Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

13/01/2019

A Dança na Umbanda

A Dança na Umbanda

Lembramo-nos de uma conversa com um companheiro de nosso cazuá, o qual lembrava-se naquele instante de um ensinamento passado a ele por nossa mãe-de-santo há muitos anos: A força do Guia está na mente do médium.

O movimento rítmico é a linguagem fundamental para expressarmos aquilo que experienciamos interiormente e cujo significado encontra-se além da razão. Aquilo que não pode ser expresso somente por palavras, encontra um profundo sentido e expressão na dança ritualística.

Essa realidade da manifestação espiritual na Umbanda reside em experiências as mais remotas, que temos vivenciado desde nossas primeiras encarnações como seres humanos neste planeta Terra.

Cremos que as primeiras práticas religiosas surgem do contato direto que os homens primitivos encarnados tiveram com os Espíritos e com fenômenos co-relacionados a estas experiências transcendentes. A repetição destas experiências afixou-se em nossas estruturas inconscientes, as quais compartilhamos coletivamente (inconsciente coletivo).

A dança está, portanto, diretamente relacionada a cultura, a religião e a arte.

A palavra Reigen, ou dança em roda, é vista como herança dos ancestrais. Langer diz que "a dança em círculo realmente simboliza uma das realidades mais importantes da vida dos homens primitivos - o reino sagrado, o círculo mágico. O Reigen, enquanto forma de dança não tem nada a ver com o saltitar espontâneo; preenche uma função sagrada da dança - divide a esfera da santidade da esfera da existencia profana. Dessa maneira, ele cria o palco da dança, que se centraliza naturalmente no altar ou seu equivalente - o toten, o sacerdote, o fogo - ou talvez o urso abatido ou o chefe morto a ser consagrado" (Langer, apud Fatima 2001).

A dança ritualística corresponde a uma oração corporal, a prece em movimento. No entanto, durante a ascenção do Cristianismo na cultura ocidental, o corpo foi desconsiderado e visto como instrumento de pecado, merecendo, portanto, o repúdio. Por exemplo: entre os anos 465 e 1453 da era cristã, o ato da dança era considerado pecado gravíssimo perante a Igreja.

Assim, na cultura cristã, a prece passou a ser somente falada, pensada, mentalizada, tornando-se um ato mais abstrato e individualista.

Segundo cremos, a execução da dança ritual serve como instrumento de harmonização do indivíduo com o Cosmo, reordenando em si as forças do universo, reintegrando-as em nós mesmos.

A oração corporal, expressa pela dança ritual, coloca a prece em movimento, promovendo a harmonia entre espírito - mente - corpo, canalizando as energias transcendentes, advindas do mundo espiritual, e externando-as na dimensão material.

Sendo assim, sentir, pensar e agir, se tornam em movimento ritual (Fatima, 2001)

"O movimento sempre foi empregado com dois propósitos distintos: a consecução de valores tangíveis em todos os tipos de trabalho, e a abordagem de valores intangíveis na prece e na adoração. Ocorrem os mesmos movimentos corporais tanto no trabalho quanto na veneração religiosa, conquanto difira na sua significação em ambas as instâncias" (Laban, apud Fatima, 2001).

Na Umbanda, o fenômeno mediúnico consolida-se no movimento. Este, por sua vez, ocorre na dança ritualística, pela qual o médium comunica corporalmente seu estado de transe e deixa transparecer "o outro" espiritual que naquele momento apodera-se, mesmo que parcialmente, de sua mente.

"A dança, por isso, não é apenas a transparência do divino, assim como uma janela aberta, uma vista para o divino. A dança também não é uma viva imagem reminescente - a dança é, em tempo e espaço, um signo, um acontecimento visível, uma forma cinética para o invisível" (Wosien, apud Fatima 2001).

Hanna afirma que "dançar pode levar a estados alterados de consciência (que mudam os padrões fisiológicos na frequencia das ondas cerebrais, na adrenalina e no açucar do sangue) e, em consequencia, à alteração da ação social"(Hanna, apud Fatima 2001).

Isso implica que o médium, utilizando-se da dança ritual, perca o controle sobre si mesmo. O que é natural, pois para que possa haver o contato mediúnico, ou seja, para que a mente do médium possa ser acessada por outra mente (a do Guia), é necessário que por instantes este perca o controle sobre si mesmo.

Na dança ritual o médium libera a irradiação da energia espiritual de seu Guia, por meio da expressão mental manifesta no corpo. O Círculo feito durante a dança (em volta de si mesmo e em volta do centro imaginário do terreiro) afasta tudo o que se refere à consciência objetiva e individual do médium, concentrando ali somente o que há de espiritual e divino em si. Neste momento, tudo o que pertence a esta vida sai de cena para emergir do mais inconsciente do médium a sua realidade plena e espiritual, em união com o sagrado, o divino, o seu Orixá.

Fazendo uma analogia, o movimento circular, característica geral da dança ritualística, simboliza o arquétipo junguiano do Self (centro e totalidade da personalidade humana). O círculo possui uma propriedade simbólica de perfeição, ausência de divisão, homogeneidade (Almeida, 2005).

Na verdade, são quatro os símbolos fundamentais e universais: círculo, quadrado, cruz e centro.

O centro, além de ser um dos símbolos fundamentais, aparece na liturgia sempre associado a um dos outros símbolos, devido a idéia de movimento expressa por essa conjunção centro-eixo, presente na estrutura dos demais símbolos (cruz, círculo e quadrado).

