Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

07/09/2018

Tal Médium, Tal a Mediunidade

Tal Médium, Tal a Mediunidade

“Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas.” 1 Coríntios, cap. 14 – v.32

A afirmativa de Paulo é de uma profundidade admirável. Em poucas palavras, ele define bem o papel dos médiuns nas comunicações: “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas”.

Sem rodeios, o Apostolo quis dizer que o médium atrai os espíritos com os quais se afiniza e que, de certa forma, os espíritos que por ele se expressam se lhe submetem...

Se lhe submetem ao que?! – muitos formulariam a indagação. Sem a pretensão de uma resposta definitiva, redargüiríamos: se lhe submetem aos conhecimentos, se lhe submetem aos sentimentos, se lhe submetem aos propósitos, se lhe submetem ao modo de ser, se lhe submetem ao animo, se lhe submetem á vontade...

É claro que os espíritos que não aceitam tal ou qual médium, procuram outro e... se lhe submetem. A recíproca igualmente é valida: o médium também está sujeito aos espíritos que por ele se expressam... Sujeito as suas intenções, sujeito aos seus anseios, sujeito a sua condição espiritual...

Vejamos que a responsabilidade do medianeiro no intercambio entre as duas dimensões é fundamental. O médium pode, e, infelizmente, isso é o que quase sempre acontece, distorcer a opinião do espírito, alterar o seu parecer, mudar o teor de suas palavras, forçar a sua interpretação... Tem razão os que dizem que, em determinados médiuns, fica difícil separar o que pertence a eles do que pertence aos espíritos, mas semelhante colocação nem sempre evidencia a fidelidade do médium em ralação ao espírito comunicante.

É comum que médiuns, a fim de verem acatadas as opiniões que lhes são próprias, as atribuam aos espíritos, transferindo-lhes a paternidade de suas idéias.

Sabendo que “os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas”, notemos que a personalidade do médium retrata a personalidade dos espíritos que com ele se dispõem a trabalhar, porquanto espíritos humildes não se sujeitarão a médiuns arrogantes... Embora a sua humildade, deixarão que os medianeiros arrogantes se lhe tornem instrumentos menos presunçosos e, portanto, um tanto mais maleáveis ao espírito da mensagem que desejam transmitir.

Observemos, ainda, que a personalidade do médium pode acabar interferindo na personalidade dos espíritos, assim como a convivência de uma pessoa com outra pode influenciá-la. O médium despojado de qualquer interesse pessoal estabelecerá sintonia com espíritos de bom senso, espíritos conscientes de suas limitações e que não hesitarão em declinar seus equívocos.

Mas avancemos um tanto alem em nossas considerações, a respeito das sabias anotações de Paulo no capitulo em foco. O médium, como médium, pode ser excelente instrumento, mas não tendo bom caráter, os espíritos bem intencionados o deixarão entregue as experiências que lhe dizem respeito. Ele, o médium, poderá até prosseguir desenvolvendo considerável tarefa, pois, em seu tempo de convivência com os espíritos, terá algo aprendido com eles; todavia, se assim podemos nos expressar, sempre estará “faltando espírito” naquilo que faz.

Portanto, para os espíritos, é preferível um médium que seja menos médium do que um que o seja em excesso mas sem o mínimo de discernimento.

Em mediunidade, o caráter do médium chega a ser mais importante que a mediunidade em si.

A formação do médium é de importância fundamental para os espíritos. Muitos espíritos desistem do contato com os homens, porque não encontram sensitivos capazes de interpretá-los na integralidade de suas emoções... O autor de uma peça teatral anseia por um ator que consiga ser ele próprio em cena.

Nem sempre o que um espírito diz através de um médium é como ele gostaria de te-lo dito e, quase sempre, é necessário que ele se contente com a “filtragem psíquica” que obteve. É preciso cautela com o médium que, á miúde, afirma que tal ou qual espírito está dizendo isto ou aquilo e cuidado redobrado com o “espírito” que, freqüentemente, se imiscui nos comezinhos assuntos do cotidiano das pessoas.

Sintetizando: a alma do médium atrai o espírito com o qual se compraz e por ele deixa-se empolgar nos interesses que lhes são comuns. Tal o médium, tal a mediunidade...

Fonte: "Mediunidade e Apostolado" / Odilon Fernandes & Carlos A. Baccelli








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06/09/2018

Minha Umbanda é Melhor do que a Sua


O terreiro que você frequenta é melhor do que o meu, ou o meu é melhor do que o seu? Afinal, qual é o melhor terreiro para se frequentar?

Tais dúvidas já afrontaram diversos membros e frequentadores da Umbanda e muitos desses ainda acham, ou afirmam categoricamente, que a sua umbanda é a única e verdadeira.

Vamos analisar para entender quem está com a razão e, acredito que as afirmações abaixo valham para o terreiro de quem está lendo este texto.

O terreiro que frequento não pratica o mal e não deseja o mal de ninguém. Lá não é feito amarração para o amor e muito menos é feito magias para as pessoas ganharem na loteria ou afins. O respeito às pessoas é o mínimo exigido. Sempre que possível, é praticada a caridade de doação de materiais ou alimentos aos mais carentes. Os guias espirituais dão bons conselhos e enchem de luz e força o ambiente quando estão presentes. A natureza também é respeitada e as matas, cachoeiras, praias, pedreiras, campos floridos, lagos, lagoas, rios, vento, raio, chuva, estrelas, o sol e a lua, são considerados pontos de força sagrados. Nenhum animal é maltratado. Não há racismo ou exclusões sociais. As crianças e os idosos são bem-vindos.

