Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

09/01/2017

Intolerância Dentro do Terreiro


Intolerância dentro do terreiro

Outro dia, em conversa com o Pai Pequeno, comentamos que as maiores demandas que um terreiro enfrenta não são as vindas de fora. Essas são apenas “demandas oportunistas”, que aproveitam os enfraquecimentos causados pelas demandas verdadeiras para se instalarem. E quais seriam as “verdadeiras”? As verdadeiras, as mais difíceis de se resolver, as que desgastam mais e que mais abalam as estruturas espirituais da casa são as demandas INTERNAS, particularmente aquelas que envolvem filhos do mesmo terreiro.

Não estou falando de demandas espirituais no sentido literal, ou seja, de uma pessoa fazer um trabalho contra outra dentro do mesmo terreiro. Não! Isso é tão fora de contexto que não vou nem considerar nas minhas observações. Chamo de “demanda interna” as broncas, os ódios, as resmunguices, os olhares enviesados, o cochicho escondido, o rosto virado, o “não falo com”, e outras coisas parecidas. E antes de eu continuar, já peço: NÃO PARE DE LER! Pode ser que eu esteja falando de você e para você, e gostaria que prestasse atenção! É importante!

A primeira reação da maioria das pessoas, nesse momento, é pensar: “É mesmo! Esse assunto é muito importante, e que bom que está sendo abordado aqui, porque já vi que Fulano age assim com Beltrano, e Beltrano age da mesma forma com Sicrano.” Se o seu pensamento foi esse, caro leitor, eu repito: NÃO! Não é do Fulano e nem de Beltrano que estou falando! É de você! Sim, você mesmo! Aí, dito isso, você deve estar pensando: “falando de mim? Não mesmo! Eu não ajo assim com ninguém, a não ser com tal pessoa, mas só porque ele (a) faz assim comigo...” Outros dirão: “Ah... só faço isso quando tenho razão...” E outros: “Faço porque não tolero algumas coisas, não tenho sangue de barata...” Ui! Foram três chutes na canela, se você não percebeu... Então, por isso, vamos lá! Vamos tentar deixar as coisas mais claras!

Vamos começar falando de você! Sim, falando de você que procurou um terreiro de Umbanda porque reconheceu-se necessitado de auxílio para desenvolver-se mediunicamente e crescer espiritualmente e moralmente. Naquele dia em que iniciou-se na Umbanda, você desejou aprimorar sua mediunidade e se tornar uma pessoa melhor, lembra? E isso, porque você olhou para trás e falou: “já andei por tantos lugares e já fiz tanta coisa errada... Quero mudar! Quero evoluir!” Aliás, “evoluir” é a palavra que a maioria fala. E o “evoluir” significa “conseguir errar menos”. E quantas vezes você já errou em sua vida? Quantas vezes você falou algo de que se arrependeu depois? Quantas atitudes você não teria tomado se pudesse voltar no tempo? E sabe por que você errou tanto? Eu sei: por ignorância! Não foi porque você é mau! Em toda a sua vida, você só quis ser feliz mas, por não saber o caminho certo, muitas vezes optou pelo errado! Aquela palavra áspera que você falou para alguém foi porque, naquele momento, você achou que era o melhor a ser dito! Aquela falta grave só foi cometida porque a sua consciência, naquele momento, não viu nada demais naquela ação... E as percepções dos erros que cometeu só vieram depois de ver o desfecho das coisas e sofrer as consequências, não foi? Pois é... É assim que aprendemos... Nós erramos, sofremos as consequências, para só depois aprendermos o que não deveríamos ter feito... Isso acontece com você, acontece comigo e... acontece com todos, incluindo com seu irmão de terreiro!

Você – tenho certeza – ficaria muito grato se as pessoas que você magoou, aquelas para quem você falou palavras ásperas (lembra daquele momento em que você estava irritado?), ou que sofreram por alguma atitude errada sua, conseguissem ter esse pensamento a seu respeito, e entendessem que tudo o que você fez, não o fez por maldade, que você tem boas intenções, mas que erra somente por ignorância, na tentativa de ser feliz... E continuassem a te amar e a desejar tudo de bom para você... Não seria ótimo? Pois é! Isso, todos nós gostaríamos em relação a nós mesmos! Mas e em relação aos outros?

