Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

16/06/2017

Universalismo


Universalismo


Universalismo é a compreensão de que todas as religiões e filosofias contêm uma parcela da Verdade Cósmica. Ser universalista não é algo fácil, exigindo um exercício constante de tolerância e discernimento. Talvez uma boa forma de se iniciar uma caminhada espiritualista universalista, seja observar atentamente os pontos em comum entre as diferentes visões da vida, deixando de lado as controvérsias. A partir disso, será possível começar a vislumbrar a presença da Inteligência Universal por trás do pensamento religioso/filosófico de todas as culturas, sejam elas de caráter monoteísta ou politeísta, dualista ou monista, materialista ou espiritualista, empírico ou científico etc. Com certeza, há fundamentos em comum para as diversas formas de enxergar o mundo, mas também, e talvez, sobretudo, há complementaridades. Não necessariamente duas visões diferentes sobre um mesmo assunto são contrárias! Mas, como essas visões provêm de ângulos diferentes, na realidade, se complementam. Para exemplificar esta questão, é interessante recordar uma velha história hindu, que passo a relatar em seguida.

Numa cidade da Índia viviam sete cegos, que tinham alguma sabedoria. Como os seus conselhos eram quase sempre muito úteis, todas as pessoas que tinham problemas recorriam à ajuda deles. Eram amigos, mas havia certa rivalidade entre eles, o que, de vez em quando, causava uma discussão sobre qual seria o mais sábio. Em certa oportunidade, depois de muito conversarem acerca da Grande Verdade da Vida, não chegaram a um acordo. O sétimo cego ficou muito contrariado, resolvendo morar sozinho numa caverna de montanha.

Antes de ir embora, falou aos demais: “- somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor, o que as outras pessoas não alcançam. Em vez de aconselhar aos necessitados, vocês ficam aí discutindo, como se quisessem vencer uma competição. Não concordo com isso! Vou me embora!” Sete meses depois, chegou à cidade um homem montado num enorme elefante.

Os cegos, que nunca haviam tocado num paquiderme, foram para a rua ao encontro dele. O primeiro apalpou a barriga do animal, declarando: “- trata-se de um ser gigantesco e fortíssimo!

Posso tocar nos seus músculos e não se movem, parecendo paredes!” Mas o segundo cego, tocando nas presas do elefante, afirmou: “- que bobagem! Este animal é pontudo como uma lança, uma verdadeira arma de guerra!” Então, alguém falou: “- ambos se enganam!” Era o terceiro cego, que apertava a tromba do elefante. E acrescentou: “- este animal é idêntico a uma serpente! Contudo não morde, porque é desdentado. É como uma cobra mansa e macia.” Em seguida, bradou o quinto cego, logo após mexer nas orelhas do elefante: “- vocês estão loucos! Este animal não se parece com nenhum outro, pois os seus movimentos são ondulatórios, como se o seu corpo fosse uma cortina.” Na seqüência o sexto cego, tocando a pequena cauda do elefante, concluiu: “- todos vocês estão completamente errados! Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. O que há com vocês?” E assim ficaram, por longos minutos, debatendo aos gritos. Então o sétimo cego, que descera a montanha procurando víveres, apareceu conduzido por uma criança. Ouvindo a discussão, solicitou que o menino desenhasse, na terra macia, a figura do elefante. Após tocar cuidadosamente os contornos do desenho, percebeu que todos os seis cegos estavam certos parcialmente, mas, ao mesmo tempo, bastante enganados. Agradeceu ao garoto e atestou: “- é assim que os homens se comportam perante a Verdade. Mal tocam numa parte e já pensam que é o Todo!” A seguir, se afastou de seus antigos companheiros, entendendo que eles continuavam sem enxergar...

Portanto, a verdade científica, a espírita, a budista, a judaica, a muçulmana, a católica, dentre outras verdades, são complementares, já que nenhuma religião ou filosofia de vida poderá, a seu modo particular, captar completamente o Todo ou Deus. Por isso, não é tão difícil concluir que uma visão mais universalista/ecumênica do mundo, tem a possibilidade de maiores aprendizados. No entanto, isto não quer dizer que as pessoas devam deixar suas práticas religiosas de lado, nem passar a ter preconceitos com relação àqueles que se dediquem, de forma mais exclusiva, a uma religião de sua preferência. Ao contrário, um universalista pode ter uma religião específica, mas, o que o diferencia de pessoas ortodoxas, é a flexibilidade de pensamento e a humildade, pois, apesar de preferir uma forma de culto, reconhece que Deus está em todos os lugares e corações humanos. A Divindade ou Inteligência Universal é infinita e manifesta-se por múltiplas maneiras. O espiritualista universalista verdadeiro entende que, por trás de qualquer forma, há uma Essência.

Mas, qual ou quais as vantagens práticas do Universalismo? A princípio, pelo menos, há dois grandes benefícios em se manter uma postura universalista perante a vida. Um deles, que já foi comentado, é a possibilidade de novos aprendizados, já que a falta de preconceito quanto a outras filosofias e religiões, permite o exame isento de outros pontos de vista. E isto é algo extremamente lógico, pois não é nada inteligente desprezar o que outras pessoas conseguiram através de estudos (científicos ou não), meditações e práticas diversas, muitas vezes por inúmeros anos de dedicação. Por que segregar tradições filosóficas, religiosas ou esotéricas seculares? Será que estas tradições não possuem conhecimentos que nos podem ser úteis no dia-a-dia? Será que não desenvolveram algum tipo de sabedoria? Além disso é importante salientar que, numa determinada tradição, mesmo que hajam conceitos que não se adequem a nossa vida, não é por isso que devemos concluir que o seu conjunto de idéias seja imprestável. É importante usar um “olho clínico” ou uma “visão interna”, para discernir o que é útil de fato (é claro que isso é pessoal). E quanto aos aparentes “erros” ou “distorções”, por que não aprender com as “falhas” dos outros? Simplesmente jogar fora a experiência de nossos semelhantes é um ato de arrogância e inteligência limitada.

