Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

24/10/2018

Vejo Tudo! Estou Mistificando?

Vejo Tudo! Estou Mistificando?

O grande medo de todo médium que inicia sua caminhada na Umbanda é o da incorporação consciente. Nove entre dez médiuns sentem-se inseguros em suas primeiras incorporações. 

É muito comum ouvirmos frases do tipo “Eu vejo tudo, não posso estar em transe”. A culpa dessa dúvida que assola nossos terreiros é dos próprios dirigentes que não esclarecem aos iniciantes como é esse processo e dos irmãos mais antigos que insistem em dizer que são totalmente inconscientes, talvez para valorizar a sua (deles) mediunidade ou com medo de serem tachados de mistificadores.

Acalmem-se todos! Há muitos anos as entidades deixaram de usar a inconsciência como fator preponderante para o bom trabalho exercido pelo médium. Muito pelo contrário, hoje sabemos que noventa e cinco por cento dos médiuns são conscientes ou semiconscientes. A inconsciência completa é muito rara e pouquíssimas vezes revelada, justamente para não causar essa insegurança tão presente em nossa religião.

Pensemos no exemplo da água misturada ao açúcar. Quando adicionamos um ao outro teremos um terceiro liquido inteiramente modificado, mas com ambos os elementos nele. Assim se processa a incorporação, a mente do médium aliada à energia gerada pela entidade que se aproxima , unem-se em perfeita harmonia e conseguem, utilizando os conhecimentos de ambos, um trabalho mais compacto e correto. Não se acanhem em dizer que são conscientes, pois a insistência dessa postura pode levá-los a falhas que aí sim, darão margens à suspeitas de mistificação.

Nos primeiros anos da Umbanda havia a necessidade da inconsciência, os médiuns tinham vergonha de entregar-se ao trabalho sem reservas. Como deixar que um espírito se arrastasse pelo chão falando como criança? Ou ainda sentasse em um banco com um pito na boca? Eram atitudes que assustariam o aparelho e o levariam a afastar aquela entidade. Com a evolução constante da lei, todos conhecem perfeitamente as capas fluídicas que nossas entidades usam e não existe mais a necessidade delas esconderem de seus médiuns a forma com que se apresentam.

O cuidado a se tomar nos terreiros cabe aos dirigentes com informação e doutrina abundante para que o velho fantasma da insegurança se afaste de vez de nossas casas.

Luiz Carlos Pereira



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Os Pontos Cantados

Os Pontos Cantados

Um dos fundamentos de vital importância para a harmonização e eficácia dos trabalhos dentro de um templo umbandista é, sem dúvida, o que diz respeito aos Pontos Cantados (curimbas).

Em tempos imemoriais, o homem materialista e ligado quase que exclusivamente aos aspectos físicos que o circundavam, tomado de profundo vazio consciencioso, resolveu traçar caminhos que o fizesse resgatar a verdadeira finalidade de sua existência. Alicerçado em princípios aceitáveis, passou a buscar o elo de ligação para com o Criador, a fim de se redimir do tempo perdido e desvirtuado para outras ações.

Uma das formas encontradas para a reaproximação com o Divino foi a música, onde se exprimiam o respeito, a obediência e o amor ao Pai Maior. Desta forma, os cânticos tornaram-se um atributo socio-religioso, comum a todas as religiões, onde cada uma delas, com suas características próprias, exteriorizavam sua adoração, devoção e servidão aos desígnios do Plano Astral Superior.

A Umbanda, nossa querida religião anunciada no plano físico em 15 de novembro de 1908, em Neves, Niterói RJ, pelo espírito que se nominou Caboclo das Sete Encruzilhadas, também recepcionou este processo místico, mítico e religioso da expressão humana. Nos vários terreiros espalhados pelas Terras de Pindorama (nome indígena do Brasil), observamos com fé, respeito e alegria os vários pontos cantados ou curimbas, como queiram, sendo utilizados em labores de cunho religioso ou magístico.

Em realidade os Pontos Cantados são verdadeiros mantras, preces, rogativas, que dinamizam forças da natureza e nos fazem entrar em contato íntimo com as Potências Espirituais que nos regem. Existe toda uma magia e ciência por trás das curimbas que, se entoadas com conhecimento, amor, fé e racionalidade, provocam, através das ondas sonoras, a atração, coesão, harmonização e dinamização de forças astrais sempre presentes em nossas vidas.

A Umbanda é capitaneada por sete Forças Cósmicas Inteligentes, que são as principais e que, por influência dos Pretos-Velhos, receberam os nomes de Orixás, sendo que a irradiação ou linha de Oxalá (Cristo Jesus), precede todas as demais, razão pela qual as comanda. Todas estas irradiações têm seus pontos cantados próprios, com palavras-chave específicas e a justaposição de termos magísticos, de forma que o responsável pela curimba deve ter conhecimento do fundamento esotérico (oculto) da canção.