Se nós erramos por ignorância, por que não podemos aceitar que os outros também sejam ignorantes e, por isso, tenham o direito de também errar?

Se nós queremos ser compreendidos em nossas limitações, por que não entender que as limitações dos outros também devem ser compreendidas?

Se nós, independente das aparências, estamos fazendo força para melhorar, por que não entender que os outros, mesmo que não pareçam, também estão tentando se superar?

Se nós esperamos que tolerem nossos defeitos, por que não tolerar os dos outros?

Eu sei o porquê de tudo isso! Sabe qual é a razão? É o EGO! O ego que não deixa tolerar os erros dos outros; o ego que não deixa “levar desaforo para casa”; o ego que fala: “fui ofendido e não posso aceitar isso...” e ainda se auto justifica com a frase: “tenho gênio mesmo!” Enfim, o culpado de tudo é o seu ego que impede você de ver que o outro que lhe ofendeu é um ser igualzinho a você, que erra por ignorância, na tentativa de ser feliz, e que irá aprender a ser melhor conforme sofrer as consequências dos seus atos.

Tem gente que ao chegar nesse ponto da leitura deve pensar: “eu tenho muitos defeitos sim, mas nunca fiz o que Fulano faz...” Engano seu, meu amigo! Pode ser que você hoje não faça, ou por falta de oportunidade ou porque já fez no passado (mesmo que tenha sido em outra encarnação), sofreu as consequências e, com isso, aprendeu que não se deve fazer... Em contrapartida, você tem muitos outros defeitos que podem ser repugnantes para outras pessoas e, para você, é só um defeitozinho....

Aí, pode ser que você fale: “Ah... eu sou assim mesmo, tem coisas que não tolero e vou precisar de muitas encarnações para ver de outra forma!”. Ué, mas para quê mesmo você procurou a Umbanda? Não foi para tentar ser melhor? Quando é que vai começar a praticar? Instrução espiritual e moral não faltam. O Preto-Velho fala da humildade, do perdão... E se você já o recebe, pode ser que fale através da sua boca... O Caboclo fala da fraternidade, a Criança da pureza, o Exu da compreensão... E o que você leva disso tudo para você? O que os Guias pregam só serve naqueles momentos dentro da gira? Quem é que, de fato, está tentando ser melhor assim?

Cadê a compreensão dos limites dos outros? Cadê o esforço para entender a ignorância alheia? Onde está a consciência de que todos somos seres imperfeitos e em evolução?

Tem gente que fala: “Ok! Sendo assim, vou passar a tratar normalmente o fulano aqui dentro do terreiro, mas lá fora, não quero assunto...” Ué... Existe “meia evolução”? Quem quer evoluir escolhe hora e local para tentar ser compreensivo e amar?

E você? Já se localizou na leitura deste texto? Tomara realmente que ele não sirva para você! Mas se você ainda tem dúvidas, deixa eu te ajudar:
Há alguém dentro do terreiro com quem você não fale de propósito?
Você se reúne com pessoas ou participa de algum grupo virtual onde se aproveita para comentar defeitos dos outros?
Há alguém dentro do terreiro que você não convidaria para passar uma tarde com você?
Você já se pegou postando indiretas na internet, pensando em alguém do terreiro?

Se você respondeu “sim” a algum dos itens acima, é bom verificar seus sentimentos, pois há indícios de que você ainda está com dificuldades em melhorar, perdoar, amar e ver seus irmãos com outros olhos, procurando compreender os limites e a ignorância de cada um...
Estou ouvindo alguém dizer: “Já tentei tratar Fulano melhor, mas ele não tem jeito!” E o seu comportamento tem que depender do comportamento do outro? Você quer ser melhor pelos outros ou para ficar em paz com a sua consciência e conseguir a tal da “evolução”? Imagine se Jesus amasse e tratasse bem somente os bons e, aos maus, retribuísse com grosseria ou desprezo? Como será que você seria tratado por ele?

Outros falam: “Fulano não age certo! O correto seria daquela forma!” Não espere dos outros reações que VOCÊ teria!Cada um tem um grau de entendimento e seus próprios limites! No futuro, com as consequências dos atos, é que cada um vai aprendendo mais e ampliando sua visão! E você, já está se esforçando para ver dessa forma, mais ampla?