Somente por esses poucos exemplos, consigo mostrar que o terreiro que frequento é bom e se o seu se encaixa na maioria dos itens, ele também é bom. Mas ainda não consegui responder qual umbanda é a melhor.

A umbanda, no geral, é baseada em outras fontes de crença: kardecismo, catolicismo, cultos africanos, neopaganismo, crenças indígenas (do Brasil), entre outras. Cada terreiro dosa mais ou menos cada uma dessas crenças e, por isso, há a diferença entre os terreiros. A umbanda de Omolokô e os chamados Umbandomblés, adotam mais os cultos africanos do que o kardecismo em seus rituais. Os mestres e as umbandas de jurema, lá do nordeste, incluem mais catolicismo e rituais indígenas do que o africanismo. A umbanda de mesa branca tem muito mais kardecismo em seus rituais do que as outras vertentes. Há terreiro que não canta para Orixá. Outros não cultuam Exú e Pombagira. Tem aquele terreiro que só faz oração e ladainha para os santos. O outro, não tem atabaques. Tem terreiro sem altar e tem também o que não tem tronqueira. Existe terreiro que sacraliza o Santo Daime, ou ayahuasca. Há, inclusive, terreiro de uma pessoa só.

Ora, se cada terreiro, ou umbanda, é diferente, de acordo o seguimento escolhido pelo sacerdote responsável, não existe maneira de dizer qual deles é melhor do que o outro, pois todos estão corretos, baseados naquilo que direcionam sua fé. A escolha de frequentar este ou aquele terreiro é de cada pessoa, também de acordo com sua crença e ideais. A umbanda, ou as umbandas, assim como as demais religiões refletem aquilo o que cada frequentador busca em sua vida, então o gostar de um templo, se identificar com ele ou não, pode representar o indivíduo se encontrando com um grupo que pensa e compreende a vida e o universo de maneira similar.

Então, se uma umbanda é diferente de outra, por causa de seus rituais, assim como seus frequentadores escolheram aquilo que é melhor para eles, não podemos afirmar, em nenhuma hipótese, que esta umbanda é melhor do que a outra, menos ainda, que este terreiro pratica a verdadeira umbanda e o outro não! Não existe uma única umbanda verdadeira, pois todas são verdadeiras! Isso é, inclusive, um paradoxo: essa umbanda é tão verdadeira quanto à outra, apesar de suas diferenças.

O ponto que quero chegar é o seguinte: tente, aos poucos, tirar o véu de competição que os homens carregam na frente de seus olhos. Tente ver e entender as diferenças, mantendo o devido respeito, e um novo horizonte se abrirá. Ao visitar um terreiro, que não o seu, não busque encontrar os erros e os problemas, mas procure ver as coisas boas que podem fazer por sua vida ou para a sua fé na umbanda; não critique se este parece ser kardecista ou se o outro se parece com o Candomblé; não duvide da opinião de um sobre a fundação, ou não, da Umbanda por Zélio Fernandino de Moraes, ou quem quer que seja. As diferenças entre as umbandas e o respeito entre elas é que fazem a Umbanda se tornar una. A única crença que talvez possa ser taxada de "errada" é aquela que não permite aos seus frequentadores o direito de saber seus fundamentos e intenções.

Newton Marcellino


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Espiritização da Umbanda?

Espiritização da Umbanda?

Pergunta: Pai Antônio, muitos umbandistas mostram certa preocupação quando é abordado a questão de se estudar a obra codificada por Allan Kardec dentro da Umbanda, temendo que a mesma num termo popular se “espiritize”, o senhor poderia nos dar uma ideia sobre este assunto?

PAI ANTONIO: Meus filhos, que possamos hoje e sempre recebermos os eflúvios de amor e paz que emanam de Nosso Deus Criador na forma simplória de Mamãe Oxum e Pai Oxalá.
O tema realmente ao que temos observado no meio umbandista ainda gera algum receio e por que não dizer meus filhos uma certa polêmica. A colocação do filho é clara, a obra foi “codificada” e não criada e quando falamos em codificar, podemos ainda interpretar filhos de uma forma simples que se pode agregar e não substituir totalmente, neste ponto encontramos outra palavra: ESPIRITUALIZAÇÃO.

Espiritualizar meus filhos pode ser interpretado como “extrair a essência”, ou ainda, buscar aquilo que se tem de melhor em si mesmo e ai encontramos a maior tarefa de qualquer sistema religioso o que não é diferente com a linha de Umbanda.

É verdade que encontramos ainda filhos e filhas mal informados de como devemos empregar algumas palavras e ai nasce o preconceito que afasta, que agride e impossibilita o neófito de encontrar está tão procurada essência do espírito. Pensando nisso, o Pai resolve explicar antes de concluir sua opinião alguns termos:

Na introdução do LIVRO DOS ESPÍRITOS, é codificada a seguinte frase por ALLAN KARDEC:

“Diremos, portanto, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os espiritistas.”


O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO?

Não, não é.

Usualmente define-se o Espiritismo como uma religião.

Inclusive, em alguns locais, o Espiritismo é tratado como mais uma religião, a par de centenas de outras.