O segundo claro benefício de uma postura universalista é o desenvolvimento de tolerância quanto aos outros pontos de vista. Obviamente, um espiritualista universalista provavelmente contribuirá para uma convivência mais harmônica, na sociedade humana. No entanto, é relevante voltar a frisar, que praticar o Universalismo de fato, não é algo simples ou trivial. É preciso se despojar de idéias pré-concebidas e dogmas, mantendo constantemente uma mente aberta a novas possibilidades, e, entendendo que, um ponto de vista diferente não necessariamente derrubará a estrutura de compreensão que temos do mundo, mas sim que poderá agregar algum valor novo, complementando o que já sabíamos. Em outras palavras, não é preciso encarar idéias novas ou diferentes como ameaças.

Pablo de Salamanca






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15/06/2017

Medo da Mediunidade

Medo da Mediunidade
Esse é um ponto que merece bastante atenção e um esclarecimento maior mas, na gigantesca maioria das vezes, observamos que esse medo é reflexo da falta de conhecimento sobre o que é a mediunidade e como tratá-la. O primeiro ponto a ser esclarecido é de que a mediunidade não é escravidão, mas uma grande oportunidade de evoluir espiritualmente, visto que, não somos matéria mas sim espíritos em experiências no Plano Material. Outro ponto importante a esclarecer é que aquelas frases que todo mundo escuta, como: “é um caminho sem volta” ou “nunca mais poderá sair dessa vida” até têm um certo sentido, mas estão sendo mal interpretadas. Pense comigo: ser médium não é uma escolha atual ou uma determinação externa, mas uma opção e essa opção foi sua em algum momento do passado, por isso, a mediunidade não surge de repente só porque você está frequentando um Terreiro ou um Centro. Você optou por ser um intermediário entre o plano espiritual e material, você foi, você é e você sempre será médium perante os Planos Espirituais Superior e Inferior, por isso, a mediunidade é sim o seu caminho e, querendo ou não, é sem volta pois não tem como apagar a sua Luz Interior, a Luz da mediunidade que você tanto desejou, pediu e se esforçou para conquistar.

Então, olhe para o Alto, olhe para si e agradeça por ser eternamente Luz, pois é a sua conquista, é o seu dom dado por Deus. Saiba que essa Luz ninguém lhe tira e ninguém apaga, portanto, assuma-a e deixe-a refletir com orgulho, alegria e toda a sua gratidão a Deus, afinal, é muito bom ser um instrumento Dele. Saliento que a mediunidade só é uma escravidão ou punição quando não há conhecimento sobre o quê, como, quando e de que forma ser médium. Quando não se sabe ‘abrir e fechar’ a mediunidade, quando não se tem todas as Forças Espirituais Superiores e Inferiores alinhadas, ordenadas e equilibradas, ou ainda, quando se perde o amparo e a proteção do Plano Superior Divino.

Fico impressionada com a quantidade de médiuns que se recusam a desenvolver a sua mediunidade por medo, e aí esclareço que só através de um bom desenvolvimento é que se adquire atributos como equilíbrio, ordenação e amparo. Observo que muitas pessoas têm medo de incorporar e acreditam que isso é algo do outro mundo, mas mal sabem que muitas vezes estão incorporando em suas próprias casas ou em qualquer local sem nenhum cuidado ou conhecimento. Isso acontece naquela hora da briga onde se perde o controle sobre os atos e sobre as palavras, acontece naquele momento em que se fala o que não se pensa ou quando se faz aquilo que não se quer, e aí vem a culpa, a sensação de “como pude fazer isso?” e o arrependimento. Vejam, nesses momentos pode ter havido uma irradiação, uma influência e até mesmo uma incorporação do baixo astral, de espíritos zombeteiros ou vingativos que se aproveitam do desequilíbrio e da negatividade do médium e fazem a festa. Acreditem: isso é muito comum de acontecer, só que ninguém tem medo, talvez por não saberem que uma incorporação pode acontecer de forma tão sutil, só dependendo da afinidade que o ser tem em relação ao espírito desencarnado. O pior é que isso pode acontecer a qualquer momento e em qualquer local, basta não ter domínio sobre a mediunidade e sobre si próprio.

Se todo esse medo da mediunidade acontece por falta de explicação ou conhecimento, então saiba que tudo é muito simples e se você se ajudar com um pouco de boa vontade e dedicação aos estudos umbandistas, tudo fica ainda melhor. Acredite, é muito melhor ter esse Dom equilibrado do que viver perturbado e sem prosperidade na vida, pois a espiritualidade traz sim a prosperidade, talvez não essa prosperidade financeira em que a maioria pensa, mas a prosperidade de alma, e essa não se compra em lugar algum, somente se conquista. E se mesmo assim você ainda acha que a mediunidade é uma escravidão, eu digo para você: “Prefiro ser escrava de Deus e dos queridos Guias Espirituais do que ser escrava da doença, da miséria, do chefe, do vício, do marido, do dinheiro, da mãe ou do que quer que seja.

Mônica Caraccio




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10/06/2017

Livro Umbanda Luz e Caridade


Apresentação


O objetivo desta obra é colaborar para o entendimento da Umbanda em seus aspectos de Religião de Luz e Caridade.

Luz porque oferece meios para que a fé seja desenvolvida na base da razão e da compreensão, sem mitos ou crendices, e caridade é o objetivo máximo da religião, com o semelhante e consigo próprio.