Há, ainda, os que dizem: “Mas eu não sou obrigado a gostar de Fulano ou a querê-lo perto de mim!” Sim, meu filho (a), você não é obrigado a nada! Mas quem é que queria mesmo se superar e evoluir? Aliás, foi para isso que você entrou para o terreiro de Umbanda, lembra? Ninguém irá te cobrar por isso, mas até onde vai realmente sua vontade de crescer? Ela vai só até onde começam o ego e a intolerância? Bom, a solução de tudo isso é simples: basta praticar o que os seus próprios Guias (ou os dos seus irmãos, caso você ainda não incorpore) ensinam: amar, perdoar, compreender, não julgar, ajudar, etc. Fazendo assim, no final das contas todos saem ganhando! O terreiro ganha mais fraternidade; o “fulano” ganha os seus exemplos; e você ganha por estar sendo melhor, conseguindo se superar!

E, se com tudo isso, ainda não te convenci, leia as palavras abaixo e reflita sobre cada frase. Não pule e nem diga para você: “ah, já conheço...”. Não! Leia de verdade, e veja onde você se encaixa e o que falta encaixar. E não pense que estou falando de outra pessoa não! Estou falando de você! Pois este texto serve para todos! Ah! E depois releia tudo outra vez!

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ÓDIO, que eu leve o AMOR;
Onde houver OFENSA, que eu leve o PERDÃO;
Onde houver DISCÓRDIA, que eu leve a UNIÃO;
Onde houver DÚVIDA, que eu leve a FÉ;
Onde houver ERRO, que eu leve a VERDADE;
Onde houver DESESPERO, que eu leve a ESPERANÇA;
Onde houver TRISTEZA, que eu leve ALEGRIA;
Onde houver TREVAS, que eu leve a LUZ.
Ó mestre, fazei que eu procure mais CONSOLAR que ser consolado;
COMPREENDER, que ser compreendido;
AMAR, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive
para a Vida Eterna!

E só para finalizar: Nenhum de nós é perfeito! Nem eu, nem você e nem o nosso irmão de terreiro! Mas temos que nos esforçar por nos superarmos! Temos que ganhar a medalha de ouro do autocontrole! Temos que tentar fazer com que a consciência supere sempre a paixão! E não podemos terminar nossa história assumindo para nós a “Síndrome de Gabriela”, sem querermos vencer nossos limites, sem sairmos da zona de conforto, justificando nossos destemperos nas condutas dos outros e, simplesmente, aceitando passivamente a forma como somos atualmente. Não! Essa seria a Gabriela de Jorge Amado; e ela diria: “eu nasci assim, eu cresci assim e vou ser sempre assim!”. Nós não! Não mesmo!

Se algo não ficou claro, leia outra vez!

Tata Luis



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04/01/2017

Sobre o Linguajar das Entidades de Umbanda

Caboclos e Pretos Velhos adotaram a forma simples de falar em sinal de humildade, numa simbologia clara de que a Umbanda estaria voltada para os simples e humildes de coração. Atualmente, além desse motivo, existe a questão cultural, pois muitos são aqueles que, acostumados a esse linguajar, teriam dificuldades em crer na força de espíritos de Umbanda que falassem como pessoas cultas e letradas. Sendo a religião dos humildes, ainda hoje subsiste a crença  nessa característica peculiar de humildade. As entidades de Umbanda, todavia, podem conversar naturalmente e possuem conhecimentos muito mais avançados do que se pode supor.

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro





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29/12/2016

Livro: A História de Pai Arruda

A História de Pai Arruda

A HISTÓRIA DE PAI ARRUDA
Autores: Pai Arruda / Jennifer Dhursaille


TRECHO DO LIVRO:

(...) Ninguém cai num Terreiro, de sua própria vontade ou herdado compulsoriamente, como foi meu caso, sem dever à Lei Maior Amor e Caridade para com os povos deste planeta.

É o Templo, Casa ou Tenda um imenso buril, onde se aquilatam valores morais e se limpam as vestes espirituais manchadas pelos erros e máculas do passado. E onde se aprende a pensar com o coração e a deixar o espírito comandar a intuição, a fim de, com branco coração e brancas vestes, apresentar-se um dia, como um filho inteiro, digno do olhar do nosso Pai Criador.