Assim é que nas danças circulares sagradas, os movimentos rituais dão-se em relação a um centro disposto no local, geralmente simbolizado por um ou mais elementos tais como: vela, fita, imagem, símbolo cabalístico (ponto riscado, no caso da umbanda) ou a cruz. Tais elementos dispostos no centro do terreiro, têm a função referencial de conjução entre o terreno e o divino, espiritual e material, o "axis mundi" (ponto de ligação entre a Terra e o Céu).

Ao longo do transe, as entidades manifestadas pelos médiuns, executam danças e gestos que caracterizam e exprimem símbolos arquetípicos de caráter numinoso, como identificação da espiritualidade umbandista, como sejam os movimentos circulares ou em forma de cruz, as representações feitas (geralmemte com as mãos) simbolizando flechas, espadas, lanças, espelhos, pentes, laços, etc.

Sachs fala das danças medicinais xamânicas. Nestas práticas, o doente era colocado no centro do círculo, e o xamãn, médico, curandeiro, dirigia a dança circular, até que os dançarinos entrassem em êxtase, até que subjugassem aquele espírito da enfermidade que tomava aquele corpo doente, o afastassem, ou o possuindo em si mesmo (no sentido da possessão) pudessem vencê-lo (Almeida, 2005).

Aqui está um dos grandes sentidos de trabalhos de ordem espiritual, visando a cura (física, psíquica e espiritual) muitas vezes empregados pelos nossos Caboclos, principalmente, em nossas giras. A corrente mediúnica é mobilizada a trabalhar com seus guias, pela dança ritualística, em torno de um enfermo (geralmente posto ao centro ou a frente do conga) sob o qual serão direcionadas as irradiações dos Orixás e do qual serão retiradas e dispersas as negatividades de várias ordens.

A dança ritual também foca a atenção aos pés, conectando-nos com a Terra. O pé é o símbolo de nossa força, pois é ele quem nos mantém eretos. Pelos pés inicia-se o enraizamento de nossa vida psíquica, corpórea e espiritual (Almeida, 2005).

O médium em transe mantém os pés sempre em ligação com o chão, simbolizando a ligação com a Terra, a ancestralidade (os pés descalços relembram as danças dos Negros e dos Indígenas Brasileiros). O corpo do médium neste momento simboliza a memória coletiva de um povo e a tradição da cultura Umbandista.

A prática da dança ritualística de maneira ordenada e efetuada com conhecimento ocasiona uma condição de saúde mental, valoriza a imagem corporal do indivíduo e coloca-o em uma condição de relacionamento saudável consigo mesmo e com a coletividade.

Havíamos colocado uma perspectiva a respeito do princípio de Individualidade do ser humano, a qual manifesta-se pela multicorporeidade, ou seja, na existência de não só um, mas vários corpos. Estes corpos sutis são portadores de movimento/vibração, sendo que estes, ao movimentarem-se de maneira harmoniosa, promovem a homeostase, a condição de saúde (mental, emocional e física).

A dança ritual estabiliza estas estruturas, integrando-as com o corpo físico, abrindo campo para os estados alterados de consciência (estados superiores de consciência) em forma de transe mediúnico, conforme já havíamos salientado.

A essência da dança é holistica (Fatima, 2001), ou seja ela integra aspectos sociais, espirituais e cósmicos. Por conta disso, utilizamo-nos do movimento para expressarmos nossas tradições; o contato com o mundo espiritual; a alteração da consciência.

O sentido de irmos para dentro de nós, fazendo emergir a luz divina de nossa realidade mais essencial, porta pela qual "passam", de Aruanda para a Terra, os nossos Guias e Protetores, está em razão de podermos encontrar sempre, no fundo de nosso ser, a grandiosidade do Orixá que vive dentro de nós e possamos compartilhar com a vida os resultados desta busca, pela beleza e pela musicalidade de nossas práticas espirituais, profundas em sabedoria e sensibilidade.

Gregorio Lucio



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Falanges na Umbanda


Falanges na Umbanda

Para entender o significado da palavra "falange", basta olharmos no dicionário, o qual diz que falange é o mesmo que legião, agrupamento de tropas organizadas. Visto isso podemos dizer que as falanges na Umbanda são agrupamentos de espíritos, sistematicamente organizados pela cúpula criadora da Umbanda Astral. Podemos dizer que dentro das falanges da Umbanda, existem hierarquias referentes a tipos vibracionais, áreas de atuação do espírito, grau evolutivo, experiência adquirida, dentre outros, cabe ainda salientar que essa organização espiritual não é de feitio somente da Umbanda, e sim de toda a espiritualidade, que do lado de lá trabalham como um todo, cada um em suas especialidades.

Como nosso objetivo principal é tratar da espiritualidade perante a Umbanda, cabe informar que as falanges que aparecem na nossa morada do Pai são atribuídas as linhas de trabalho existentes e também aos Orixás. Não podemos confundir por exemplo, a Linha de Pretos Velhos com Falange de Pretos Velhos, ou seja, a Linha de trabalho é referente ao grau alcançado pela evolução do espírito, que nela pode exercer a sua especialidade, onde esta especialidade é especificada dentro das falanges, por exemplo, um espírito que trabalha na Linha de Pretos Velhos e tem grande conhecimento em magia e quebra de feitiços poderá vir a trabalhar na Falange do Preto Velho Rei Congo, se apresentando como tal.