Este livro aborda os principais temas, como a definição e as características da Umbanda; Orixás e Guias Espirituais; ritualísticas e organização de um Terreiro; mediunidade; obsessões; sacramentos e outros temas pertinentes ao bom entendimento da Religião de Umbanda.

É um pequeno manual doutrinário e prático para todos os médiuns da Tenda de Umbanda Luz e Caridade e para todos os simpatizantes da Umbanda, bem como é obra indicada aos neófitos por conter fundamentos básicos da religião.

Pronunciamento de uma filha de santo da nossa Casa:

“Umbanda tem fundamento como escutamos e cantamos, mas eu sinto falta de uma obra que explique o porquê desses fundamentos, e a senhora faz isso conosco...”


Para ser direcionado para a compra, clique no link abaixo:
https://www.clubedeautores.com.br/book/235841--Umbanda#.WTx6M-vyu1s









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01/06/2017

A Pressa de Incorporar



O tema que estarei abordando é uma das maiores dificuldades encontradas dentro dos terreiros, e muitas vezes não começa ali no iniciar dentro da gira, começou bem antes quando aquele médium ainda era um consulente.

Muitas pessoas quando entram num terreiro, ficam encantadas, acham aquilo tudo muito magico, acham tudo lindo, e com o tempo começam a querer fazer parte daquilo tudo, não se contentam mais em ser apenas consulentes, sentem como um chamamento, mas tem um porém, qualquer dirigente no mínimo responsável sabe perfeitamente que o ingressar dentro de um terreiro é algo de suma responsabilidade, comprometimento e seriedade, ali não é um brinquedo de um parque de diversão onde a pessoa quer passar umas horas e brincar e quando cansar largar, e que essa empolgação pode ser algo passageiro.

Quando ocorre o despertar consciencial de uma pessoa não tem volta, é como uma casca de ovo que se quebra, aquela pessoa foi tocada pelo espiritual. Infelizmente algumas pessoas pensam apenas impulsivamente sobre o assunto, na euforia do momento, e querem que por que querem estar dentro da gira, é onde começa o primeiro sintoma da tal complicada pressa.

Já na assistência, notamos mudanças com essa pessoa, a qual não pode sentir um arrepio se quer, que lá está ela passando mal, acreditem muitos casos “esse passar mal” é pura sugestão no intuito do guia chefe ou mesmo dirigente fazer o tal esperado convite “… você quer entrar para a corrente…”, uma coisa que é muito notado é que quando esse chamamento está ocorrendo de fato vindo pelo espiritual, o médium sente automaticamente o peso da responsabilidade, e ele teme, não corresponder, mas passando por esse estágio de descoberta, nesse momento começa a euforia, a empolgação, uma ansiedade enorme de criar borboletas no estomago, é gostoso de se ver, mas em alguns casos infelizmente para alguns médiuns não irá passar de uma chuva de verão.

Após entrar…
O Médium quando já do uso da sua roupa branca, ele começa a observar toda a rotina da casa, seus deveres e direitos, pela qual escolheu, quando da escolha de uma casa correta e bem dirigida, ele vai observar que existe toda uma disciplina na parte do desenvolvimento mediúnico, e ele começa a perceber algumas entrelinhas, dentre algumas, que não basta ele colocar branco, para “incorporar” acoplar espiritualmente com seu guia, que não é tão fácil assim, como ele havia pensado.

Em outras situações ele se frustra porque percebe que alguns médiuns estão tendo mais facilidade de incorporar que ele. Ele por sua vez começa a ouvir conversas nos bastidores, “… há levei no máximo 3 giras para incorporar com meu preto velho, eu levei também coisa de dias…”, e ele já está no terreiro já algum tempo, e só sente vibrações. E ali começa a se comparar, se achando o pior dos piores dentro da corrente. ISSO NÃO PODE ACONTECER.

O trabalho mediúnico e espiritual na Umbanda não se limita a apenas a incorporar um guia.

Logo após essas observações, lá vem a tão famigerada PRESSA, e com ela a FRUSTRAÇÃO, o médium começa a perceber, que não era tão simples assim, e começa a questionar, porque eu não consigo incorporar?

O médium iniciante, primeiramente ele tem que ser o máximo verdadeiro e sincero possível, precisa confiar no seu dirigente, nos guias chefes do terreiro, os quais estarão ali para assessorar no que for possível, precisa haver sempre uma conversa franca, consciente, onde o médium tem que ter o espaço para falar de suas sensações e medos para que as mesmas sejam explicadas e orientadas. O médium quando do processo de acoplamento espiritual, tem que haver uma entrega, uma confiança para aquele guia que quer se manifestar, o médium ele deve entender que ele é um instrumento, e confiar na direção dos guias chefes da casa os quais estarão conduzindo bem de perto todo processo e caso ocorra algo errado estarão ali também para consertar e direcionar o que for preciso. Sem esse desprendimento, confiança, o médium não irá conseguir fazer a entrega necessária. O medo de errar, muitas vezes inibe a chance de acertar, então não tenham medo de errar, porque errando vocês estarão aprendendo. Evitem de falar sobre suas duvidas mediúnicas e espirituais com médiuns dentro do terreiro que lhes faltem a licença e conhecimento para isso. Uma má orientação pode ser devastadora na mente de um médium iniciante. Lembre-se CONFIANÇA, faltou a mesma, talvez a casa e o dirigente não sejam para você. Infelizmente é bem assim.