Aprendi com esses espíritos de elevada sabedoria, designados no astral para comandar e coordenar os trabalhos espirituais e de magia na Terra, em suas diferentes e variadas apresentações, que a vida é muito mais do que aquilo que podemos ver, e que sua amplitude pode ser apenas sentida, mas não plenamente compreendida pela imensa maioria; apenas por aqueles que já alcançaram um grau muito elevado de consciência desperta. Falar desses aspectos de abrangência do fenômeno que chamamos de "vida" seria rotulado de loucura e heresia em 1750, e como ficção científica e fantasia em 2005 e suas cercanias. Mas posso vos dizer que a vida não ocorre num só lugar nem tão pouco num só tempo, mas de eventos intercalados nas malhas do tempo, onde linhas de muitas vontades desenvolvem tramas que se perpetuam e se espalham como rendas e marolas na superfície do mar quando toca o solo que estais acostumados a chamar de "meu chão". Mas essa mesma trama repercute em outras praias, em outros lugares, e é vista e interage, por vezes, com pessoas das quais não tendes consciente conhecimento. Não existe, pois, "uma vida" num contexto singular, individual, pois que toda a vida é coletiva, e a solidão, a maior das ilusões.

Alcançar um grau espiritual na Terra é, portanto, dominar a lei que chamam Carma e trabalhar para que as ações benéficas atinjam o maior número possível de pessoas, quando a marola atingir a areia, propagando o Bem Maior de forma generalizada. E o grande mago é aquele que, ao perceber e identificar uma ação negativa potencialmente destrutiva, consiga paralisá-la, anulá-la ou direcioná-la de forma que suas ações se dirijam às pessoas e ao tempo certo durante o trajeto, atingindo pontos específicos que assim a positivem durante o seu percurso.

O mago branco é, portanto, um estrategista-alquimista, transmutador do Bem.


OUTRO TRECHO DO LIVRO:

(...) O fardo é a "verdade", algo para o qual a maioria não está preparada. Muitos falam: "Sou uma pessoa verdadeira", ou "Quero a verdade", mas, ao se depararem com a crueza e nudez, desejam não tê-la mais à sua frente, e sim lidar com ela através de subterfúgios e pelas costas, ou pelos lados, onde o confronto é menor e menos hostil para os sentidos. O médium que ingressa na tarefa e assume sua cruz precisa lidar com o fato de que não mais poderá enganar a si mesmo ou, como de tão bom grado tantas vezes nos permitimos, ser enganado. Perceberá também que, ao contrário do apregoado, a verdade não é popular, causa incômodos e atrapalha os planos da maioria. E quem fala a verdade torna-se frequentemente uma presença indesejada e uma pessoa a ser substituída (...)


MAIS UM TRECHO DO LIVRO:

(...) O nome que mantive no Astral, que me foi inspirado na terra por minha amada, logo teve seguidores que o adotaram em nossa legião de trabalhadores nas fileiras da Umbanda. Usa o nome de Pai Arruda todo aquele que, como eu, tem conhecimento magístico adquirido em encarnação no Oriente e que purgou grande parte de suas ações negativas nessa área em encarnação como escravo na América, tendo como mote, como disse Irene, obviamente inspirada pelo Alto ao batizar-me, a cura do "corpo e do espírito" através da manipulação dos elementos da natureza.

Uma vez mais retornei, literalmente, aos palcos da Terra, junto com Irene, numa encarnação de cura emocional-perispiritual para nós, em que desempenhamos um trabalho na esfera da arte, ligado ao teatro. O desenvolvimento das habilidades artísticas tem profunda ação curativa, sobretudo em almas sujeitas a prolongado período de dor e tortura, em que a regeneração através do belo, a face que revela a perfeição divina, se faz necessária.

Embora obviamente estivéssemos envolvidos com a espiritualidade também nesta vida, ainda que de forma diferenciada, ao término dessa experiência carnal derradeira, atuamos incessantemente no plano astral alicerçando os pilares da Umbanda para o futuro de expansão consistente que se faz tão necessária no estabelecimento de uma nova Terra. Certamente mais feliz, pois será onde os seres se relacionam de forma mais harmoniosa e estão 24 horas por dia conscientes de sua herança divina, não mais se permitindo mergulhar nas trevas da ignorância e da dor.