Allan Kardec definiu o Espiritismo de forma bem clara e transparente no livro O QUE É O ESPIRITISMO.

Se o Espiritismo filhos fosse mais uma religião perderia o seu carácter Universalista e seria apenas mais uma, no meio de um milhar oriundas do cristianismo, e mais de três milhares provenientes de outras denominações religiosas.

O pensamento de Kardec filhos é bem claro, pelo que não se entende muito bem, essa infeliz afirmativa.


Leiamos Kardec:

“Porque, então declaramos, que o Espiritismo não é uma religião?*

Porque não há uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem.

Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimónias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião pública.

Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado.

Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.”*

*O que é o Espiritismo – FEB

Acreditamos meus filhos que podemos amar profundamente o próximo e pôr em prática essa notável nobreza, aproximando-nos de Deus, através do crescimento interior de cada um, sem haver necessidade de se reduzir o Espiritismo a uma religião.

Não devemos confundir moral com religião.

A moral tem um sentido mais abrangente, mais Universalista, englobando todas as sensibilidades religiosas, sendo ela própria, uma disciplina da Filosofia.

O conceito de religião é redutor limitando-se apenas a uma religião, é limitativa, absolutista, estática, e sendo a mais pura antítese, da lógica e do raciocínio.

O QUE É O ESPIRITISMO?

Mas afinal o que é o Espiritismo?:

“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, Ciência Experimental e Doutrina Filosófica.

Como ciência prática, tem a sua essência nas relações que se podem estabelecer com os espíritos.

Como filosofia, compreende todas as consequências morais decorrentes dessas relações.

Pode ser definido assim:

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.”*.

Pelo que podemos constatar, Allan Kardec, numa definição límpida de Espiritismo não faz qualquer menção a ser uma religião.

Na Umbanda meus filhos, encontramos um sincretismo natural que nos permite compreender que a mesma não segue somente uma vertente, mas sim, dentro dos aspectos etimológicos de cada região deste planeta, encontra os seus afins que dentro das lides reencarnatórias na lei de evolução se encontram enfileirados nos terreiros cantando na abertura de cada engira louvando a sua corrente de Orixás que sustentam o trabalho que vai se realizar.

A Umbanda ainda, tem uma tarefa de estudo e pratica da magia pautada no bom senso, muitas vezes sendo denominada como “magia branca”, onde ai entram os elementos utilizados em culto como: Fumo, ervas, bebidas, pontos riscados, pembas e velas que como já estudado são despertados na sua contra parte, ou ainda, dentro de seu símbolo de formação química para que através da lei de evocações possam na energia Elemental e força da lua adequados agir no benefício não somente de uma pessoa, mas sim de uma coletividade.
Ainda a Umbanda é um grande hospital dividido em muitos setores filhos. Temos os setores de emergência da unidade de terapia intensiva UTI, onde casos mais graves são levados, temos os setores de cirurgias, enfermarias, departamentos e se enumerarmos a todos, encontraremos ai os trabalhos energéticos oferecidos pelo terreiro, sempre pautados claro filhos na lei do bom senso.

Quando o paciente é liberado deste grande hospital, existe a assistência diária do remédio que é direcionado para que se evite o mal que o assolava. Ainda ai devemos compreender que este remédio sozinho não fará o efeito esperado se não vier acompanhado de uma dieta equilibrada.

Quando falamos da doutrina dos espíritos podemos associá-la ao remédio que auxilia que depois de uma grande “internação”, uma grande crise acompanhado de uma reforma intima que é o esforço do assistido evita que este mal se manifeste novamente.

Acreditamos que se possa meus filhos unir estas duas vertentes de trabalho que sem inibir uma a outra faz com que o atendimento e a reforma intima, dentro da magia e do pensamento possam ocorre de forma harmoniosa.

Infelizmente encontramos filhos e filhas que vão pensar de forma contrária a nossa opinião o que respeitamos profundamente, mas, espiritizar é um termo que esta pautado de forma errônea pois impõem uma mudança forçada e abandono de praticas bioenergéticas hoje importantes e necessárias dentro da Umbanda.

Para finalizar lembramos que Nosso Mestre Jesus não fundou sistemas religiosos, sabendo talvez do risco criado pelo orgulho e separatismo que isso pode criar na vida do homem.

Novamente relembramos o sincretismo da Umbanda, onde diversas culturas são encontradas dentro de uma gira de atendimento e ai em nada enxergamos empecilho adotarmos uma forma a mais de estudo doutrinário que em nada opõem a magia dos elementos trabalhados dentro do terreiro.

ESPIRITIZAR NÃO, MAS ESPIRITUALIZAR SIM!

Humildemente do amigo e pai de sempre,
ANTÔNIO DAS ALMAS
Canalizado por Géro Maita




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Dificuldades de um Terreiro de Umbanda

Dificuldades de um Terreiro de Umbanda

Hoje me peguei pensando nas dificuldades que existem em um terreiro de Umbanda, começando pela estrutura física, na dificuldade burocrática, na dificuldade de se encontrar e alugar um salão onde preencha as requisições mínimas que a prefeitura da região exija, fora que muitas pessoas não querem alugar seus estabelecimentos para terreiros porque acreditam que dependendo do que seja feito no local fique uma energia que pode ser tanto boa como ruim de acordo é claro com o que era praticado no local, também existe o abuso de muitas pessoas que quando ficam sabendo que o estabelecimento será alugado para um terreiro cobram aluguéis altos e colocam uma lista de regras que jamais existiriam se fosse para um aluguel comercial. E é claro fora o preconceito que é muitas vezes cruel, muitas vezes o zelador já está fechando o negócio quando ele comunica que será para um terreiro, o proprietário cancela na hora toda negociação, só quem passa e já passou por isso sabe o quanto é revoltante e desgastante. Não pelo direito do outro em si, mas pela discriminação jogada na cara. E mesmo os que têm seus estabelecimentos próprios precisam estar de acordo com esses requisitos básicos, caso contrário serão penalizados com multas severas.

