Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

30/04/2023

Kiumbas se passando por Guias de Umbanda


Muitos médiuns se questionam e me perguntam sobre a ação de kiumbas incorporando em médiuns e se passando por Pretos Velhos, Caboclos, Exus, ou qualquer Entidades de Luz. Muitas pessoas ficam preocupadas querendo saber como identificar esses espíritos de tão baixa vibração, mas de tão grande esperteza e conhecimento.

Muitos ficam apavorados com a possibilidade de frequentar um Terreiro onde há quiumbas incorporando nos médiuns, na Mãe/Pai Espiritual ou em algum consulente. Sim, falar de quiumba e imaginar que eles podem estar próximos, muito próximos, com certeza causa arrepio, medo, insegurança e muito desconforto.

Mas, o que fazer com essa possibilidade? O que fazer para não cair nas “mãos” desses espíritos tão maquiavélicos e destrutivos?

Penso que a melhor coisa é conhecer como eles agem, como manipulam as pessoas e as conversas. Aliás, essas manipulações muitas vezes são tão sutis, tão mascaradas de amor, preocupação, de ‘boa vontade’ que, se não tivermos capacidade de discernir e nosso senso moral extremamente bem estruturado somos levados por esses espíritos facilmente.

Com essa capacidade de discernir e de fazer valer a boa moral vem a necessidade de estudar e de confiar sempre desconfiando, ou seja, nada de fé cega, mesmo porque, a verdadeira Fé é aquela que se baseia no Saber, na coerência e no sentido lógico de “Fazer o Bem” SEMPRE.

E para ajudar nesse entendimento, transcrevo um texto muito bom sobre as ações de espíritos manipuladores, sobre a nossa real necessidade de discernir e de confiar desconfiando. O texto está no livro: “Mediunidade e Seus Problemas” de J.Edson Orphanake (2ª Ed. – Tríade Editorial), espero que gostem e que consigam perceber a importância de sair da inércia, a importância de Estudar, de buscar Conhecimento e de conquistar o Saber.

Confiar desconfiando…

Antes de sair a pastar, a cabra, fechando a porta, disse ao cabritinho:
– Cuidado, meu filho. O mundo anda cheio de perigos. Não abra a porta a ninguém antes de pedir a senha
– E qual é a senha, mamãe? – A senha é: “Para os quintos do inferno o lobo e toda a sua raça maldita”.
Decorou o cabritinho aquelas palavras e a cabra lá se foi, sossegada da vida.
Mas o lobo, que rondava por ali e ouvira a conversa, aproximou-se e bateu. E disfarçando a voz repetiu a senha.
O cabritinho correu a abrir, mas ao pôr a mão no ferrolho desconfiou.
E pediu:
– Mostre-me a pata branca, faça o favor…
Pata branca era coisa que o lobo não tinha e portanto não podia mostrar
E assim, de focinho comprido, desapontadíssimo, o lobo não teve remédio senão ir-se embora como veio, isto é, de papão vazio.
Desse modo salvou-se o cabritinho porque teve a boa ideia de confiar, desconfiando. Monteiro Lobato



Transcrevemos a fábula acima, comparando-a a certas manifestações nas quais médiuns ingênuos e ignorantes da parte mediúnica, muitas vezes deixam-se incorporar por espíritos levianos e inferiores, que passam por guias-protetores. O médium, desconhecendo o fato de poder ser enganado, dá passividade a um impostor disfarçado em caboclo, preto velho, baiano, marinheiro, etc. e com ele trabalha durante vários anos sem dar-se conta do logro. E tal fato leva infalivelmente o médium, a tenda e a Umbanda ao descrédito e até as consequências desagradáveis em ocorrências policiais, frustrando frequentadores e desprestigiando-nos perante a sociedade. Na maioria dos casos, a dissimulação vem da época do desenvolvimento mal orientado e segue vida afora. Naturalmente, embora caiba responsabilidade ao dirigente do centro, pode o médium estudar seu próprio guia, sem ele se ofender ou melindrar-se, porque sabe que no astral existem lobos com pele de cordeiro, sempre prontos a semearem confusão no seio espiritualista.

Conhece-se o caráter de uma entidade pelo seu modo de pensar, de proceder, de agir. Um espírito iluminado é simples, sério, honesto, compreensivo, prestativo e bondoso; enfim, dotado de virtudes e qualidades superiores; o espírito inferior, ao contrário, é aquele que apresenta imperfeições na personalidade: é hipócrita, falso, mentiroso, maldoso, sensual, orgulhoso, vaidoso, egoísta, ignorante; em suma, tem todos os defeitos possíveis ao ser humano. Logicamente, entre as duas classes há os intermediários: nem bons nem maus. Há os também levianos, zombeteiros, maliciosos, insensatos, brincalhões, como já explicamos antes.

Percebe-se-lhes o caráter através das comunicações: linguagem, cultura, coerência nas ações, sinceridade, benevolência. Os bons espíritos jamais se desmentem, não dão maus conselhos e exemplos, nem se orgulham, apresentando-se como autoridades, nobres, pessoas famosas, reis, guerreiros ou com outros títulos científicos, honoríficos e nobiliários. São modestos, tolerantes e, quando nos terreiros, jamais aconselham para o mal, não provocam discórdias, não se metem em intrigas, não falam mal de ninguém, não separam casais, não usam palavras de baixo calão ou expressões obscenas e pornográficas, não afastam rivais, não fazem gananciosos ganhar em jogos, não arranjam uniões ilícitas, não prometem o que não podem cumprir, não alardeiam falsa sabedoria, não se intrometem em fofocas, tratam a todos com a mesma cortesia e bondade; em resumo, são espíritos sérios, honestos e compreensivos, por isso superiores.