Algumas falanges (lembrando que não são todas deste modo), são criadas através do merecimento de certos espíritos, que após desempenhar muitos e muitos anos seu trabalho em outras falanges, só que com uma peculiaridade própria, a espiritualidade proporciona o presente e uma função de maior responsabilidade para este espírito, criando assim uma falange que estará sobre os seus cuidados e responsabilidades. Nesta falange se encontrarão assim, espíritos que se assemelham as funções e vibrações desta falange. Lembrando que para o espírito receber esta dádiva ele já possui extensa bagagem espiritual e grau evolutivo.

Compreendendo este modo hierárquico que a espiritualidade se organiza, podemos dizer que dentro de uma falange temos o chefe e criador da mesma, este responsável por todos os trabalhos desempenhados pelos obreiros que atuam nesta, temos os chefes de grupos de falanges, que são responsáveis pela coordenação de um grupo que trabalha na mesma falange, mas de menor patente e experiência, assim este chefe tomará conta e informará os resultados do grupo qual ele comanda ao criador da falange.

Normalmente as entidades que se apresentam com o numero sete no nome, por exemplo, Capa preta da sete encruzilhadas, são chefes de agrupamentos de espíritos que atuam na sua falange. Ainda podemos ver a divisão de especialidades dentro da própria falange, caracterizando assim uma sub-falange, por exemplo, os Pretos Velhos que se apresentam como Pai Chico da Calunga, estão dentro da falange do Pai Chico, mas por apresentarem o sobrenome da Calunga, mostra que o trabalho desempenhado por ele, é feito com as almas, ou seja, espíritos na transição do mundo físico para o espiritual, que se diferencia do trabalho desempenhado pelo Pai Chico de Aruanda, que tem o caráter mais doutrinário, esclarecedor do que se diz respeito ao evangelho de Cristo.

Sob esta ótica, podemos compreender como é possível existirem diversas entidades se identificando com o mesmo nome, em diversas casas, no mesmo horário, muitas vezes no mesmo terreiro, espalhados pelo país inteiro, e por que não pelo mundo.

A.D.




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A Cura nos Terreiros Umbandistas

A Cura nos Terreiros Umbandistas

A umbanda vem recebendo um reconhecimento privilegiado nos campos de cura, a eficácia dos trabalhos terapêuticos na casas umbandistas vem exercendo grande impacto sobre as correntes espiritualistas; Até alguns centros kardecistas dos quais ainda exerciam certo tipo de preconceito contra o culto umbandista, vem fazendo apologia às praticas terapêuticas umbandistas.

Muitos são os fatores responsáveis por esse êxito nas práticas de cura umbandistas, um dos que não devemos nunca menosprezar, é o ectoplasma, uma fonte de energia do corpo espiritual facilmente manipulável e maleável existente em todos nós.

Muitos dos passes e simples terapias são resolvidos através da doação do ectoplasma, é claro que isso é apenas um dos métodos utilizados pelos médiuns e mentores dentro da liturgia umbandista. Também temos a cura através da imposição das mãos, onde somos condutores de energia do prana (Fluxo de energia disperso no Cósmico segundo os hindus) e através das mãos, direcionamos a energia até o ponto enfermo.

Como a Umbanda é universalista, e a cada dia que passa médiuns das mais diferentes doutrinas e mentores dos mais variados cantos do globo, atuam de uma forma íntegra e diferencial, a mediunidade evoluiu com o passar dos tempos, o conhecimento está próximo a todos e com isso, novas linhas de trabalho na Umbanda surgem para suprir a deficiência que talvez, um dia, tínhamos.

Existe até guias que utilizam princípios do reiki, e já presenciei um médium que não sabia de nada sobre a filosofia e o seu caboclo realizou um excelente trabalho, temos também o caso de um exu que fazia cirurgias espirituais e assim, com o vasto conhecimento existente no Universo, a Umbanda vem atuando sobre várias vertentes.

Em meu ponto de vista, devemos isso principalmente à Grande Vibração de Oxossi que atua na cura e de Omulu que atua na transmutação, sob essa egrégora, os mentores vêm exercendo papel fundamental para a diminuição das aflições dos irmãos da Terra, com os médiuns também evoluindo, possibilita-se uma integração singular entre médium e guia. A Mediunidade semiconsciente e consciente também é um dos grandes fatores, ocorre uma simbiose ímpar, o guia aprendendo e utilizando as faculdades inerentes do médium e o médium aprendendo com o guia atuando em uma troca fantástica de energia e conhecimento.

Também não devemos esquecer de nossas sagradas folhas, nossas miraculosas ervas que atuam como catalisadores para as mais variadas patologias existentes no campo físico e espiritual, ótimas para limpeza, para a cura e até atuando como condensador de energia para a queima de larvas e miasmas astrais. Com tudo isso, meu pensamento é rapidamente remetido à Perfeição Divina, tudo temos na Natureza, e a Umbanda antes de tudo, é o culto à Natureza, a todas as energias provenientes do Universo, e atuam em cada canto da vibração sutil dessa energia, as cachoeiras, as matas, os mares, entre outros vários. Até mesmo no cemitério, que é o campo santo da transmutação, o portal das almas.

O que mais me impressiona nesse Universalismo Umbandista, são os diferentes graus de conhecimento que cada guia traz, o conhecimento dos caboclos não são somente aqueles que se perderam no tempo, são aqueles também que foram rememorados nos dias hodiernos, as práticas ditas ancestrais, arcaicas ou primitivas, voltam a ocupar ênfase no dia de hoje, estamos vivendo uma era maravilhosa de resgate, com isso, a saúde mental será o prisma de tudo isso.

