Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

13/10/2013

Origem e História da Umbanda



história da umbanda






A história nos mostra que os negros foram tirados a força de sua terra natal, na África, e trazidos para o Brasil com rancor e ódio em seus corações. Feridos em sua dignidade e distantes da pátria que amavam, muitas das vezes, enganados, feitos prisioneiros e escravos, o que resultou em muitos anos de lutas e dores. Eles tentavam manter seus costumes na cultura e na religião, que se baseava na evocação das forças da natureza, deificadas e personificadas em divindades, que eram uma espécie de deuses, a que cultuavam com todo fervor de suas vidas.

Com o tempo aprenderam a se vingar de seus senhores e déspotas através de pactos com entidades trevosas através da magia negra, que não era outra coisa se não as energias magnéticas da natureza empregadas de forma equivocada. Dessa maneira o culto inicial as divindades da natureza foi se transformando em métodos de vingança e em pactos com essas entidades que assumiam a forma dessas mesmas divindades.

Um mistério envolvia de tal forma essas manifestações religiosas, que se tornava difícil para um leigo saber sua origem e seu significado. Seus rituais eram tão misteriosos, que o povo com seu misticismo natural era constantemente explorado por aqueles que nenhum escrúpulos tinham em relação à fé alheia. Esses cultos acabaram se tornando, na verdade, num disfarce para uma série de atividades menos dignas no campo da magia, o que com o tempo acabou gerando uma atmosfera psíquica indesejável no campo áureo do Brasil.

A psicosfera no ambiente espiritual da nação estava sendo afetada de tal forma pelas energias negativas, que entidades ligadas aos lugares de sofrimento encarnavam e desencarnavam conservando assim o ódio em seus corações. Dessa forma a magia negra foi se espalhando em forma de culto pelas terras brasileiras, de norte a sul do país onde as oferendas eram entregues pelos adeptos desses cultos, que se multiplicavam a cada dia, aumentando ainda mais a crosta mental negativa que vinha se formando sobre os céus da nação.

No Mundo Espiritual reuniram-se então, entidades de alta hierarquia com o objetivo de encontrar uma solução para desfazer essa egrégora negativa que vinha se formando na psicosfera do país. A magia negra teria de ser combatida e seus efeitos destrutivos haveriam de ser desmanchados, de maneira a transformar os próprios cultos degradantes em lugares que irradiassem o Amor e a Caridade, essa era a única forma de modificar o panorama sombrio que vinha sendo criado.

Havia então a necessidade de que os próprios espíritos, mais evoluídos e esclarecidos, se manifestassem para realizar tal cometimento, e assim foram se apresentando, uma a uma, aquelas entidades iluminadas modificando suas formas perispirituais, assumindo assim, a conformação das próprias divindades e de entidades como Preto-velhos e Caboclos, levando a mensagem da Caridade, com o objetivo inicial de desfazer a carga negativa que se abatia sobre os corações dos homens.

Essas entidades seriam o elo de ligação com o Alto, penetraria aos poucos nos redutos da magia negra, os quais ainda se mantinham enganados quanto as Leis do Amor e da Caridade, e iria então transformando, com as palavras e os ensinamentos das entidades, os sentimentos das pessoas. Para isso foi necessário que elevados companheiros da vida maior renunciassem certos métodos de trabalho, considerados por eles mais elevados, para se dedicarem às atividades que aqueles cultos se propunham. A essas entidades, se juntaram antigos espíritos de escravos e índios, que em sua simplicidade e boa vontade, se propuseram a trabalhar para mostrar aos homens suas lições sagradas, auxiliando assim na cura de doenças e na transmissão das mensagens de Amor e Caridade.

Nas sessões espíritas, da época, essas entidades não foram aceitas, pois identificadas sob essas conformidades, preto-velhos e caboclos, eram considerados espíritos atrasados e suas mensagens não mereciam nem mesmo uma análise. Mas com o campo áureo do país mais preparado, mesmo não conseguindo muitas alterações nos cultos, vemos em uma sessão espírita surgir então a UMBANDA, anunciada em 15 de novembro de 1908, em Neves, subúrbio de Niterói, no Rio de Janeiro, pelo espírito que se identificou como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, através do médium Zélio Fernandino de Moraes, então com dezessete anos de idade, usando pela primeira vez o vocábulo “Umbanda” como designação de culto e religião, definindo assim o novo movimento religioso como: “uma manifestação do espírito para Caridade”.



Tudo começou quando Zélio Fernandino de Moraes, nascido em 10 de abril de 1891, no bairro de Neves, município de Niterói, no Rio de Janeiro, aos seus dezessete anos estava se preparando para servir as Forças Armadas, através da Marinha, se acometeu um fato curioso: começou a falar em tom manso e com um sotaque diferente da sua região, parecendo um senhor com bastante idade. De princípio, a família achou que houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou a seu tio, Dr. Epaminondas de Moraes, médico psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em nenhuma literatura médica sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse possuído pelo demônio. Procuraram então um padre, também da família, que após fazer ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado.

Tempos depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente Zélio ergueu-se do seu leito e declarou: "Amanhã estarei curado". No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de Moraes, levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio. Tio Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com a caridade.

O Pai de Zélio de Moraes Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não freqüentar nenhum centro espírita, já era um adepto do espiritismo, praticante do hábito da leitura de literatura espírita e no dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de um amigo, levou Zélio a Federação Espírita de Niterói. Chegando na Federação e convidados por José de Souza, dirigente daquela Instituição, se sentaram à mesa, onde logo em seguida, contrariando as normas do culto realizado, Zélio se levantou e disse que ali faltava uma flor, foi até o jardim apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava o trabalho. Iniciando uma estranha confusão no local, pelo fato ocorrido, ele incorporou um espírito e simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações de caboclos e pretos velhos, sendo advertidas pelo dirigente do trabalho. Então a entidade incorporada no rapaz perguntou:

"- Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?"

Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou:

"- Porque o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?" Ele responde:

"- Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo lhes dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim." O vidente ainda pergunta:

"- Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?" Novamente ele responde:

"- Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei." 

No dia seguinte, 16 de novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, Niterói, aproximando-se das 20:00 horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita, parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos. Pontualmente às 20:00 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou e iniciou o culto usando as seguintes palavras:

"- Aqui se inicia um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam sido escravos, que desencarnaram e não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que terá base no Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo".

Nessa reunião, o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS estabeleceu as normas do culto, sendo que:

· Sua prática seria denominada "sessão" e se realizaria à noite, das 20 às 22 horas, para atendimento público, totalmente gratuito, passes e recuperação de obsedados.

· O uniforme a ser usado pelos médiuns seria todo branco e de tecido simples.

· Não se permitiria retribuição financeira pelo atendimento ou pelos trabalhos realizados.

· Os Cânticos não seriam acompanhados de atabaques nem de palmas ritmadas.

A esse novo culto, que se alicerçava nessa noite, a entidade deu o nome de UMBANDA e declarou fundado o primeiro templo para a sua prática, com a denominação de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, justificando o nome pelas seguintes palavras: "assim como Maria acolhe em seus braços o Filho; a Tenda acolheria os que a ela recorressem, nas horas de aflição". Através de Zélio manifestou-se nessa mesma noite, um Preto Velho, Pai Antônio, para completar as curas de enfermos iniciadas pelo Caboclo.

A partir dessa data, a casa da família de Zélio tornou-se a meta de enfermos, crentes, descrentes e curiosos. Os enfermos eram curados; os descrentes assistiam a provas irrefutáveis; os curiosos constatavam a presença de uma força superior; e os crentes aumentavam, dia a dia. Cinco anos mais tarde, manifestou-se o Orixá Malet exclusivamente para a cura de obsedados e o combate aos trabalhos de magia negra.

Vejamos então cronologicamente os principais acontecimentos da UMBANDA a partir de sua anunciação:

1. 15 de novembro de 1908 - Advento da UMBANDA e fundação do primeiro Terreiro de Umbanda, por Zélio de Moraes, em Neves, subúrbio de Niterói;

2. Novembro de 1918 - O Caboclo das Sete Encruzilhadas dá início à fundação de sete Tendas de Umbanda no Rio de Janeiro;

3. 1920 - A Umbanda espalha-se pelos Estados de São Paulo, Pará e Minas Gerais. Em 1926 chega ao Rio Grande do Sul e em 1932 em Porto Alegre;

4. 1924 - O advento do Caboclo Mirim - Manifestou-se no Rio de Janeiro, em um jovem médium, Benjamim Figueiredo, uma entidade, denominada Caboclo Mirim, que vinha com a finalidade de criar um novo núcleo de crescimento para a Umbanda;

5. 1939 - Os Templos fundados pelo Caboclo das Sete encruzilhadas reuniram-se, criando a Federação Espírita de Umbanda do Brasil, posteriormente denominada União Espiritualista de Umbanda do Brasil, incorporando dezenas de outros terreiros fundados por inspiração de "entidades" de Umbanda que trabalhavam ativamente no astral sob a orientação do fundador da Umbanda.

6. Outubro de 1941 - Reúne-se o Primeiro Congresso de Espiritismo de Umbanda. Outros Congressos havidos posteriormente retiraram acertadamente o nome espiritismo que, de fato, pertence aos espíritas brasileiros, os quais seguem a respeitável doutrina codificada por Alan Kardec. Em suma, o espírita pratica o espiritismo e o umbandista pratica a umbanda ou umbandismo. Neste Congresso foi também apresentada tese pela Tenda São Jerônimo, propondo a descriminalização da prática dos rituais de Umbanda. O autor, Dr. Jayme Madruga, a par de um minucioso estudo de todas as constituições já colocadas em vigência no Brasil, busca também em projetos como o da Constituição Farroupilha e nos códigos penais até então vigentes e no que haveria de vigorar após 01 de janeiro de 1942. Os argumentos mostravam que o caminho da Umbanda começava a ser aberto e que caberia aos Umbandistas buscarem acelerar o processo com declarações e resoluções, partindo daquele congresso, em prol da descriminalização da prática da Umbanda.