Pois é pessoal, primeiramente devemos frisar que dentro de uma casa espiritual, o carro chefe são os médiuns de incorporação, mas a grande questão é que há outros dons mediúnicos, que muitas vezes vem agregados com o de incorporação mas isso não é uma regra, alguns médiuns NUNCA incorporarão nas suas vidas, muitos serão auditivos, videntes, clarividentes, olfativos, dons esses extremamente necessários dentro de uma casa espiritual, mas não serão de incorporação.

Quando o médium por ventura descobre sobre esse fato, ele fica meio que perturbado, ele queria muito aquilo, muitas vezes até por falta de orientação, fica decepcionado porque ele acha dentro da sua cabeça, que teria importância apenas se fosse de incorporação, e isso não é verdade. O que seria de nossos terreiros se não fosse nossos amados CAMBONOS, médiuns extremamente necessários, braços direito e esquerdo de qualquer dirigente e guia chefe de um terreiro, vejam bem estou falando de cambonos que realmente nunca irão incorporar, mas que são colunas energéticas essenciais dentro de qualquer casa. Mas muitas vezes o médium simplesmente não quer entender, acaba irritado e por ventura sai daquela casa que o acompanhou e pensa “… essa casa é que não prestava…”, interessante, mas há controversas, muitas vezes esse médium vai para outra casa, pode ocorrer que na outra realmente faltou algo a mais, ou simplesmente não era o lugar dele, pode acontecer é claro, mas muitas vezes ele pode ter a infelicidade de cair na mão de um péssimo dirigente, onde por ele será orientado de erradas formas e por ventura, ele irá começar a se auto sugestionar. Vou dar um exemplo:

A pressa muitas vezes, não é só oriunda da expectativa de um médium, muitas vezes ela vem pela mão do próprio dirigente o qual deveria combatê-la, daqueles que ficam rodando… rodando.. rodando.. sem parar seus médiuns, tipo pião, ou vai ou racha, o cidadão pensa “… vou colocar um guia nesse menino seja por bem ou por mal…”, e como isso judia, só quem já passou, ou viu de perto sabe como é danoso esses extremos. Muitas vezes o médium, por não querer mais passar por aquilo, muitas vezes ele se auto sugestiona, infelizmente finge estar com o guia, para que aquele sofrimento acabe, médiuns assim ficam extremamente anímicos, uns realmente acreditam estar incorporados, outros por outro lado, não sentem nada de irradiação e fluidificação espiritual e fingem, mistificação, esse é um dos piores erros que um médium pode cometer. E deixo uma questão no ar, e você dirigente quer médiuns sugestionados ou realmente acoplados com seus guias?

Só frisando que a técnica de girar o médium bem conduzida é muito pertinente em alguns casos, mas frisando quando bem conduzida, e não fazendo do médium um pião desgovernado.
Um médium sugestionado, é visível que a algo errado com ele, as pessoas começam a notar que está ali o médium e não o guia, na realidade ele acaba passando por algumas situações onde ele mesmo se perde. Um médium nesse ponto, deve ser muito bem orientado, direcionado, doutrinado, muitas vezes quando vindo de maus costumes de outras casas deverá recomeçar pelo seu próprio bem. Muitos médiuns quando só fluidificados pelo guia já acham que estão incorporados e acabam que acelerando o processo de incorporação, deixando o guia em segundo plano.

Médiuns aprendam uma coisa, não existe comparação de um médium para com o outro, cada médium traz consigo sua trajetória, sua missão, é totalmente equivocado e errado se auto comparar com a trajetória de um outro médium. Os médiuns dentro do terreiro são peças únicas, com vivências e trajetórias próprias.
Cada médium tem seu tempo para realizar seu acoplamento espiritual, há médiuns que levaram dias, outros meses, e outros anos.
Sabe aquele ditado que diz: “… a pressa é a inimiga da perfeição…”
O que adianta ter pressa, dar ali um estremecimento com o corpo em segundos, se o guia ainda tá mais de 4 metros de distância (só um comparativo do que acontece) e o médium já está no terreiro incorporado, todo mundo olha e vê ali o médium e não o guia, não tem a autenticidade, a veracidade do guia. Tem médiuns que incorporam rápido, sim claro, mas você sente o guia ali, eu conheci um médium que incorporava muito rápido, mas em segundos ele se transformava a olhos vistos, você via ali a presença autentica do guia.

Não importa a forma e sim o conteúdo dessa manifestação, cada médium tem uma forma especifica de realizar o acoplamento, o importante é que ali esteja o guia e não o médium. Uma das primeiras lições que tive é que INCORPORAÇÃO, é o médium deixar de ser ele mesmo, ele cede o papel principal para seu guia, sua entidade. Quando o médium sente mais ele que o guia tem algo errado. E vejam bem, isso não tem nada haver com mediunidade consciente, semi-inconsciente, ou inconsciente. Porque já conheci médiuns conscientes excelentes, e por outro lado médiuns que se diziam inconscientes mistificadores natos. Trágico.

Ai pergunto, o que vale incorporar com tanta pressa, se aquela incorporação não passa confiança, seriedade e autenticidade.