Blog Tulca







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27/12/2016

O que é Aruanda?

O que é Aruanda?

Aruanda é um lugar onde Caboclos e Pretos Velhos se reúnem após deixarem o Terreiro de Umbanda, mas não é lá, necessariamente, que residem no invisível. Todos nós temos os nossos afazeres no mundo astral e nas diversas cidades espalhadas pelo cosmo acima da terra e, muitas vezes, abaixo dela.

Além disso, nem todos estamos constantemente sob a vestimenta de Caboclos ou Pretos Velhos. Na maioria das vezes, longe do centro, reassumimos alguma aparência que tínhamos em outra vida, voltando à forma que utilizamos na Umbanda quando precisamos, seja para os trabalhos, seja para nos apresentarmos a algum vidente que nos chama ou com quem precisamos nos comunicar. 

Todos nós que trabalhamos na Umbanda estamos ligados por um fio mental que nos coloca em permanente contato, e é através dele que somos acionados sempre que a Umbanda de nós precisar, para nos reunirmos em Aruanda.

-É lá que são traçadas as diretrizes da Umbanda? - questionou Leonel.

-Sim - respondeu Piraju. - Em Aruanda, todos aqueles que trabalham na Umbanda se reúnem para trocar experiências e resolver importantes questões ligadas aos trabalhos que são realizados. Aruanda não é uma cidade cheia de índios e escravos. É um lugar de encontro, de repouso e de estudos voltados à prática da Umbanda aonde qualquer um pode ir. Mas, como disse anteriormente, cada um de nós segue para um local diferente, onde nossa ajuda é solicitada. Quando, por qualquer motivo, precisamos nos reunir, somos imediatamente contatados através desse fio mental que nos une e nos dirigimos para lá.

- Se entendi bem, -prosseguiu Martha-, Aruanda não é um lugar de moradia espiritual que aloja Caboclos e Pretos Velhos, mas um ponto de encontro para todos aqueles ligados pelo mesmo fio mental que os convoca e reúne quando é preciso.

-Pode ser que, eventualmente, haja espíritos morando por lá, mas o que quero dizer é que isso não é um padrão, não é obrigatório. Aruanda é uma cidade astral livre e franqueada a qualquer um que tenha interesse na prática e nos estudos da Umbanda. E estamos todos ligados a ela por um elo mental, pois o que nos une é a mente ligada no propósito comum, não importa onde estivermos.

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro





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Orixá não é Privilégio do Candomblé

Orixá não é privilégio do candomblé


Hoje recebi uma mensagem de um seguidor perguntando sobre o Orixá na Umbanda, na verdade questionando em tom de que a Umbanda não deveria cultuar o orixá porque é um culto a espíritos, ou seja guias espirituais. Enfim, essa é uma questão muito antiga e que gera um desconforto entre umbandistas e candomblecistas (desconforto a meu ver desnecessário, já que passamos pelos mesmos preconceitos).

Há muito o que se refletir em relação ao culto a divindade, começando sobre a reflexão da palavra 'culto', cultuar não significa um padrão e sim um conjunto de ritos ao cultuar alguma divindade e/ou outros; Uma outra reflexão a se fazer é que Orixá não pertence a religião alguma, se fosse para pertencer alguém ou algo o mais ''coerente'' seria pertencer a Nigéria e suas diversas localidades Nagô/Yorubá, onde não existia um culto padronizado ao orixá e sim cultos em diferentes localizações, pois, esse padrão de culto ao Orixá entre quatro paredes com um agrupamento de culto a alguns orixás que em forma de revezamento (me expresso assim para leigo entender) se manifestam em seus momentos é um padrão formalizado no Brasil (Candomblé), se esse padrão existe na África foi levado pra lá e não vindo de lá. E se o orixá pertencesse a África deveríamos então selecionar cada força vibratória (cada orixá) para uma localização, já que na África cada cidade/nação cultuava um, dois ou mais orixás (não chegava a dez), entretanto, em pequenos ritos rotineiros se referiam a mais de 400 orixás. Agora de fato, se o orixá pertencesse há alguma localização, ele não tinha entrado no barco e através dos africanos se miscigenado no Brasil em diversos cultos, rituais e segmentos, vamos deixar a arrogância de lado e lembrar que Orixá sabe o que faz e sabia aonde seria cultuado. Quem somos nós pra dizer ao orixá que ele não deve estar em algum território?