7. 1944 - Vários umbandistas ilustres, entre eles vários militares, políticos, intelectuais e jornalistas, apresentam ao então Presidente Getúlio Vargas um documento intitulado "O Culto da Umbanda em Face da Lei" e consegue daquela autoridade a descriminalização da Umbanda. Este fato, apesar de ter sido extremamente positivo, trouxe como subproduto uma perda de identidade muito grande por parte de nossa religião, uma vez que todos terreiros, das mais variadas seitas, incluíram em seus nomes a palavra Umbanda como forma de fugir à repressão policial. Como nossa religião não tinha um rito claramente definido e nem a formação de sacerdotes, o que gera uma hierarquia, ela acabou ficando à mercê dessa deturpação; outro fato que fortaleceu essa descaracterização foi que, sendo um período de crescimento, não se buscava a qualidade dos Terreiros que se filiavam à Federação, ou à União que lhe sucedeu;

8. 12 de setembro de 1971 - Foi criado na cidade do Rio de Janeiro, o Conselho Nacional Deliberativo de Umbanda - CONDU, que congrega as Federações de Umbanda existentes ao longo do país, atualmente, contando com mais de 46 Federações, de norte a sul do país, reunindo representantes de mais de 40.000 Terreiros de Umbanda;

9. Em 1972, em mensagem psicografada por Omolubá, enviada pelo poeta Ângelo de Lys, confirma-se a origem da Umbanda no Brasil, através do médium Zélio de Moraes;

10. Em 1977, o CONDU reconhece, publicamente, como verdadeira a origem da Umbanda no Brasil;

11. Novembro de 1978 - Surge o livro "Fundamentos de Umbanda, Revelação Religiosa", de Israel Cisneiros e Omolubá, que aborda a questão da origem da Umbanda, através de mensagens do astral, trazendo, por fim, após 70 anos de existência da Umbanda, as primeiras bases teológicas e norteadoras da doutrina umbandista, com fundamentos integrais da nova religião e sua verdadeira origem. Após este momento podemos definir como sendo o início desse novo período; assume-se a Umbanda como religião brasileira e começa o primeiro movimento consistente para dar a ela uma base teológica e a criação de uma hierarquia, baseada na formação sacerdotal, fundamental para a manutenção das bases ritualísticas e conceituais.

Decorridos setenta anos de existência da Umbanda no Brasil, compreendidos entre 1908/1978, passou este curto espaço de tempo, porém significativo, a ser conhecido entre os estudiosos da causa como Período de Propagação da genuína força de credo, nascida no século XX, em terras brasileiras. Embora a Umbanda ainda se apresente, muitas das vezes, uma tanto desfigurada, com nuanças religiosas, reconhecemos que isso decorra desse período de propagação, onde no afã de conquistar almas se respeitaram os ambientes regionais, criando assim as adversidades que vemos hoje em dia. Mesmo assim ela nunca deixou, através de seus verdadeiros guias, de oferecer amparo prático, ajuda e orientação, apontando sempre a eterna chama da esperança em dias melhores, calcados, naturalmente, na ação correta á cada instante, na cordura, no companheirismo e na fraternidade.

Os mentores da Umbanda, sediados em Aruanda, cidade localizada no plano astral, já haviam determinado sabiamente o procedimento normativo, religioso para os setenta anos posteriores, 1979/2049, como sendo o período de Afirmação Doutrinária. Obviamente, a doutrina de Umbanda ficará como ponto essencial para a estabilidade desse movimento, no estudo constante e no esforço sincero de cada devoto, no sentido de conduzir-la no plano físico à um merecido status de religião organizada, a serviço da comunidade religiosa nacional. Em 1980 o CONDU publica o livro “Noções elementares de Umbanda” contendo as deliberações do conselho quanto aos fundamentos da Umbanda e outros temas. Hoje o movimento religioso da Umbanda estende-se por todo o Brasil, professado com humildade as leis da Caridade e do amor ao próximo, sem proselitismo, sem explorações do povo, e sem mistérios mistificantes. A Umbanda nada mais é que o retorno à simplicidade de cultuar Deus, onde o templo de Umbanda é o local destinado a esse culto, que tem como base a Caridade, usando para isso todos os recursos das forças da natureza, personificadas nas divindades Nagôs, os Orixás, que são representados pelos nossos mentores espirituais, ou como nós os chamamos, nossos guias, espíritos evoluídos que representam essas divindades e suas várias formas de atuação no mundo espiritual e material em favor ao próximo.

Existem várias ramificações da Umbanda que guardam raízes muito fortes das bases iniciais e outras que absorveram características de outras religiões já existentes, mas que mantêm a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé. As mais conhecidas são:

· Umbanda Popular - Que era praticada antes de Zélio e conhecida como Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo associando Santos Católicos aos Orixás Africanos;

· Umbanda tradicional - Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes;

· Umbanda Branca e/ou de Mesa - Com um cunho espírita muito expressivo. Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos, nem o trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como caboclos, preto-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros espíritas como fonte doutrinária;

· Umbanda Omolokô - Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva Pinto. Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias;

· Umbanda Traçada ou Umbandomblé - Onde existe uma diferenciação entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para o candomblé em sessões diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As sessões são feitas em dias e horários diferentes;

· Umbanda Esotérica - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a “Aumbhandan: conjunto de leis divinas";

· Umbanda Iniciática - É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Mestre Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma convergência doutrinária, sete ritos, e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sânscrito;

· Umbanda de Caboclo - influência da cultura indígena brasileira com seu foco principal nas entidades conhecidas como "Caboclos";

· Umbanda de Preto-velhos - influência da cultura Africana, onde podemos encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando é feito pelos preto-velhos;

Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada, diferenciam-se das outras por diversos aspectos peculiares.

A Umbanda por ser uma religião sincrética se utiliza de um vasto simbolismo em seus trabalhos, e ela tem nesse simbolismo um de seus maiores fundamentos, que se aplica na identificação das entidades e na sustentação das linhas de trabalhos espirituais, cada qual com seu nível vibratório. Esse simbolismo também identifica o campo vibratório a qual a entidade desenvolve seu trabalho, e sob qual Orixá, ou força da natureza, é regido.

Podemos observar esse simbolismo desde sua anunciação onde grande mentor espiritual, que teve a missão de rasgar o véu da ignorância e estabelecer os fundamentos da Umbanda como religião e culto, se manifestou na forma perispiritual e se identificou como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, nome este totalmente simbólico, pois “Caboclo” era a palavra destinada às pessoas mestiças, e “Sete Encruzilhadas”, que são as sete linhas de trabalhos da Umbanda, os sete caminhos, que são regidos pelo Pai maior “Oxalá”. Assim concluímos que a Umbanda é uma religião sem distinção de raças e credos e que através da fé e da humildade tem o objetivo de levar a mensagem da Caridade e do Amor ao próximo.

Com isso a espiritualidade vem conseguindo seu intento e aos poucos vemos sumir dos corações oprimidos o desejo de vingança, o ódio e o rancor, os cultos antes deturpados vêm se transformando em sua essência, auxiliando assim no progresso daqueles que sintonizam com tais expressões religiosas, modificando seu aspecto e os transformando gradativamente em uma religião mais espiritualizada. Onde na palavra das entidades, a Lei da causa e efeito é ensinada por meio de “Xangô”, que simboliza a justiça, a reencarnação quando falam, de sua outra vida e da oportunidade de voltar a Terra, em um novo corpo, para corrigir erros do passado e ajudar seus filhos, as forças das matas e das ervas, são ensinadas na fala dos Caboclos de “Oxossi”, o Amor é personificado em “Oxum”, e a força de transformação e a energia da vitalidade se apresentam personificados em “Ogum”.

Mas ainda há muito que fazer, muito trabalho a realizar, nossa explicação não esgota o assunto, mostra apenas um aspecto da Umbanda, que guarda suas raízes em épocas muito distantes do tempo, e que apesar de ser uma religião nova, com um século de existência, vem crescendo e ganhando forças a cada dia.

Uma pena, muitos dirigentes de terreiros não serem conscientes de tudo isso, e é essa ignorância a maior responsável pela visão errada que a maioria das pessoas tem em relação aos rituais sagrados da Umbanda. Por isso é que devemos nos instruir cada vez mais sobre os fundamentos e raízes de nossa religião, e que através desse estudo e da experiência que vivenciarmos na prática dentro do terreiro, possamos corrigir todos esses equívocos.

Fonte:"Estudos de Umbanda – Jorge Botelho”




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06/10/2013

Sincretismo Religioso e Suas Origens no Brasil





Sincretismo religioso

Sincretismo é a fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças religiosas quanto nas filosóficas. Na história das religiões, o sincretismo é uma fusão de concepções religiosas diferentes ou a influência exercida por uma religião nas práticas de uma outra.


No Brasil o sincretismo religioso é uma prática bastante comum. Mas tudo começou a partir do ano de 1500, quando o território brasileiro tornou-se palco para o encontro de três grandes tradições culturais: a ameríndia, nativa da terra; a européia, trazida pelos colonizadores portugueses e mais tarde a africana, trazida pelos escravos bantos e sudaneses. Um encontro que foi, desde o início, marcado pela imposição da cultura européia às populações indígenas e africanas, refletida, principalmente, na imposição da cultura cristã da Igreja Católica Apostólica Romana a esses dois grupos.


Para se viver no Brasil, nesta época, o índio e o negro mesmo como escravo, e principalmente depois, sendo livre, era indispensável antes de mais nada, ser católico. Por isso eles que cultuavam seus deuses e tinham suas bases religiosas bem estruturadas, no Brasil se diziam católicos e se comportavam como tais, além de praticarem os rituais de seus ancestrais, frequentavam os ritos católicos.

Há antropólogos que insistem que a assimilação entre os Santos e os Orixás era aparente e, inicialmente, serviu para encobrir a verdadeira devoção aos seus deuses, pelo fato dos cânticos nesses rituais terem sido efetuados em língua nativa e que ninguém os entendia. Um fato histórico que pode opor-se a este pensamento é a criação das confrarias de negros, como exemplo temos a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na Bahia, que era totalmente composta por negros que haviam realmente se convertido ao Cristianismo e não eram apenas uma fachada.