Temos visto em algumas ocasiões determinadas pessoas até com boas intenções, mas sem conhecimento, puxarem pontos em horas não apropriadas e sem nenhuma afinidade com o trabalho ora realizado. Tal fato pode causar transtornos à eficácia do que está sendo feito, uma vez que podem atrair forças não afetas àquele labor, ou ainda despertar energias contrárias ao trabalho espiritual.

Quanto à origem, os pontos cantados dividem-se em Pontos de Raiz (enviados pela espiritualidade), e Pontos terrenos (elaborado por pessoas diretamente) Os Pontos de Raiz ou espirituais jamais podem ser modificados, pois constituem-se em termos harmônio metricamente organizados, ou seja, com palavras colocadas em correlação exata, que fazem abrir determinados canais de interação físico-astral, direcionando forças para os mais diversos fins.

No que concerne aos Pontos cantados terrenos, a Espiritualidade os aceita, desde que pautados na razão, bom senso, fé e amor de quem os compõe.

Às vezes, porém, nos deparamos com algumas curimbas terrenas que nos causam verdadeiro espanto, quando não tristeza. São composições sem pé nem cabeça, destituídas de fundamento, com frases ingênuas e sem nenhum nexo, chegando algumas a denegrirem os reais valores Umbandistas.

Cantam curimbas por aí dizendo que Exu tem duas cabeças; que Bombogira (Pomba-Gira) é prostituta e mulher de sete maridos; que Preto-Velho é feiticeiro e mandingueiro; que o Orixá Nanã mora na lama dos rios; que Ogum é praça de cavalaria, e outras incoerências mais.

E quanto ao plágio (cópia adulterada), leitores ? Aí é que a questão se agrava. É que alguns espertos andam a visitar terreiros, ouvindo e decorando pontos pertencentes àqueles templos. Voltam à tenda onde trabalham ou dirigem, e começam a cantar os pontos aprendidos, com algumas alterações, para disfarçar é claro, e dizem a terceiros que as curimbas são de sua autoria ou de suas entidades. Além de modificarem pontos que podem ser de raiz, estão sujeitos a serem desmascarados quando alguém toma conhecimento da origem e da real letra das curimbas.

Quanto à finalidade, os Pontos Cantados podem ser:

Pontos de chegada e partida; Pontos de vibração; Pontos de defumação; Pontos de descarrego; Pontos de fluidificação; Pontos contra demandas; Ponto de abertura e fechamento de trabalhos; Pontos de firmeza; Pontos de doutrinação; Pontos de segurança ou proteção (são cantados antes dos de firmeza); Pontos de cruzamento de linhas; Pontos de cruzamento de falanges; Pontos de cruzamento de terreiro; Pontos de consagração do Congá e outros mais, consoante à finalidade a que se destinam.

Vimos pelo acima exposto que as curimbas, por serem de grande importância e fundamento, devem ser alvo de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que as utilizam, sendo ferramenta poderosa de auxílio aos Pretos-Velhos, Caboclos, Exus e demais espíritos que atuam dentro da Corrente Astral de Umbanda.

Jornal de Umbanda Sagrada






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17/10/2018

O Preparo é Essencial

O Preparo é Essencial

Atualmente, muitos médiuns sedentos pelas alegorias tentam ingressar na espiritualidade movidos pelo fascínio do fenômeno da incorporação, despreocupados ou diria "despreparados" com a questão doutrinária.

Rememoramos aqui a época de Atlântica e Lemúria, onde um iniciado começava sua trajetória iniciática aos 7 anos de idade e a concluía por volta dos 40 anos, onde se devidamente preparado se encontrava apto para conduzir os mistérios que a ele foram confiados.

Hoje a alegoria toma a frente antes do preparo e isso abre o palco dos exageros vistos em diversas vertentes religiosas, principalmente as que valorizam o sagrado ato da incorporação.

Um Avatar, antes foi um aluno dedicado que se preparou e se dedicou as oportunidades de aprendizado que permitiram seu amadurecimento espiritual.

Muitos médiuns hoje, abominam o estudo e acima de tudo a lógica dos seres "extrafisicos" que dizem receber, mas o espetáculo que presenciamos dentro de alguns locais nos levam a crer que muitas destas manifestações não passam de "animismo" ou muitas vezes infelizmente " exteriorização" de algo que já se levava dentro de si.

Colegas de jornada, Deus nos da uma grande oportunidade no aprendizado, pois ele nos permite estarmos devidamente preparados para as responsabilidades que iremos assumir.

