Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

22/02/2015

A Ética do Filho-de-santo


Este texto trata de algumas reflexões particulares que tenho feito sobre a ética que deve existir na relação mestre-discípulo, pai/mãe-de-santo e filho-de-santo, dentro da religião Umbandista.

“Difícil não é ser mestre. Difícil é ser discípulo”. Porque "mestre"muitos acham que são ou podem ser.

O Sacerdote ou a Sacerdotisa dentro da religião de Umbanda (pai ou mãe-de-santo) detém as chaves e os conhecimentos fundamentais da raiz e da tradição umbandista que cada terreiro possui.

Como pessoas mais velhas dentro da tradição religiosa, que construíram o seu caminho antes de nós, o pai e a mãe-de-santo são reconhecidos como sendo capazes e capacitados para exercer sua função de líderes espirituais de uma comunidade de terreiro. Isso porque nosso pai/mãe-de-santo foram também filhos-de-santo daqueles que os precederam e passaram por um longo período de formação e aprendizado para estarem onde estão.

Na minha visão, quando uma pessoa escolhe uma casa de umbanda para frequentar, principalmente se na condição de médium, ela deve tomar essa decisão verificando se aquele templo dispõe de princípios de trabalho que se entendam como sendo ricos e coerentes com as expectativas que esta pessoa possui em sua busca espiritual.

Com mais destaque, quando falamos daquele que será nosso pai/mãe espiritual. Devemos reconhecer essa pessoa como sendo portadora de valores ético-morais com os quais nos identificamos e como alguém de grande experiência na vivência umbandista, sendo ela quem irá guiar o discípulo pela estrada da iniciação, em cuja imagem e exemplo devemos nos inspirar.

Não quero dizer que tenhamos que cultuar, idolatrar e, muito menos, bajular a pessoa de nossa mãe/pai de santo. Tão pouco devemos procurar nela a imagem de um santo ou anjo perfeito e infalível, que está a nossa disposição para resolver todo e qualquer problema de nossas vidas, coisa que está muito distante da realidade de qualquer ser humano. Contudo, nosso mestre deve ser tido como alguém merecedor de grande estima e respeito de nossa parte.

Uma vez que escolhi aquela determinada pessoa para ser minha mãe-de-santo ou pai-de-santo, a ponto de dar a ela a minha coroa, a minha cabeça para ser “feita” e, consequentemente, comprometi-me com ela e com a minha comunidade de santo em ligações espirituais de profundidade, é porque reconheço-a como sendo plenamente capacitada para me guiar e orientar em minha vivência religiosa/espiritual dentro das Leis de Umbanda.

O filho-de-santo deve compreender que desrespeitar o seu Mestre Espiritual é desrespeitar o terreiro que frequenta, os Guias e Mentores da Casa e os irmãos-de-santo que lhe compartilham da vivência religiosa. Fazer piadas e debochar do Mestre demonstra uma personalidade infantil e ególatra, que se pretende ser auto-suficiente e substituir a figura do pai/mãe-de-santo pela sua própria. Mostrar despeito e desconsideração para com os ensinamentos e/ou advertências do líder religioso é achar-se melhor capacitado e mais experiente do que seu próprio mestre.

Na condição de filho-de-santo, gostaria também de colocar que essas situações são muito do gosto daqueles seres espirituais que habitam as trevas do mundo espiritual, os quais se valem destas aberturas que damos em nossos pensamentos mal conduzidos para insuflar essas atitudes infelizes, minando nossas resistências morais, provocando a dúvida e o desrespeito para com a Mãe ou o Pai-de-Santo, numa tentativa de desvirtuar e fazer falir as atividades benéficas e de auxílio que o templo religioso desenvolve.