Essa tentativa forçada de aculturação sempre encontrou resistência, o que acabou resultando em várias tentativas feitas por indígenas e africanos de conciliar os princípios de suas culturas e, por conseqüência, de suas tradições religiosas, a doutrina cultural e religiosa que lhes eram impostas. Na tentativa de preservação dos princípios e práticas religiosas indígenas e africanas, por meio da conciliação com os princípios e práticas católicas, acabaram levando ao nascimento de várias manifestações sincréticas em solo brasileiro, únicas no mundo, algumas delas existentes até os dias de hoje. Mas infelizmente existem poucos estudos sobre a grande maioria delas, o que veremos aqui, é uma pequena ideia de como eram as bases dessas duas culturas religiosas, o sincretismo entre elas e os processos que as levaram a dar origem a outras.



O início de tudo se deu com a religiosidade Tupi, embora várias nações indígenas habitassem o território brasileiro durante os primeiros anos da colonização européia, nenhum grupo foi tão influenciado pelos portugueses quanto os tupis, que no século XVI dominava quase todo o litoral brasileiro e era formada pelas tribos: Potiguar, Tremembé, Tabajara, Caeté, Tupinambá, Aimoré, Tupiniquim, Temiminó, Tamoio, e Carijó.


É muito difícil tentar reconstruir com detalhes as tradições religiosas e crenças tupis na época do descobrimento do Brasil, pois o que sabemos sobre elas deve-se aos relatos feitos por europeus que se estabeleceram aqui no início do período colonial, os quais não se preocuparam em estudar e deixar registros detalhados das mesmas.

O que podemos apreender dos relatos dos primeiros colonizadores sobre a religiosidade tupi foi que seu ponto central era o culto à natureza deificada ou divinizada. O pajé e o feiticeiro, ou xamã, eram os que tinham acesso ao mundo dos mortos e dos espíritos da floresta, e geralmente a eles competiam realizar rituais de cura de doenças, expulsarem maus espíritos que se alojavam nos corpos das pessoas e desfazer feitiços mandados pelos inimigos. A ingestão de alimentos e bebidas fermentadas em muitos grupos tinha uma função ritualística. Mesmo a antropofagia5 que caracterizou os tupinambás se revestia de um tom sagrado, pois acreditavam que, comendo a carne dos seus inimigos, apoderavam-se de sua valentia e coragem.

Os tupis possuíam uma divindade suprema do bem que denominavam Nhanderuvuçu, deus da criação e da luz e a quem competia o ato divino do sopro da vida. Nhanderuvuçu teria sua morada no Sol, manifestava-se nas tempestades através de sua voz, na forma de Tupã Cinunga6 e de seu reflexo, na forma de Tupã Beraba7. Segundo Câmara Cascudo e Osvaldo Orico, grandes historiadores e estudiosos da cultura brasileira, somente com o trabalho da catequese, e com a confusão feita pelos jesuítas, que Nhanderuvuçu passou a ser chamado de Tupã8, em virtude das formas como essa divindade se manifestava durante as tempestades. Os tupis acreditavam também em outras divindades, como Guaraci (o deus do sol), Jaci (deusa da lua), Caapora (deus da floresta), Uirapuru (deus dos pássaros), Iara (deusa das águas) e em uma entidade civilizadora denominada Iurupari9, filho da virgem Chiuci, que teria sido mandado à terra por Guaraci para reformar os costumes dos seres humanos.

Segundo Diamantino Trindade essa crença que lembrava muito a história de Jesus Cristo, teria deixado os jesuítas apavorados. Como forma de tornar a religião católica mais fácil de ser assimilada pelos indígenas, os jesuítas associou ao seu deus e santos os nomes de algumas divindades tupis. Foi assim, por exemplo, que Nhanderuvuçu passou a ser chamado de Tupã e foi transformado em Deus/Pai. Entretanto, na maioria dos casos, os jesuítas associaram os deuses indígenas aos demônios da doutrina católica. Foi o caso, por exemplo, de Iurupari, que teve sua imagem totalmente invertida e acabou sendo associado ao próprio diabo, embora sua história lembrasse muito a de Jesus.



Isso tudo acabou gerando a primeira religião sincrética surgida no Brasil da junção da Religiosidade Tupi e do Catolicismo, que ficou conhecida como SANTIDADE, nome criado por Manoel da Nóbrega, em 1549, quando viu um pajé em transe pregando a outros indígenas. Os adeptos da Santidade cultuavam um ídolo de pedra, chamado de Tupanaçu, que acreditavam possuir poderes sagrados, rezavam usando cruzes, terços e rosários, construíam “igrejas” e colocavam tábuas com desenhos de símbolos sagradas nelas, cultuavam alguns santos católicos e entoavam cantos em honra aos mesmos, faziam um ritual semelhante ao batismo e realizavam procissões.



Neste mesmo período, com o início dos trabalhos de catequese na região amazônica, a partir da cidade de São Luís do Maranhão, iniciou-se um processo de sincretismo entre a religiosidade ameríndia local e o catolicismo, semelhante ao que ocorrera no litoral, levando ao surgimento da religião sincrética conhecida pelo nome de PAJELANÇA. Embora o termo pajelança acabe sendo usado também para designar todo e qualquer ritual ameríndio, ele aqui designa a religião sincrética de caráter mágico-curativa que ainda existe nos dias de hoje na região amazônica, sobretudo nos estados do Pará e do Amazonas.


A exemplo da Santidade, nos rituais da Pajelança são encontrados o uso de trajes nativos (pena, arco, flecha, colares, máscaras), cantos e danças, a fumaça derivada da queima do tabaco e o consumo de bebidas fermentadas, que permitem ao pajé entrar em transe místico e ter visões e incorporar espíritos. Em algumas Pajelanças pode-se encontrar também a devoção aos santos católicos. Uma característica marcante da Pajelança é que além de incorporarem os espíritos dos antepassados das tribos e de antigos chefes do culto, os pajés também incorporam espíritos animais, sejam eles reais como: jacarés, botos, cavalos-marinhos, cobras ou imaginários como: mãe d'água, cobra-grande, e por meio dos quais descobriam a causa das doenças de seus consulentes e os remédios para eles.



A partir do século XV inicia-se uma das maiores migrações forçadas da história da humanidade, na qual milhões de africanos que haviam sido capturados em seus territórios ancestrais, na maioria das vezes por outros africanos de tribos rivais, foram levados para o litoral e vendidos como escravos para os europeus e brasileiros em portos específicos na África e trazidos nessas condições para o Brasil. No final do século XVI ao final do século XVIII, a principal etnia trazida para o Brasil foi a dos Bantos, povo que durante o período colonial brasileiro ocupava a maior parte do continente africano situado ao sul do equador, na região onde hoje está localizado o Congo, a República Democrática do Congo, Angola e Moçambique, entre outros. Parece que a grande maioria dos Bantos que foram trazidos para o Brasil cultuava um deus supremo chamado de Nzambi, Nzambi Mpungu ou Anganga Nzambi, ou simplesmente Zambi como é conhecido hoje, e a natureza deificada que era personificada nas divindades chamadas Nkises.


Assim que chegavam ao Brasil, os africanos escravizados eram logo submetidos à aculturação portuguesa, traduzida principalmente na catequese católica: eram batizados e recebiam um nome “cristão”, pelo qual seriam conhecidos a partir daquele momento. Assim como os tupis, os bantos também tentando preservar suas tradições religiosas no Brasil, adaptaram suas crenças às condições de escravidão que estavam submetidos. A principal forma encontrada por eles, como foi feito também pelos tupis décadas antes, foi associar os santos católicos aos seus deuses, no caso aqui os Nkises, de acordo com as características ou arquétipos que ambos possuíam em comum.



Foi a partir deste sincretismo, ocorrido no interior das senzalas a partir do final do século XVI, que nasceu a primeira manifestação sincrética da religiosidade banto/católica no Brasil: o CALUNDU. Seu nome foi originado da palavra banto Kilundu, que até o século XVIII foi utilizada para designar genericamente a manifestação de práticas africanas relacionadas a danças e cantos coletivos, acompanhadas por instrumentos de percussão, nas quais ocorria a invocação e incorporação de espíritos e a adivinhação e curas por meio de rituais de magia.


O que nos chama a atenção são os relatos da aparente tolerância manifestada pelos proprietários de escravos ao Calundu. Muito provavelmente essa atitude devia-se a crença de que com essa prática os africanos manteriam vivas, pelo menos dentro da senzala, as rivalidades tribais existentes na África, o que dificultaria a formação de rebeliões ou fugas. É importante ressaltar que, apesar dessa tolerância, os aspectos ritualísticos do Calundu ligados a magia e a incorporação de espíritos eram freqüentemente combatidos por serem considerados coisas malignas, surgindo daí a expressão magia negra para designar a magia voltada para o mal, que na mentalidade da época era “coisa de negro”.


Ao longo de todo o período de escravidão negra no Brasil, inúmeras foram as tentativas bem sucedidas de fugas das senzalas empreendidas pelos africanos. Os relatos dos inúmeros quilombos10 existentes no país ao longo dos períodos colonial e imperial são a prova mais marcante disso. Entretanto, no início, antes do surgimento dos primeiros quilombos, os africanos que conseguiam sucesso em suas fugas só conseguiam abrigo nas aldeias indígenas do interior. Mais do que abrigar os primeiros africanos bantos fugidos das senzalas, as aldeias indígenas abrigariam toda a cultura e religiosidade deles, que acabaria por influenciar sua própria cultura e religiosidade.



Muito provavelmente no nordeste do século XVII, onde uma pequena parcela de religiosidade dos bantos acabou se misturando ao sincretismo ameríndio-católico do interior, levando ao surgimento da primeira religião sincrética brasileira, o CATIMBÓ, surgida da fusão religiosa dos três povos formadores do país, também conhecido como CULTO À JUREMA, resistente até os dias de hoje em todo o nordeste brasileiro.