Uma outra questão, muito falada de forma errada, muitas pessoas falam para o médium se ele não incorporar rápido, o guia vai abandonar o médium. Pessoal, a ligação é de lá de cima para baixo, o guia conseguirá incorporar quando esse médium estiver seguro e preparado para isso. Agora vejam bem, se o médium fica sendo pressionado, coagido, se é imposto medo a ele, ELE NUNCA VAI CONSEGUIR INCORPORAR NADA, A NÃO SER ELE MESMO dependendo da forçação de barra diga-se de passagem. E infelizmente essa falta de conhecimento está vindo de dirigentes, não somente dos médiuns.
GUIA NÃO ABANDONA MÉDIUM E PONTO FINAL. Um guia tem uma missão especifica com cada pupilo, ele independente da dificuldade de um médium X, ele jamais irá abandoná-lo por outro, porque ele como guia tem outros médiuns em vários estágios de desenvolvimento, ele é o professor o médium seu aluno. Então não existe essa pressão psicológica de dizer, “… se você ficar bloqueando seu guia, ele vai te largar…”, pura falta de conhecimento. A única coisa que provoca um afastamento de um guia, é a falta de compostura, índole, seriedade, caridade e bondade de seu médium, um guia idôneo não se compraz no mal e nem na maldade, questão de sintonia, mas caso esse médium se volte a luz novamente eles estarão ali para o receber, mas mesmo assim sempre mandaram sinais para que ele retome ao bom caminho. Mas jamais irá se afastar de seu médium num processo de aprendizagem e despertar consciencial.

Uma questão referente a incorporação que muitas vezes passa desapercebida, é que tem casos que o médium irá sentir o fluido da energia do guia, ao ponto de causar efeitos em sua matéria mas que nunca irá chegar em uma incorporação plena, o médium ele como um catalizador, ele absorve aquela energia para depois doar a quem está em volta. Um outro caso que pode ocorrer é que um médium ele pode ser instrumento de um guia, no caso de um acoplamento espiritual, uma única vez na vida por um determinado propósito e nunca mais incorporar com um guia, muitas vezes esse tipo de trabalho espiritual e incorporação é possível porque o médium se encontra a sua volta com outros médiuns e guias, o qual o magnetismo espiritual desses médiuns e guias faz com que ocorra a manifestação.

O desenvolvimento espiritual, digo desenvolvimento por ser uma forma de melhor entendimento e que já virou que costume o uso do termo, mediunidade não se desenvolve ela se desperta, é o despertar consciencial do médium, é algo muito complexo, sério, deve ser feito com muita responsabilidade, e JAMAIS COM PRESSA.

A gente vê certas falhas muito complexas dentro de um terreiro, de um lado médiuns afoitos, apressados e ansiosos, de outro dirigentes os quais parece que acham que ver seus médiuns incorporados ali é questão de status e ibope a sua casa, não priorizando a qualidade mediúnica necessária para um bom atendimento espiritual, ali exposta, está se perdendo o comprometimento e seriedade que esse despertar exige, isso não é brincadeira, não é uma pista de corrida, que quem ganha é quem incorpora primeiro, ou diria mais rápido, estão brincando de serem médiuns. O lidar com a espiritualidade exige-se respeito, ela é tudo menos uma brincadeira.

Uma das grandes dificuldades tanto dos dirigentes quando dos próprios guias e mentores é lidar com a teimosia de médiuns que não sabem ouvir, e aplicar determinadas orientações, tudo tem que ser no tempo deles e não é assim, a ligação é de lá de cima para baixo, não tem como mudar isso e caso a pressa e a teimosia insistam, fatalmente nos deparamos com médiuns literalmente na mão, o tal “borococho” o guia tá ali léguas de distância e o médium se passando por ele. E sabe o que é mais triste? é quando esse médium faz um papelão dentro do terreiro, mesmo depois de ser orientado, ele insiste em brincar de dar espírito. Fatalmente esse médium fica desacreditado e envergonhado.

Alguns médiuns deveriam aprender o valor do silêncio, e ficarem com suas boquinhas fechadas de quando não saberem das minucias sobre um determinado assunto, principalmente no que condiz a ESPIRITUALIDADE E MEDIUNIDADE se limitarem a aprenderem e não quererem ensinar o que não sabem nem para eles.
Cansei de ver médiuns, debochando de outros porque eles“supostamente” estavam incorporando, enquanto o irmão do lado só estava na fase do bambear. Só que lhes afirmo, vi muito médium que ninguém dava nada por ele, se manifestarem com guias e mentores com uma sabedoria milenar, é o tal julgar o conteúdo pelo frasco.

Médiuns, determinadas orientações devem ser dadas por aqueles que tem competência para isso, cuidado, uma má orientação pode fazer com que se perca um médium promissor, que teria muito a oferecer, mas que por frustração ou por não se achar capaz, achou melhor abandonar tudo. Olha a responsabilidade e o peso de desviar um médium do seu caminho.

Tenham pressa na vontade de aprender, de colaborar com a casa, de ouvir. Pressa de incorporar é bobagem, não importa se a sua primeira manifestação irá vir quando você menos esperar depois de anos, o que importa que aquela INCORPORAÇÃO SEJA VERDADEIRA.

E tomem muito cuidado com a fantasia, muitos de nossos guias, mentores e entidades foram pessoas simples e humildes, cuidado com essa onda de realeza, tem muito rei que não precisa de coroa e muito plebeu exigindo a mesma. Lembrem-se estamos falando de guias sérios, de entidades espirituais comprometidas com a verdade. Certas realezas por mais que eles tenham, não necessariamente são exploradas ou mostradas.

Espero que com essas orientações, abra reflexões a respeito, para que sejamos os médiuns necessários que nossos guias esperam de nós.


Cristina Alves





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15/05/2017

Transporte e Descarrego


Transporte e Descarrego


Muito se fala sobre transporte e descarrego na Umbanda, mas poucos são os médiuns que sabem a diferença entre essas duas práticas tão comuns em nossos trabalhos assistenciais. Foi pensando nisso que resolvi colocar hoje para vocês, de maneira bem simples, o que é o transporte e o que é o descarrego na Umbanda, para que todos possam entender como cada um desses processos funciona e saber diferenciar um do outro.