As exigências de uma prefeitura e vigilância sanitária são muitas. Alguns exemplos: No mínimo dois banheiros, saída alternativa em caso de incêndio, extintores no local, ventilação, higiene adequada etc. A casa deve estar regularizada e registrada nos órgãos competentes para que futuramente não sofra acusações de curandeirismo e charlatanismo. Respeitar a lei do silêncio para que não sofra perseguições da comunidade em volta. Mas tudo isso, tem custas. Um aluguel com todas essas normativas é alto e muitas vezes o terreiro não consegue custear tudo isso, devido às condições financeiras dos integrantes da casa.

Nessas horas que vemos a estrutura e centralização e cooperação de todo um corpo mediúnico, porque eu particularmente acredito que a maior dificuldade é a financeira, tem médiuns que são extremamente prestativos e atenciosos quanto às dificuldades monetárias da casa em compensação têm outros que se você fizer um rateio para comprar uma toalha, por exemplo, inventa inúmeras desculpas, e sempre vem com aquele sorriso sem graça ah me desculpe esqueci. Alguns médiuns acham que o zelador tem que arcar com tudo, mas querem sempre o terreiro limpinho, cheirosinho, asseado, mas se esquecem que para a manutenção da casa vão muitos itens, se esquecem que como eles o zelador também muitas vezes tem suas dificuldades financeiras, tem suas contas para pagar e não vivem do terreiro, trabalham, tem seu salário suado todo mês. Tem médiuns que muitas vezes são os que menos ajudam, mas se chegarem ao terreiro e não verem um vaso flores, já começam a fazer o buchicho nossa o altar não tem uma flor, em muitos terreiros é sempre a mesma história sempre tem os mesmos a cooperar e os mesmos a encostar. As pessoas se esquecem que no exemplo de um vaso de flores não estão dando para os outros e sim estão dando em carinho e lembrança a seus orixás e que cada um deve zelar e ter esse carinho próprio. Fora que quem não quer ter uma casa bonita de axé. Já entrei em casas de extrema humildade, limpinhas, asseadas, mas que não faltava uma florzinha nos pés de oxalá, como também já entrei em terreiros que parecia uma casa abandonada sem dono, com flores de plástico sujas, imagens poeiradas, entregas velhas fedendo. Será que nesses lugares há presença espiritual realmente de espíritos de luz. É realmente vergonhoso entrar nesses terreiros ver filhos lá dentro que nada fazem. Muitas vezes casas numerosas, mas que filhos de fé mesmo nenhum.

Hoje enfrentamos o preconceito e a intolerância uma das maiores dificuldades, quantos de nossos irmãos e irmãs perderam oportunidades de trabalho porque assumiram sua fé e foram discriminados e excluídos. Hoje vemos igrejas evangélicas até de madrugada fazendo seus cultos há tantas horas, com microfones e caixas de som altíssimas, e ninguém fala nada, mas vai um terreiro e quebra a lei do silêncio, que até viatura aparece. A lei do silêncio sou a favor que seja respeitada, mas a lei tinha que ser para todos pelo menos seria a ética da lei. Mas sabemos que nos bastidores não é bem assim.

A ingratidão é uma outra dificuldade que principalmente os médiuns novos possuem no lidar, porque dói você ver que sua entidade ajudou uma pessoa, ela conseguiu seus intentos mas um dia você está passando na rua e cruza com a mesma pessoa, ela muda de calçada abaixa a cabeça fingindo que não te viu. Mas isso faz parte da Umbanda e devemos saber conviver com isso e ter a humildade do entendimento que as pessoas só dão o que os seus corações estão cheios. Jesus também deu muito, e foi crucificado em uma cruz.

A Umbanda é para todos, mas só permanece quem tem força e garra, porque muitos desistem quando se deparam com as dificuldades, ser umbandista não é para qualquer um é para gente de fé, gente guerreira.

Mas a Umbanda é mãe zelosa e mesmo para aqueles que lhe viram as costas quando se arrepende ela os agrega com a bondade e caridade de que lhe é típica. Muitos zeladores às vezes falam estou aprendendo a separar o grão do trigo, mas sabemos que não é bem assim que mérito teria dar remédio aos sãos.

Muita gente quer ser médium, quer incorporar, mas quando vê que não são flores se perdem no caminho, médiuns sérios, idôneos, comprometidos ai está uma grande dificuldade de um terreiro, porque infelizmente existem muitas pessoas que ainda não entenderam o que é ser médium, mediador de algo maior, não sabem serem instrumentos e se acham apenas tocadores de banda, que não aceitam uma crítica, não querem seguir uma doutrina, querem fazer o que bem entendem usando a roupagem que não lhes pertence, que é das suas entidades. Querendo méritos que não são seus. O maior mérito de um médium é ele ser humilde e saber que é instrumento de uma causa maior.