Caridade não se pratica somente com ato da incorporação, diríamos que a mesma se expande de forma mais ampla em nossos pensamentos que se estendem nas atitudes de nosso cotidiano.

Dentro da atividade mediúnica, valorizemos a oportunidade de aprendizado com o preparo essencial para cumprimos nossos compromissos com o mais alto.

A árvore antes de estar preparada para dar seus frutos, tem 12 meses de jornada para prepará-los e antes originou-se de uma simples semente.

Tudo na vida tem seu momento certo e para que tudo dê certo, se faz necessário que abandonemos a preguiça e o descaso com as coisas sagradas e se desejamos seriamente servir aos propósitos mais elevados saibamos que sem preparo nada acontece como previsto.

Reflitam e saibam que o ato de incorporar espíritos se feito com irresponsabilidade só nos aumenta nossa conta carmática,a antes devemos nos preparar com estudo, bom senso e acima de tudo, espírito voltado para a caridade.

"Quando o trabalhador esta pronto, o trabalho aparecerá"

Zigh um hindu nas terras do cruzeiro...
Mensagem recebida por Géro Maita





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15/10/2018

Umbandistas, Graças a Deus!

Umbandistas, Graças a Deus!

Inconcebível!

Assim podemos definir o comportamento de alguns umbandistas, ou ditos umbandistas, no tocante a certos hábitos e posturas que denigrem a si, como membros de um segmento religioso que são e mais grave, maculam o SAGRADO NOME UMBANDA.

Do que se trata?

Trata-se de um assunto muito sério e que merece especial atenção de dirigentes, médiuns e assistentes que compõem este maravilhoso corpo religioso que é a UMBANDA.

É que, movidos por ignorância, descriminação e preconceito em relação a nossa religião, sempre fomos vistos pelos inimigos da Umbanda como macumbeiros, termo pejorativo utilizado para desqualificar-nos e as nossas práticas religiosas.

E a situação se agrava na medida em que alguns integrantes de nossa religião, quando vítimas de tal impropério, ao invés de reagirem, repudiarem e repelirem esta investida maléfica acabam silenciando, ou pior, absorvendo a ofensa como algo natural, achando graça e rindo da estampa negativa que lhes colam na testa.

E você, amigo leitor, pensa que para por aí?
Não, não para!

Porque infelizmente temos maus umbandistas dentro da religião.

Dissociados das verdadeiras bases e diretrizes da Umbanda, e num misto de irresponsabilidade e falta de consciência religiosa, quando indagados sobre qual religião professam, respondem da seguinte forma:

"- Ah! Sou macumbeiro"
Ou ainda em dias de sessão no terreiro, quando exclamam:

"- Hoje vou à macumba".

Para estes que assim agem vai o devido esclarecimento, necessário para que não mais incorram neste lamentável equívoco.

1. Macumba é um termo utilizado por determinada etnia africana para designar certo tipo de árvore em torno da qual se desenvolviam certas práticas religiosas;

2. Da madeira da árvore citada eram confeccionados instrumentos de percussão semelhantes ao atabaque e ao reco-reco, também nomeados de macumba;

3. No final do século XIX e início do século XX, o termo macumba foi associado a qualquer prática religiosa de origem africana onde houvesse o uso de instrumentos de percussão, e que tivesse como finalidade à prática da magia para fins negativos;

4. Que a Umbanda, nada tendo a ver com tal quadro, passou a sofrer os efeitos deletérios de tal ofensa, fato que teve co-causas à omissão das ditas elites umbandistas em dar ao Movimento Umbandista os devidos esclarecimentos doutrinários e os instrumentos básicos de defesa ante a esses eventuais ataques.

5. Que por conta da falta de preparo de alguns (ou muitos) dirigentes umbandistas e da ausência de interesse de médiuns e assistentes em se esclarecerem acerca da religião que seguem, tal ofensa ainda se faz presente.

Irmão umbandista de fato e de direito, analise as informações aqui contidas.

Se estiver de acordo com seu conteúdo junte-se a nós nesta grande missão de orientação aos nossos irmãos menos informados, no tocante a explicar-lhes sobre os inconvenientes em se intitularem macumbeiros; da ofensa em serem rotulados pelo mesmo nome; e os prejuízos que tais fatos trazem a nossa Cristã Umbanda.

Como verdadeiro Filho de Umbanda que é, dê um pouco de luz aos seus irmãos de fé.

Diga-lhes com muito orgulho:

- SOMOS UMBANDISTAS,GRAÇAS A DEUS !!!

Saravá Umbanda !!!