É a cura através da Magia, da simbiose energética, dos conhecimentos antigos orientais, é a Umbanda trazendo a evolução, provando que não temos somente um corpo físico, que quando curamos nosso corpo espiritual, nosso perispírito, estamos também curando ou evitando que um malefício se alastre também no corpo físico.

Percebe-se que na Umbanda temos um arsenal de técnicas para suprir as enfermidades dos adeptos que ali adentram, e isso ocorre nas mais variadas linhas, a Linha de ciganos trazendo seus conhecimentos que perduraram os séculos através de suas inigualáveis magias. Os sábios preto-velhos que trouxeram sua ciência oriunda do continente africano, miscigenada com o poder das ervas brasileiras, entre outras grandes correntes das sete linhas da Umbanda, cada qual com sua característica e sua ciência.

E devemos agradecer a essa perfeição Cósmica da qual estamos sempre sofrendo influência, e dessas maravilhosas vibrações que damos o nome de orixás, sob tais auspícios, nós médiuns com o auxílio do conhecimento de outro orbe, dos guias e mentores, conseguimos gradativamente infiltrar-nos ainda mais nessa gama de conhecimento existente no Cósmico e no corpo espiritual de cada consulente necessitado de ajuda.

Enfim… Uma série de fatores contribuiu para o grande êxito das curas nos nossos amados terreiros, e como sempre, pregando a humildade e o culto e respeito à natureza, galgaremos com grande sucesso, as escadas inerentes à nossa evolução espiritual.

E vale lembrar, também é muito importante um médium consciente de suas obrigações e que dedique seu tempo aos estudos, quanto mais rica é a cabeça do médium, maior sua serventia para o trabalho dos guias de luz.

Neófito da Luz



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Ibejis ou Erês

ibejis na umbanda

As Entidades Espirituais que incorporam em nossos terreiros de Umbanda com o arquétipo infantil e que formam a Linhas das Crianças, Erês ou Ibejada são representantes da alegria, da sinceridade, da inocência e de tudo que é puro, no entanto, essa Linha, e toda sua potência, é pouco conhecida pelos próprios umbandistas que, na maioria das vezes, só as veem como crianças peraltas ou submissas. Consequentemente os trabalhos religiosos com essa Linha ficam cada vez mais distantes dos terreiros ou ainda ligadas somente ao sentido da festa, das guloseimas, da bagunça e da extravagância em todos os sentidos.

Na realidade essas Entidades são Seres Espirituais mestres nos conceitos do Bem e do Puro e muito ajudam para evolução moral dos médiuns ensinando que a única forma de se levar vantagem é sendo puro, como é a criança, também não admitem a mentira nem a maldade. Os filhos de Ogum, como também são conhecidos, têm a presença mais alegre da Umbanda, trazendo sempre renovações e esperança, reforçando a natureza pura e ingênua dos seres humanos. É a linha que mais cativa as pessoas pelo ar inocente que traz na face do médium.

Saiba que é brincando e rindo que efetuam maravilhosos trabalhos de descarga fluídica, aliás, é no sacudir dos braços e pernas que atiram seus fluidos naturais afastando, assim, espíritos de baixa vibração que estejam prejudicando as pessoas. Com esses movimentos também desagregam energias densas enraizadas no corpo astral e áurico que proporcionam doenças no corpo e na alma.

A fala com as ‘Crianças’ é sempre cheia de brincadeiras e de “ingenuidade”, no entanto são profundas, sábias e altamente reveladoras, mesmo porque o que mais estimulam em nós é o autoconhecimento. Além disso, uma das suas maiores capacidades é nos fazer rir e é nesse riso contagiante que “eles” curam nossas amarguras.

As ‘Crianças’ gostam de sentar no chão, junto à terra, fonte de energia transmutadora e curadora, suas preces são cantadas em melodias alegres fazendo referência a Papai e Mamãe do Céu e em mantos sagrados. Seus pontos riscados são curtos e bastante cruzados pela Flecha, Coração, Chave e Raiz … são verdadeiros Magos Naturais. Quem já não ouviu a frase: “O que os Filhos das Trevas fazem, qualquer criança desfaz. O que a criança faz (no sentido do Bem, é claro) ninguém desfaz ou interfere”.

A festa das Crianças na Umbanda, conhecida como Festa de São Cosme, Damião e Doun, tem duração de um mês, iniciando em 27 de setembro (Cosme e Damião) e terminando em 25 de outubro (Crispim e Crispiniano).

Aproveite o dia, a energia, a vibração e todo o entusiasmo dessas maravilhosas Entidades, dê uma pausa para pensar, abrir o coração e entenda, embora de forma simples e pura, as profundas e sábias mensagens desses verdadeiros SÁBIOS – Senhores da Pureza Cósmica. Aproveite também e determine algo especial para você. Determine que seu lado infantil e puro sempre influencie suas decisões e seus relacionamentos.

E, se for à uma festa de Cosme e Damião em um Terreiro de Umbanda, aproveite ao máximo a oportunidade e todos os ensinamentos e leve para casa, além dos doces e bolos, o exemplo de alegria dessa encantadora falange!

Mônica Caraccio





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09/01/2019

A Magia

A Magia

As palavras "magia", alquimia, transmutação, feitiçaria e correlatas, exercem um certo fascínio nas pessoas, acreditando, muitas vezes, que teriam o poder manipulando "poções mágicas", caldeirões, varinhas, etc., e que o seu uso numa determinada hora, numa determinada caverna, obteriam os resultados desejados. As vezes, não consigo conter o sorriso, quando alguns "esquisotéricos" se orgulham ou são idolatrados por "produzirem chuva".