O espírito inferior e imperfeito gosta de se aparecer e, aproveitando a inexperiência e os defeitos do médium, incorpora-o e se apresenta como o caboclo “Tal” de grande força e poder ou o preto velho “Pai Fulano”, curandeiro excepcional e, se soluciona dois ou três probleminhas de consulentes, cura três ou quatro doentinhos entre centenas, através de autossugestão, no resto faz tremendas estripulias: dissemina a discórdia, mete-se em cochichos, alimenta a vaidade do próprio médium, promete o que não pode cumprir, faz prognósticos errados, aconselha a separação de casais, aponta amantes para esposos desconfiados, ridiculariza outros médiuns, repara defeitos nos outros; enfim, estende uma rede de inconveniências e maldades, que passa despercebida dos frequentadores, muitos dos quais temerosos, bajuladores ou subservientes não percebem o fundo falso das manifestações.

Você que é médium e suspeita de algo parecido com o exposto, observe o comportamento de seu “guia” e verifique-lhe o grau de progresso espiritual. Naturalmente, o guia deve ser superior ao médium em moralidade e conhecimento. Se ele se zangar, melindrar-se ou ficar magoado, continue desconfiando…

Retirado do livro “Mediunidade e Seus Problemas” de J.Edson Orphanake – 2ª Ed. – Tríade Editorial

Por fim, SALIENTO: questionar, perguntar, preocupar-se com as ações de quiumbas em médiuns de atendimento é salutar, porém muito mais importante, imprescindível e coerente é se preocupar consigo mesmo, é se questionar e se perguntar se você está sob a ação de quiumbas, agindo, vibrando e desejando como eles…
Procurar o lobo dentro de nós mesmo
É SEMPRE
a opção mais cuidadosa e inteligente
Afinal, a Lei da Afinidade existe e essa, É INCONTESTÁVEL!!!

Mônica Caraccio



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05/04/2023

A Intolerância Dentro do Terreiro

A Intolerância Dentro do Terreiro


AS FACES DA INTOLERÂNCIA DENTRO DO TERREIRO

Outro dia, em conversa com o Pai Pequeno, comentamos que as maiores demandas que um terreiro enfrenta não são as vindas de fora. Essas são apenas “demandas oportunistas”, que aproveitam os enfraquecimentos causados pelas demandas verdadeiras para se instalarem. 

E quais seriam as “verdadeiras”? As verdadeiras, as mais difíceis de se resolver, as que desgastam mais e que mais abalam as estruturas espirituais da casa são as demandas INTERNAS, particularmente aquelas que envolvem filhos do mesmo terreiro.

Não estou falando de demandas espirituais no sentido literal, ou seja, de uma pessoa fazer um trabalho contra outra dentro do mesmo terreiro. Não! Isso é tão fora de contexto que não vou nem considerar nas minhas observações. 

Chamo de “demanda interna” as broncas, os ódios, as resmunguices, os olhares enviesados, o cochicho escondido, o rosto virado, o “não falo com”, e outras coisas parecidas. 

E antes de eu continuar, já peço: NÃO PARE DE LER! Pode ser que eu esteja falando de você e para você, e gostaria que prestasse atenção! É importante!

A primeira reação da maioria das pessoas, nesse momento, é pensar: “É mesmo! Esse assunto é muito importante, e que bom que está sendo abordado aqui, porque já vi que Fulano age assim com Beltrano, e Beltrano age da mesma forma com Sicrano.” Se o seu pensamento foi esse, caro leitor, eu repito: NÃO! Não é do Fulano e nem de Beltrano que estou falando! É de você! Sim, você mesmo! 

Aí, dito isso, você deve estar pensando: “falando de mim? Não mesmo! Eu não ajo assim com ninguém, a não ser com tal pessoa, mas só porque ele (a) faz assim comigo...” Outros dirão: “Ah... só faço isso quando tenho razão...” E outros: “Faço porque não tolero algumas coisas, não tenho sangue de barata...” 

Ui! Foram três chutes na canela, se você não percebeu... Então, por isso, vamos lá! Vamos tentar deixar as coisas mais claras!

Vamos começar falando de você! Sim, falando de você que procurou um terreiro de Umbanda porque reconheceu-se necessitado de auxílio para desenvolver-se mediunicamente e crescer espiritualmente e moralmente. 