Portanto, minha postura deve ser pautada em uma ética de respeito ao meu sacerdote/sacerdotisa. Suas palavras e ensinamentos devem ser sempre ouvidos em silêncio, mesmo que no momento não compreendidos, para serem posteriormente meditados pelo filho-de-santo para entender o sentido de suas lições. Caso determinadas colocações ou atitudes do babalorixá/yalorixá tenham causado dúvidas, discordâncias ou qualquer sentido de contrariedade para o filho-de-santo, este deve pedir uma conversa particular e direta com seu pai/mãe espiritual. Jamais colocar sua contrariedade como objeto de discussão pública dentro do terreiro. Porque muitas vezes, as razões que levaram o líder religioso a tomar determinadas posturas e medidas estão de acordo com a visão que este possui na sua condição de líder e de pessoa mais experiente, e que ainda escapa ao filho-de-santo uma compreensão integral a respeito, justamente por sua inexperiência. Sendo assim, na ética imposta ao filho-de-santo, jamais este deve fazer da figura, das atitudes e das palavras de seu pai/mãe-de-santo um motivo de piadas, de deboches e de despeito, denotando completo desrespeito para com seu líder religioso, assim como para com a comunidade que o rodeia.

Agora, cumprir obrigação para com a comunidade de santo não significa, somente, estar presente nas giras e nas datas festivas, uma vez que isso é algo que o filho-de-santo irá fazer dentro da sua disponibilidade de tempo dada pelo seu momento de vida e das atribuições de responsabilidades a que esteja vinculado ou de acordo com a regra de cada casa. Cumprir obrigações para com a comunidade de santo é ter uma postura respeitosa para com as regras disciplinares do templo, desde o vestuário recomendado até o comportamento ético que se exige do filho-de-santo dentro e fora do templo, para que sua casa, sua religião, os Guias Espirituais, e seu babalorixá/ialorixá sejam honrados pela sua conduta e seus exemplos.

O filho-de-santo deve procurar ter uma visão “horizontal” do seu templo religioso. Olhar ao redor e perceber que para além da sua contribuição pecuniária mensal, indispensável para o custeio mínimo das despesas do templo religioso, existem atividades necessárias para o bom andamento da casa e que demandam trabalhadores voluntários para a sua realização, podendo o filho-de-santo integrar-se as equipes de limpeza e organização da casa. Pois, quanto mais pessoas interessadas e dispostas a ajudar, menos sobra para um pequeno grupo de irmãos-de-terreiro que acabam ficando sobrecarregados, apesar de sua boa-vontade em ajudar sem enfado, nem reclamação.

Falando de irmãos-de-santo, a postura ética com respeito aos irmãos de terreiro. Irmão de santo ou de terreiro é, primeiro e antes de tudo, nosso parceiro de vivência espiritual e religiosa. Não deve ser visto como colega de bar. Naturalmente, o terreiro não deixa de ser um local próprio para uma experiência de cunho social e é completamente aceitável e saudável que as pessoas criem laços de amizade e de afeição umas pelas outras. Entretanto, isso não deve servir para que os irmãos-de-santo se vejam, dentro do ambiente do terreiro, como estando em um churrasco em casa familiar, na qual se vai falando todo o tipo de assunto, piadas, provocações, brincadeiras, etc.

As conversações devem ser colocadas em um nível coerente ao lugar onde estão. E o terreiro é um templo religioso para onde vão pessoas buscando encontrar sentidos maiores para a sua vida, capazes de fazê-las suportar as provações pelas quais estão passando.

Da mesma maneira, olhar ao redor e perceber o público que busca a sua casa. Pessoas com problemas de saúde, com dificuldades no lar, desempregadas, vivendo dramas os mais variados e inimagináveis. Elas merecem um ambiente sereno e silencioso, onde podem orar e encontrar paz interior, contando com pessoas (filhos-de-santo) educadas, respeitosas e atenciosas? Ou merecem ver pessoas como se estivessem num clube social, em conversações despreocupadas, barulhentas, sobre coisas que nada tem a ver com o ambiente religioso onde estão?

Quem constrói um ambiente de paz ou de balburdia são os próprios filhos-de-santo da casa, uma vez que são os seus trabalhadores.

Assim, provocar situações que demonstrem desrespeito para com a pessoa do Líder Espiritual, seja fazendo piadas, debochando de suas advertências e lições, com pouco caso e despeito, desconsiderar o ambiente ao seu redor e entregar-se a condutas e conversas relaxadas em igual desrespeito para com os irmãos-de-terreiro e, principalmente, para com aqueles que buscam a sua casa de Umbanda em busca de amparo e consolo, é lançar sobre si mesmo o peso das Leis de Umbanda e, por mais que tais atitudes infelizes possam passar despercebidas ou mesmo serem fechadas ao conhecimento de seu Mestre Espiritual, jamais elas estarão desconhecidas dos Guias e Mentores do Templo, os quais tudo vêem e tudo sabem a respeito de cada um dos filhos-de-santo ligados à sua tradição.