Transmutar energias para movimentar o ar, expandir o fogo, contrair a água e coerir a terra é fácil, pois são magias que se processam externamente, manipulando-se "coisas concretas" e de fácil acesso. Agora, difícil mesmo é realizar a magia "interior", onde você trabalha com as "coisas abstratas", procurando transmutar a ira em paciência, a leviandade em firmeza, o receio em esperança, a soberba em humildade, a luxúria em castidade, o arrebatamento em prudência e o egoísmo em generosidade.

Têm-se que compreender que, na maioria das vezes, os grandes conflitos e "demandas" são interiores ou sejam, nós mesmos criamos o emaranhados de situações que ficam pululando em nossos pensamentos, sentimentos e, por decorrência, nas nossas ações.

O material aqui descrito, facilitará a busca e o encontro daquela paz interior, que todos necessitam e muitos anseiam.

Num primeiro momento, considerando distâncias, tempo e templos, você poderá dentro da linha justa, concretizar o que busca, mas cabe o alerta da simplicidade: com os preceitos/trabalhos aqui propostos, ao invés de manipular as energias etérea, eólica, ígnea, hídrica e telúrica, terá condições de irradiar, mover, expandir, conduzir e coerir, na sua essência e forma e na busca do auto-conhecimento, a fortaleza, o respeito, o entendimento, a sabedoria, a pureza, o conselho e justiça, que traduzem os atributos dos Orixás.

Antes, porém, esforçando-me em compreender a Umbanda em seu dogma, poderá parecer pretensão ou mesmo intransigência, visto não realizar ou mesmo não concordar com algumas práticas, que por deturpação, desinformação, ignorância ou mesmo dolo, alguns querem travesti-la de Umbanda. Sinto-me impelido a conduzir a voz à um punhado de Umbandistas, que em determinados momentos, devido a nossa natureza humana, ficam incomodados em ouvir acusações vãs e comentários agressivos, sobre determinadas práticas, que por não terem sustentação ou mesmo consistência, são impingidas ao Movimento Umbandista da atualidade.

São necessários alguns esclarecimentos às práticas inerentes à Sagrada Corrente Astral de Umbanda, pois são chegados novos tempos, onde algumas só têm aceite em planos astrais, sob a minha ótica, não muito iluminados. E, por estar comprometido em orientar àqueles, que não têm o necessário esclarecimento e estão "vagando" por "terreiros", alerto para evitarem sucumbir perante algumas hordas não muito nobres... Assim: Não se praticam ações que fujam ao bom senso; Não se questionam as origens das pessoas, em quaisquer sentidos: filosófico, étnico, religioso, social, econômico, político...; Não se impressionam ou mesmo não se assustam as pessoas que por ventura não estejam dentro desta ótica; Não se estimulam ou mesmo não levam as pessoas à exposições constrangedoras ou mesmo ridículas, na realização de preceitos; Não se realizam preceitos em locais inadequados; Não se praticam, inclusive questiono de forma veemente, quaisquer atividades que possam prejudicar as pessoas; E, não se agride o meio ambiente, pois temos de ser cônscios da necessidade de preservação dos sítios naturais (praias, cachoeiras, matas, rios, lagos e campinas, etc.), não só pelo fato de serem centros energéticos e sagrados, mas também absolutamente necessários à vida.

Em determinados momentos da vida, especialmente quando nos lançamos nos grandes desafios ou quando surgem obstáculos, por algum motivo muitos se acham sozinhos ou abandonados, ampliando aquilo que se interpõe à nossa frente, desestimulando transformar os nossos sonhos, quer sejam espirituais e materiais, em realizações. Magia "é ação da vontade" A realidade é que, por motivos vários, sentimo-nos solitários, entretanto, "Papai-do-Céu", através da Confraria dos Espíritos Ancestrais, manifesta-se em nós, ou seja, a força está com você ou melhor, está em você. Basta! Talvez, haja apenas a necessidade realizarmos pequenos estímulos para que percebamos.

A magia é única, ela está no todo. A determinação da magia como sendo branca ou negra, boa ou má, dependerá única e exclusivamente do direcionamento dado por cada um (Vontade). A magia pode ser ritualizada ou íntima, e poderá ser encontrada no ar, no fogo, na água e na terra, cabendo apenas a utilização inteligente, visando a sua aplicação adequada, em benefício próprio e de terceiros, buscando aquelas forças interiores, visto que ao fazermos algo para o bem, o "universo conspira a favor".

Quando se pratica magia, deseja-se que sejamos envolvidos pelas energias das Vibrações Originais (Orixás), bem como tenham-se reforçados os seus atributos e ações positivas e aliviadas as ações negativas. Por sua vez, quando se aborda a magia, temos de considerar que suas formas são interdependentes, ou sejam, utilizamos os nossos recursos físicos e abstratos, conscientes e inconscientes de modo a aplicar nossas habilidades mentais, visuais, auditivas, olfativas, degustativas e de tato.

Bom, para não ficarmos no pleonasmo, pois magia pressupõe movimento, poderia denominá-la de ritual, ação, magia, ... denominemos esta magia, como sendo o exercício da transformação porque nos induz a uma atividade dinâmica para mudança, bem com a utilização de recursos físicos. Sabemos, pois, se realizarmos ações por motivos considerados justos, com certeza, os estímulos necessários e adequados ocorrerão.