Enfim um terreiro pode ter suas dificuldades, mas não lhe pode faltar objetivo e meta, garra e força, fé e amor pelos Orixás porque isso já basta para vencer. E antes de cobrar algo, procure se conscientizar se está fazendo sua parte para melhorar.

Cristina Alves






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Firmar o Anjo da Guarda

Firmar o anjo da guarda

Por que firmamos anjo da guarda?

Comumente escutamos em atendimentos com guias que devemos manter a vela de nosso anjo de guarda acesa.

Esta atitude gerou diversas duvidas e colocações nem sempre verdadeiras a respeito do fato de se firmar anjo de guarda.

E ai surgem as perguntas:

Damos luz para nossos anjos de guarda?

Deus colocaria um espírito sem luz para tomar conta de nossas vidas?

Notamos aí, sem duvidas, um grande erro interpretativo e falta de "conhecimento de causa."

Quando firmamos uma vela para nosso anjo, não estamos dando-lhe luz, mas sim criando um campo de proteção a nossa volta ígneo, ou seja, a partir da chama da vela nosso anjo irradia uma energia ígnea para consumir campos negativos, afastar espíritos desequilibrados e iluminar nosso mental para podermos receber suas orientações através da intuição.

Da mesma forma que não encontramos lógica em se firmar esta vela acima ou abaixo de nossa cabeça, pois de um momento que ela tenha sido devidamente consagrada aonde a mesma ficará firmada seja em cima de nossa cabeça ou abaixo da mesma não fará a menor diferença.

Quando ofertamos a nosso anjo a água, também não estamos matando a sede de ninguém, mas tão somente utilizando-se de um elemento aquático para purificação de nosso espírito.

Esperamos que com esta pequena contribuição possamos mostrar um dos fundamentos dos rituais de Umbanda.

Géro Maita





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02/09/2018

O Uniforme Branco da Umbanda


O Uniforme Branco da Umbanda

Concordamos que a espiritualidade para se manifestar, necessita tão somente da santidade das intenções, mente equilibrada, corpo são e moral elevada, não se atendo a vestimentas. Mas, vamos nesse artigo, explicar as razões da Umbanda em utilizar roupas brancas em sua ritualística.

Uma das diretrizes trazidas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, por ocasião da anunciação da Umbanda no plano físico, evento histórico ocorrido em 15/16 de novembro de 1908, em Neves, São Gonçalo – RJ, é a que diz respeito à IGUALDADE.

Sabemos que na atual sociedade, com valores deturpados ou invertidos, é comum as pessoas avaliarem umas as outras, não pelo grau da espiritualidade, caráter, boas ações ou honestidade, mas sim pelo que se apresenta ou ostenta a nível de posses.

Dentro deste contexto é corriqueiro, embora extremamente falho, valorizar ou conceituar os habitantes deste planeta tendo como base a apresentação pessoal externa do indivíduo, ao invés de se atentar para os qualificativos internos (subjetivos). Priorizam-se bens materiais em detrimento das virtudes. E é justamente por isto que a Umbanda adotou o vestuário uniforme (branco, é claro), para que alguns assistentes, ainda enraizados a equivocados conceitos, não tenham como dar vazão aos seus distorcidos juízos de valor.

Assim, quem adentra por um Templo Umbandista na esperança de cura ou melhora de seus problemas jamais terá a oportunidade de identificar no corpo mediúnico, todos com trajes iguais, eventuais ou supostas diferenças intelectuais, culturais e sociais. Não terá a oportunidade de saber que por trás daquela roupa ritualística se encontra um engenheiro, um diplomata, um rico empresário, um camelô, ou uma empregada doméstica.

Porque há quem vincule a eficácia de um socorro espiritual tomando por parâmetro o próprio médium através do qual a Entidade Espiritual se manifesta. Se o medianeiro atuasse nas sessões espírito-caritativas com trajes civis, as pessoas que pensam da forma retro-citada passariam a tentar avaliar o grau de intelectualidade, de situação financeira, social, etc., pela qualidade do vestuário apresentado pelos médiuns. Então, médiuns calçando sapatos de fino couro, camisas e calças de marcas famosas seriam facilmente identificados e preferencialmente procurados. Outros tantos, humildes na sua apresentação, seriam deixados em segundo plano.

Observem em reuniões de certos segmentos religiosos que criticam a Umbanda, o que acontece durante seus cultos. Desfiles de roupas de grife, ternos arrojados, calçados importados, em verdadeira hemorragia de vaidade e auto-afirmação. Estes que assim se apresentam são o centro das atenções, admirações, bajulações e exaltações, enquanto aqueles que não têm condições financeiras de se vestir amargam a indiferença e o ostracismo. Em nossa religião isto não acontece (em Templos de Umbanda sérios!), porque mesmo aquele que se apresenta em trajes suntuosos terá que necessariamente substituí-los por um uniforme, uniforme este igual ao que é utilizado por um biscateiro, uma dona-de-casa ou um desempregado, durante as sessões de terreiro.

Na Umbanda, Sopro Divino que a todos refresca, o personalismo ou destaque individual é algo que jamais deverá existir. Somos meros veículos de manifestação da Espiritualidade Superior e, a par disto, devemos sempre nos mostrar coletivamente, sem identificações pessoais ou rótulos, tão somente como elos iguais de mesma força e importância, neste campo de amor e caridade denominado Umbanda.

