Infelizmente, são muitos os que interrompem o desenvolvimento mediúnico devido a enorme quantidade de dúvidas e insegurança. O início da vida mediúnica do neófito é, habitualmente, muito difícil. O medo, a hesitação, a confusão e ansiedade o perturbam. E não são poucos os momentos em que ele pensa em simplesmente desistir de tudo.
Por esta razão, é muito importante que os dirigentes estejam preparados para lidar com a insegurança mediúnica. Não é um sentimento à toa, mas um assunto muito sério. A boa continuidade da Umbanda depende de uma boa formação dos médiuns iniciantes. Eles precisam de acolhimento e muita orientação.
Médium iniciante, entenda que não há problema nenhum em errar, no momento. É por isso que você está em desenvolvimento. Para aprender e lapidar suas capacidades mediúnicas.
O desenvolvimento acontece de forma natural. Deixe o tempo amadurecer suas percepções. Não há motivo para pressa, o caminho é longo. Mesmo quando você começar a participar do atendimento, você continuará em desenvolvimento. Na hora certa, a espiritualidade traz o que for preciso para você.
Para combater o medo, busque o conhecimento. Sempre com cuidado para filtrar as informações que, de fato, possam te enriquecer e não te confundir. Mais do que isso, busque aproximar-se dos dirigentes e mais velhos de sua casa. Escute-os, eles têm muito a lhe ensinar.
Saiba, entretanto, que você não precisa entender tudo. Para muitas perguntas, não haverá respostas. É preciso ter fé nos guias. A espiritualidade é sábia e sabe o que faz. Deixe que ela conduza a sua caminhada no grande universo da mediunidade. Entregue-se aos Guias e Orixás.
É normal sentir-se perdido no início da caminhada. Para muitos, o compromisso com o desenvolvimento mediúnico acontece num momento em que a vida encontra-se em desequilíbrio e crise. Uma verdadeira turbulência. Como uma tempestade que passou e deixou tudo de cabeça para baixo. Como se a vida insistisse: é hora de fazer algumas mudanças.
O desenvolvimento mediúnico mexe com as nossas energias mais profundas. Faz uma verdadeira faxina emocional. Muita coisa que você mantém escondida há muito tempo passa a se manifestar. Não há mais para onde fugir. É preciso forjar um novo eu. Abandonar os velhos hábitos que somente nos atrasam e viver de acordo com os valores que a espiritualidade nos ensina. E este processo pode ser muito difícil.
O que podemos dizer é que com o tempo vai ficando mais fácil. As dúvidas vão embora. E você passa a sentir segurança nos seus guias e na sua mediunidade. Mas para isto, você não pode desistir. Deve persistir apesar de toda insegurança que sentir. Lembre-se de que você não está sozinho.
O desenvolvimento aprofunda a sintonia entre você e as entidades que te acompanham. Trabalha no sentido de apurar sua capacidade, perceber os níveis mais sutis da realidade. E, simultaneamente, condiciona-te a aprender a confiar sua matéria ao guia.
Mas para isto, não podemos esquecer a velha lição: reforma íntima. Para receber com mais qualidade as energias elevadas dos guias e Orixás, é preciso elevar nossa própria vibração também. E isto é feito buscando uma conduta correta, vivendo verdadeiramente a humildade, a simplicidade, o amor e a caridade.
Não fique preocupado com o que os outros vão pensar de sua incorporação. Você não está ali para agradar ninguém. A mediunidade é uma relação íntima e pessoal com seus guias. Não adianta ficar se comparando. Cada um possui seu processo particular. Se alguém pode lhe dizer alguma coisa é seu sacerdote, e assim ele fará se for necessário. Do contrário, apenas ignore o olhar das outras pessoas.
Não fique se torturando, questionando-se se é você ou o seu guia. Os dois estão presentes. Você apenas permite a entidade tomar a frente, confiar nela. Não espere que você simplesmente terá um apagão e ficar inconsciente como uma espécie de prova de que está realmente ocorrendo a incorporação. Não é assim que funciona. A consciência na incorporação tem seus benefícios. Apenas deixa fluir o que sentir.
Não se apegue a sinais exteriores. Você não precisa tremer, suar, gritar, entortar para confirmar que a entidade está ali. Mantenha os pés no chão. A espiritualidade é invisível aos olhos, mas sentida no coração. O objetivo não é a autoafirmação, mas o exercício da caridade a todos que procuram.
A.D.