Naquele dia em que iniciou-se na Umbanda, você desejou aprimorar sua mediunidade e se tornar uma pessoa melhor, lembra? E isso, porque você olhou para trás e falou: “já andei por tantos lugares e já fiz tanta coisa errada... Quero mudar! Quero evoluir!” Aliás, “evoluir” é a palavra que a maioria fala. E o “evoluir” significa “conseguir errar menos”. E quantas vezes você já errou em sua vida? Quantas vezes você falou algo de que se arrependeu depois? Quantas atitudes você não teria tomado se pudesse voltar no tempo? E sabe por que você errou tanto? Eu sei: por ignorância! Não foi porque você é mau! Em toda a sua vida, você só quis ser feliz mas, por não saber o caminho certo, muitas vezes optou pelo errado! Aquela palavra áspera que você falou para alguém foi porque, naquele momento, você achou que era o melhor a ser dito! Aquela falta grave só foi cometida porque a sua consciência, naquele momento, não viu nada demais naquela ação... E as percepções dos erros que cometeu só vieram depois de ver o desfecho das coisas e sofrer as consequências, não foi? Pois é... É assim que aprendemos... Nós erramos, sofremos as consequências, para só depois aprendermos o que não deveríamos ter feito... Isso acontece com você, acontece comigo e... acontece com todos, incluindo com seu irmão de terreiro!

Você – tenho certeza – ficaria muito grato se as pessoas que você magoou, aquelas para quem você falou palavras ásperas (lembra daquele momento em que você estava irritado?), ou que sofreram por alguma atitude errada sua, conseguissem ter esse pensamento a seu respeito, e entendessem que tudo o que você fez, não o fez por maldade, que você tem boas intenções, mas que erra somente por ignorância, na tentativa de ser feliz... E continuassem a te amar e a desejar tudo de bom para você... Não seria ótimo? Pois é! Isso, todos nós gostaríamos em relação a nós mesmos! 

Mas e em relação aos outros?
Se nós erramos por ignorância, por que não podemos aceitar que os outros também sejam ignorantes e, por isso, tenham o direito de também errar?

Se nós queremos ser compreendidos em nossas limitações, por que não entender que as limitações dos outros também devem ser compreendidas?

Se nós, independente das aparências, estamos fazendo força para melhorar, por que não entender que os outros, mesmo que não pareçam, também estão tentando se superar?

Se nós esperamos que tolerem nossos defeitos, por que não tolerar os dos outros?

Eu sei o porquê de tudo isso! Sabe qual é a razão? É o EGO! O ego que não deixa tolerar os erros dos outros; o ego que não deixa “levar desaforo para casa”; o ego que fala: “fui ofendido e não posso aceitar isso...” e ainda se auto justifica com a frase: “tenho gênio mesmo!” 

Enfim, o culpado de tudo é o seu ego que impede você de ver que o outro que lhe ofendeu é um ser igualzinho a você, que erra por ignorância, na tentativa de ser feliz, e que irá aprender a ser melhor conforme sofrer as consequências dos seus atos.

Tem gente que ao chegar nesse ponto da leitura deve pensar: “eu tenho muitos defeitos sim, mas nunca fiz o que Fulano faz...” Engano seu, meu amigo! Pode ser que você hoje não faça, ou por falta de oportunidade ou porque já fez no passado (mesmo que tenha sido em outra encarnação), sofreu as consequências e, com isso, aprendeu que não se deve fazer... Em contrapartida, você tem muitos outros defeitos que podem ser repugnantes para outras pessoas e, para você, é só um defeitozinho....
Aí, pode ser que você fale: “Ah... eu sou assim mesmo, tem coisas que não tolero e vou precisar de muitas encarnações para ver de outra forma!”. Ué, mas para quê mesmo você procurou a Umbanda? Não foi para tentar ser melhor? Quando é que vai começar a praticar? Instrução espiritual e moral não faltam. 

O Preto-Velho fala da humildade, do perdão... E se você já o recebe, pode ser que fale através da sua boca... O Caboclo fala da fraternidade, a Criança da pureza, o Exu da compreensão... E o que você leva disso tudo para você? O que os Guias pregam só serve naqueles momentos dentro da gira? Quem é que, de fato, está tentando ser melhor assim?

Cadê a compreensão dos limites dos outros? Cadê o esforço para entender a ignorância alheia? Onde está a consciência de que todos somos seres imperfeitos e em evolução?

Tem gente que fala: “Ok! Sendo assim, vou passar a tratar normalmente o fulano aqui dentro do terreiro, mas lá fora, não quero assunto...” Ué... Existe “meia evolução”? Quem quer evoluir escolhe hora e local para tentar ser compreensivo e amar?

E você? Já se localizou na leitura deste texto? Tomara realmente que ele não sirva para você! Mas se você ainda tem dúvidas, deixa eu te ajudar:

Há alguém dentro do terreiro com quem você não fale de propósito?

Você se reúne com pessoas ou participa de algum grupo virtual onde se aproveita para comentar defeitos dos outros?

Há alguém dentro do terreiro que você não convidaria para passar uma tarde com você?

Você já se pegou postando indiretas na internet, pensando em alguém do terreiro?

Se você respondeu “sim” a algum dos itens acima, é bom verificar seus sentimentos, pois há indícios de que você ainda está com dificuldades em melhorar, perdoar, amar e ver seus irmãos com outros olhos, procurando compreender os limites e a ignorância de cada um...

Estou ouvindo alguém dizer: “Já tentei tratar Fulano melhor, mas ele não tem jeito!” E o seu comportamento tem que depender do comportamento do outro? Você quer ser melhor pelos outros ou para ficar em paz com a sua consciência e conseguir a tal da “evolução”? Imagine se Jesus amasse e tratasse bem somente os bons e, aos maus, retribuísse com grosseria ou desprezo? Como será que você seria tratado por ele?