Apesar de existirem a incorporação de Caboclos no Catimbó, seu culto baseia-se principalmente nas entidades conhecidas como Mestres da Jurema ou apenas Mestres, e é através deles que se realiza o principal trabalho das entidades do Catimbó, a cura de doenças e a receita de remédios para os males físicos, podendo também ocorrer trabalhos para solucionar alguns problemas materiais e amorosos. Cabe também aos Mestres e aos Caboclos realizar a limpeza espiritual dos adeptos e a expulsar maus espíritos das pessoas. Os Mestres são entidades que se especializam em determinada erva ou raiz e que guardam muito do comportamento e personalidade de sua última encarnação, o que os torna muito naturais e espontâneos, além de possuírem uma forte ligação com a sua caracterização física. Uma característica que chama a atenção é que não existem Mestres do bem ou do mal: eles tanto podem trabalhar para um quanto para o outro, dependendo da orientação do local de culto e do médium.


Ao longo dos séculos XVII e XVIII cresce consideravelmente o número de cidades em todo o país, devido a esse fato, surge uma situação completamente nova em todo o território colonial: o aumento do número de negros e mulatos alforriados, livres, e de escravos circulando com relativa liberdade nessas áreas urbanas. A partir das residências desses negros e mulatos livres, localizadas em sua grande maioria em casebres e cortiços, que as manifestações religiosas de origem africana encontraram condições mínimas para se desenvolverem, onde poderiam realizar suas festas com certa freqüência, construírem e preservarem seus altares com os recipientes consagrados aos seus deuses. São nessas residências que surgem, em fins do século XVIII e início do século XIX, uma nova manifestação sincrética brasileira, que ficou conhecida na Bahia como CASAS DE CANDOMBLÉ.




O Candomblé surge então com base no fortalecimento das tradições religiosas dos bantos preservadas no sincretismo com o Calundu e a assimilação de algumas poucas práticas indígenas que sobreviviam nos quilombos e nas aldeias indígenas dos arredores deles. Pelo fato de servirem como moradia e também como locais de culto, as Casas de Candomblé se estruturavam com base em famílias-de-santo, que estabelecia entre seus adeptos uma espécie de parentesco religioso, característica que foi um importante legado a outras religiões sincréticas que se originaram a partir dele.
Já a partir da década de 1840 intensifica-se o tráfico de escravos da etnia sudanesa através da “Rota da Mina”, que tinha como origem os portos africanos de Lagos, Calabar e, principalmente São Jorge da Mina, superando no período todas as demais em termos de escravos trazidos ao Brasil. A etnia sudanesa era originada principalmente da África Ocidental, na região onde hoje está localizado a Nigéria, Benin, Togo e Gana, e é formada pelos povos Iorubá, Ewe, Fon e Mahin, entre outros.


Apesar de inicialmente muitos terem ficado conhecidos apenas como mina, ao longo do século XIX os escravos da etnia sudanesa passaram a ser conhecidos sobre outra nomenclatura, devido a rivalidade e a diferença cultural existente entre os povos Iorubá e Ewe/Fon, que foi transportada da África para o Brasil junto com eles. Dessa forma, o povo Yorubá passou a ser conhecido no Brasil como mina-nagô ou nagô, enquanto os povos Ewe, Fon e Mahin ficaram conhecidos como mina-jeje ou jeje, termo que advém do iorubá adjeje que significa estrangeiro ou forasteiro, e era usada de forma pejorativa pelos yorubás para designar as pessoas que habitavam a leste de seu território.


Os nagôs que foram trazidos para o Brasil cultuavam um deus supremo chamado de Olorun ou Olodumaré e a natureza também deificada e personificada nas divindades chamadas Orixás. Apesar de na África existirem cerca de 400 Orixás, a grande maioria deles era cultuada em apenas uma cidade, aldeia ou tribo, sendo poucos os que possuíam um culto em várias localidades.


Assim como ocorreu com os bantos, os escravos sudaneses trouxeram para o Brasil parte de sua cultura e de suas crenças religiosas, que foram pouco a pouco levadas para dentro de algumas manifestações sincréticas aqui existentes, devido aos escravos fugidos que buscavam refúgio nos quilombos e depois aos negros já alforriados, levando ao aparecimento de diversas religiões sincréticas em solo brasileiro no século XIX, muitas delas com base nas Casas de Candomblé.


Com a intensificação da adição de elementos sudaneses às Casas de Candomblés no séc. XIX, estas acabaram por darem origem a uma nova religião sincrética brasileira conhecida como CANDOMBLÉ DE NAÇÃO, ao qual agrega dentro de si três modelos de culto relacionados às principais etnias e povos trazidos como escravos para o Brasil: os bantos, os sudaneses nagôs e os sudaneses jeje.


Vejamos então como são esses modelos existentes:


1º- Os Candomblés de Nação Angola, Congo e Muxicongo cultuam um deus supremo chamado Nzambi ou Zambi (também conhecido como Nzambi Mpungu ou Zambiapongo) e a natureza deificada, personificada nas divindades chamadas Nkises. Apesar de na África existirem cerca de 450 Voduns, e a exemplo do que ocorre com os Orixás, a grande maioria deles era cultuada em apenas uma cidade, aldeia ou tribo, sendo também poucos os que possuíam um culto em várias localidades.

Vejamos no quadro abaixo os principais Nkises cultuados nesses Candomblés:




NKISES
ATRIBUTOS
OBSERVAÇÕES

Nzambi ou Zambi
Deus supremo
Mpungu (todo poderoso) e muambi (criador) são qualidades de Nzambi

Lembá
Nkise da paz, conectado à criação do mundo



Kaitumbá, Kokueto e Mikaiá
Nkise dos mares e oceanos



Nkosi
Nkise da guerra, senhor dos caminhos, das estradas e da metalurgia
Mukumbe, Biolê e Buré são qualidades desse Nkise

Teleku-Mpensu
Nkise da pesca



Gongobira
Nkise da caça e da pesca



Kabila
Nkise do pastoreio e da caça



Mutakalambo
Nkise da caça e da comida abundante



Katende
Nkise das folhas e dos segredos das ervas medicinais



Nvunji
Nkise da justiça, da felicidade da juventude e do nascimento das crianças



Nzazi ou Zazi
Nkise dos raios e da entrega de justiça aos humanos



Luango
Nkise dos trovões e auxiliar de Nvunji no nascimento de crianças



Kaiangu
Nkise guerreira dos ventos, das tempestades e que possui domínio sobre os espíritos dos mortos
Matamba, Bamburussenda, Nunvurucemavula são qualidades desse Nkise

Kitembo ou Tempo
Nkise do tempo e das estações
Patrono da nação Angola, representado por um mastro com uma bandeira branca

Nzumbarandá ou Zumbaradá
Nkise da terra molhada, da água turva dos pântanos, ligada à morte e a mais velha dos Inquices



Kisimbi, Samba Nkise
Nkise de lagos e rios, a grande mãe



Ndanda-Lunda
Nkise da água potável, das águas calmas, da lua e da fertilidade



Hongolo ou Angorô
Nkise do arco-íris, auxilia na comunicação entre os humanos e os outros Inquices
Na sua manifestação feminina é chamado de Hongolo Meia ou Angoroméa. Representado por uma cobra

Kafungê e Kaviungo ou Kavungo
Nkise da varíola, das doenças, da saúde e da morte



Nsumbu
Nkise da terra
Nação Angola

Ntoto
Nkise da terra
Nação Congo

Aluvaiá, Vangira, Pambu Njila e Bombo Njila
Nkise mensageiro, guardião das encruzilhadas e da entrada das casas e templos


2º- Os Candomblés de Nação Ketu, Efã e Ijexá cultuam um deus supremo chamado de Olorun ou Olodumaré e a natureza deificada, personificada nas divindades chamadas Orixás. Um fato que chama a atenção é que algumas divindades que originalmente eram Voduns na África foram adicionadas ao panteão nagô e passaram a fazer parte do ritual, sendo inclusive consideradas no Brasil como Orixás.

Vejamos então no quadro abaixo alguns Orixás cultuados nesses Candomblés:




ORIXÁS
ATRIBUTOS
OBSERVAÇÕES

Olorum ou Olodumaré
Deus supremo



Oxaguiã
Orixá da criação da cultura material e da sobrevivência.
Considerado a manifestação jovem de Oxalá (ou Obatalá).
Originalmente, na África, é filho de Oxalufã e neto de Obatalá.

Oxalufã
Orixá da criação da humanidade, do sopro da vida
Considerado a manifestação idosa de Oxalá (ou Obatalá). Originalmente, na África, é o filho de Obatalá.

Yemanjá
Orixá das grandes águas, do mar e do oceano, da maternidade, da família e da saúde mental



Ogum
Orixá da metalurgia, da agricultura, da tecnologia, das estradas e da guerra



Xangô
Orixá do trovão e da justiça



Oxóssi
Orixá da fauna, da caça e da fartura de alimentos
É também conhecido como Odé.

Ossaim
Orixá da vegetação e da flora, da eficácia dos remédios e da medicina



Nanã
Orixá da lama do fundo das águas, dos pântanos, da educação, da velhice e da morte
Originalmente, na África, era um Vodum e não um Orixá.

Ewá
Orixá das fontes, nascentes e riachos e da harmonia doméstica
Originalmente, na África, era um Vodum e não um Orixá.

Logun Edé
Orixá dos rios que correm nas florestas



Obá
Orixá dos rios, dos trabalhos domésticos e do poder da mulher



Oyá
Orixá do relâmpago, da sensualidade e dona dos espíritos dos mortos
É também chamada de Iansã.

Oxum
Orixá da água doce, do amor, da fertilidade, da gestação, dos metais preciosos e da vaidade



Oxumarê
Orixá do arco-íris e da riqueza que provém das colheitas







Obaluaiê
Orixá da varíola, pragas, doenças e da cura de doenças físicas




É também chamado de Omulu ou Xapanã. Originalmente, na África, Obaluaiê e Omulu é, respectivamente, a manifestação jovem e velha do Vodum Xapanã.