Bem, o Candomblé padronizou o culto aos Orixás, entretanto, lembrando que não existe um Candomblé e sim vários, dos quais representam nações, origens diferentes e/ou miscigenações de povos, o padrão ritualístico é bem diferente dos diversos ritos africanos, porém, formalizaram algo mais próximo de suas rotinas, implantaram os ritos numa nova forma de manifestar o orixá em cultos (Ressaltando que o Candomblé foi formalizado pelos Bantos no Brasil através do culto aos Inquices cerca de 200 anos antes da chegada dos demais povos africanos). É importante frisar a palavra implantação, porque essa palavra é a chave para desvincular o sentimento de possessão de alguns religiosos no Brasil, principalmente referente a possessão das divindades africanas, a implantação ocorreu desde o continente africano antes do ''descobrimento'' do Brasil, na África por conta de suas passagens históricas tivemos muitas divindades implantadas nos cultos nagôs/yorubás, como alguns Voduns que são divindades do Povo Fon (Djedje), como o exemplo de Nanã e Xoroquê. Esse tipo de implantação é visto como uma necessidade espiritual que de forma respeitosa se implantou dentro de um culto ou segmento já padronizado. Desta forma, é errado o culto a Nanã fora do padrão Jejê (Djedje)? Vamos devolvê-la ao povo Fon e retirá-la do Povo Yorubá?

Assim aconteceu com a Umbanda, da qual é uma religião padronizada pelos Guias espirituais, uma religião doutrinada por eles, da qual tem todo o seu objetivo o culto aos guias espirituais, entretanto, em algum momento de sua história (e não me refiro a história de 1908 pra frente, não sigo esse pensamento) a necessidade desta implantação ocorreu e a mesma não foi imposta pelo homem ou a sua vontade, mas sim pelos guias espirituais através de uma passagem histórica, de uma miscigenação, porém, implantaram os orixás diante um segmento padronizado e com sua identidade formada. Na realidade a implantação do orixá na Umbanda não veio em forma de iniciação ao orixá ou de uma espécie de segmento ao Orixá, ela veio em forma de zelo ao orixá em sua manifestação que está desde a formação de nossas almas a tudo que fazemos, pois o orixá está manifestado em nós e na natureza, somos a manifestação dele. A Umbanda não abandonou sua identidade e muito menos a modificou, apenas através dos guias acrescentou um zelo e respeito que muitos adeptos despercebiam, por isso, a presença do orixá na Umbanda é como a presença do orixá em nossas vidas, não há iniciação a Orixá e nem se vive pro Orixá, nós encaramos que ele vive em nós e através de nossa integridade espiritual e moral estaremos acompanhando a pureza de nossos orixás e a presença deles sobre nossas cabeças. A manifestação e os ritos implantados na Umbanda (que não advêm do Candomblé) surgem diante a identidade do segmento umbandista e não com a aparência da falta de identidade. Os rituais em comuns aos olhos do leigo ou do iniciante pode ocorrer, entretanto, dos praticantes não, saberão diferenciar e que se tratam de rituais INCOMUNS, mas vindo de culturas em comuns, culturas afins.

Não preciso entrar em detalhes dos preceitos aos orixás que ocorrem na Umbanda para explicar a presença através da implantação de seu culto nela, porém, posso dizer que Umbanda tem sua identidade e esta identidade se estrutura no Culto ao Ancestral brasileiro que são os Guais espirituais, que seus adeptos vivem para os guias, assim como os adeptos do Candomblé vivem para o orixá, vodum ou inquice, posso dizer que Umbanda não usa de bengala rituais para preencher vazios, pois nossos guias espirituais preenchem nossas necessidades e a necessidade de nossa religião, por isso vivemos por eles em nossas missões, e por mais que muitos titulam a Umbanda como ''Umbandas'' e usam diversos codinomes justificando rituais copiados e sem fundamentos como ''vertentes'' ou ''implantações, na Umbanda não se tem saída de Orixá , não se tem iniciação a Orixá, entre outros que adveio da formalização do Candomblé, na Umbanda se tem a presença do Orixá diante uma identidade de um culto formalizado por Guias Espirituais (espíritos) e assim como o candomblecista se satisfaz com sua divindade, o juremeiro com seu mestre, eu como umbandista estou satisfeito com meus guias, essa é minha missão, nasci pro Povo de Aruanda e não preciso preencher buracos em meus cultos porque os guias não deixam buracos. O orixá em nossos altares representam o nosso princípio como seres espirituais, o princípio de nosso mundo e o princípio de nosso viver, cantamos e os louvamos em prol de fortalecer as nossas energias advindas dessas forças puras da natureza, a presença do orixá na Umbanda é como a presença do orixá em tudo que se tem vida e vida não tem dono, apenas criador e se chama Olorum para os Yorubás e Zambi Apongo para os Bantos, enfim, se chama Deus!