O TRANSPORTE acontece quando um médium desenvolvido, capacitado e firmado dentro de uma corrente mediúnica, por determinação do astral, incorpora uma entidade espiritual de outro médium que no momento é incapaz de incorporar, um exemplo disso é quando ocorre a incorporação do Guia Espiritual de um consulente. Esse ato requer responsabilidade, conhecimento e atenção, pois acontece por algumas necessidades especificas que devem ser compreendidas proporcionando assim o equilíbrio espiritual e energético de todos os envolvidos.

Alguns dos motivos para que o Transporte aconteça: para absorver a energia prânica do médium, assim o corpo astral do espírito é vitalizado, fortalecido e até curado; para solicitar algo específico e importante como uma oferenda; para apresentação ou confirmação da existência de um Guia.

Já o DESCARREGO acontece quando um médium desenvolvido, capacitado e firmado dentro de uma corrente mediúnica, por determinação do astral, incorpora um espírito de baixa vibração energética, mental e emocional com intuito de “limpeza”.

Algumas situações que acontecem durante o Descarrego: médium incorpora “seu” próprio Exu de Trabalho para fazer limpezas energéticas, fazer negociações e/ou vitalizar o consulente; médium incorpora o Exu do consulente para fazer limpezas energéticas, fazer negociações, vitalizar seu médium e/ou solicitar oferenda especifica para que possa defender ou descarregar seu médium junto com elementos naturais e energéticos; médium incorpora Exu ativado pela Lei que, até então, atuava de forma punitiva e paralisadora retirando elementos energéticos e recolhendo espíritos que atuavam sob seu comando; médium incorpora espíritos negativos (faixas vibratórias negativas) como sofredores, eguns, zombeteiros, vampirizadores ou quiumbas, nesses casos todo cuidado e atenção são necessários, um exemplo disso é que para esses espíritos não se deve servir cigarro, vela, bebida etc, assim como não podem ser permitidas a comunicação ou solicitação de oferendas.

Todas essas situações de descarrego acontecem por permissão da Lei Divina, e é a partir de um trabalho religioso, de médiuns preparados, onde o único intuito é a caridade, que se tem a grande oportunidade de encaminhamento destes irmãos, que necessitam de nossa ajuda para um redirecionamento evolutivo.

Tanto o Transporte quanto o Descarrego, são práticas importantíssimas que permeiam as giras de Umbanda facilitando os trabalhos dos Guias Espirituais, além disso, são práticas que requerem muita responsabilidade, disciplina e conhecimento, portanto ESTUDAR é fundamental para melhor agir, praticar e servir dentro da Lei de Umbanda e da Lei Divina.

Mônica Caraccio




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02/05/2017

Desmotivação do Médium de Umbanda


Desmotivação do médium de umbanda

Eu acredito que muitos dos que aqui lerem esse texto, já se sentiram desmotivados ou mesmo já se depararam com pessoas que por mais que tinham anos de Umbanda, numa determinada ocasião, fraquejaram e sentiram vontade de largar tudo, digo pessoas mais velhas na religião, mas não deixo como regra, porque esse tipo de sentimento não tem uma determinada época ou regra para acontecer então cabe a todos.

Às vezes a pessoa sente uma perda de energia tão grande, que ela não consegue nem acender uma vela, na realidade ela não sente vontade, ela até se inclina a fazer, mas chega na hora “H”, ela pensa agora não, depois. E nisso vai passando-se os dias. E como um vírus pestilento a desmotivação vai tomando conta.

Essa desmotivação pode ser provocada por inúmeras questões, originadas em nós mesmos (pela forma que nos enxergamos perante a vida), pelos outros (que muitas vezes nos derrotam, nos jogam para baixo), ou mesmo por ordem espiritual (assédio, obsessão).

Vamos refletir juntos a respeito. Muitas vezes essa desmotivação começa pela forma com que nos enxergamos perante nossa vida, pelas nossas próprias expectativas que vamos criando em torno de nós, muitas vezes o médium chega num patamar de tão necessário, diria até insuperável, que ele não se permite fracassar diante de um obstáculo, tipo: “… eu sou médium, filho de Ogum, eu tenho que conseguir ajudar tal pessoa, eu estou acima de tudo, eu nunca erro, tudo dá certo para mim…”, só que infelizmente não é bem assim, e as vezes o Médium se depara com inúmeras dificuldades na vida e obstáculos que ele vai começando a perceber que mesmo ele tendo amparo espiritual está sujeito as entrelinhas que a vida impõe, essas dificuldades poderão surgir em inúmeros aspectos e setores da vida, é no ambiente familiar, aquele filho que está andando em más companhias, e na harmonia conjugal que anda de mal a pior, é na saúde que anda mais frágil do que de costume, é a crise financeira que assola o país que lhe tirou o trabalho, os recursos para manter a sua casa e família e assim por diante, e todas essas questões vão abalando a fé daquela pessoa.

A falta de aceitação perante os obstáculos vai minando as forças, porque nem tudo depende unicamente da pessoa, as vezes os braços se cansam, doem de tanto empunhar a espada na batalha. E o guerreiro fraqueja, e pode se deixar sucumbir. As vezes a aceitação é necessária, é preciso recuar, esperar o melhor momento para continuar, contornar a situação, mas nem sempre a ansiedade deixa que isso aconteça, e quando nada se concretiza a desmotivação aparece.

O Médium começa a perceber que ajuda a muitas pessoas, mas se desmotiva quando não consegue ajudar a si mesmo. E muitas vezes isso acontece porque ele se deu um poder que não pertencia a ele, e se esquece que está aqui em uma escola, um mundo de expiações e o que tiver que passar, ninguém poderá passar por ele. A grande diferença é como ele vai se colocar perante as dificuldades, se vai se abrir a ter apoio ou não de seus guias e mentores. Às vezes é preciso se silenciar para ouvir o espiritual.