Jornal Umbanda Hoje



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Mediunidade sem Instrução

Mediunidade sem Instrução

O estudo contínuo dos assuntos relacionados à mediunidade na Umbanda remove dentre seus seguidores dezenas, quiçá centenas, de crendices, costumes e hábitos que têm se mostrado nocivos à própria Religião. 

Muitos umbandistas têm uma visão deturpada do que significa o dom mediúnico em suas vidas e dentro dos terreiros. Centenas de adeptos desenvolvem uma mediunidade repleta de entendimento errôneo, suposições equivocadas e vícios comuns a pessoas que pouco, ou quase nenhum, acesso têm à informação. Muitos desses equívocos são provocados justamente pelo desconhecimento. 

Os maus hábitos acumulam-se ao longo do tempo e transformam-se em vícios que necessitam de tratamento imediato. Os erros acontecem aos montes causando muito desconforto aos Caboclos de Aruanda, que vez por outra precisam intervir para remediar a situação. 

A culpa de tais problemas poderia ser atribuída a muita gente: Chefes de Terreiro despreparados, médiuns afoitos ou de pouca instrução, seguidores pouco compromissados com a religião, dirigentes desinteressados e até mesmo Espíritos desencarnados causadores de demandas. A realidade mostra, porém, que a maior causa de todos os problemas que afetam a missão do umbandista é unicamente a falta de estudo. Sem o mínimo conhecimento de tudo o que envolve o mecanismo da mediunidade, assim como em muitos outros aspectos da vida comum, os erros grosseiros e infantis acontecem em profusão. A mediunidade, a partir de uma prática sem base teórica, tende a ser conduzida como um brinquedo nas mãos de infantes.

A mediunidade não é superstição. Partindo da premissa de que deve ser exercitado numa perfeita união entre a Fé e a Sabedoria, o dom mediúnico transforma-se em valioso instrumento de propagação das verdades espirituais. De outra forma, a mediunidade equivocada é conduzida do mesmo jeito como o adivinho faz com as entranhas de um animal. Não há verdades. Tudo é subjetivo e enganoso. Falta ciência e sabedoria.

A mediunidade supersticiosa transforma os Guias Espirituais em oráculos domésticos, onde os mais ínfimos problemas de ordem inferior são levados em conta. Assim, o Preto Velho passa a ser o informante da traição de um marido ou do futuro econômico de um filho carnal. O Caboclo, por sua vez, transforma-se em ajudante fiel dos negócios ou aquele que vai vencer um inimigo de desafeto. Na mesma proporção, o Exu abandona a condição de Guardião e assume o papel de vingador ferrenho, ou um escravo à disposição do médium. A Pomba Gira, sob a mesma ótica, é tida como uma prostituta arrependida e por isso mesmo obrigada a arranjar parceiros para pessoas de moral duvidosa.

A mediunidade não é show pirotécnico onde o que se vê são rápidos e ilusórios lampejos de brilhos multicoloridos. O médium sem instrução transforma o dom em ótimo artifício na exibição de espetaculares manobras que mais chamam a atenção dos curiosos e dos seres trevosos do que dos Espíritos de Luz. Assim, tudo é espantoso e deslumbrante. Todos os gestos do médium em transe são inchados de exageros. Todas as receitas de oferendas são idênticas às listas de um estranho guisado. Os pontos riscados transformam-se numa mandala confusa de desenhos e rabiscos infantis sem fundamento. As brancas vestes sacerdotais assumem a aparência de fantasias carnavalescas em que imperam o luxo, a vaidade e o exibicionismo.

Na mediunidade pirotécnica, vale mais a grosseira presença física do médium do que a suave e discreta participação dos Guias de Luz. O Preto Velho se esconde, o Caboclo se afasta, o Exu ri do fanfarrão e o médium se exibe. Neste tipo de condução da mediunidade há uma completa falta de força espiritual, pois a carne assume todas as funções do medianeiro e o animismo, a mistificação e a charlatanice estão em primeira linha.

Entre tantas formas de se exercitar a mediunidade há também a que leva em conta a ascensão social do médium. É a mediunidade interesseira.

A mediunidade interesseira é aquela em que as reais intenções do indivíduo são quase desconhecidas. Há muitos interesses em jogo, e o principal é o de “subir” na vida. O médium intenciona ser aplaudido, então usa a mediunidade para chamar a atenção da platéia. O médium quer obter dinheiro de forma menos trabalhosa, então comercializa o dom. Se tem interesse em reconhecimento público, então transforma a mediunidade em degrau para a subida aos palanques políticos, aos palcos da mídia e aos púlpitos das câmaras e agremiações. Tal como o médium pirotécnico, o médium interesseiro quer aparecer, mas com o fim certo de obter algum rendimento financeiro.