Orunmilá-Ifá
Orixá do destino





Exu




Orixá mensageiro, da transformação e da potência sexual, guardião das encruzilhadas e da entrada das casas


3º- Os Candomblés de Nação Jeje-Fon e Jeje-Mahin cultuam uma deusa suprema chamada de Mawu e a natureza deificada, personificada nas divindades chamadas Voduns. Tais divindades são agrupadas em famílias (Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso, etc.), as quais se subdividem em linhagens, interligadas entre si por comportamentos, costumes, gostos e atitudes. Apesar de existir na África cerca de 450 Voduns, a grande maioria não é cultuada aqui no Brasil. Os que aqui são cultuados, somente alguns chegam a ter culto a nível nacional, ficando a maioria restrita a nível regional. Uma característica dessa Nação é que quando estão incorporados, os Voduns mantêm os olhos abertos e conversam com a assistência, dando bênçãos, conselhos e recados. Vejamos então no quadro abaixo, alguns Voduns cultuados no Candomblé de Nação Jeje- Fon e Jeje-Mahin:





VODUNS
ATRIBUTOS
OBSERVAÇÕES

Nanã Buluku
A grande mãe universal, senhora da lama
Mãe de Mawu e Lissá

Mawu
Deusa suprema



Lissá
Vodum masculino co-responsável pela criação junto com Mawu



Loko
Primogênito dos Voduns



Agassu
Vodum que representa a linhagem real do Reino do Daomé



Agbê
Vodum dono dos mares



Gu
Vodum dos metais, da guerra, do fogo e da tecnologia.



Agué
Vodum da caça e protetor das florestas



Aguê
Vodum que representa a terra firme



Ayizan
Vodum dona da crosta terrestre e dos mercados



Aziri
Vodum das águas doces



Dan
Vodum da riqueza
Representado pela serpente e pelo arco-íris

Eku
Vodum da morte, da feitiçaria e da clarividência



Fa
Vodum da adivinhação e do destino



Hevioso
Vodum dos raios e relâmpagos



Possun
Vodum do pó e da terra seca
Representado pelo tigre

Sakpatá
Vodum da varíola



Legba
Vodum das entradas e das saídas e da sexualidade
O filho caçula de Mawu e Lissá



Dentre todos os Candomblés de Nação, sejam eles do modelo de culto banto, sudanês nagô ou sudanês jeje, o que apresenta maior projeção nacional é o Candomblé de Nação Ketu. Tal projeção tem provocado, atualmente, um fenômeno de assimilação das práticas rituais dessa nação pelas demais, como o idioma e as cantigas utilizadas, a forma como os atabaques são tocados e o culto as divindades. Sobre este aspecto, é interessante notar o sincretismo que tem surgido atualmente dos Nkises e dos Voduns com as lendas, histórias, domínios, cores e símbolos dos Orixás da nação Ketu, como se aqueles fossem estes com nomes diferentes. Nos Candomblés de Nação do modelo nagô existe ainda o culto aos eguns, ou espíritos dos ancestrais, que ocorre no quarto de balê, um recinto separado do local onde se cultua os Orixás, e que possui um sacerdote próprio, chamado de Baba Ojé, preparado especialmente para este tipo de culto.

Atualmente um fenômeno interessante que parece ter surgido no Candomblé de Nação Ketu, e dele se espalhado para as demais nações, é o movimento de recuperação das raízes africanas, o qual vem rejeitando o sincretismo com o catolicismo e com as práticas indígenas buscando o aprendizado da língua nativa e a redescoberta dos ritos, histórias e lendas das divindades que se perderam ao longo do tempo, contando, inclusive, com viagem de sacerdotes do Brasil até a Nigéria e o Benin a fim de realizarem pesquisas “in loco” 11 em aldeias e templos na África para aprenderem os rituais que foram perdidos nas brumas do tempo da escravidão.

No final do século XIX e início do século XX, tradições religiosas da etnia sudanesa foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo banto-católico-ameríndio existentes também no Rio de Janeiro, levando ao surgimento dos sincretismos conhecidos como ZUNGU e MACUMBA.

Parece que os termos Zungu e Macumba foram usados indistintamente no Rio de Janeiro para designar quaisquer manifestações sincréticas de práticas africanas relacionadas a danças e cantos coletivos, acompanhadas por instrumentos de percussão, nas quais ocorria a invocação e incorporação de espíritos e a adivinhação e curas por meio de rituais de magia, englobando uma grande variedade de cerimônias que associavam elementos africanos (Nkises, Orixás, atabaques, transe mediúnico, trajes rituais, banho de ervas, sacrifícios de animais), católicos (cruzes, crucifixos, anjos e santos) e, mais raramente, indígenas (banho de ervas, fumo). A diferença básica entre eles parece ser apenas o período em que estes termos foram utilizados: zungu, em meados do século XIX e macumba, no final do século XIX e início do século XX substituindo o termo zungu.

Na Macumba o chefe de culto e o seu ajudante eram chamados, respectivamente, de embanda e cambone, embora este último também pudesse ser chamado de cambono. Parece que os iniciados na Macumba eram chamados de filhos(as)-de-santo ou médiuns.

O que se sabe sobre os rituais da Macumba é que as entidades como os orixás, Nkises, caboclos e os santos católicos eram agrupados por falanges ou linhas como a linha da Costa, de Umbanda, de Quimbanda, de Mina, de Cabinda, do Congo, do Mar, de Caboclo, linha Cruzada, etc; e que quanto maior o número de linhas cultuadas pelo embanda, mais poderoso ele era considerado, uma vez que isso era tido como sinal de maior conhecimento sobre o mundo dos espíritos.

E assim como em outros sincretismos brasileiros, o Zungu e a Macumba eram organizados basicamente em torno de seu chefe de culto, fazendo de cada unidade de culto algo único, diferindo dos demais por um ou mais elementos ritualísticos. Devido a grande penetração que a Macumba tinha na população mais pobre e marginalizada do Rio de Janeiro de fins do século XIX, principalmente os afrodescendentes recém libertos pela Lei Áurea, seu nome acabou se popularizando por todo o país e até hoje ainda é usado para designar pejorativamente qualquer religião afro-brasileira ou ritual que envolva magia.

É provável que a Macumba tenha desaparecido do cenário religioso carioca devido ao aparecimento mais tarde da Umbanda e a sua rápida expansão no estado do Rio de Janeiro, principalmente na então capital federal, que teria atraído para si um expressivo número de adeptos da Macumba e a influenciado de tal forma que levaram muitas casas de Macumba a se transformarem em tendas de Umbanda ou em casas de Omolokô para fugirem da repressão que se tinha a esses cultos.

Mudanças na estrutura de algumas casas de Macumba do Rio de Janeiro, então capital do país, neste mesmo período, acabam levando ao surgimento de duas religiões sincréticas o OMOLOKÔ e “ALMAS E ANGOLA”, que guardam muitas semelhanças com algumas vertentes da Umbanda, inclusive existindo muitas casas que se reconhecem como sendo de “Umbanda Omolokô” ou Umbanda em “Almas e Angola”.

No Omolokô que é praticado hoje em dia o ritual recebeu forte influência das obras daquele que é considerado o seu organizador: Tatá Ti Nkise Tancredo da Silva Pinto. Segundo ele, o Omolokô tem como origem as práticas religiosas dos bantos das tribos Quiôcos, das províncias de Lunda Norte e Lunda Sul, situadas na região oriental de Angola e que também pode ser encontrados em parte da República Democrática do Congo e da Zâmbia.



O Omolokô cultua um deus supremo chamado Nzambi ou Zambi (também conhecido como Nzambi Mpungu ou Zambiapongo), a natureza deificada personificada nos Orixás e nas entidades conhecidas como Orixás Menores, Caboclos, Preto-Velhos, Crianças, Exus e Pomba-giras.

Originalmente o termo utilizado no Omolokô para designar a natureza deificada era Bacuro. Os Bacuros possuíam um correspondente nas divindades dos Quiôcos, que parecem terem ficado conhecidas aqui no Brasil como Lunda. Atualmente o termo Bacuro e o nome das divindades Quiôcos foram substituídos, respectivamente, pelo termo Orixá e pelo nome das divindades do panteão nagô que possuem os mesmos atributos ou arquétipos. É importante ressaltar que, no Omolokô, o termo Orixá é utilizado também para designar alguns Nkises que foram incorporados ao seu panteão, provavelmente por influência dos Candomblés de Nação do modelo de culto banto.

Vejamos então no quadro abaixo como é a correspondência entre as divindades Lunda, Bacuros e os Orixás no Omolokô:





Lunda (divindades dos Quiôcos)
Bacuro (nome original no Omolokô)
Orixá (nome atual no Omolokô)

Dundu Kianguim
Aluvaiá
Exu



Angorô
Oxumarê

Dandu Kindelé
Burunguça
Omulu



Caculu ou Cabasa
Ibeiji



Cuiganga
Ewá

Anili Kindelé
Dandalunda
Yemanjá

Kindele
Ferimã
Oxalá

Uisu Kukusuka
Inhapopô
Iansã

Kianguim Kindelé
Jambangurim
Xangô

Mulombe
Kamba Lassinda
Oxum

Kianguim Uisu
Kangira
Ogum



Karamocê
Obá



Katendê
Ossaim

Uisi
Madé
Oxóssi

Diambanganga
Pagauô
Irôko

Numba Kindelé
Querequerê
Nanã



Teleku-Mpensu
Logun Edé



Kitembu
Tempo




Uma possível influência da Umbanda sobre o Omolokô é a existência de uma separação dos Orixás em duas classes: Orixás Maiores e Orixás Menores. Os Orixás Maiores, ou apenas Orixás, são entendidos como sendo uma energia emanada de Zambi e portanto nunca passaram pelo processo de encarnação. São os responsáveis pelo movimento da natureza e pela formação e manutenção da vida. São considerados onipresentes e únicos. Os Orixás Menores, por sua vez, são entendidos como espíritos que passaram pelo processo de reencarnação e que alcançaram uma grande elevação espiritual e que por isso foram dotados de poderes sobrenaturais pelos Orixás Maiores, sendo considerados os intermediários entre estes últimos e os demais espíritos. Por este motivo, eles utilizam o nome do Orixá Maior ao qual estão subordinados seguidos de um sobrenome, chamado de Dijina12, por exemplo: Ogum Beira Mar, Seria um Orixá Menor subordinado do Orixá maior Ogum.