Concluindo, quero enfatizar que é imprescindível uma postura ética e de estima para com a Mãe e o Pai-de-santo do terreiro. São eles os sustentáculos humanos dentro de cada tradição umbandista, são eles que detém as chaves da iniciação e a experiência construída antes de nós, capazes de nos ligar ao Sagrado e nos orientar na jornada espiritual dentro das Leis de Umbanda que escolhemos seguir, por vontade própria, os quais devemos honrar a todo momento, com nossa atitude de respeito, carinho e, acima de tudo, com nossos exemplos de retidão de conduta e melhoria como seres humanos dentro e fora do terreiro.

Gregorio Lucio









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15/02/2015

As Muitas Interpretações no Universo da Umbanda

As Muitas Interpretações no Universo da Umbanda - Por Ednay Melo


A interpretação dá margem à imaginação!

Nós, seres humanos, recebemos constantemente estímulos através dos nossos sentidos e o estímulo que necessita ser compreendido é interpretado por nós de acordo com o nosso arquivo mental e capacidade intelectual.

A linguagem é a nossa ferramenta mais preciosa de comunicação. Existem a verbal, com palavras escritas ou faladas e a não verbal, que são sinais, gestos, posturas e tudo que seja transmitido sem o auxílio direto das palavras.

Os espíritos convivem conosco a toda hora e estão sempre nos enviando informações. A informação espiritual é previamente adequada à capacidade de entendimento de quem se destina. Pode ser verbal, utilizando a mediunidade de psicofonia, audiência e psicografia, e não verbal utilizando-se a mediunidade mais abrangente que é a intuitiva. A língua pode ser culta ou formal e pode ser coloquial ou informal.

Logo, se os espíritos querem transmitir uma mensagem a um simples homem do campo, jamais se utilizarão da língua culta e sim da coloquial informal com um mínimo de variantes para o seu fácil entendimento.

E quando os espíritos transmitem uma mensagem para várias pessoas, com variados graus intelectivos? É o que justamente vemos nos terreiros de Umbanda, pessoas de diversas classes sociais e nível de instrução, porque a Umbanda veio para todos, sem distinção.

Com certeza eles têm o cuidado de adequação das palavras que sirvam para todos.

E por que nós, médiuns umbandistas, também não temos esse cuidado ao transmitir o que interpretamos deste intercâmbio com os espíritos?

O fato é que existem interpretações várias, pois variadas são as pessoas. Será que existe apenas uma verdadeira? Ou serão todas verdadeiras e apenas diferentes? Como chegar a um consenso de ideias na Umbanda? Enquanto não houver o respeito pelo limite do outro, nunca haverá consenso. Lembro sempre da colocação do espírito André Luiz: "Cada um está na religião que é capaz de entender!", levando esta frase para o nosso tema: Cada um interpreta a mensagem espiritual da forma que é capaz de entender, não é errada, pode ser diferente da do outro, mas é o que ele naquele momento entende.

Lembremos da simplicidade em todas as coisas que a Umbanda nos ensina. A título de exemplo, existe algo mais fatigante do que estudar as sete linhas dentro da literatura umbandista? Cada um transmite a salada de ideias que entende e assim, mais desinformadas ficam as pessoas que querem aprender. Será que os espíritos concordam com as ideias que confundem mais do que esclarecem? Sinceramente, acho que não.

Observamos com frequência a tentativa de explicação de tudo o que acontece no universo da umbanda. Recentemente tive a oportunidade de conhecer a interpretação de um irmão de fé de alguns pontos cantados e eu não consegui interpretar da mesma forma... Logo me veio o pensamento e a intuição para escrever este texto: A interpretação dá margem à imaginação!!!

Humildade e simplicidade sempre na nossa Umbanda! Por favor!