É tanto sofrimento que a pessoa vai perdendo a crença nos próprios resultados, e começa a pensar: “…vou todos os dias de gira no terreiro, cumpro minhas obrigações direitinho, e por que meu Pai acontece tanta coisa de ruim comigo? ” Com essas e outras o Médium vai perdendo a crença e a confiança na sua própria capacidade de superação, ninguém é de ferro, somos Médiuns, mas não somos os próprios Orixás que nos regem, e enxergar essa limitação ajuda a criar forças para superar as dificuldades. Porque o que causa a desmotivação é achar que não consegue mais, que não é mais capaz de realizar algo.

Essa visão é tão equivocada que vemos críticas pesadas oriundas de terceiros que dizem: “… está assim desse jeito porque é “macumbeiro”, fica mexendo com coisas de espíritos, isso é atraso de vida…”, até então nem devem ser consideradas porque são perseguições oriundas de pessoas que nem sabem o que estão falando na grande maioria das vezes, agora mais triste é ver críticas de tão forte teor vindas dos próprios irmãos de fé, que dizem: “…fulano está assim porque o terreiro onde frequenta é fraco, suas entidades e guias são fracos…”. Como se nossos guias fossem responsáveis por tudo que nos acontece, essa perseguição ignorante chega ao cúmulo do absurdo quando vemos médiuns que simplesmente sofrem calados, porque temem ser criticados, humilhados por outros irmãos de crença.

Porque lhes digo e afirmo que quem está sofrendo não quer que lhes atire pedras ou críticas, apenas uma motivação ou mesmo o apontar de um caminho, uma saída já ajuda é suficiente, ou quando mais se não puder ajudar apoie.

Uma das causas também da desmotivação é quando o médium acha que já aprendeu tudo, logo sabe de tudo, não se abre a aprender coisas novas, não se defronta perante seus próprios conhecimentos, irredutível não aceita críticas, não se dá o direito a dúvida e ao questionamento de pensar, será que tudo que sei é certo mesmo? E mesmo quando correto, não se deixa aprimorar-se.

A falta de expectativa de renovar-se e aprender no dia a dia na religião também traz desmotivação, tudo vira rotina médium muitas vezes acredita que ele não consegue fazer outras coisas, ele se bloqueia tanto que não consegue ver as esquinas que existem em sua estrada, só vê um caminho reto, sem curvas e vazio. Mas seu medo, a sua falta de crença em si mesmo não permite ver que em cada esquina dessa estrada tem alguém ali, te intuindo, te inspirando a prosseguir, porque nossos guias não podem vir e resolver e viver por nós, mas podem nos intuir, nos encaminhar e nos inspirar a uma saída, até mesmo nos inspirando a aceitação necessária para determinados momentos nos inspirando a desapegar e continuar, porque ficar ali não vai resolver muita coisa.

Quem nunca esteve numa situação e do nada recebeu um telefonema, ou cruzou com uma pessoa que a tempos não via, e bate papo aqui e bate papo ali, quando acabou percebeu que aquela pessoa havia deixado algo, a boa palavra, uma esperança, um encorajamento, as vezes nossos guias usam da boca de outras pessoas para chegar até nós.

A desmotivação muitas vezes é oriunda, pela nossa teimosia e descrença, mesmo dizendo que tem uma fé inabalável, que ama seus guias e Orixás, mas muitas vezes o médium vai pede, ora, faz sua oferenda, acende sua vela e pede muito uma determinada coisa ou quer muito um determinado resultado, e pensa:“… meu Orixá vai me dar, meu Preto Velho vai buscar para mim, meu Exu não há de me faltar..”, e de repente, “BUMM” não rolou, não deu certo, você não conseguiu, e logo vem a revolta, para que eu vou no terreiro, eu não vejo uma melhora na minha vida, eu não consigo nada de bom, eu só me lasco, ah quer saber não quero saber mais de nada de terreiro, de guias etc., e lá fica umas horinhas xingando, praguejando, revoltado. Ah e não me venha dizer que isso não acontece, porque acontece sim, a fé fraqueja, somos falíveis, e estamos bem longe da perfeição.

Só que o médium se esquece, que nem sempre aquilo que ele está pedindo é bom realmente para ele, por isso quando pedirem digam: Senhor, que eu seja abençoado com o que o senhor reservou de melhor para mim. Que seja feita a sua vontade. Muitas vezes não sabemos o que estamos pedindo, mas nossos Orixás, guias e mentores sabem.

Sabe aquela frase que diz: filho de umbanda bambeia, mas não cai, ela é bem cabível nesses momentos, mesmo diante de tanta revolta nossos guias não nos abandonam e sempre buscam nos ajudar na medida do possível que lhes é permitido, porque saibam que nem tudo eles podem intervir.

E o filho de pemba fica ali desmotivado, desanimado diante de tantas lutas e dificuldades, mas as vezes é preciso chegar no fundo poço, para olhar para o alto e ver que tem uma saída, temos nosso instinto de sobrevivência nato, a gente chora, se desespera, mas tem uma coisa ali dentro de cada um que é mais forte do que tudo, a nossa Fé. A Fé é como uma chama de uma vela que tem momentos que ela fica pequenininha quase imperceptível e tem outros que vira uma labareda de fogo imensa. E nós somos a vela e quando nossa chama ameaça de apagar vem nossos guias e nos cercam para que vento nenhum a apague.