Outros falam: “Fulano não age certo! O correto seria daquela forma!” Não espere dos outros reações que VOCÊ teria! Cada um tem um grau de entendimento e seus próprios limites! No futuro, com as consequências dos atos, é que cada um vai aprendendo mais e ampliando sua visão! E você, já está se esforçando para ver dessa forma, mais ampla?

Há, ainda, os que dizem: “Mas eu não sou obrigado a gostar de Fulano ou a querê-lo perto de mim!” Sim, meu filho (a), você não é obrigado a nada! Mas quem é que queria mesmo se superar e evoluir? Aliás, foi para isso que você entrou para o terreiro de Umbanda, lembra? Ninguém irá te cobrar por isso, mas até onde vai realmente sua vontade de crescer? Ela vai só até onde começam o ego e a intolerância? Bom, a solução de tudo isso é simples: basta praticar o que os seus próprios Guias (ou os dos seus irmãos, caso você ainda não incorpore) ensinam: amar, perdoar, compreender, não julgar, ajudar, etc. Fazendo assim, no final das contas todos saem ganhando! O terreiro ganha mais fraternidade; o “fulano” ganha os seus exemplos; e você ganha por estar sendo melhor, conseguindo se superar!

E, se com tudo isso, ainda não te convenci, leia as palavras abaixo e reflita sobre cada frase. Não pule e nem diga para você: “ah, já conheço...”. Não! Leia de verdade, e veja onde você se encaixa e o que falta encaixar. E não pense que estou falando de outra pessoa não! Estou falando de você! Pois este texto serve para todos! Ah! E depois releia tudo outra vez!

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ÓDIO, que eu leve o AMOR;
Onde houver OFENSA, que eu leve o PERDÃO;
Onde houver DISCÓRDIA, que eu leve a UNIÃO;
Onde houver DÚVIDA, que eu leve a FÉ;
Onde houver ERRO, que eu leve a VERDADE;
Onde houver DESESPERO, que eu leve a ESPERANÇA;
Onde houver TRISTEZA, que eu leve ALEGRIA;
Onde houver TREVAS, que eu leve a LUZ.
Ó mestre, fazei que eu procure mais CONSOLAR que ser consolado;
COMPREENDER, que ser compreendido;
AMAR, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive
para a Vida Eterna!

E só para finalizar: Nenhum de nós é perfeito! Nem eu, nem você e nem o nosso irmão de terreiro! Mas temos que nos esforçar por nos superarmos! Temos que ganhar a medalha de ouro do autocontrole! Temos que tentar fazer com que a consciência supere sempre a paixão! E não podemos terminar nossa história assumindo para nós a “Síndrome de Gabriela”, sem querermos vencer nossos limites, sem sairmos da zona de conforto, justificando nossos destemperos nas condutas dos outros e, simplesmente, aceitando passivamente a forma como somos atualmente. Não! Essa seria a Gabriela de Jorge Amado; e ela diria: “eu nasci assim, eu cresci assim e vou ser sempre assim!”. Nós não! Não mesmo!

Se algo não ficou claro, leia outra vez!

Tata Luis




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23/03/2023

Oxóssi e Seus Filhos

Quando Oxóssi escolhe um filho e por ele intercede, não há força que possa destruir essa poderosa união.

Oxóssi protege seus filhos, assim como um leão protege seus filhotes. Pelo seu rebento, Ele é capaz de tudo. E de tudo Ele faz.

Os filhos de Oxóssi carregam consigo uma parte de seu pai, que é independente, inteligente, perspicaz, generoso, destemido e objetivado.

Os filhos de Oxóssi emanam uma elegância e um encanto que só um jovem e forte caçador tem.

Oxóssi pega seus filhos no colo, os carrega nas costas, e lhes ensina a arte de caçar, de enganar a caça, e de como não desperdiçar nada. Tudo nessa vida é sagrado. Tudo é usado e cheio de axé.

Oxóssi ensina seus filhos a se esconderem nas matas, a se recarregarem silenciando seu interior para melhor interagir com o que há em seu entorno.

A não se entregar e confiar facilmente em qualquer um que passe. Mas ele também ensina que o amor é uma coisa ótima, e desobrigada. E que uma vida sem ele é uma vida desperdiçada.

Oxóssi sempre vai zelar por seus filhos, como se todos fossem pequenos erês. Sempre que preciso, Ele os colocará no colo, e os encherá de zelo e carinho.

Sempre que preciso for, Oxóssi irá guerrear ao lado deles. E eles trarão consigo o triunfo e a vitória.

Oxóssi não deixa um filho sem prosperidade, sem amor e sem caça. Oxóssi não deixa um filho no chão.

Com seu ofá ele traz vida. Com o irukeré Ele espanta a negatividade.

Oxóssi é rei de Ketu. E seus filhos são todos príncipes. Porque por acaso, moço(a), você já viu um filho de Oxóssi que não fosse nobre?

Òde tafáre fun wá!
(tradução: "O caçador é por nós!")