Ednay Melo




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Pontos de Força de um Terreiro

Pontos de Força de um Terreiro


Os assentamentos são pontos de forças distribuídos pelo espaço físico do Terreiro, carregados de energias espirituais e compostos por elementos magísticos como imagens, água, cristais, pembas, velas, ervas, flores e demais elementos característicos do trabalho do Orixá ou Guia a quem pertence o assentamento. Sua função é receber e expandir a energia espiritual, bem como ser ponto de proteção e também de descarrego. Serve também como ponto de concentração e vibração dos pensamentos, direcionando a fé e facilitando o transe mediúnico. Para consagrar os elementos do assentamento é preciso direcionar o objetivo com rituais próprios de cada Casa, o ideal é que estes elementos sejam consagrados nos Reinos da Natureza.

As firmezas são as forças que mantém a vibratória energética dos assentamentos, como a alimentação e a iluminação, tendo a força do pensamento como princípio fundamental para toda e qualquer dinâmica espiritual.

Os pontos de força de um Terreiro devem ser respeitados por todos os que adentram o solo sagrado, deve-se reverenciar às forças espirituais que ali vibram, pedindo licença, proteção e a permissão para ali permanecer.


Congá ou Altar

É o assentamento de todos os Orixás e Guias, que pode ter imagens ou não, vai depender da orientação espiritual dada ao Sacerdote, geralmente são usados os elementos água, ervas, flores, velas, cristais, pembas e material específico das entidades daquela casa.


Pode-se fazer Altar na residência?

            Não, não pode. Exceto sob orientação e supervisão do Sacerdote, que por sua vez deve saber o que faz. A princípio, não é nada demais ter altar em casa, traz benefícios servindo como ponto de força de proteção e local onde o fiel pode direcionar as suas preces e entrar em contato com o Sagrado. Mas não é só isto. Quem estuda sobre o mecanismo das obsessões sabe perfeitamente que espíritos oportunistas podem se aproveitar deste local, que não tem as defesas de um Terreiro, para se passar por espíritos de luz que nele estão representados, e a partir daí mantém a pessoa sob o seu domínio. O leitor pode estar se perguntando: “... e os espíritos de luz permitem?” Sim, permitem se for o merecimento, pois quem atrai os obsessores são os próprios obsidiados com seus pensamentos e ações desvirtuados. Ver capítulo 8 sobre obsessões. Na residência, pode-se fazer firmeza para o Anjo da Guarda, também sob a orientação do Sacerdote e, ao lado desta firmeza, pode-se eventualmente fazer firmezas para Orixás e Guias. As firmezas, nestes casos, devem ser feitas, basicamente, com os elementos água e fogo, através da queima de velas.


Tronqueira ou Casa dos Exus Guardiões

É o assentamento dos Exus Guardiões, ponto de força de proteção, defesa e descarrego, onde também são usados os elementos que são pedidos pelas próprias entidades. Geralmente usa-se os tridentes específicos do Exu e da Pomba Gira, bebidas que podem ser o marafo (aguardente) para o Exu e a cerveja ou a champagne para a Pombagira, velas, pembas, charutos, cigarros e qualquer outro elemento indicado pelos Guardiões daquele Terreiro.


Cruzeiro das Almas

É o assentamento do Orixá Omulu, cujos desdobramentos são os Pretos Velhos. Ele é composto basicamente por uma cruz, como a que encontramos nos cemitérios para acender velas.


Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo




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07/02/2015

Caboclos Boiadeiros na Umbanda

Caboclos Boiadeiros na Umbanda

A Linha dos Boiadeiros apresenta-se geminada com a linha dos Caboclos de Oxossi, traz o arquétipo dos homens valentes que tangem e capturam as suas boiadas na força do laço, como também as conduz para os pastos afim de saciar suas fomes e matar suas sedes.

Na Umbanda conduzem os espíritos que não respeitam a Lei e a Ordem para que não interfiram nos trabalhos realizados dentro dos Terreiros, agem como verdadeiros dispersores de energias negativas das pessoas e ambientes. Sua incorporação é forte e a sua dança imita o boiadeiro que gira o braço com o seu chicote para laçar seu alvo.

Esta entidade de luz espiritual, o Boiadeiro, auxilia o médium quando este precisa ser reconduzido em seu caminho evolutivo. Sua energia é de mais fácil sintonia com o médium encarnado, por lidar com dimensões vibratórias e fluídicas mais densas e mais próximas ao mundo material. Portanto, a voz interior que conduz a outros caminhos melhores, muitas vezes, é a voz de um boiadeiro.