Nesse tipo de mediunidade, o indivíduo não se envergonha ao “pedir” o pagamento pelo serviço prestado. Seu rosto não enrubesce quando dita o valor daquilo que vergonhosamente chama de caridade. Se precisar usar uma máscara, certamente o fará. Mas, em seu tempo, lançará por terra a fantasia e mostrará sua verdadeira e tenebrosa face. Como o lobo entre os cordeiros.
A mediunidade ignorante é exercida pelos que verdadeiramente têm grande aversão ao estudo e à meditação. Nessa modalidade, o médium conscientemente classifica o estudo contínuo como algo desnecessário. Acredita que somente as instruções dos Caboclos já são suficientes para que ele seja um grande instrumento da Comunidade Espiritual. A leitura, a pesquisa e o conhecimento dos mecanismos mediúnicos são coisas sem importância na visão dos ignorantes.

Neste caso, o médium não se importa em cometer diversos absurdos em nome de Deus, pois não há o conhecimento do que realmente é a vontade divina. Fala, mesmo usando conversações aparentemente profundas, do mesmo jeito como discursa um simples camponês acerca do universo astronômico. Age sempre de forma impensada, ainda que com a maior boa vontade. Suas ações são completamente sem método, critério ou planejamento. Tem uma visão do mundo espiritual como seus antepassados que outrora atribuíam ao relâmpago um castigo dos deuses ou aos abalos sísmicos uma demonstração da ira divina. Na mediunidade ignorante quanto menos se estuda, mais se erra.

Ser instrumento da Espiritualidade Maior é uma benção recebida por muitos. Porém, como qualquer instrumento necessita de um aprimoramento e de ajustes constantes, assim é o médium de Umbanda a serviço dos Caboclos e Pretos Velhos.

Não basta ter mediunidade. Mas, é importante que esta seja útil aos interesses do Criador, pois todo médium é um depositário da confiança de Deus. Para ser útil, a mediunidade tem que estar firmada nas instruções que vêm do Alto.

Bom seria se todos os médiuns aplicassem a sabedoria e o conhecimento no aperfeiçoamento da mediunidade e se o estudo continuado fosse uma prerrogativa para um perfeito ministério mediúnico.

Julio Cezar Gomes Pinto



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O Umbandista e a Internet

O Umbandista e a Internet

A Internet, em pouquíssimo tempo, virou o maior meio de comunicação do mundo. Através das revistas eletrônicas encontramos tudo o que precisamos saber acerca dos mais variados assuntos. Desde a mais recente descoberta ao mais antigo registro da humanidade. Não há nada que fique escondido aos olhos e ouvidos humanos hoje em dia.

Os computadores se transformaram em vitrines, cinemas e bibliotecas. Nunca o homem teve tanta oportunidade de aprender mais. Desde a invenção da imprensa, na idade média, até a televisão, na contemporânea, jamais o homem conseguiu adquirir tanto conhecimento e de forma tão precisa. A Internet surgiu e revolucionou o conhecimento humano.

Os hábitos também sofreram mudanças. O teatro, as livrarias, o cinema e até mesmo a própria televisão tiveram que se adaptar à nova realidade. A juventude que costumava ficar ligada na tv, agora fica no computador. As pesquisas escolares ganharam muito com a Internet, já as bibliotecas e livrarias, nem tanto.

E, em meio a tudo isto, aparecem as religiões. Cada qual com sua filosofia, ritual e maneira de professar a fé. Há de tudo na Internet: cristianismo, voodoo, bruxaria, protestantismo, islamismo, e é claro… umbandismo. A Umbanda é uma pequena Religião lutando por um lugar no grande panteão religioso que, em muitos casos, governa e massacra as gentes. A expansão da Umbanda faz-se necessário num mundo em que a minoria comanda e massacra a maioria, num mundo em que há tantos sofredores encarnados e desencarnados

Sem desconsiderar a grande arma de divulgação da fé umbandista em que se tornou a Internet, é preciso porém analisar friamente o que está acontecendo com os filhos de santo ou, como queiram, filhos de Umbanda.

Disfarçados de divulgadores do nome da Umbanda surgem inúmeros filhos de fé que se transformaram em verdadeiros pop star’s da Internet. É grande a quantidade de umbandistas que quer “mostrar a cara” a todo mundo, a qualquer custo e de qualquer forma. Sem levar em conta o senso e o respeito às coisas santas, vários médiuns estão colocando em cheque o próprio Terreiro que pisam. Utilizando-se de imagens extremamente pobres e de qualidade ruim, surgem os umbandistas dos dias atuais.