No Omolokô não existe incorporação de Orixás Maiores, apenas dos Orixás Menores e dos espíritos chamados de eguns. Os eguns aqui espíritos que já possuem certa compreensão espiritual, porém ainda não alcançaram a elevação dos Orixás Menores. São considerados eguns: os Caboclos, os Preto-Velhos, as Crianças, os Exus e as Pombas-gira. Existe ainda uma terceira classe de espíritos, chamados de quiumbas ou kiumbas, que são entendidos como espíritos atrasados e que ainda não alcançaram uma compreensão das coisas espirituais.

Já a religião sincrética conhecida como “ALMAS E ANGOLA”, que apesar de ser originária da capital fluminense, atualmente não é mais praticado nesse estado, hoje em dia podemos encontrá-la quase que exclusivamente na região da grande Florianópolis, em Santa Catarina.

A religião “Almas e Angola” guarda muita semelhança com o Omolokô e com algumas vertentes da Umbanda, ela cultua um deus supremo chamado Zambi, mas em algumas casas também é chamado de Olorum, a natureza deificada personificada nos Orixás e as entidades conhecidas como Orixás Menores, Caboclos, Preto-Velhos, Crianças, Exus e Pombas-gira. O Orixá Obaluaiê é considerado a força maior do ritual de “Almas e Angola”, tendo destaque nos altares dessa religião.



*


5- Antropofagia: Aqueles que comem carne humana 6- Tupã Cinunga: “O trovão”. 7- Tupã Beraba: “O relâmpago”. 8- Tupã: “Golpe estrondeante” ou “Baque estrondeante”. 9- Iurupari: O mártir ou o sacrificado. 10- Quilombo: Um quilombo era um local de refúgio dos escravos no Brasil, em sua maioria afrodescendentes (negros e mestiços), havendo minorias indígenas e brancas. O mais famoso na História do Brasil foi o de Palmares. 11- In Loco: Termo do Latim que significa no local. 12- Dijina: Palavra de origem kimbundo “Rijina”, dialeto bantu que significa "nome" ou “apelido”.



Texto retirado do Livro “Sincretismos Religiosos Brasileiros” - Renato Henrique Guimarães Dias.




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04/10/2013

São Francisco de Assis

São Francisco com os animais


04 de outubro - Dia de São Francisco

Nascido em berço de ouro mas desapegado dos bens materiais, renunciou à riqueza e passou a viver na mais absoluta pobreza.

São Francisco amava a natureza... Chamava as aves, as árvores, a água, o sol e a tudo que tivesse vida de “irmãos”. Por isso, foi proclamado PATRONO DA ECOLOGIA.

Para lembrá-lo, basta pensar em pássaros, árvores, águas que correm, montanhas que se erguem, céus de azul intenso, ondas que se formam nas praias e tantas outras maravilhas que a natureza –zelosamente - guarda, temendo que o homem venha e a tudo modifique...

Francisco, o santo dos espaços grandiosos, sereno e docemente dirigindo-se a tudo o que o rodeava, tudo elevando à honra de “irmão”, por acreditar-se – humildemente – um entre tantos, dentre os nascidos do coração bondoso do Pai.

Francisco, o santo da partilha e da afeiçãoda doçura e da mansidão, dos gestos de acolhida e das profundas reflexões, em todos deixando uma marca única, capaz de atravessar os séculos, como o mais querido dentre os queridos de Deus...

Francisco, exemplo da perfeição e da plenitude, na vida consagrada, modelo para outras vidas, inspirador do bem-querer aos que estão entre nós, sejam eles capazes de raciocínios inteligentes ou, tão somente, seres irracionais, dotados de candura e graça...

Francisco – o santo da natureza e do coração, da verdade e da coragem, dos gestos inesperados e dos combates por causas justas...

Francisco, o pobrezinho de Assis, inspirador de vidas, formador de seguidores, para sempre amado.

Na Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca, São Francisco de Assis é um dos chefes da Linha de Cura do Povo do Oriente.

Salve São Francisco de Assis! É do Oriente!


Oração de São Francisco - Fagner









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03/10/2013

Centros Vitais ou Centros de Força (Chakras)


centros vitais chacras


1. - Perispírito

Envolvendo o gérmen de um fruto, há o “Perisperma”; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar “Perispírito”, serve de envoltório ao espírito propriamente dito. (O Livro dos Espíritos de Allan Kardec).

Por ter sido um termo criado por Kardec, creio que todos admitimos que ninguém melhor que ele para definir perispírito: É o órgão sensitivo do espírito por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos.

O espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispíritico”. (A Gênese de Allan Kardec).

E foi esmiuçando as palavras de Kardec, no livro “Depois da Morte”, que Léon Denis, falando sobre o “Perispírito ou Corpo Espiritual”, disse:

“O perispírito é, pois, um organismo fluídico, é a forma preexistente e sobrevivente do ser humano, sobre a qual se modela o envoltório carnal, como uma veste dupla invisível, constituída de matéria quintessenciada”.

Podemos então dizer que o “Perispírito ou Corpo Fluídico dos espíritos” é um laço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual.

Sabendo que ele é uma condensação do fluido cósmico em torno de um foco de inteligência ou alma, pode-se dizer que é ele que intervém nos fenômenos especiais que ocorrem no homem, cuja causa fundamental não se encontra na matéria palpável e que, por essa razão, parecem sobrenaturais.

Assim sendo, podemos entender que o “Corpo Espiritual ou Psicossoma” é, assim, o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana, com os “Centros Vitais” que essa mesma ciência, por enquanto, não pode perquirir e reconhecer.

2. – Centros Vitais ou Centros de Força (Chakras)

Segundo André Luiz os “Centros Vitais ou Centros de Força” estão situados no “Corpo Espiritual ou Psicossoma” e funcionam como terminais através dos quais a energia é transferida de planos superiores para o corpo físico.

André diz que o “Psicossoma está intimamente regido por sete Centros de Força”, que se conjugam nas ramificações dos plexos, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente.

Eles estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas, que podemos definir como sendo “um campo eletromagnético”, no qual o pensamento vibra em circuito fechado.

A palavra “Chakra” vem do sânscrito e significa “roda, disco, centro ou plexo”. Nesta forma eles são percebidos por videntes como vórtices (redemoinhos) de energia vital, espirais girando em alta velocidade, vibrando em pontos vitais de nosso corpo.
Os Chakras são pontos de interseção entre vários planos e através deles nosso corpo etérico (corpo espiritual) se manifesta mais intensamente no corpo físico. Há mais de cinco mil anos, os tibetanos, os Hindus (Vedas) já estudavam os Chakras.

3. – Funções dos Centros de Força ou Chakras

O nosso “Corpo Espiritual” é regido por “sete Centros de Força”, dispostos desde a base da coluna vertebral até o alto da cabeça e cada um corresponde a uma das “sete glândulas” do corpo humano.

Vários estudos têm mostrado a existência, no períspirito, de discos energéticos (chakras), como verdadeiros controladores das correntes de energia, centrifugas (do espírito para a matéria) ou centrípetas (da matéria para o espírito), que aí se instalam como manifestações da própria vida.

Estes discos energéticos comandariam, com as suas “superfunções”, as diversas zonas nervosas e de modo particular o sistema neurovegetativo, convidando, através dos genes e do código genético, ao trabalho ajustado e bem ordenado da arquitetura neuroendócrina.

Num corpo saudável, todos esses vórtices giram a uma grande velocidade, permitindo que a energia (PRANA) flua para cima por intermédio do sistema endócrino.

Mas se um desses centros começa a diminuir a velocidade de rotação, o fluxo de energia fica inibido ou bloqueado e disso resulta o envelhecimento ou a doença.

Os Chakras são conectados entre si por um sistema de “Nádis” (sistema circulatório energetico na frequência do duplo etérico). Os Nádis conduzem e regulam o fluxo das energias “yin e yang” em espirais concêntricas.

Para os Hindus, os Nádis são sagrados, é por meio da “Sushumna” que o yogi deixa o seu corpo físico e entra em contato com os planos superiores e traz para o seu cérebro a memória de suas experiências.


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29/09/2013

Mediunidade - O que precisa saber

Mediunidade, o que precisa saber


Perguntas e Respostas para Médiuns Iniciantes

1 – Como funciona a mediunidade consciente?

O médium capta o fluxo mental do Espírito, gerando ideias e sensações, como se houvesse a intromissão de outra mente em sua intimidade; como se estivesse a conversar com alguém, dentro de si mesmo.

02 – Ouve uma voz?

Seria fácil, mas não é bem assim. Ideias surgem, misturando-se com as suas, como se fossem dele próprio.

03 – Parece complicado…

E é, sem dúvida, principalmente para médiuns iniciantes, que não distinguem o que é deles e o que é do Espírito. Muitos abandonam a prática mediúnica, em face dessa incerteza, que é perturbadora.

04 – Como resolver esse problema?

É preciso confiar e dar vazão às ideias que lhe vêm à cabeça, ainda que pareçam embaralhadas, em princípio. Geralmente a mediunidade é desenvolvida a partir da manifestação de Espíritos sofredores, o que é mais simples. Não exige maior concentração de ideias ou esforço de raciocínio. Cumpre-lhe, em princípio, apenas exprimir as sensações e sentimentos que o Espírito lhe passa.

05 – Qual o conselho para o médium que enfrenta esse impasse?

Sentindo crescer dentro de si o fluxo de sensações e pensamentos, que tomam corpo independente de sua vontade, comece a falar, sem preocupar-se em saber se é seu ou do Espírito. A partir daí o fluxo irá se ajustando. É como o motorista inexperiente na direção de um automóvel. Em princípio há solavancos, mas logo se ajusta.

06 – O que pode ser feito para ajudar o médium iniciante?

A participação dos irmãos do Terreiro é importante. O médium, nessa situação inicial, fica fragilizado. Sente-se vulnerável e constrangido. Qualquer hostilidade ou pensamento crítico dos irmãos, revelando desconhecimento do processo, poderá afetá-lo.

07 – Seria razoável aplicar passes no médium iniciante, em dificuldade para iniciar a manifestação?

O passe pode ajudar, mas devemos ser econômicos na sua utilização, a fim de evitar condicionamentos. Há médiuns que esperam pela intervenção do Pai, Mãe ou irmão no Santo, aplicando-lhes passes, a fim de iniciar seu trabalho.