São importantes nos trabalhos de desobsessão para encaminhar "a força" os espíritos endurecidos que se negam a colaborar em benefício de si próprio, tendo que serem "tangidos" do ambiente para não prejudicarem outros espíritos e médiuns no Terreiro.

São espíritos que já reencarnaram não necessariamente como boiadeiros e vaqueiros, mas que trazem o arquétipo valente e destemido deste homem rural, forte, leal e justiceiro.

Caboclo Boiadeiro é uma linha auxiliar de trabalho que atua próxima a linha dos Caboclos de Oxossi, e cumpre sua missão com muito compromisso dentro da Umbanda. São duas linhas, Caboclos e Boiadeiros, que se completam, se harmonizam e carregam o arquétipo da coragem, da disciplina, da luta e da bravura.

Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo



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02/02/2015

O que é Axé na Umbanda


Axé na umbanda por Ednay Melo

Axé é energia do astral superior, é o poder vibratório dos Orixás. Tudo o que está em sintonia com Deus tem axé, portanto, axé é vida, é energia condensada (vida material) e fluídica (vida espiritual) que vem de Olorum. Sinteticamente, axé na Umbanda é a energia sagrada que vem de Deus através dos Orixás, isto é, através de toda a natureza.

Na Umbanda o axé é dinamizado, é energia em constante movimento, pois a Umbanda lida mais diretamente com as forças da natureza, os Orixás.

Os Falangeiros dos Orixás que se apresentam nos nossos Terreiros nos trazem axé por meio da dança, do brado, da manipulação energética com os quatro elementos: água, fogo, terra através das ervas e ar através dos fluidos, todos eles presentes no sítio vibracional (mar, rios e cachoeiras, matas, etc) do Orixá que estiver em terra naquele momento da Gira.

Quando se está presente em uma Gira de Umbanda com o coração, isto é, com fé e amor, é possível entrar em um estado de equilíbrio físico, psíquico e energético, porque estas virtudes abrem o canal por onde flui o axé dos Orixás em benefício do fiel.

Arriar uma oferenda na natureza é também um meio eficaz de receber axé dos Orixás, mas também é preciso fé e amor.

Muitas vezes não é preciso nenhuma magia, nenhum tratamento espiritual para o fiel alcançar os propósitos que o levaram a um Terreiro de Umbanda, seja a busca da saúde, do equilíbrio material ou espiritual. Basta sua fé, humildade e amor nas Giras e louvações aos Orixás, atrelados à permissão de Deus e ao seu merecimento, para receber o axé dos Orixás, com tudo o que ele precisa para o seu equilíbrio e crescimento.

Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo

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25/01/2015

Obsessão e Auto-Obsessão: Quem é o Culpado?


Obsessão e Auto-Obsessão: Quem é o Culpado?

Diante de nossa disposição em permanecer na condição de vítimas, nos habituamos a culpar o mundo externo pelos fracassos e insucessos. A família, o chefe, a situação econômica, a política, o tempo ou ainda, o obsessor, são os vilões.

Nossa vida está difícil, os relacionamentos não dão certo, as finanças vão mal, e sempre existe um culpado, que claro, não somos nós.

Temos o hábito negativo de colocar a responsabilidade sempre no outro e muitas vezes no obsessor, esquecendo, contudo, que nós o atraímos face ao nosso estado vibracional.

A única diferença entre nós e um obsessor é que ele está desencarnado e nós no corpo físico, mas ambos com sentimentos, emoções e pensamentos, inclusive negativos.

Esquecemos que a maior e mais silenciosa forma obsessiva é a auto-obsessão, que sem sombra de dúvidas, praticamos. Não percebemos que mesmo no veículo carnal, agimos como obsessores em muitas situações.

Há auto-obsessão quando nos depreciamos, nos cobramos demais, nos criticamos, vendo somente nossos defeitos, isso porque esquecemos de nossa origem divina.

Quantas vezes mantemos uma conduta, um comportamento obsessivo, querendo algo, alguém, que nem sempre vai ao encontro de nossa missão evolutiva...isso é auto-obsessão.