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21/03/2023

Mediunidade e Saúde Mental


Desde tempos remotos, as experiências espirituais têm sido objeto de discussão nas mais diversas esferas da sociedade, de céticos a religiosos. São inúmeras as interpretações de sua origem e, ainda que não haja uma resposta definitiva, a comunidade científica tem se dedicado cada vez mais ao tema nos últimos anos. Atualmente, o Brasil é o 5º país que mais produz pesquisa em espiritualidade e saúde, segundo busca na base de dados Scopus realizada pelo pesquisador e psiquiatra Alexander Moreira de Almeida – um dos mais reconhecidos estudiosos do assunto, e que hoje compõe o Nupes (Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde), vinculado à Universidade Federal de Juiz de Fora.

Na Universidade de São Paulo, as pesquisas se iniciaram no final dos anos 1990. Nesse começo, é relevante citar a fundação do Neper (Núcleo de Problemas Espirituais e Religiosos) em 1999, da qual participou Alexander. Ele conta que o Neper foi o primeiro grupo acadêmico de estudo sistemático de medicina e espiritualidade no país, e continua em atividade até hoje, mas com o nome de ProSER (Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade).

Grandes nomes da Psiquiatria e da Psicologia, no entanto, já haviam tomado a espiritualidade enquanto objeto de análise, como Sigmund Freud, Carl Jung, William James, Pierre Janet e Friedrich Meyer. Dentre as principais hipóteses já levantadas, há uma grande diversidade: a experiência mediúnica seria uma manifestação do inconsciente do indivíduo; ela estaria relacionada à patologia, sendo um quadro psicótico; as pessoas que vivenciam esse fenômeno teriam, de fato, acesso a informações paranormais, tendo uma expansão de sua capacidade mental e uma percepção extrassensorial; ou, ainda, elas teriam um contato real com outra dimensão e outras consciências extracorpóreas.

Por ser um assunto de grande complexidade, que perpassa questões culturais e religiosas, abordá-lo a partir de observações científicas pode ser desafiador. Essa foi uma das principais preocupações de Alexander, ele conta, ao desenvolver sua tese de doutorado em 2004, intitulada Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas, pelo Instituto de Psiquiatria da FMUSP. De acordo com o pesquisador, toma-se como ponto de partida o fato de que essas manifestações sempre existiram; o que se põe em discussão são tópicos como suas causas, por exemplo. “Nós consideramos médiuns as pessoas que referem estar sob influência ou ter o contato com uma dimensão espiritual. Se elas estão ou não em contato, isso é um outro tópico”, afirma. “A experiência em si, o que a pessoa vivencia, é o que a ciência vai investigar – e isso é um fato.”

A sua tese, portanto, teve como objetivo central estudar questões de fenomenologia que envolvem os médiuns, avaliando também seu perfil sociodemográfico, sua saúde mental e o histórico de suas experiências. Para isso, Alexander contou com entrevistas e aplicações de escala de 115 médiuns espíritas em atividade, selecionando aleatoriamente em centros espíritas da cidade de São Paulo. “Posso perguntar o que ela sente, como ela sente, como ela vê o que chama de espírito. E posso relacionar essas experiências-relatos com outros dados. Por exemplo, as pessoas que referem ouvir mais vozes de espíritos têm mais ou menos depressão? Mais ou menos dificuldade de inserção social?”, diz Alexander. “Então, nesse sentido, a gente consegue estudar a religiosidade como fato objetivo, como qualquer outro dado.”

Assim, o estudo considerou como médiuns pessoas que tinham visões, ouviam coisas ou tinham um transe completo, chamado de incorporação. Os resultados apontaram participantes mentalmente saudáveis, com uma razoável adequação social e altos níveis socioeducacionais. Além disso, indícios da psicofonia – para os espíritas, a comunicação de espíritos através da voz do médium – foram definidos como a sensação de presença e diferentes sintomas físicos, além de sentimentos e sensações não reconhecidas como do indivíduo. O mesmo vale para a intuição, que, por sua vez, está relacionada ao surgimento de pensamentos que a pessoa não identifica como sua. A audição e a vidência, ainda, foram caracterizadas pela percepção de imagens ou vozes interna ou externamente.

De acordo com Alexander, foi ainda apresentado que quanto maior era a frequência dessas experiências, melhor era a saúde mental desses médiuns; e essa saúde mental era, ainda, melhor do que a da população em geral. Outra conclusão importante da tese foi que a maioria dos participantes tiveram o início de suas experiências mediúnicas na infância, muitas vezes gerando sofrimento pelo não entendimento dos fenômenos, mas sendo posteriormente integradas de modo positivo em seus cotidianos.

A importância do diagnóstico diferencial

A constatação de que essas vivências alucinatórias ou de influência não necessariamente implicam em um diagnóstico de esquizofrenia, por exemplo, traz à tona a necessidade de distinção entre tais condições por parte da comunidade médica. “É preciso tomar cuidado para não ‘patologizar’ uma experiência normal, mas nem o inverso – ou seja, não achar que é normal uma experiência patológica”, afirma o pesquisador. A questão, por sua vez, tem sido muito investigada. Alexander faz parte de um grupo de trabalho da OMS (Organização Mundial da Saúde) que faz essa análise e que trabalhou com uma proposta para o CID-11 – a próxima versão da Classificação Internacional das Doenças.