Ter conhecimento sobre Magia, implica em se ter poderes pessoais de ação e reação no plano astral, com ou sem a participação de antagonistas ou sejam, entidades espirituais.

Por sua vez, alguns aspectos devem ser levados em consideração, visto que ao movimentarem-se "Forças Sutis", para uso próprio ou de terceiros, deve-se levar em consideração o que é passível de merecimento, positivo ou negativo. Ações deletérias podem até surtir efeitos, entretanto ficarão registradas em "nossos arquivos kármicos", para cobrança no presente ou no futuro, desta ou de outra vida.

Thashamara







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Por Que a Umbanda não Resolve o Meu Caso?

Por Que a Umbanda não Resolve o Meu Caso?
MEUS PROBLEMAS x MINHA AUTOCRÍTICA:
Por que as Entidades da Umbanda não resolvem o meu caso?

Entra ano, sai ano, e a experiência que vamos adquirindo enquanto praticantes da Umbanda nos permite constatar que a maior parte dos problemas que são levados aos nossos templos continua inalterada. Os maridos ainda precisam ser “amarrados”, os filhos estão cada vez mais rebeldes, o dinheiro é cada vez mais insuficiente para pagar as contas, e dúzias de encostos permanecem assombrando pobres almas inocentes. Será que os Pretos-Velhos, Caboclos e Crianças não estão dando conta do recado? Já não se fazem mais Exus como antigamente? Ou será que estamos diante de uma massa de “fiéis” cada vez mais omissa às suas próprias obrigações éticas, sociais e familiares?

Há mais de século, os Mentores Espirituais que acorrem aos nossos templos nos alertam para a necessidade de decompormos o cerne de nossos problemas sob a luz da autocrítica. Pois muitos obstáculos adquirem ares de insolubilidade pelo fato de não admitirmos que eles florescem à revelia de uma análise centrada naquilo que NÓS poderíamos ter feito para resolvê-los. Bom seria se levássemos à presença de uma Entidade mediunicamente manifestada apenas dúvidas relacionadas às nossas próprias fraquezas, ou, quem sabe, desabafos que não estivessem tão camuflados pela negação em admitir nossas falhas. Entretanto, o panorama é desalentador, pois décadas transcorrem e continuamos com a confortável sensação de poder terceirizar a causa íntima de nossos tormentos. E haja vela e magia para que tanta crise seja resolvida!



A verdade é que os ditames comportamentais de nossa sociedade também estão influenciando a noção de responsabilidade que deveríamos ter, mormente perante o enfrentamento dos nossos óbices existenciais. Certa vez ouvi uma irmã de fé dizer que noventa por cento dos problemas trazidos aos terreiros seriam resolvidos em um divã, e não por “força de pemba”. Análise corretíssima, infelizmente! Pois vejamos: Em plena era do telefone celular, dos bate-papos virtuais, das formas de comunicação que possibilitam uma interação interpessoal cada vez mais fácil e objetiva, ainda assistimos pessoas que se esquivam de qualquer entendimento verbal com o alvo de seus sentimentos amorosos. Pessoas tomadas, quem sabe, por um misto de timidez, egoísmo, depressão e amor platônico, que simplesmente não se julgam competentes para conversar, discutir a relação, ou investigar as reais intenções de seus pretendentes. Onde essa frustração é despejada? Muitas vezes, aos pés de um Preto-Velho, Caboclo, Criança ou Exu. Aí, como se estivéssemos em um call center qualquer, solicitamos à Entidade uma intervenção astral sobre o problema, para que o “ser amado” volte logo, como num passe de mágica, se possível bem docinho e amarradinho. E como bem ensina a regra capitalista, nos dispomos até a pagar pelo “serviço” feito.


Outro problema comumente trazido aos Congas da Umbanda reflete a dificuldade que temos em educar nossos descendentes. Mais uma vez, obliteramos nossa parcela de culpa, que na maioria dos casos é ilustrada pelo binômio filhos rebeldes = pais complicados, e defendemos que a insubordinação de um filho está exclusivamente atrelada a “influências espirituais”. Tudo acaba sendo jogado “na conta” de espíritos obsessores, quando, na verdade, salta aos olhos a evidência de uma educação defeituosa, eivada de mimos exagerados, superproteção, negligência e/ou indisciplina. Resta às Entidades de Umbanda a tarefa de consertar essa situação? Obviamente que não!


Também não poderíamos deixar de discorrer acerca de um problema que quase sempre é levado ao conhecimento de nossos imperturbáveis Mentores Espirituais: a falta de dinheiro. Diamantino Fernandes Trindade vaticina nesse sentido com uma maestria lacônica: “Nenhum trabalho para atrair dinheiro surtirá efeito se você gastar mais do que ganha.” No século do consumismo leviano e desenfreado, quem pode afirmar que está à salvo da mania de perseguir aquisições supérfluas? Quantos telefones celulares você comprou nos últimos trinta e seis meses? Quantas vezes você pensou em tomar um empréstimo, simplesmente para obter algo que “estava na moda”? Quantos desejos purpulam em nosso âmago, impulsionados por apelos culturais estritamente superficiais? Será que o dinheiro realmente está faltando, ou o que falta mesmo é um planejamento financeiro em nossa rotina de gastos? Mais uma vez, levamos atribulações criadas pelos nossos desequilíbrios aos pés dos Orixás, como se estes tivessem o poder de tudo resolver, à revelia de nosso livre-arbítrio... Plantamos mal, semeamos pior, mas queremos colher o melhor possível.