08 – As manifestações de médiuns iniciantes são, não raro, repetitivas. Como devem agir o Pai ou Mãe e Irmãos no Santo no Terreiro?

Cultivar a compreensão e a boa vontade, considerando que o animismo, a intervenção do próprio médium, é expressivo nessa etapa do desenvolvimento. Aos poucos ele irá se ajustando, aprendendo a distinguir melhor entre suas idéias e as do Espírito.

09 – Vemos, com frequência, médiuns dotados de razoáveis faculdades mediúnicas desistirem do compromisso. Há algum prejuízo?

A sensibilidade mediúnica não funciona apenas nas Giras. Está sempre presente. É na prática mediúnica, com os estudos e disciplinas que lhe são inerentes, que o médium garante recursos para manter o próprio equilíbrio. Afastado, pode cair em perturbações e desajustes.

10 – É um castigo?

Não se trata disso. O problema está na própria sensibilidade que, não controlada pelo exercício, situa o médium à mercê de influências negativas, nos ambientes em que circule, e de entidades perturbadas que se aproximam.

11 – Mas esse problema não está presente na vida de todos nós? Não vivemos rodeados de Espíritos perturbados e perturbadores?

Sim, e bem sabemos quantos problemas são decorrentes dessa situação, por total ignorância das pessoas em relação ao assunto. No médium afastado da prática mediúnica é mais sério, porquanto, em face de sua sensibilidade, ele sofre um impacto maior, com repercussões negativas em seu psiquismo.

12 – E se o médium, não obstante afastado da prática mediúnica, for uma pessoa de boa índole, caridosa, afável, bem sintonizada?

Com semelhante comportamento poderá manter relativa estabilidade, mas é preciso considerar que a mediunidade não é um acidente biológico. Ninguém nasce médium por acaso. Há compromissos que lhe são inerentes.

13 – O médium vem programado para essa tarefa…

Sim. Trata-se de um compromisso assumido na espiritualidade. Há um investimento no candidato à mediunidade, relacionado com estudos, planejamento, adequação do corpo. Tudo isso envolve diligentes cuidados dos mentores espirituais. Imaginemos uma empresa investindo na preparação de um funcionário para determinada função. Depois de tudo, será razoável ele dizer que não está interessado?

14- Mas não é contraproducente o médium participar de trabalhos mediúnicos como quem cumpre uma obrigação ou um contrato preestabelecido, temendo sanções?

As sanções serão de sua própria consciência, que lhe cobrará, mais cedo ou mais tarde, pela omissão. Para evitar essa situação é que os médiuns devem estudar a Doutrina, participando de estudos e lendo a respeito da mediunidade, a Doutrina Espírita é a melhor opção para conhecer sobre a mediunidade, mas esta deve ser direcionada pelo Pai ou Mãe no Santo, assim estará assimilando conhecimento e podendo debater a respeito.

15 – E se há impedimentos ponderáveis? Filhos a cuidar, cônjuge difícil, profissão, saúde…

Eventualmente isso pode acontecer, por algum tempo. O problema maior, entretanto, está no próprio médium que, geralmente, tenta justificar a sua omissão. Altamente improvável que a espiritualidade lhe outorgasse a mediunidade, sem dar-lhe condições para exercê-la.

16 – E quando a participação do médium gera conturbações no lar, a partir de um posicionamento intransigente do consorte?

Lamentável o casamento em que marido ou mulher pretende criar embaraços à atividade religiosa do cônjuge. É inconcebível! Onde ficam o diálogo, a compreensão, o respeito às convicções alheias? De qualquer forma, embora tal situação possa justificar a ausência do médium, não o eximirá dos problemas inerentes à mediunidade não exercitada.

17 – É difícil encontrar pessoas que guardam perfeita estabilidade emocional e física. Tem algo a ver com a sensibilidade mediúnica?

Tem tudo a ver. Vivemos mergulhados num oceano de vibrações mentais, emitidas por Espíritos encarnados e desencarnados. Assim como podemos ser contaminados por vírus e bactérias, também sofremos contaminações espirituais que geram alterações em nossos estados de ânimo.

18 – Isso explica por que as pessoas tendem a ficar deprimidas num velório e felizes num casamento?

Sem dúvida. O ambiente e as situações exercem grande influência. Lembro-me da morte de Aírton Senna. Provocou imensa comoção popular, até naqueles que não acompanhavam suas proezas no automobilismo. A emoção se expande e pode envolver multidões.

19 – Explica, também, as atrocidades cometidas por soldados, numa guerra?

A guerra produz lamentáveis epidemias de maldade, em face de nossa inferioridade. A crueldade tem livre acesso em corações ainda dominados pelos impulsos instintivos da animalidade. Propaga-se com a rapidez de um rastilho de pólvora.

20 – No lar parece acontecer algo semelhante, quando as pessoas perdem o controle e se agridem com gritos e palavrões, descendo não raro à agressão física…

Em nenhum outro lugar demonstramos com maior propriedade nossa inferioridade. No lar rompe-se o verniz social. As pessoas mostram o que são. Como não há santos na Terra, conturba-se o ambiente, favorecendo contaminações de agressividade, que envolvem os membros da casa.

21 – Como evitar isso?

É preciso desenvolver e fortalecer defesas espirituais, elevando nosso padrão vibratório, sintonizando numa frequência que nos coloque acima das perturbações do ambiente.

22 – Como funciona essa questão da sintonia?

Tomemos, por exemplo, as ondas hertzianas, nas transmissões radiofônicas. Elas se expandem dentro de frequência específica. Para ouvir determinada emissora giramos o dial e a sintonizamos. Nossa mente é um poderoso emissor e receptor de vibrações e tendemos a sintonizar com multidões que se afinam mentalmente conosco.

23 – Que providências devemos tomar para uma sintonia saudável?

Consideremos, em princípio, que ela é determinada pela natureza de nossos pensamentos. Lembrando o velho ditado “diz-me com quem andas e te direi quem és “, podemos afirmar “diz-me a natureza de teus pensamentos e te direi que influências irás assimilar”.

24 – Isso significa que equilíbrio e desequilíbrio, paz ou inquietação, alegria ou tristeza, agressividade ou mansuetude, dependem, essencialmente, de nós?

Exatamente. Embora nossos problemas físicos e psíquicos possam ser amplificados por influências ambientes, a origem deles está em nossa maneira de pensar e agir. Se quisermos o Bem em nossa vida, é fundamental que pensemos e realizemos o Bem.

25 – Que livros você indicaria para um iniciante?

É preciso levar em consideração a cultura e a familiaridade da pessoa com a literatura. Se for alguém habituado, com facilidade de concentração, deve ler, inicialmente, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nessas três obras de Allan Kardec, temos, na mesma ordem, o tríplice aspecto do Espiritismo: Filosofia, Ciência e Religião, estes nasceram não para a Religião Espiritismo e sim para todos que creem na existência dos espíritos, mas para aceitação inicial da espiritualidade e conhecimento especifico dentro da Umbanda, cabe ao iniciante conhecer Tambores de Angola, Aruanda de Robson Pinheiros, nos dá uma noção da Umbanda no Astral Superior, não esquecendo de forma alguma informar ao seu Pai ou Mãe no Santo, sobre seus estudos, pois este estará disposto a lhe responder futuras dúvidas a respeito de seu estudo, infelizmente a Umbanda ainda não existe um livro que possamos pegá-lo como base de estudo para todos, pois a verdade dos Terreiros de Umbanda é que cada Casa atribui sua Doutrina e esta deve ser respeitada pelo iniciante, damos sempre como base a Doutrina Espírita, pois a mesma nasceu para ensinar a todos sobre a Espiritualidade.

26 – O que é o animismo?

Na prática mediúnica é algo da alma do próprio médium, interferindo no intercâmbio. Kardec empregou o termo sonambulismo, explicando, em Obras Póstumas, quando trata da manifestação dos Espíritos, item 46: O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito; sua própria alma é que, em momentos de emancipação, vê, ouve e percebe além dos limites dos sentidos. O que ele exprime, aure-o de si mesmo…

27 – O animismo está sempre presente nas manifestações?

O médium não é um telefone. Ele capta o fluxo mental da entidade e o transmite, utilizando-se de seus próprios recursos. Sempre haverá algo dele mesmo, principalmente se for iniciante, com dificuldade para distinguir entre o que é seu e o que vem do Espírito.

28 – Existe um percentual envolvendo o animismo na comunicação? Digamos, algo como quarenta por cento do médium e sessenta por cento do Espírito?

Se o animismo faz parte do processo mediúnico, sempre haverá um porcentual a ser considerado, não fixo, mas variável, envolvendo o grau de desenvolvimento do médium. Geralmente os iniciantes colocam mais de si mesmos na comunicação. Quando experientes, tendem a interferir menos.

29 – Pode ocorrer uma manifestação essencialmente anímica, sem que o próprio médium perceba?

É comum acontecer, quando está sob tensão nervosa, em dificuldade para lidar com determinados problemas de ordem particular. As emoções tendem a interferir e ele acaba transmitindo algo de suas próprias angústias, em suposta manifestação.

30 – Seria uma mistificação?

Não, porque não há intencionalidade. O médium não está tentando enganar ninguém. É vítima de seus próprios desajustes e nem mesmo tem consciência do que está acontecendo.

31 – E o que deve fazer o Pai/Mãe no Santo quando percebe que um Filho no Santo está entrando nessa faixa?

É preciso cuidado. O Pai/Mãe no Santo menos avisado pode enxergar animismo onde não existe. Se a experiência lhe disser que realmente está acontecendo, deve conversar com o médium, em particular, saber de seus problemas e encaminhá-lo às giras de desenvolvimento e ou tratamento espiritual. Toda a atenção dos Pais/Mães no Santo devem ser direcionada a este Filho e estar atento a esta mediunidade, é comum percebermos que pela ignorância (do saber) é mais fácil deixá-lo de lado, ou ainda excluí-lo do corpo mediúnico, muitas das vezes estes são execrados dos Terreiros, não por ser um animista e sim pelo desconhecimento do Pai/Mãe no Santo sobre o assunto. Se persistir o problema, o médium deve ser orientado a participar das giras como suporte, auxiliando nos trabalhos.