Segundo o pesquisador, há alguns critérios que ajudam a fazer essa diferenciação, ainda que não sejam absolutos. Um deles é o sofrimento que a experiência causa no indivíduo, gerando empecilhos em seu convívio social e impossibilitando o desenvolvimento de atividades diárias, como o trabalho ou o estudo. Além disso, há outros sintomas específicos que estão presentes em um quadro de esquizofrenia, como a desorganização cognitiva, que prejudica a capacidade de raciocínio. São sintomas negativos, que não acontecem na experiência espiritual, segundo Alexander. “A pessoa saudável, de modo geral, tem uma certa noção de que aquilo ali pode não ser bem compreendido pelos outros. Ela tem um insight sobre o problema”, acrescenta. Outro ponto é o controle sobre a experiência – com o tempo, o indivíduo que não possui uma condição patológica consegue lidar com essas manifestações, extraindo até mesmo benefícios delas. “Ela gera até um aprimoramento de sua personalidade e do seu bem-estar, diferente da doença mental”, diz.

Desde 2004, entretanto, avanços aconteceram na área. Evidências disso são a criação de uma comissão de estudos e pesquisa em espiritualidade e saúde mental pela Associação Brasileira de Psiquiatria e o I Encontro Global de Espiritualidade e Saúde Mental no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ocorrido em Florianópolis, no ano de 2005. Além disso, a Associação Mundial de Psiquiatria agora tem uma seção dedicada à espiritualidade e psiquiatria, da qual Alexander é o coordenador, e que publicou, em 2016, um position statement – ou seja, uma normativa – acerca da importância de psiquiatras conhecerem a espiritualidade de seus pacientes.

Mas, mesmo que a visão acerca dos impactos da espiritualidade na saúde tenha se modificado muito, há ainda alguns desafios a serem ultrapassados na área. Dentre eles, o pesquisador cita a importância de se aprofundar os conhecimentos sobre diagnóstico diferencial entre experiências patológicas e saudáveis. A tentativa de entender a origem dessa experiência, por sua vez, também entra na lista de desafios. Alexander, ainda, fala sobre a necessidade de se estudar as formas como a espiritualidade influencia a saúde das pessoas, além da melhor maneira de aplicar esses conhecimentos na prática clínica. “Não se trata de doutrinar alguém, de converter a pessoa para uma visão religiosa ou anti-religiosa. Jamais impor qualquer visão é muito importante”, diz. “Mas trata-se de trabalhar com a religiosidade, espiritualidade do paciente.”

Agência Universitária de Notícias


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 TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS E MEDIUNIDADE: UM OLHAR DA PSIQUIATRIA
E ESPIRITISMO - DR. LEONARDO MACHADO







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12/03/2023

A Missão Espiritual

A Missão Espiritual

Quando aceitamos a missão espiritual, temos que ter a ciência de que sofreremos todo tipo de ataques, espirituais e carnais. Seremos julgados, desacreditados e até expelidos.

Quando enveredamos pelo caminho do autoconhecimento, devemos saber que enfrentaremos nossos maiores inimigos, nossos próprios demônios. E que isso irá doer profundamente, machucar e nos dilacerar internamente.

Quando aceitamos o cargo de guerreiros da Luz entenderemos que as sombras não aceitarão tão facilmente a nossa presença, que a batalha será árdua, e que essas sombras residem em tudo e todos, em nós e nas pessoas que amamos. Que nossa maior vitória será não sermos corrompidos, e seguirmos no caminho reto e justo. Mesmo caindo e muitas vezes esmorecendo.

Quando vestimos nossa armadura, vestimos também nossa coragem, bravura e honra. Nos munimos das armas mais poderosas, nos armamos com sabedoria, verdade e amor. E levantamos a bandeira da paz, da generosidade e da caridade.

Mas sabe o que é mais importante quando aceitamos essa função? Que temos uma retaguarda, uma espiritualidade que nos ampara, nos acolhe e nos ama. Quantas vezes em prantos deitamos no colo do nossos amigos espirituais? Que nos sustentam e nos levantam quando mais ninguém o faz. Errar faz parte e consertar ensina.

Aceitem suas missões, abracem suas causas, na jornada nunca estamos sós, e no meio do caminho vamos atraindo irmãos que vibram na mesma energia. Não há o que temer, o bem e a luz são mais fortes que qualquer obstáculo. Tenham fé em si, na vida e no poder supremo!

A.D.

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O MÉDIUM NÃO É IMUNE AOS PROBLEMAS DA VIDA

Toda pessoa que se propõe a fazer parte de um terreiro deve entender que:

Médium também passa por lutas, dificuldades, perdas, crises, erra, precisa de descanso, precisa de ajuda.

Médium é humano, também cansa, também chora, tem sentimentos, também desanima, também fica doente, fica desempregado, sofre traições, também tem família e também precisa de orações.

Portanto, não adianta achar que só porque você faz parte de um terreiro e incorpora entidades você terá uma vida perfeita e sem dificuldades.

O bom médium não é aquele que não erra mas aquele que se levanta todas as vezes que cai e que nunca desiste da mudança que ele sabe que precisa ter. 

O bom médium reconhece suas fraquezas, mas nunca usa elas como desculpa para justificar seus erros.

Muitos querem ser médiuns pensando que ser médium é ter status, é ser visto e aplaudido por muitos. Ledo engano! 

Entendam: Uma pessoa que não tem o chamado para servir como médium nunca  entenderá essa missão.