Fingimos para os outros e às vezes até para nós mesmos que somos bonzinhos, nos surpreendemos com atitudes egoístas de outras pessoas, fingimos não sentir nada maléfico, mas nosso coração diz ao contrário, porém, o orgulho nos cega, nos cobre com o véu de maia.

Somos obsessores de nossos semelhantes quando julgamos, queremos sempre ter razão, e pousamos de espiritualistas comprometidos.

Somos assediadores quando controlamos as pessoas, acreditando que fazemos por amor, que nossas verdades são absolutas.

Quando defendemos muito uma opinião, de forma intolerante, mesmo que universal, mostra que há preconceito, pois não aceitamos o novo e o diferente e, outra vez estamos impondo, dizendo o que é melhor.

Agimos como obsessores quando sentimos inveja, raiva, ódio de quem está próximo e confundimos esses sentimentos, na verdade fingimos que estamos sendo injustiçados e estamos certos em manifestá-los.

Obsediamos quando culpamos o outro por nossa realidade conflitante, quando esquecemos que os sentimentos negativos internos são oportunidades de aprendizado e evolução consciencial.

Obsediamos um familiar que já desencarnou quando não nos conformamos com sua partida, o chamamos, cremos que somos os coitadinhos, porque fomos deixados.

A pessoa que desencarnou e está agindo como assediador não é melhor, mas nem pior que nós...é nosso irmão que está desorientado, como nos sentimos muitas vezes, aqui na Terra.

É pura arrogância acreditar que quem desencarnou tem que dar exemplo e que o obsessor é o vilão...certamente em vidas passadas já fomos obsessores também. Afinal, se fossemos bonzinhos, não estaríamos aqui, mas sim em um plano evolutivo superior, portanto, estamos todos no mesmo barco.

Será que após o nosso desencarne, com inúmeros sentimentos negativos que possuímos, seremos melhores do outro lado? Pensemos nisso com carinho, a fim de verificar o que precisamos curar e compreender ainda nesta existência.

Outro ponto importante é não ter medo extremo, achar que tudo que acontece em nossa vida de negativo é porque existe algum desencarnado perto, que somos crianças indefesas.

Nada disso, pois com nossa vibração, atraímos quem está na mesma freqüência, de sentimentos, emoções e pensamentos, então não pense que somos as vitimas e o obsessor o culpado. Sempre existe uma união de sintonias, uma afinidade energética.

Colocar a culpa em um ser desencarnado revela falta de maturidade emocional e espiritual. A pessoa que está sintonizada com uma energia obsessiva vibra na mesma freqüência, ou seja, sente, pensa, manifesta as mesmas emoções e sentimentos.

No universo, semelhantes se atraem, é uma lei universal e não tem como ser diferente. É preciso modificar o estado vibracional, sem culpar ninguém.

A pior obsessão é a auto-obsessão, que é silenciosa e disfarçada, e ela que abre caminho para as demais formas obsessivas.

Portanto, se queremos paz, amor, tranquilidade na vida, com energias positivas, companhia de mestres e anjos, nessa energia temos que vibrar. Temos que fazer a nossa parte, agirmos com mais seriedade e discernimento espiritual.

Fonte: Luz da Serra







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Vidência e Clarividência Segundo o Espiritismo


Vidência e Clarividência Segundo o Espiritismo


É comum encontrarmos, entre aqueles que iniciam os estudos e o desenvolvimento da mediunidade, o desejo (muitas vezes secreto) de adquirir a vidência, isto é, a faculdade de ver os Espíritos.


Inicialmente, é preciso buscar, nas orientações de Kardec em “O Livro dos Médiuns”, sua definição para médiuns videntes (cap. 14 da Segunda Parte, item 167):

Vidência e Clarividência Segundo o Espiritismo

“Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os Espíritos. Há os que gozam dessa faculdade em estado normal, perfeitamente acordados, guardando lembrança precisa do que viram. Outros só a possuem em estado sonambúlico ou aproximado do sonambulismo. É raro que esta faculdade seja permanente, sendo quase sempre o resultado de uma crise súbita e passageira.”