Viva a ancestralidade africana! Viva a cultura indígena! Viva a cultura afro-brasileira! Viva a nossa ancestralidade brasileira!

Meu respeito pra quem é de respeito!

Pai Lazinho do Quilombo




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09/12/2016

Sobre as Guias: Umbanda x Kardecismo


- As guias não são colares de enfeite. Podem ser bonitas, brilhantes e coloridas, mas sua função não é o embelezamento. Servem de facilitador para a conexão do médium com a entidade que representam. Podem também funcionar como elemento de proteção, atraindo a vibração da entidade para o campo áurico da pessoa.

- As guias são imantadas, não são? - observou Lilian, e Eleonora assentiu. - Podemos dizer então que são uma espécie de amuleto?

- Pode-se dizer que sim.

-Mas, então, como conciliar sua utilização com a doutrina de Kardec, que nós seguimos, quando ele diz que amuletos e talismãs são dispensáveis? Não há aí uma incoerência? Ou a Umbanda contradiz a doutrina de Kardec?

- A Umbanda não veio para segregar, mas para somar aos ensinamentos que levam ao engrandecimento do homem. E nenhuma religião se contradiz. Existem formas de ver. Para uns, há os espíritos de caboclos e pretos velhos. Para outros, tudo é o espírito santo. Que diferença isso faz?

- Nenhuma. Contudo, a contradição ainda persiste.

- Não há contradição. A doutrina de Kardec dispensa o uso de amuletos, mas não os proíbe e nem poderia. Assim como nós dispensamos o uso de roupas coloridas, mas temos que reconhecer a sua eficácia para determinados segmentos religiosos. Assim também as guias e demais elementos, pois a Umbanda trabalha com a manipulação das energias daí provenientes, enquanto Kardec as considera desnecessárias, porque concentra a sua força no poder mental da oração.

- Então, quer dizer que só os elementos bastam para os trabalhos na Umbanda?

- Umbanda é magia, e os elementos nada são sem a vontade e o pensamento. Eles são apenas facilitadores, e há segmentos religiosos que o dispensam.

- Qual é o melhor método? - Perguntou Nádia.

- Não existe o melhor. Existe o ser humano que deve procurar a sua melhora em qualquer religião, culto ou seita.

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro






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07/12/2016

O Orgulho na Visão de Jurema das Matas

De toda a sorte, aprendi com a vida o valor exato do orgulho. É o orgulho que nos dá o reconhecimento do que somos e podemos, desde que não nos deixemos envenenar pela soberba, a presunção e a arrogância. Quando isso acontece, nós decaímos, mais uma vez, pelas veredas da ilusão e nos atribuímos uma importância maior do que qualquer um pode ter nesse mundo de enganos.

Ninguém que habite este planeta está em condições de merecer o título de melhor, supremo ou absoluto. Ninguém. Somos todos partes do Um, que não se fragmenta nem se divide, apenas se irradia em diferentes direções. E todas essas centelhas, um dia, inexoravelmente, tornarão à fonte da qual partiram para resplandecer numa única flama de amor.

Se é assim, então, por que perder tempo alimentando o orgulho que destrói, que invalida e engana? Basta olharmos a natureza para percebermos o tamanho da nossa pequenez. Que arrogância é essa que nos faz pensar que somos absolutos, quando o desconhecido ainda ocupa a maior parte de nossas vidas? Como pode alguém que conhece tão pouco do universo pretender ter a última palavra no sentido da verdade?

E o que é a verdade senão aquilo que nosso coração sente como a resposta indizível ao nossos questionamentos mais profundos?

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro






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