Estampando uma aparência de muita sabedoria e compenetração gritam alguns pretensos estudiosos das coisas ocultas toda uma verborragia sem fim com o propósito de incutir suas convicções infundadas aos menos esclarecidos. São os sábios dos dias atuais que ouviram tudo o que seus mestres encarnados lhes disseram, aceitaram de prontidão suas idéias, e passaram a divulgá-las como verdades absolutas. Ora, a venda de livros caiu vertiginosamente desde a era da televisão, então por que não usar a Internet?

Há também os neófitos que precisam extravasar toda a emoção que sentem por encontrarem o caminho que os tirou de um poço de dúvidas e questionamentos acerca do mundo espiritual. Tudo é novo! Tudo é bonito! Como é belo o mundo dos Espíritos! E lá vão eles para as páginas de relacionamentos mostrar sua conversão, seu batismo, sua primeira incorporação, seu Exu, sua Pomba Gira, seu Velho, seu Altar, sua Tronqueira, etc, etc, etc. E, logo ali, colada à foto do lugar mais sagrado do Terreiro – o Altar – uma foto do seu namorado peladão ou daquela atriz que saiu na revista masculina. Junto do médium que aparentemente está incorporado por um Caboclo, há também o vídeo da mocinha de olhar lânguido e voz sensual que, completamente nua, leva seu pretendente para a cama e mostra o coito cheio de gemidos e palavras obscenas.

Na Internet também não faltam os comerciantes da Umbanda, e de outros cultos, que não têm vergonha de se apresentarem “incorporados” pelo Pai Fulano, ou Cigana Beltrana, ou Mãe Sicrana, e apresentarem seu preço por uma “rodada” de baralho ou “lançada” de búzios. E, para confirmarem seu poder, exibem uma infinidade de penduricalhos no pescoço, rendas, lamês, turbantes, palhas e vários outros utensílios ritualísticos. É claro, não podia faltar a filmagem de uma roda de pólvora, de uma incorporação de Exu, do sacrifício de uma galinha. Tudo filmado em primeiro plano e com riqueza de detalhes em close.

Os oportunistas também não deixam de se exibir na Internet. Há hoje um grande número de candidatos a isso ou aquilo, desejosos de poder, já que o Terreiro se tornou pequeno para eles exercitarem seu poder de persuasão. Prometem ser os defensores da fé alheia, os candidatos dos humilhados e reprimidos, o salvador da religião! Consideram que a política, palco de escândalos interesseiros e mesquinhos, será a força que impulsionará a pobrezinha da religião que não consegue se unir nem dentro dos próprios centros.

Em profusão, proliferam os que necessitam de auto-afirmação. Aqueles médiuns frustrados por não estarem à frente de um terreiro, chefiando e ditando normas que eles consideram as mais certas. Alguns babalaôs e babás que sentem uma grande inveja por não terem um belo templo. Alguns pais e mães que não conseguem chefiar nem mesmo os filhos de sangue. E também os filhos de Umbanda que ainda não aprenderam que mediunidade não é qualidade de um ser altamente iluminado ou de um “enviado” especial das Hostes Celestes. Mas, mesmo assim, querem se auto-promover e estabelecer sua condição de Mensageiros do Alto. E, baseados nessa premissa, expõem sem critério suas imagens de umbandistas ataviados de Zé Pelintra, Pomba-Gira, Exu, Marinheiro, Caboclo de pena e sem pena, desnudos, embriagados, maquiados, empunhando taças e garrafas; com capas, espadas e chapéus, lanças, bodoques, flechas; vestidos de baianas, damas da corte, marujos, índios e outros personagens saídos dos contos de terror e da Vó Benta – Não a Preta Velha – mas a do Sítio do Pica-pau..

Mesmo que a Espiritualidade não tenha aparelhos de computador em Aruanda, no Juremá ou no Humaitá, os Guias e Mentores da Religião de Umbanda estão conectados com o que seus diletos aparelhos, cavalos e burros estão fazendo aqui embaixo, na Terra. Nada está passando desapercebido, pois não necessitam de uma tela ou da própria Internet para estarem a par do que andam fazendo em nome da Umbanda.

Como cantam os sábios Pretos Velhos, ” a Umbanda é linda, pra quem sabe ler. Quem não conhece Umbanda, diz que Umbanda é cangerê!”.

Deus Salve a Umbanda

Julio Cezar Gomes Pinto






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08/10/2018

A Semeadura de uma Religião: Os Orixás

A Semeadura de uma Religião: Os Orixás


Muito se tem escrito sobre os sagrados orixás, e muito ainda terão de escrever, já que os orixás são mistérios divinos e, dependendo de quem os descreve, assumem as mais diversas feições. E, ainda que mantenham suas qualidades essências de “essência”) ou elementais (de “elemento”), no entanto cada um os descreve como os interpreta, entende ou idealiza.