Por último, mas não menos recrudescente, flutua o imbróglio dos “encostos” – esses capetinhas danados que sempre fecham os nossos caminhos e perturbam gratuitamente o sucesso da nossa inocente jornada terrena. Por muitas vezes, nós os responsabilizamos por outros problemas já comentados: falta de dinheiro, namorado, ou a rebeldia de filhos, parentes e amigos. Na contrapartida dessa rotulação endêmica, já ouvi um Exu assertivar que os casos de obsessão clássica – aqueles que eram comuns há cinqüenta anos atrás, de um desencarnado perturbado sobre um encarnado incauto – são cada vez mais raros de serem observados. Isso porque NÓS estamos assumindo a dianteira nessa questão, ou melhor, estamos abrindo nossas portas mento astrais para que obsessões e obsessores possam nos dominar. O convite está partindo de nossas mentes “inocentes”, frágeis a ponto de culpabilizar o “Reino das Trevas” pelo MEU alcoolismo, ou de acusar uma alma penada pela MINHA tendência ao sensualismo exacerbado. Problemas de caráter? Não os tenho! São os meus “encostos” que colocam esses espinhos em minha personalidade!Vamos nos enganando, na medida em que enormes falanges de assediadores “astrais” vão crescendo em nossas cabeças auto-obsedadas!


Enfim, enquanto não soubermos mensurar a nossa parcela de culpa nessas situações que levamos ao conhecimento de Entidades mediunicamente manifestadas, estaremos fadados a sair de um Terreiro de Umbanda sem perspectiva de resolução para os nossos problemas. Nenhuma “magia” pode quebrar aquilo que nasce do nosso livre-arbítrio e floresce em nossa resoluta vontade de agir egoisticamente. Ainda assim, abnegados Pretos-Velhos, Caboclos e Erês estão sempre a nos indicar a solução: o caminho do autoconhecimento como fonte única de libertação plena. Caminho de difícil persecução, pois desafia a todo instante a vaidade e o comodismo que cultivamos. Mas caminho essencial para que tenhamos condições de empreender a tão falada Reforma Íntima, e sorver plenamente todo o poder dessa assistência espiritual trazida pelo Evangelho Cristão, redivivo no Astral de Umbanda.

Lembre-se: se a sua autocrítica é menor do que seus problemas, seus problemas certamente são bem maiores do que você pensa!

Luciano Martins Leite




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08 Perguntas sobre Mediunidade e Depressão

08 Perguntas sobre Mediunidade e Depressão

Mediunidade é uma bela oportunidade de crescimento e aprendizado. Vê-la como uma prova imposta em função de dívidas do passado é cultivar uma visão doentia de algo que, em verdade, é uma benção, um tesouro.

É comum ouvirmos a expressão: “estou com problemas mediúnicos.” Todavia, não é a mediunidade o problema, mas o médium. Consideremos, porém, que não existem problemas mediúnicos, temos problemas morais e emocionais que são refletidos no exercício da mediunidade. A mediunidade é uma força neutra e sua aplicação toma o colorido moral inerente ao médium. Existem problemas psicológicos e não mediúnicos.

Um exemplo típico disso são as depressões. Muitas pessoas são orientadas a desenvolver mediunidade como solução de sua depressão. Entretanto, são muitos os médiuns portadores de depressão que assumem fervorosamente a tarefa mediúnica nessa expectativa, e não obtém o que desejavam. E os que conseguem algum resultado, certamente estavam em encerramento de seu processo doentio ou eram portadores de depressões leves ou moderadas, que regridem com relativa facilidade a tratamentos e iniciativas espirituais.

A rigor, em casos de depressão crônica, portanto mais severa, a orientação do exercício mediúnico pode, inclusive, constituir um risco. Dependendo do estágio e do momento do doente, a atividade mediúnica pode ser fator de agravamento do quadro psíquico.

Elaborei abaixo uma pequena entrevista com as perguntas que recebo com mais freqüência sobre o tema. O intuito é apenas ter algum material para uma boa conversa sobre o assunto, nada mais…


1) A mediunidade causa a depressão?

A mediunidade é uma benção, um tesouro de trabalho e crescimento espiritual. A faculdade em si mesma não é causa de perturbação. Quando alguém usa a expressão “problemas mediúnicos” é necessário distinguir que os problemas são da personalidade mediúnica, isto é, do médium.

Consideremos a mediunidade como recurso de evolução e a depressão como uma doença cuja causa repousa nas velhas atitudes morais do médium. Mediunidade não causa depressão. Entretanto, é freqüente encontrarmos médiuns portadores de sintomas depressivos. Nesse caso, a aplicação da mediunidade ou, como é mais conhecido, o desenvolvimento mediúnico pode ser terapêutico, amenizando as dores do deprimido. Apenas amenizando-os, fique claro! Ainda assim, a cura da depressão não virá do exercício mediúnico e sim da reeducação emocional do deprimido por meio da mudança de condutas que alicerçam o núcleo moral da depressão.


2) Os deprimidos são portadores de obsessão?

Algumas pesquisas feitas em grupos mediúnicos e hospitais psiquiátricos espíritas mencionam a presença de obsessão em 70% dos casos de depressão.