Os que se colocam contra o vestuário uniforme dos médiuns umbandistas são aqueles mesmos que, não tendo conhecimento sobre a ação nefasta de certos fluidos etéreo-astrais sobre a matéria, estando em lugares ou com pessoas portadoras de magnetismo inferior, ao chegarem nos Centros (kardecistas) para darem passes sem tomar banho e trocar de roupa, estão impregnados de cargas fluídico-magnéticas densamente negativas que, por conseguinte, interferem no campo áurico e perispiritual dos médiuns, simplesmente acabam, através da imposição e dinamização das mãos, passando ao assistente toda ou parte daquela energia inferior que carrega.

Na Umbanda, o uniforme do médium ou está no vestiário do Templo, e, portanto dentro do cinturão de defesa do mesmo, ou está em casa, sendo lavado e passado, longe do contato direto com as forças deletéricas.

Vestimenta ritualística umbandista é sinônimo de igualdade e de higiene astral-física.

Pai Juruá


***


VESTIMENTAS NA UMBANDA

São palavras textuais de Zélio de Moraes (médium do senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, iniciador da Umbanda, em 1908):

• Capacetes, espadas, adornos, vestimentas de cores, rendas e lamês não são aceitos nos Templos que seguem a sua orientação. O uniforme é branco, de tecido simples.

No inicio, as vestimentas das mulheres eram pouco práticas (utilizavam vestidos). A Umbanda atualmente utiliza-se de vestimentas práticas e confortáveis.

Observa-se a total predominância do branco, pois essa cor é irradiante, não absorvendo, pois as energias negativas tanto de ambientes quanto de pessoas, bem como é uma cor que simboliza limpeza, higiene, pureza, paz, humildade, simplicidade, além de propiciar aos médiuns uma sensação de “leveza”. Tudo deve ser simples, com conforto e praticidade. Lembre-se que os Guias Espirituais são humildes, portanto, desprovidos de vaidade.

Quanto ao tipo de vestimenta, também se requer comodidade. Não observamos nos dias atuais, no culto Umbandista, roupas específicas às linhas de trabalho, muitas vezes excêntricas e coloridas, e sim, roupas uniformizadas que são utilizadas tanto nas incorporações de Orixás, Guias Espirituais ou Guardiões. Basicamente observamos o seguinte:

Médiuns masculinos: Túnica e calça branca de algodão (por ser este tecido natural, obtido através da flor do algodão e favorecer uma transpiração adequada), sem bolso, e geralmente fechado com botões até a altura do pescoço. A túnica deve ter o comprimento aproximado de um palmo acima do joelho. A calça, por comodidade e praticidade, não deverá ter bolsos atrás, mas sim, dispostos nas laterais, um palmo acima dos joelhos (pode-se guardar qualquer objeto sem medo de amarrotar).

Médiuns femininos: Os mesmo utilizados acima, exceto que nas incorporações de Guias Espirituais tais como: Pretas Velhas, Baianas, Boiadeiras, Ciganas, e Guardiãs pode-se utilizar saias longas e levemente rodadas, mas, simples e brancas (quando da incorporação dessas entidades, a médium já deverá ter a saia em mãos e colocá-las por cima da calça, dentro do ambiente de trabalho, um pouco antes da vinda das Entidades Espirituais, não havendo a necessidade de sair para trocar-se).

Outra coisa importante é o uso de turbantes, simples, por parte das mulheres. Os homens também utilizam uma cobertura para a coroa, do tipo que os judeus ou os muçulmanos utilizam (conhecidos como quipá).

O uso dessas coberturas se faz necessária pelo fato dos médiuns não necessitarem ir a um cabeleireiro ante de ir trabalhar no Templo (vaidade) e também proteger a sua coroa (chacra coronal) da possível infestação de alguns tipos de bactérias espirituais, oriundas dos atendimentos. Agora, o mais importante é que com a cabeça coberta, todos somos iguais perante Deus, Suas Hierarquias e seus irmãos de fé.

Não serão admitidos uniformes modelando o corpo do médium (agarrado).

De forma alguma, os médiuns masculinos incorporados por Guias Femininos utilizam saias e outros adereços femininos.

Também observamos em muitos Templos a utilização de um pano branco no pescoço (conhecido como “tolha de cabeça”), que serve tanto para “bater a cabeça”, quanto a cobrir a cabeça (por respeito) nas incorporações de determinados Orixás. Nessas toalhas geralmente tem pontos bordados, representativos das linhagens de trabalho do médium e da casa que trabalha. Jamais deverá usar essas toalhas para enxugar suor, nariz ou outra coisa qualquer que não se refira a espiritualidade. Para isso é bom ter uma toalhinha branca, presa na calça, utilizada somente para higiene.

Em nosso Templo, utilizamos um pano branco no pescoço, de aproximadamente 40 cm de largura, por 1,50 m de comprimento, somente para identificar que ali esta um Guia Espiritual incorporado, para auxiliar a identificação tanto para os médiuns quanto para a assistência. Esse pano é de tecido natural (preferencialmente algodão) sem nenhum ponto bordado, para evitar abusos e vaidades.

Adotamos tão somente o bordado com o símbolo do Templo, do lado esquerdo da túnica.