Sabe meu irmão e minha irmã, não é vergonha as vezes fraquejar, bambear, isso acontece mesmo com os mais valorosos médiuns, medo, todo guerreiro tem perante a batalha, e o medo nem sempre é ruim, as vezes o medo nos ajuda a recuar na hora certa e descobrir a melhor estratégia para vencer. E quando sua prece não querer sair da sua boca, porque a tristeza e a dor a está impedindo, reze com a alma e com o coração, feche os olhos e converse com Deus, com seus Orixás e seus guias com seu pensamento, porque este ninguém consegue barrar.

E se sua desmotivação for ocasionada dentro do próprio terreiro, com as pessoas que ali estavam, pensa que talvez essas pessoas lhe foram colocadas para te ensinar algo, para que se auto superasse, para lhe ensinar a não cometer os mesmos erros, sobre as leis de compaixão, perdão e caridade, pense que essas pessoas lhe foram colocadas em sua vida para te ensinar a ser mais forte, e fortalecer sua fé e crença em si mesmo.

Mas, lembre-se que essas pessoas podem se dizer fazer parte da Umbanda, mas não são a Umbanda como um todo, e que dentro dessa egrégora há várias famílias e que se essa não é para você com certeza terá uma que será, porque Orixá é vento que ninguém prende, ele caminha por todos os caminhos e espaço, e onde você estiver seu Orixá irá estar com você.

Mas, há outra questão mais preocupante correlacionada com a desmotivação, é o assédio espiritual oriundo do acumulo da tristeza, depressão, quando nos desmotivamos, nos derrotamos na verdade, abrimos um canal perigoso, nossas armaduras tendem a ir ao chão, ficamos vulneráveis e desprotegidos, e alguns espíritos usam de nossa fraqueja para nos atingir. Acabamos por nos sintonizar naquela frequência negativa, tudo fica enegrecido em torno da pessoa, parece que a esperança acabou, porque esses espíritos acabam por nos induzir e acentuar ainda mais determinados sentimentos.

Infelizmente muitos médiuns nos chegam até nós no fundo do poço, completamente vampirizados, porque cederam a essas forças nefastas, obsidiados, precisam não só da força de seus guias e mentores mas de toda uma egrégora espiritual que como um exército se prontificará a lhe salvar o espírito, resgatando sua força de viver. É por essas e outras que é tão preocupante quando vemos uma pessoa desmotivada sem vontade de viver.

A desmotivação tem levado a muitos danos e perdas, pode sim ser algo momentâneo como mencionei, algo passageiro, uma doença que após o paciente medicado com uma boa dose de motivação e encorajamento acaba rapidinho, mas como todo mal se não tiver conscientização imediata, incentivo, poderá se tornar algo muito danoso e perigoso, levando a consequências terríveis, uma dessas consequências que temos presenciado é o “suicídio”, que é a fuga, a falta de vontade de viver, é quando a pessoa usa do seu sopro para desligar o botão o laço que liga sua vida a esse mundo, é muito triste, porque se essas pessoas tivessem tido talvez a palavra certa na hora certa, muitos não teriam feito tal ato.

A vida está aí, linda e bela, temos inúmeros motivos para nos motivar, mas como seres humanos falíveis tendemos a sempre olhar para o lado ruim da situação, hoje em dia viver nos dias atuais onde nossos antepassados diziam é uma luta, hoje em dia está sendo uma guerra, são muitas dificuldades e obstáculos, mas temos graças a Deus e aos Orixás uma arma forte e imbatível, nossa Fé, e ela tem que ser renovada todos os dias, é em pensamentos, nas boas palavras e ações. Quando temos Fé sempre há uma luz no final do túnel a nos guiar, que nossa luz chegue na frente, derrubando todas as muralhas escuras impostas. E quando nossa Fé fraquejar, está na hora do filho de pemba, se colocar de joelhos novamente e orar. A oração aquieta e acalma nos dando condições de pensar e sempre aparece uma boa saída.

Por isso, cuidado com a desmotivação, encoraje-se, motive-se, tenha Fé que não há mal que dure para sempre. Tudo passa.


Cristina Alves


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01/05/2017

Livro: O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda

Antônio Eliezer Leal de Souza foi jornalista, poeta, ensaísta, militar… e escreveu os primeiros livros sobre a Umbanda. O primeiro é de 1925: “No Mundo dos Espíritos”.  Em 1933, escreveu a primeira edição de “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”. Tratava-se de um livro extremamente raro, até que, em 2008, foi editado pela segunda vez, por iniciativa altamente louvável da Editora do Conhecimento.

No início do século XX, imperava uma profusão de cultos e rituais estranhos e voltados ao baixo espiritismo. Era necessário esclarecer a opinião pública e as autoridades sobre a real natureza da doutrina umbandista, para evitar a discriminação de seus adeptos e até a prisão de seus dirigentes. Apesar de jornalista, Leal de Souza nunca usou de sua profissão para promover proselitismo religioso, passando a escrever sobre o assunto por iniciativa de jornais como o “Diário de Notícias” e “A Noite”, interessados na repercussão que o assunto tomava à época.

Assim, o livro é uma compilação desses artigos. São textos sintéticos, mas estruturados brilhantemente: acabamos vislumbrando um panorama das práticas espirituais da época, mediante um contraponto entre a Umbanda e as práticas de magia negra. O autor também discorre sobre a importância de Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas; as “sete linhas brancas”; os orixás, guias e protetores.

Vários outros temas, muito interessantes, estão nesse livro singelo, mas fundamental para quem quiser saber mais sobre a Umbanda, em suas raízes: Leal de Souza foi frequentador da Tenda Nossa Senhora da Piedade durante anos, e dela só se afastou para atender às instruções do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que o incumbiu de dirigir, pessoalmente, a Tenda Nossa Senhora da Conceição.

Desvendando a Umbanda




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