32 – Quando é que o Pai/Mãe no Santo deve preocupar-se com o animismo?

Quando ocorre a manifestação de um espírito que se diz orientador. É preciso passar o que diz pelo crivo da razão, distinguindo não apenas um possível animismo, mas, também, uma mistificação do Espírito comunicante.

33 – O médium que se sinta enfermo deve resguardar-se, deixando de comparecer à gira?

Depende do tipo de problema que esteja enfrentando. Se fortemente gripado, febril, é conveniente que se ausente, resguardando também os irmãos, que podem contrair seu mal. Mas há sintomas físicos e psíquicos que apenas revelam a proximidade de Espírito sofredor, não raro trazido pelos mentores espirituais para um contato inicial, a favorecer a manifestação.

34 – Nesse caso, mesmo não se sentindo bem, o médium deve comparecer?

Sim, porque o que está sentindo é parte de seu trabalho, exprimindo as angústias e sensações do Espírito, relacionadas com a doença ou os problemas que enfrentou na vida física.

35 – Isso significa que uma dor na perna, por exemplo, pode ter origem espiritual?

É comum. Acontece principalmente com o médium que tem sensibilidade mais dilatada. Ao transmitir a manifestação de um Espírito que desencarnou por problema circulatório, cuja perna gangrenou, tenderá a sentir dor semelhante, não raro antes da reunião, devido à aproximação da entidade.

36 – Ocorre o mesmo em relação às emoções?

É frequente. Sintonizado com o Espírito, o médium capta o que vai em seu íntimo. Se a entidade sente-se atormentada, aflita, tensa, nervosa ou angustiada, experimentará algo dessas emoções.

37 – E se o médium, imaginando que esses sintomas físicos e emocionais estão relacionados com seus próprios problemas, decide não comparecer à reunião?

Se alguém nos confia um doente para levá-lo ao hospital, e decidimos instalá-lo em nossa casa, assumiremos o ônus de cuidar dele. Certamente nos dará muito trabalho, principalmente se for um doente mental.

38 – É possível que essa ligação com entidades perturbadas ocorra independentemente da iniciativa dos mentores espirituais?

É o que mais acontece. Vivemos rodeados por Espíritos destrambelhados, sem nenhuma noção da vida espiritual, que se agarram aos homens, como náufragos numa tábua de salvação. Nem é necessário ter mediunidade ostensiva. Todos estamos sujeitos a sofrer essa influência.

39 – Digamos que o médium receba influência dessa natureza na segunda-feira e só comparecerá ao Terreiro no sábado. Sofrerá durante a semana toda?

Com a experiência e a dedicação ao estudo ele aprenderá a lidar com esse problema, cultivando a oração e dialogando intimamente com a entidade que, com o concurso de mentores espirituais, será amparada.

40 – Devemos informar a esse respeito pessoas que procuram o Terreiro, perturbadas por tais aproximações?

É preciso cuidado. Pessoas suscetíveis, que guardam ideias equivocadas, relacionadas com influências demoníacas, podem apavorar-se. Nunca mais porão os pés no Terreiro.

Fonte: Mediunidade – Tudo O Que Você Precisa Saber - Richard Simonetti

Adaptações: Alex de Oxóssi
 




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27/09/2013

Saudações aos Orixás e Entidades

Saudações aos Orixás e Entidades

Oxalá

- Epa epa Babá! (yorubá)
Epa epa(exclamação de surpresa, grande admiração pela honrosa presença); Babá (pai)

Omulu/Obaluaie
- Atoto! (yorubá)
Atoto (Silêncio) – Silêncio! Ele está entre nós!

Oxossi
- Okê arô! (yorubá)
Okê (monte); arô (título honroso dado aos caçadores) – Salve o grande Caçador!

Oxum
- Ora iê iê ô ! (yorubá)
Salve a Senhora da bondade!

Ogum
- Patakori Ogun! (yorubá) ou ainda, Ogunhê! (brado que representa o força de Ogun) pàtàki (principal); ori (cabeça) – Muita honra em ter o mais importante dignitário do Ser Supremo em minha cabeça!

Yemanjá
- Odô-fe-iaba! (yorubá) ou ainda, Odô iá!
Odô (rio); fe (amada); iyàagba (senhora) – Amada Senhora do Rio (das águas)!

Xangô
- Kawô Kabiecile! (yorubá)
Ká (permita-nos); wô (olhar para); Ka biyê si (Sua Alteza Real); le (complemento de cumprimento a um chefe) – Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real!

Iansã
- Eparrê Oiá! (yorubá)
Eparrê (saudação a um dos raios do Orixá da decisão); Oyá (nome por que é conhecida Iansã) – Saudação aos majestosos ventos de Oyá!

Ibeji
- Oni Beijada! (yorubá) ou ainda, Beji, Beijada!
Ele é dois!

Nanã
- Saluba Nanã! (yorubá)
Salve a Senhora Mãe de todas as Mães

Ossaim
- Euê-ô! Euê-ô! Euê-ô! (yorubá)
Ewe (folhas); O (sufixo para cumprimentos (salve) – “Salve as folhas!” ,ou melhor “Salve o Senhor das folhas!”

Preto Velho
- Adorei as Almas!

Caboclo
- Okê, Caboclo!
“Salve o Grande Caboclo”

Boiadeiro
- Xetro marrumbaxetro! Xetruá!
Significação desconhecida. Figuração onomatopéica.

Exu
- Laroyê exu! (yorubá) ou ainda, Exu é mojubá!
“Saudação amiga a Exu” ; móju (viver à noite) bá (armar emboscada) - “Exu gosta de viver a noite, sempre capaz de armar emboscadas”.

Crianças
- Oni, beijada!
“Ele é dois!” , saudação igual a dos orixás Ibeji.

Ciganos
- Arriba!

Malandros
- Salve a Malandragem ! ou ainda, Acosta! Malandro!

Estudo Religioso



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26/09/2013

Erês

Erês


Salve as Crianças! Salve os Erês!

Salve Cosme e Damião!

Salve Oni beijada! 



Ibeijada, Yori, Erês, Dois-Dois, Crianças, Ibejis, são esses vários nomes para essas entidades que se apresentam de maneira infantil.Quando chegam no terreiro transformam o ambiente em pura alegria.


YORI: um dos raros termos sagrados que se manteve sem nenhuma alteração. Esse termo, assim como Yorimá, era de pleno conhecimento da pura Raça Vermelha, só se apagando do mental do Ser humano após a catástrofe da Atlântida. Ele ressurgiu através do Movimento Umbandista, em sua mais alta pureza e expressão. Traduzindo este vocábulo através do alfabeto Adâmico, temos: A Potência Divina Manifestando-se; A Potência dos Puros.

BEIJADA: Nome dado no Brasil, às entidades que se apresentam sob a forma de crianças. São, conforme a crença geral, nos cultos afro-brasileiros e na Umbanda, as falanges dos Orixás gêmeos africanos IBEJIS

IBEJI : (ib: “nascer”; eji: “dois”) Orixás gêmeos africanos que correspondem, no sincretismo afro-brasileiro, aos santos católicos Cosme e Damião. Ibeji na nação Keto, ou Vunji nas nações Angola e Congo.

DOIS DOIS: Nome pela qual são designados os santos católicos Crispim e Crispiniano; os santos Cosme e Damião; o Orixá africano IBEJI e a falange das crianças na Umbanda.

ERÊ: Vem do yorubá iré que significa “brincadeira, divertimento”. Existe uma confusão latente entre o Orixá Ibeji e os Erês. É evidente que há uma relação, mas não se trata da mesma entidade. Ibeji, são divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e Damião. Erês, Crianças, Ibejada, Dois-Dois, são Guias ou Entidades de caráter infantil que incorporam na Umbanda.

Essa linha é regida por Pai Oxumarê e possuem esse poder de renovação e incrivel capacidade de alegrar todos ao redor, o Amor é a própria energia manipulada pelas crianças.São espiritos naturais, que jamais passaram pelo processo de encarnação, encantados da natureza, seres de imensa luz e sabedoria, que utilizam da roupagem infantil para nos trazer sabedoria através de um sorriso.

No decorrer das consultas vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano. Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles. Por apresentarem aspecto infantil podem não ser levadas muito a sério, porém o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas à Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos. O elemento e força da natureza correspondente a Ibeji são todos, pois ele poderá, de acordo com a necessidade, utilizar qualquer dos elementos. Eles manipulam as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os regem. Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa. Embora as crianças brinquem, dancem e cantem, exigem respeito para o seu trabalho, pois atrás dessa vibração infantil, se escondem espíritos de extraordinários conhecimentos. Imaginem uma criança com menos de sete anos possuir a experiência e a vivência de um homem velho e ainda gozar a imunidade própria dos inocentes. A entidade conhecida na umbanda por erê é assim. Faz tipo de criança, pedindo como material de trabalho chupetas, bonecas, bolinhas de gude, doces, balas e as famosas águas de bolinhas -o refrigerante e trata a todos como tio e vô. 

Normalmente tem os nomes relacionados normalmente a nomes comums, normalmente brasileiros. Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho, Cosminho, etc...Comem bolos, balas, refrigerantes, normalmente guaraná e frutas.
Alguns deles incorporam pulando e gritando, outros descem chorando, outros estão sempre com fome, etc... Estas características, que às vezes nos passam desapercebido, são sempre formas que eles têm de exercer uma função específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência. 

A festa de Cosme e Damião, santos católicos sincretizados com Ibeiji, à 27 de Setembro é muito concorrida em quase todos os terreiros do pais. Uma curiosidade: Cosme e Damião foram os primeiros santos a terem uma igreja erigida para seu culto no Brasil. Ela foi construída em Igarassu, Pernambuco e ainda existe. 


Velas: Cor-de-rosa, azul claro, brancas.
Flores: Rosas brancas e cor de rosa, flores do campo
Frutas: Uva, pêssego, goiaba, maçã, morango, cerejas, ameixas.
Comidas: Doces, Frutas, Arroz Doce, Cocadas, Balas, Bolo
Bebidas: Guarané, Suco de frutas
Portais de Cura: Flores, quartzo rosa e aul, mel, velas brancas,rosas e azuis.

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