Já em relação ao que se costuma denominar como clarividência, Kardec tratava como segunda vista ou dupla vista e é no livro “Obras póstumas” que ele trata especificamente desse tema. A diferença entre a vidência simples e aquilo que denominamos clarividência fica bem delineada nos comentários de Kardec. Em linhas gerais ele conclui que o médium vidente comum vê os Espíritos porque são estes que se fazem ver; em outras palavras, é o Espírito que quer ser visto e assim, se manifesta ao médium vidente, que assim registra sua presença.


Nas pessoas que possuem a clarividência, ou segunda vista, segundo Kardec, a visão do mundo espiritual e dos Espíritos é algo natural, ocorrendo no estado de vigília, sendo sempre natural e espontâneo. Isso fica claro nessas palavras que ele anotou em Obras Póstumas:


“É de notar-se que as pessoas dotadas dessa faculdade não suspeitam possuí-la. Ela se lhes afigura natural, como a de ver com os olhos. Consideram-na um atributo de seu ser e nunca coisa excepcional”.


Outro ponto importante em relação à segunda vista é que ela se desenvolve segundo a moralidade de quem a possui, conforme esclarece Kardec:


“Esse dom da segunda vista é que, em estado rudimentar, dá a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma espécie de segurança aos atos, o que se pode com justeza denominar golpe de vista moral. Mais desenvolvido, ele acorda os pressentimentos, ainda mais desenvolvido, faz ver acontecimentos que já se realizaram, ou que estão prestes a realizar-se; finalmente, quando chega ao apogeu, é o êxtase vigil.” (vigil é sinônimo de acordado).


Com as elucidações de Kardec sobre o tema, pode-se concluir que a percepção do mundo espiritual se amplia conforme vamos progredindo espiritualmente. Aqueles que a Igreja consagrou como santos, muitos eram portadores da segunda vista e entravam em verdadeiros êxtases diante das visões do mundo espiritual. Em compensação, o médium vidente comum só vê um Espírito se este quiser ser visto.


Como a vidência é um fenômeno subjetivo, é preciso estar atento sobre os fatos que os médiuns videntes narram sobre aquilo que vêem, já que muitos, na ânsia de algo mostrarem, acabam sugestionados pela própria imaginação exaltada. Por esse motivo, é sempre necessário conhecer a índole, o caráter e a moralidade daqueles que dizem ser videntes.


O exemplo mais próximo que possuímos, em nossos tempos, é o de Francisco Cândido Xavier. Ele possuía a segunda vista, ou seja, percebia o mundo espiritual com naturalidade mas, justamente por ser pessoa espiritualmente muito acima da humanidade comum, essa faculdade já era para ele uma conquista.

Por ser portador de rigorosa disciplina, material e principalmente espiritual, por sua fé inabalável, por sua fidelidade aos ensinamentos de Jesus e Kardec, e mais ainda pelo seu imenso amor ao próximo, ele soube conviver com as duas realidades ao mesmo tempo, sem fazer alarde do que presenciava, sem projetar-se pessoalmente com o que percebia.

Para nós outros, a percepção permanente dos Espíritos e do mundo espiritual certamente nos levaria ao desequilíbrio mental.


Muitas pessoas que se aproximavam de Chico, em busca de orientação para a mediunidade, diziam a ele o quanto desejavam ser médium vidente, ao que ele respondia: “quem vê o lírio, também vê o sapo”. Recomendação profunda, em palavras simples. Como estamos longe da evolução espiritual, certamente veríamos mais Espíritos sofredores e perturbados do que Espíritos iluminados; veríamos mais quadros de sofrimento do que cenários da Espiritualidade Superior!


Com base nos ensinamentos de Kardec, sobretudo em “Obras póstumas”, e com os vários exemplos que Chico Xavier nos deixou, podemos dizer: ao invés de ficar tentando ver Espíritos, voltemos nossos olhos para nós mesmos, para nossas imperfeições, para nossa necessidade de reforma interior, buscando adquirir as qualidades que ainda nos faltam.


Ao invés de buscarmos os fenômenos que a vidência pode proporcionar, voltemos nossa atenção para os ensinamentos que a Doutrina Espírita nos oferece, estudando e compreendendo melhor a delicada questão da mediunidade.


Fonte: Grupo Espírita Allan Kardec


(Tema abordado na reunião pública do dia 20 de agosto de 2012)







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