As idealizações, ainda que sejam divergentes, são necessárias, pois, mais dias menos dias, uma delas se imporá em definitivo sobre todas as outras e, daí em diante, todos os umbandistas rezarão pela mesma cartilha. Mas enquanto isso não acontecer, não tenham dúvidas que continuarão os estímulos para que lancem idealizações, as mais próximas possíveis do nível consciêncial da maioria dos adeptos de Umbanda.

Os próprios orixás regentes estimulam as idealizações pelos praticantes instrutores, pois ou alcançam uma concepção ideal ou os umbandistas nunca falarão a mesma língua. Lembre-se que a Umbanda é uma religião nova e neste seu primeiro século de vida tudo é experimental. Não pensem que os orixás sagrados estão alheios ao que ocorre, pois não estão.

Eles observam todas as idealizações humanas que tentam torná-los compreensível a todos os umbandistas e têm amparado os idealizadores, não negando a oportunidade de propagarem suas concepções acerca do mistério “Orixás”.

Uns idealizadores são mais felizes e alcançam um número respeitável de adeptos. Mas outros, por causa das inúmeras dificuldades inerentes à missão de semeador de conhecimentos, logo desistem e decepcionam-se com a pouca acolhida aos seus escritos. Isto é assim mesmo e não pensem que com os idealizadores de outras religiões as coisas foram diferentes, pois não foram.

Para não irmos muito longe, saibam que o Cristianismo, em seu início, teve muitos idealizadores e cada um descreveu Jesus Cristo segundo sua visão, concepção, entendimento e compreensão do mistério divino que ele era e é em si mesmo.

Não pensem que para os idealizadores do Cristianismo as coisas foram fáceis, pois eles também não conseguiam se impor sobre a maioria dos cristãos.

Tantos escreveram sobre Jesus Cristo, que foi preciso um concílio para que ordenassem a confusão reinante nos três primeiros séculos da era cristã.

Hoje é fácil para um cristão, ao folhear o Novo Testamento, visualizar um Jesus Cristo divino e humano ao mesmo tempo em que lê suas mensagens ou sermões. Mas será que ele era visualizado assim, facilmente, no início do Cristianismo? É claro que não! O que sustentou a nascente religião foram os prodígios e os fenômenos religiosos (conversões e milagres) que ocorreram por toda parte, e sempre em nome de Jesus Cristo.

Prodígios e fenômenos são as chaves de toda semeadura religiosa e com a Umbanda não seria diferente, pois eles acontecem a todo instante por todo o Brasil e surpreendem os descrentes, os ateus, os zombeteiros e até… os fiéis umbandistas, já acostumados a eles nos seus trabalhos rituais.

Saibam que, em se tratando de coisas divinas, os prodígios e os fenômenos são coisas comuns e acontecem em todas as religiões, pois só assim o senso comum cede lugar à fé e permite que toda uma vida desregrada seja reordenada e colocada na senda luminosa da evolução espiritual e consciêncial.

Afinal, de nada adianta só a teoria sobre os orixás, se as práticas religiosas realizadas em seus nomes não suplantarem o senso comum arraigado como “normal”, religiosamente falando.

Neste aspecto, a Umbanda tem sido pródiga, pois os prodígios de alguns médiuns e os fenômenos realizados pelos mentores espirituais provam a todos que, por trás do visível está o invisível (Deus).

E, se fôssemos listar os prodígios e fenômenos, nunca terminariam porque estão se renovando a todo instante em lugares distantes, e sem qualquer ligação material entre si. Mas se assim é, é porque assim acontece com todas as semeaduras religiosas.

Alguns médiuns mais afoitos endeusam quem realiza prodígios e não entendem que o correto seria meditarem no porquê deles estarem acontecendo. Não percebem que os prodígios visam dar provas concretas dos mistérios ocultos regidos pelos sagrados orixás e que estes visam fornecer meios mais “terra” para a propagação horizontal da religião umbandista.

A Umbanda ainda é muito recente para prescindir dos prodígios e dos fenômenos. E nós esperamos que nunca os dispense, pois as pessoas mais descrentes ou arredias só se convencem da existência dos poderes divinos quando se deparam com os prodígios realizados pelos médiuns.

Aí sim, deixam de lado o senso comum, despertam para a fé e dedicam parte do tempo à religião.

A Umbanda é nova e talvez daqui a uns três séculos os seus dirigentes se reúnam e, tendo muitas idealizações sobre suas mesas, optem por uma que mais fale aos corações dos umbandistas de então.