As vezes, a falta de entendimento levam as pessoas a pensarem que um médium é um “super herói”, que não se entristece, que sempre está feliz, que nunca falha, que é sempre forte, que vive motivado, que não padece necessidades. 

Essas pessoas acabam esquecendo que um médium é um ser humano normal falível.

A missão mediúnica é árdua, não existe atalhos. 

Servir como Instrumento da espiritualidade, ao contrário do que alguns pensam, não é nada fácil. 

Jefferson Santana.

Ps: O comprometimento com a missão que lhe foi confiada, faz com que esse médium/trabalhador se fortaleça cada vez mais em sua fé e com isso amenize seu sofrimento perante as dificuldades que irá passar.









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05/03/2023

Saião ou Folha-da-Costa

Saião ou Folha-da-Costa

Nomes científicos: Kalanchoe brasiliensis Cambess / Bryophyllum Pinnatum.

O Saião, também conhecido como folha-da-costa, coirama, folha-da-fortuna, ou orelha-de-monge, é uma planta medicinal rica em flavonóides, taninos, esteróis e compostos fenólicos, que têm propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e cicatrizantes, sendo, por isso, muito utilizado na medicina tradicional para o tratamento de diversos problemas de saúde, principalmente gastrite, dor de estômago ou feridas na pele.

Estudos sugerem a cura do vírus HPV, auxílio no combate às bactérias, à retenção de líquidos, no combate à anemia, pois aumenta a hemoglobina do sangue (não usar em casos de dengue, pois reduz o número de plaquetas) e, também, estudos que comprovam a eficácia do saião no tratamento da leishmaniose. Foi demonstrado que o suco das folhas do saião possui atividade anti-histamínica e antialérgica. Um estudo divulgado pela International Journal of Research in Ayurveda and Pharmacy mostrou que o saião pode ser eficaz para reduzir o nível de açúcar no sangue, sendo recomendado para diabéticos como terapia complementar.

A cultura popular considera essa erva como milagrosa, há quem relate cura de otite, doenças pulmonares, tosse com secreção, febre e até câncer. No entanto, embora tenha muitos benefícios, esta planta medicinal não substitui o tratamento médico convencional e deve ser usada com orientação do médico ou de um fitoterapeuta.

Planta perene, que mede de 90 a 150 cm de altura, possuindo haste alta e oca, com folhas suculentas e ovaladas. Cultivada também para fins ornamentais. As flores são pedunculadas, em formato de sino.

A parte mais utilizada do saião são as folhas, que são utilizadas na preparação de chás, sucos, infusões ou pasta para aplicar na pele. Também podem ser consumidas em saladas, liquidificadas com leite, ou apenas mastigadas e ingeridas.

Toxicidade:
- Não recomendado o uso por gestantes;
- Estudos demonstraram que o saião não é tóxico, em concentrações de até 5g/Kg de peso corporal;
- Evitar uso por tempo prolongado; no máximo por uma semana;
- Não fazer uso em pacientes imunocomprometidos, pois pode diminuir a ação do sistema imunológico.

USO RITUALÍSTICO NA UMBANDA:

O Saião ou Folha-da-Costa é erva que vibra na energia de Oxalá. Em forma de banhos, proporciona paz e plenitude espiritual, pode ser usada em conjunto com qualquer outra erva para potencializar os seus efeitos. Muito utilizada como preceito para o desenvolvimento mediúnico.

Ednay Melo


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03/03/2023

Mel na Umbanda

Mel na Umbanda

O mel é um instrumento muito usado e apreciado por vários guias e mentores, utilizado em vários tipos de trabalhos, oferendas, firmezas de anjo da guarda etc. Mas por que será que o mel é tão sagrado? veremos a seguir algumas curiosidades.

O mel está associado a fartura, a doçura, prosperidade, a ressurreição, transmutação, ao próprio Cristo em sua essência, símbolo da perfeição. As abelhas em várias culturas, representam a passagem da ressurreição de Jesus Cristo, pela associação que é feita, onde durante o inverno ficam por volta de três meses praticamente desaparecidas por estarem em suas colmeias e voltando a aparecer após o mesmo, simbolizando a vitória da vida sobre a morte, e a ressurreição de Jesus.

O simbolismo da abelha, também representa o Cristo quando representa a doçura e a misericórdia e por outro lado o seu ferrão, simboliza a justiça de Jesus, a verdade, e a luta contra o mal. Acredita-se em algumas culturas que as abelhas eram tesouros de Deus e são consideradas sagradas. Oriundas do próprio paraíso de Deus, onde Deus em sua misericórdia as enviou a terra para o benefício dos homens e, também, para que os homens aprendessem com seus exemplos, devido a essa associação as velas obtidas de sua cera são consideradas a maior representação da pureza e perfeição e seu uso litúrgico é de extrema força e importância por acreditar agradar a Deus e aos anjos.

Em uma das passagens de Cristo, o mel simboliza o amor fraternal o alimento da alma: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; O que ele tomou, e comeu diante deles.”

Lucas 24:39-43

As abelhas em sua comunidade representam o trabalho dedicado, perfeito, a união que leva a perfeição, a organização, representam o exército que defende seu forte, são sutis, vão de flor em flor sem lhes causar dano. Ao mesmo tempo podem se tornar soldados ferozes caso ameaçadas sem ao menos temerem a morte. Quando picam morrem que instantaneamente por deixarem seu ferrão em suas vítimas. O último suspiro do guerreiro que luta por sua causa. Representando o sacrifício do justo pela verdade e pela sua fé.