Quando os médiuns forem para os trabalhos espirituais no Templo, nunca deverão sair de casa vestidos com o uniforme para que este não sofra infestação de espécie alguma, de larvas astrais e mesmo mentais, pelos lugares que passarem. Também pode ocorrer dos uniformes ficarem sujos e amarrotados, demonstrando que o médium é desleixado e sem higiene. O uniforme deverá estar impecavelmente limpo e passado.

Os uniformes utilizados durante os trabalhos espirituais devem ser lavados em separado da roupa comum da casa, pelo fato de muitas vezes estarem impregnados com larvas astrais e miasmas, adquiridos durante os atendimentos.

É de bom alvitre que os médiuns se troquem ao sair do Templo. Se não puder, ao chegarem em casa imediatamente retire o uniforme, evitando sentar em sofás ou mesmo em camas. Coloque o uniforme de molho em uma solução de água com sal grosso, para no outro dia, lavá-lo normalmente, e se possível utilizar um germicida (cloro), e na última enxaguada colocá-lo de molho em uma solução de água com seiva de alfazema. Depois de terminada a operação, é importante secá-los ao sol, de preferência de manhã. Aos que morarem em apartamento, deve-se colocá-los para secar bem junto da janela.

De vez em quando, os médiuns deverão fazer uma revisão em seu vestuário religioso, observando se não estão encardidos, descosturados ou mesmo rotos.

Observar também a devida feitura da barra das calças, deixando na altura correta evitando dobrá-las, pois demonstra desleixo.

Os uniformes utilizados nos Templos, jamais devem ser usados para outro fim a não ser o religioso.

Em dias de atendimento ao público, os médiuns deverão utilizar o uniforme completo (túnica e calça). Um Giras fechadas (desenvolvimento ou mesmo outras atividades onde estarão somente os médiuns), poderão ao invés da túnica, usar uma camiseta com o símbolo do Templo.

Cada vez mais, nos rituais de Umbanda, busca-se a praticidade, abandonando-se velhas “tradições”, que ainda perpetuam adaptadas, imitando o Candomblé, de se adotar roupas e cores específicas aos Orixás incorporados. Bem como o de alguns Templos de Umbanda, que nas giras específicas, como por exemplo, na Gira de Caboclos usarem a cor verde e cocares,; nas giras de Baianos os tradicionais chapéus de couro e cartucheiras; nas giras de Boiadeiros o gibão e esporas; nas giras da Guardiões roupas extravagantes, pretas e vermelhas, (ou sem roupa (sic)), etc.

Em todos os trabalhos mediúnicos na Umbanda a roupa utilizada deve ser branca.

Em trabalhos espirituais, o médium umbandista deve abolir totalmente o uso de enfeites e apetrechos desnecessários, que caracterizam o pretenso regionalismo da entidade espiritual quando encarnada. Não devemos nos esquecer, que os espíritos não têm vaidade; fora a roupa branca e simples, todo o resto é fruto da mente e da vaidade do médium e não do Guia Espiritual.

Outra coisa que achamos ser de muita valia, seria um “porta objetos de uso”, que seria, ao invés de uma sacolinha que geralmente fica no chão, uma maleta, tipo de guardar ferramentas, de plástico, com o nome do médium na lateral. Facilita e em muito, pois nessa maleta cabem muitas coisas que geralmente o médium utiliza em seus rituais, bem como tudo o que o Guia Espiritual necessita. Essa maleta, geralmente ficaria encostada na parede, dentro do Congá e quando um Guia Espiritual necessitasse de alguma coisa, o cambono identificaria rapidamente a maleta do médium, e pegaria o que se necessita. É prático limpo e de fácil manuseio.

A Umbanda caminha para a unificação, pois hoje é sabido que mais importante que a vestimenta, que é a apresentação externa é a condição interna, moral e fé dos filhos e dos sacerdotes.

Trecho extraído do livro: O ABC do Servidor Umbandista – Pai Juruá







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26/08/2018

Falar de Exu


Falar de Exu

Falar de Exu não é uma fácil tarefa, porém, inquirir, pesquisar, procurar sua origem e sua finalidade é o direito de quem quer aprender. Há uma nuvem cobrindo a distância do seu princípio até nossos dias. Nesta caminhada lenta da humanidade ganhastes muitas formas e fostes batizados com inúmeros nomes: no Jardim do Éden, eras uma serpente que introduziu o primeiro pecado no seio da humanidade; eras o agente mas não o mal, pois o livre arbítrio nos dá o direito de optar. De Adão e Eva proliferou a humanidade e, com ela, os seus deuses, seu medo e sua curiosidade. 

Ah! meu irmão de longa caminhada...

Para Moisés você foi o cajado que apoiava o corpo nas fatídicas andanças, mas se necessário, você seria também a assustadora serpente. Para os fenícios, você foi Molock, espírito tenebroso, cujo interior era uma fornalha ardente onde os seus seguidores depositavam suas oferendas; para a Pérsia de Zoroastro, atendias pelo nome de Arimânio, espírito angustiado e vingador!...para o egípcio, você era Duet, uma guardião que castigava, que punia para, depois de punido, ser entregue para o Deus da Luz e Serenidade; você era a ligação entre o homem e a mente, a morada de Osíris que é o Deus do amor e da criação. No Egito, você também era Tifon ou Aprites; a China milenar te deu o nome de Digin; Ravana para o hindu; os escandinavos de chamavam Azalock. Em cada povo uma personalidade e uma vibração diferente. Para o nosso índio brasileiro, você atendia por vários nomes e várias atuações: Cairé é um fantasma que aparece na lua cheia para punir os maus; Catiti é outro, só visível na lua nova e atrapalha a pesca. Jurupari é o mau espírito que traz pesadelo; Curuganga oficia como assombração.

