conservando suas formas de manifestações simples e humildes, seu linguajar, seus costumes de benzer, suas rezas, o uso de ervas, seus “pitos”, e demais “nunangas” que usavam no início do século passado, que usam hoje, e que segundo esse Preto Velho, vão estar usando no próximo século.

O que mudou na Umbanda nesses cem anos? Mudou as construções, pois a maioria era meio que escondida, tendo em vista que a polícia reprimia de forma voraz a pratica do que chamava de bruxaria, feitiçaria, macumbas e demais termos que procuravam para denegrir a Religião de Umbanda. Mudou a iluminação, que a principio era de lamparinas de querosene na maioria dos Terreiros, passando pela fase do lampião a gás, até chegar a energia elétrica. Mudou no tamanho das casas, que cada vez recebiam mais adeptos, e precisavam ficar maiores. Mudou nas vestes, pois no começo do século passado raríssimas mulheres usavam calça (era até proibidas em repartições, e em muitos locais públicos), e da mesma forma que a Umbanda aceitou os costumes dessa época, também acompanhou a evolução natural dos tempos, onde as mulheres passaram a usar calças nos ambientes sociais e também nos Terreiros. Mudou quando deixou de ser praticada basicamente como mediunismo, e foi introduzindo o estudo da doutrina em cada vez mais casas. Mudou e vem mudando no sentido de cada vez mais se desligar do sincretismo religioso e das influências do Candomblé ou Culto Afro. Mudou quando deixou de ter que usar o termo “Espírita” nos nomes dos Terreiros (Sem ele não conseguiam filiação junto a federações e liberação para funcionamento). Mudou quando passou a realizar congressos e grandes encontros para discutir o futuro da Religião de Umbanda. Mudou quando passou a contar em 1956 com o primeiro livro do maior Mestre Iniciático de Umbanda, Sr. W. W. da Matta e Silva, o livro que descortinou e deu direção doutrinária a nossa religião “Umbanda de Todos Nós”. Mudou quando cada vez menos passou a se ver aberrações do tipo: Caboclos com cocares na cabeça, Caboclos com elmo (estilo Romano), Caboclos só de tangas com arco e flecha pendurado no pescoço, confusões que as mentes místicas e confusas lutavam de toda forma para introduzir no meio Umbandista, mas que de Umbanda não tinha nada. Mudou quando a Religião de Umbanda que era taxada por outras doutrinas espiritualistas de “mero mediunismo” obtém credencial do MEC e apresenta a todos a “Faculdade de Teologia de Umbanda”.

Em cada um desses passos podemos observar a tranqüilidade e apoio dos Guias para as mudanças e acompanhamento das modernidades que a evolução do nosso mundo trouxe, porém, também podemos observar claramente que todas as “modernidades” do nosso mundo não interferiu no andamento das reuniões, ou nas manifestações dos Guias, por um motivo muito simples, eles possuem a sabedoria de conviver com a “nossa” evolução tecnológica/industrial, sem absorver a isso, já que para eles tudo isso é “dispensável” para os trabalhos, e o Preto Velho que passou esses ensinamentos, falou com todas as letras que não vemos hoje e nem veremos daqui há 10, 20 ou 100 anos um Caboclo, Preto Velho ou qualquer outro militante da Umbanda falando em telefones celulares, dando consultas via e-mail, mudando a sua forma de trabalhar ou se manifestar devido a evolução Terrena. Permitem e apoiam o uso dos meios atuais para ações que levem esclarecimentos e orientação sobre a Religião de Umbanda, com isso, veremos sim, muitos e muitos Terreiros com seus sites, vídeo conferências, livros publicados na internet, e demais “modernidades” de nosso mundo que facilitem o acesso ao esclarecimento de um número cada vez maior de adeptos da Umbanda. Temos que entender que os Guias, muito diferentes de nós, não passam a usar determinadas coisas para eles “dispensáveis”, como nós fazemos com uma coleção da moda, que vemos uma coisa que nos encanta, e passamos a copiar ou comprar para ter e usar.

No final de sua explicação, O Preto Velho disse que a grande dificuldade que eles do plano espiritual encontram, é controlar os impulsos de seus médiuns em alguns aspectos, e que ele destacava dois em especial: um é o médium atrapalha a comunicação, introduzindo a ela “modernidades” que não fazem parte da “simplicidade da Umbanda”, do tipo: ao invés de levar fósforo, querer a todo custo instituir o uso de isqueiros nas giras; fazer uso de bebidas geladas; fazer uso de músicas no lugar de Pontos Cantados; médiuns usarem adornos como cordões, pulseiras, brincos, anéis, esmalte, maquiagem, cabelos presos, guias de miçangas plásticas (que não deixa de ser um enfeite, pois não tem nenhum valor energético-vibratório); e o outro aspecto é a questão de descaracterizar os Terreiros de Umbanda, querendo fazer perder a sua essência, que é e sempre será asimplicidade; não entendem, que as Casas Umbandistas não combinam com luxo, mármore, louças nobres, pisos requintados. Isso seria o mesmo de chamar a todos esses Sábios Guias que militam na Umbanda de mentirosos, já que pregam insistentemente a simplicidade como forma de elevarmos nossos espíritos; nos ensinam que ostentarmos o luxo é uma fraqueza de nosso espírito, nos dizem que os Terreiros de umbanda por maiores em espaço físico que sejam, deve conservar a todo custo a simplicidade, pois quando acolher os ricos, irá fazê-los retirarem os pés do mármore de seus lares e trabalhos, para colocar o pé no “chão da simplicidade”, e quando receber os pobres (que são a maioria) irá fazê-los sentirem-se a vontade; como que esses Guias que nos ensinam tudo isso vão trabalhar em templos regados ao luxo? Imaginemos então uma pessoa pobre, que é um assistente normal, quase que padrão nos Terreiros; chegar a um Templo aonde o luxo impera, no piso, nas paredes, nos assentos, nas louças dos banheiros, em sofisticado sistema acústico; como será que o mesmo se sentirá? Em um Terreiro de Umbanda que não é, com toda certeza. Aqueles que constroem esses templos, visam trabalhar para um público elitizado, com posses altas ou altíssimas, mas uma coisa é certa: Não é para praticar Umbanda!

Encerrando, o Preto Velho nos deixou mais uma vez a lembrança de uma frase de enorme sabedoria e profundidade: “É na simplicidade que está a grandeza”. Quando os filhos de Umbanda entenderem isso, serão melhores médiuns, melhores pessoas, melhores pais, melhores filhos, melhores Cristãos, e terão entendido a essência da Religião de Umbanda.


Obs.: A evolução de nós médiuns de Umbanda, está em nos tornarmos capazes de assimilarmos através de estudos mais profundos, a grandeza dos trabalhos desses grandes amigos espirituais que se intitulam humildemente de Pretos Velhos, Caboclos, Crianças e Exus, mas na nossa crassa ignorância, ainda temos que viver mais alguns séculos a frente para compreender a Umbanda do Século Passado.

Márcio Coelho



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