Aqui também é preciso uma distinção. Não é a obsessão que causa a depressão. A depressão é doença mental que pode ocorrer sem fatores espirituais coercitivos, embora a maioria dos casos, por se tratar de atitudes infelizes na caminhada evolutiva, carreia para o deprimido uma série de influências de ordem energética e espiritual como fatores de agravamento e não causais.


3) Qual a relação entre perturbação espiritual e depressão?

Alguns tipos de depressão mais leves ou moderadas podem ser acionadas por presença espiritual perturbadora.

Mesmo neste caso, depois de socorridas as influências espirituais, o deprimido precisa examinar quais foram as causas dentro de si mesmo para que aquilo acontecesse.

Nem a obsessão e nem a perturbação espiritual podem causar a depressão, sem que o deprimido tenha em si mesmo algum componente psíquico não resolvido que constitui a raiz da sua doença.

Perturbação espiritual e obsessão são fatores agravantes e não causais.


4) Os deprimidos obsidiados devem obrigatoriamente educar a mediunidade?

O exercício da mediunidade é terapêutico para vários quadros mentais e até para algumas doenças orgânicas, trazendo alívio e amenização de dores.

Porém cada caso deve ser analisado criteriosamente, uma vez que a indicação da atividade mediúnica não pode ser tratada de forma generalizada. O exercício da mediunidade age apenas como um processo de depuração energética para que o doente não piore, além de promover a oportunidade de o médium entrar em contato com sentimentos diversos para análise pessoal. Para as pessoas deprimidas, romper com a interferência espiritual do obsessor, poderá na maioria dos casos, apenas abrandar e/ou mascarar os sintomas da doença, já que a solução da depressão sempre será a libertação da consciência e o desenvolvimento dos potenciais íntimos que a criatura traz em si mesma.

A depressão é uma doença sintomática, ou seja, é uma dor que está querendo chamar a atenção do doente para algo que ele não quer ver ou para algo que ele não está cuidando adequadamente na sua vida interior. Dessa forma é imprescindível que o deprimido compreenda que será necessário buscar várias fontes de ajuda, uma vez que se trata de uma doença complexa. A pessoa com sintomas depressivos sempre deve ser orientada a procurar o devido suporte médico e psicoterapêutico.


5) Como saber quando um deprimido não deve frequentar a reunião mediúnica?

Não existe regra no assunto. Darei uma pálida idéia que não deve constituir um roteiro, mas apenas um caminho que deverá ser aprimorado.

Existem alguns ciclos pertinentes às depressões crônicas nos quais os doentes experimentam vários sintomas que já lhe são habituais, mas com características mais acentuadas, como por exemplo: sentem-se mais exauridos, mais tristes, totalmente indispostos com ao contacto social, com larga confusão mental, presença de episódios de insônia persistente, extremamente irritadiços e com profunda apatia afetiva.

Naturalmente, em grupos que se respeitam e existe uma convivência saudável, ficará evidente quando um médium com depressão apresentar alterações que comprometem sua atuação mediúnica. Nesse caso, um afastamento programado de algumas semanas com acompanhamento fraterno do grupo, torna-se desejável em favor do doente e da tarefa.


6) O que a Casa Espírita deve fazer pelo deprimido?

Orientá-lo sobre a conduta a seguir para recuperar sua saúde. Oferecer o apoio da fluidoterapia espírita na amenização das dores, encaminhá-lo para profissionais da saúde mental que sejam competentes e humanos e, sobretudo, acolhê-lo com muito afeto, dando oportunidades de integrar-se às atividades da Casa Espírita.

Entretanto, como descrevo em meu livro DEPRESSÃO E AUTOCONHECIMENTO, a depressão necessita de reeducação comportamental e emocional.

A depressão atinge várias dimensões do ser humano. Quando o depressivo usa medicação, alcança sua dimensão orgânica. Quando faz psicoterapia, investe na recuperação de sua dimensão psicológica. Quando realiza tratamento espiritual, trata sua dimensão dos corpos sutis. Mas depressão tem quatro fundamentais dimensões que são: bio-sócio-psíquico-espiritual. A sua solução só pode vir da dimensão onde ela foi gestada, isto é, a social. É através do comportamento que se constrói uma doença mental, e somente através da reeducação dessa conduta será possível se libertar dela.

Que conduta está por trás das depressões mais severas? Como reeducar essa conduta padrão que é a raiz da depressão?

É a isso que meu livro se propõe: orientar o depressivo, sua família e também ao Centro Espírita sobre como lidar com o assunto e melhor orientar o doente.


7) Os médiuns têm tendência à depressão?

Os médiuns têm tendência a carregar alguma alteração no seu campo mental, mas não necessariamente a depressão. Todavia, eu ainda não conheci um médium que não tenha alguma relação a ser resolvida e reeducada com os temas: depressão e as perturbações da sexualidade.

Isso tem explicações muito sensatas que valem a pena serem analisadas.


8) Qual a orientação adequada a um médium com depressão?

Primeiramente aceitar que está doente e necessita tratamento em várias dimensões. Em seguida, orientá-lo sobre o exercício da mediunidade no bem e seus pré-requisitos. Durante seu tratamento, acolhe-lo e acompanhá-lo com muito carinho para que encontre apoio nas iniciativas de melhora. Posteriormente, enquadrá-lo no trabalho espiritual.

Claro que não podemos fazer isso nessa ordem que mencionei para todos os casos. Portanto, o bom senso deve inspirar essa orientação ao depressivo, cientes de que cada caso será de natureza particular.

Bom, ficamos por aqui. Vamos parar um pouquinho para refletir.

Wanderley Oliveira





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