Até então, você com múltiplas funções e personalidades, não era mais que uma energia, uma força. Até 1984 anos atrás, você era visto e sincretizado como guerreiro, como um homem. Para o mau artista, uma grotesca obra.

O hebreu te deu novas formas e, na pia batismal, recebestes os nomes: diabo, demônio, Lúcifer. Pelo pincel do pintor ou o formão do escultor, na metamorfose dos interesses de uma religião que amedronta e não esclarece, te fizeram um monstro... Como monstro, você defendia com maior eficácia os interesses econômicos de seu criador. Causa-nos revolta vê-lo assim desfigurado!

A infâmia e o mau gosto do artista que te fez um agregado de homem e animal, com longos cornos e pés caprinos, é uma afronta ao próprio Criador!

Ah! meu amigo... A tua imagem hoje, nada mais é que o reflexo, a exteriorização de consciências mal forjadas.

São dois mil anos que o padre vem te projetando, programando o subconsciente da pobre humanidade. Ele afirmou que Exu era o diabo e assim se propagou, assim ficou... Nós só conhecíamos o catolicismo como religião dominante. O padre era sábio, o doutor, o mentor enfim... e ficaria assim se ao lado da religião não existisse a história.

O diabo é um rival de Deus, um anjo rebelde, Satanás e falsário que tentou Eva e perdeu Adão. Tentou Caim e promoveu o assassinato de A bel ; tentou Jesus, no monte e levou Judas à traição, Jesus não cedeu à sua tentação, prova eloquente do direito de optar; respeito sagrado ao livre arbítrio do homem.

Forçam-nos a pensar que você é o executor porém, não é a causa nem efeito; é sim um elemento, uma vibração, que serve de acordo com a vontade do pedinte ou a licença do patrão. Será isso ou não?... Sabemos que o índio e o negro não conheciam um rival de Deus. Não há um concorrente das Leis Divinas!... um diabo, um Satanás... há sim, uma corte de seres inferiores que, por isso mesmo, estão a serviço de seres superiores, aos quais obedecem e servem sem contestar.

Na magia do negro, Exu é um Deva, um Orixá... é um mensageiro, o guarda, o policial, o moço de recado que vive na rua, orientando, servindo de intermediário entre o Orixá e o homem.

Entendemos que o diabo nos ludibriou!...

O negro não sabia que era o diabo, sabê-lo-ia o bugre dispondo de uma mitologia inferior?... Não tinham uma noção semelhante. O bugre conhecia o Caissoré, Curupira, Curuganga, Anhangá, entidades que se tornam pesadelos, que dão maus sonhos e que estorvam a pesca e a caça, contudo, o homem pode amansá-los, dando-lhes pequenas oferendas. Quem ameaçaria o diabo?... Este pretenso rei será tão porco, tão mesquinho que se venda por alguns bicos de vela? Será isso um rival de Deus?... Um diabo, um Satanás?...

O bugre e o negro não conheciam esta figura hebraica, pregada e propagada aos quatro cantos do mundo pelos padres e seus discípulos.

O negro não servia a interesses financeiros; perante Deus não existe rival. ELE é a Criação, o Princípio e o Fim! Para cada elemento ELE criou uma força dominante, um encarregado, um guardião, um Orixá que rege o plano Cósmico mas, criou também, o intermediário, o EXU, o Deva, o Orixá Menor, que atua em harmonia com seu gerente ou seja, o Orixá.

Lá no alto está a Energia Cósmica, Oxalá, Iemanjá, Ogum, Oxóssi e outros; no plano intermediário, Exu-Tameta, Exu da Rua, Exu-Odé, da encruzilhada, Exu-Adé, do chão, Exu-Ibanan, dos montes, Exu-Itatá, das pedras, Exu-Ibê, do terreiro, Exu-Gelu, das estradas longas, Exu-Baru, do escuro, Exu-Bara, este, puramente africano.

Senhores, a minha dissertação talvez não seja erudita... tão inteligente... porém, é honesta e eu afirmo: aquele grupo de demônios avermelhados, guampudos, com pés caprinos e barbas em pontas, olhos saltados, dentre agressivos... não é EXÚ!

Aquilo é uma concepção primária, falsa, mórbida, velhaca, indecente, ridícula!... É uma agressão à nossa inteligência; uma infâmia, um disparate, uma ofensa ao Divino Criador! Não podemos aceitar essa assimilação!

Este demônio hebreu não é o Plutão do grego, não é o Tifon do egípcio, não é o Arimam do babilônio, não é o Digin do chinês, não é o Ravana do hindu, não é o Bará do negro, não é o Caissoré do bugre.

Este demônio bestificado não faz parte deste Panteon!

Por Deus, não é nada disso!...só pode ser fruto do interesse econômico de escritores mal informados, sem decência ou respeito pelo belo.

Aqui dou meus aplausos àqueles escritores que tiveram a honradez de procurar um novo sincretismo, tentando introduzir uma imagem condizente com o altruístico trabalho desses incansáveis irmãos EXUS.

Andir de Souza




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