Se observarmos, a cor amarela do mel representa o Ouro de Oxum, a energia do Sol, representa energia, transmutação, elevação, purificação por ser a cor do fogo, o calor da terra. O girassol é uma das flores prediletas de Oxum, muito apreciadas pelas abelhas.

Quando nossos guias utilizam o mel não é só no intuito do adoçamento, mas envolve união, transformação, mudança, purificação. Quando adoçamos nossas oferendas aos nossos Orixás estamos dando o que de mais puro há na natureza correspondendo a altura de suas divindades. O mel e as abelhas estão associados a tudo que é sagrado, estimado. Estão associados à cura, acredito dispensar citar aqui as qualidades de suas propriedades como medicamento e alimento.

Quantas vezes já vimos nossos Caboclos, nossos Pretos Velhos, passarem seus remédios, suas ervas, seus chás e pedem para adoçar com o mais puro mel intensificando as propriedades de suas ervas. Com certeza não é por acaso.

Quando cruzamos e imantamos um objeto com o mel estamos invocando a chama sagrada que representa a trindade do Cristo, estamos invocando que aquele instrumento se torne a partir daquele momento algo em prol da caridade e do amor.

A própria representação da rainha, é o símbolo da feminilidade, da maternidade que tudo provém, a qual já representou várias Deusas em várias culturas. Um dos símbolos de Oxum, mãe generosa e protetora de seus filhos, a fertilidade, a fecundação sem ela nada prospera, nada frutifica, nada gera. O próprio polinizar das abelhas.

Há muitas crendices em torno do simbolismo do mel e das abelhas, alguns sacerdotes antigos na religião, acreditavam que as abelhas simbolizavam tanto a vida quanto a morte, as utilizavam como verdadeiros oráculos naturais, se do nada numa casa onde tivesse uma colmeia, se as abelhas abandonavam era sinal de mal presságio, doenças e morte para os moradores, acreditavam que virando a colmeia em direção contrária e fazendo as rezas as quais chamavam as abelhas de volta, estariam evitando que as desgraças ocorressem, o ato de sonhar com enxames era sinal de mal presságio pois simbolizavam brigas, discórdias. Já ao contrário sonhar com o mel era sinal de prosperidade, saúde e bençãos.

Há algumas ritualísticas que utilizam mel, mas as que vou citar geram muita confusão, ponto de adoçamento e amarração (não são a mesma coisa). Precisamos, como médiuns, tomarmos muito cuidado, um ponto de amarração vai contra o livre arbítrio de outra pessoa, é considerado um ato de feitiçaria indo contra as leis sagradas da Umbanda, um ponto de adoçamento é feito na presença das partes envolvidas pedindo ao sagrado o bom diálogo, a harmonia, a união, mas se faz necessário que todas as partes estejam envolvidas para que se tenha um melhor resultado.

Outras cerimônias:

Em algumas cerimônias de casamento o fel é servido aos noivos como símbolo das dificuldades, das tristezas que os mesmos terão que enfrentar na vida e logo em seguida é dado o mel, o qual representa a união, a doçura, o amor, as alegrias. No ritual de batismo também é utilizado o mel, pedindo para aquele filho proteção e bençãos.

O mel nas religiões afros é chamado de aiyn ( o sangue das flores), podendo ser utilizado tanto pelos guias e mentores como pelo povo de Exu e Pombagira em seus padês.

Em alguns trabalhos, a junção do mel com o dendê é considerado grande capacitor energético de proteção, sendo usado em fundamentos de acordo com a tradição de cada casa.

A linha dos ibejis, de nossas crianças na Umbanda são grandes apreciadores do mel, utilizando o mesmo em seus trabalhos, como bebida e até mesmo alimento. Alguns ibejis, por exemplo, dispensam os tão apreciados doces por uma boa e generosa dose de mel. Já tive oportunidade de ver verdadeiras curas desses guias tanto em trabalhos de saúde como de obsessão usando apenas mel.

Observem que nossos guias não utilizam apenas o mel, como muitos pensam, como instrumento apenas de adoçamento, seu simbolismo ritualístico vai muito além disso, considerado um bálsamo de cura. Muitas vezes quando um guia oferece a um filho sua bebida adoçada com mel poderá estar indo junto com essa bebida uma excelente dose de energia, purificando, e imantando aquele filho, lhe dando a energia necessária para superação de suas dificuldades e problemas. Fora que o ato de receber tal oferta deve ser considerado um verdadeiro símbolo de caridade, amizade e união que aquele guia está a lhe ofertar.

Deixo um alerta, há muitos tipos de mel sendo vendido nos mercados atualmente, muitos de péssima qualidade, procurem escolher bem que tipo de mel irão utilizar em seus trabalhos e ritualísticas, lembrando que há muito açúcar caramelizado sendo vendido passando por mel.

Espero que com essa pesquisa e estudo, colabore para que todos entendam o quanto é importante saber usar esse instrumento de trabalho da melhor forma possível, com sabedoria e respeito, levando-se em conta a intenção íntima de cada um.

Cristina Alves.


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