E porque três séculos demoram para passar, e porque as idealizações existentes até o momento são muito “pessoais”, então vamos colocar a nossa à disposição para análise e, quem sabe, ela possa ser adotada, no todo ou em parte, quando forem comentar nossa religião.

Mas não esqueçam que, se os primeiros cristãos são vistos como exemplo a ser cultivado no campo religioso do Cristianismo pelo seu desprendimento, fé inabalável e tenacidade na defesa da religião que adotaram, vocês, os umbandistas de hoje, serão vistos, no futuro, pela forma que se portarem diante das dificuldades que esta nova religião está encontrando, já que ela é combatida pelas mais velhas com todas as armas, recursos e truculências que tem à disposição.

Afinal, os romanos tinham o circo onde atiravam os cristãos de então aos leões. Os neocristãos de hoje tem à disposição a televisão, onde atiram os umbandistas às hienas mercadoras da fé em Jesus Cristo.

Ou não é verdade que aqueles mercadores de fé, travestidos em “bispos”, divertem-se à custa dos humildes umbandistas, colocados a todo instante diante de inúmeras dificuldades econômicas para levarem adiante, e com dignidade, amor e respeito, a fé nos sagrados orixás, enquanto eles se locupletam à custa do desespero e da aflição de pessoas humildes e de boa fé, que acorrem aos seus templos movidos pelas promessas miraculosas de enriquecimento rápido à custa de um tal “Desafio a Deus?”.

Quem em sã consciência ousaria colocar as questões de fé e religiosidade nesses termos, senão as mesmas hienas famintas que afluíam ao circo romano em busca de prazer? Quem, em sã consciência, ousaria colocar a religiosidade diante de Deus como uma prova de enriquecimento material, senão mercadores da fé? Quem, senão apóstatas, ousariam levantar a Bíblia Sagrada e desafiar Deus a enriquecê-los, se nesta mesma Bíblia estão escritas, com o fogo da Fé, o sangue da Vida e as lágrimas dos humildes, as santificadas palavras de Jesus Cristo: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico (materialista) entrar no reino do céu”.Quem, senão os mercadores do templo, ousariam subverter a pregação de Cristo ao rico, conclamando-o a deixar tudo para trás, inclusive sua ambição, luxuria e apego aos bens materiais, pois só assim poderia segui-lo e conquistar um lugar à direita de Deus Pai?

Irmãos umbandistas, tudo se repete em religião. E, se bem já disse alguém quando disse que da primeira vez é uma tragédia, mas da segunda é uma comédia, então tudo está se repetindo, pois os primeiros cristãos eram lançados aos leões nos circos romanos, já os primeiros umbandistas, que somos nós, estamos sendo lançados às hienas da televisão… dos mercadores do templo, expulsos por Jesus a dois mil anos atrás, mas que, travestidos de neocristãos, estão, até isso, desafiando Deus a enriquecê-los!!!

Que Deus se apiede do espírito destes vis mercadores que envergonham o próprio Jesus Cristo, pois usam de seu santo nome para locupletarem-se à custa do sofrimento humano diante de tantas injustiças sociais, que não são menores do que as que se abatiam sobre a sofrida plebe romana.

Irmãos em Oxalá atentem bem para o que acabamos de externar e fortaleçam sua fé, pois os sagrados orixás são eternos e vocês os estão renovando no meio humano, e renovando a fé e a religiosidade de milhões de irmãos desencantados com as religiões mais velhas e que estão tão comprometidas com o atual estado de coisa, que não conseguem, com os recursos da fé, alterar as injustiças sociais ou despertar a religiosidade no coração de seus fiéis atuais.

Tenham consciência do momento atual de sua religião e portem-se à altura do que de vocês esperam os sagrados orixás, já renovados no Ritual de Umbanda Sagrada. E, creiam, daqui a alguns séculos as hienas terão se calado, pois terão encontrado a resposta de Deus a seus desafios.

Mas até que isso aconteça, fortaleçam sua fé no amor aos sagrados orixás, pois eles são as divindades regentes desse nosso abençoado planeta. E, se são chamados de “encantados” é porque encantam quem a eles se consagra e não se deixa abater pelas críticas sofridas, pelas zombarias achacadas ou pela falta de uma literatura umbandista mais incisiva para o momento atual e mais esclarecedora acerca dos mistérios divinos que são os orixás.

Correspondam ao momento atual de sua religião e, no futuro, quando todos rezarem por uma mesma cartilha, aí se realizarão e dirão: “Meus amados orixás, valeu a pena minha tenacidade, resignação, humildade, amor e fé, pois minha religião prosperou entre os homens!”.

Saravá, meus orixás! Saravá, irmãos em Oxalá!

Fonte: "O Código de Umbanda" – Rubens Saraceni






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