Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

23/04/2013

Oooooogunhê meu Pai! Salve o Seu Dia!


Salve o dia 23 de abril
Patacori Ogum! Ogunhê meu Pai!


ogum umbanda

Que os nossos caminhos sejam abertos e livres de tudo que nos estacione no caminho da nossa evolução!
Que a tua espada iluminada corte a maldade dos nossos inimigos, mas principalmente, a maldade que está em nós, porque a nossa liberdade depende da paz da consciência, da retidão da conduta e da paz que semeamos.
Que o nosso dragão interior seja aplacado pela tua força e pela tua luz, para sermos dignos de pronunciar o teu nome!
Ogunhê meu Pai! Nosso General de Umbanda! Que a vitória do Bem sobre o mal seja a marca da tua bandeira no mundo inteiro!
(Homenagem do TULCA)







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21/04/2013

Mestre Malunguinho

malunguinho umbanda

Salve o Mestre Malunguinho, "que a Jurema manda"!



Existe uma toada na Jurema que versa assim: “Malunguinho tá de ronda / Quem mandou foi o Jucá / Malunguinho tá de ronda / Que a Jurema Manda / Ô que a Jurema manda”...



Portanto, sabemos que ele, como uma das divindades centrais desta religiosidade do nordeste do Brasil tem forte fluxo na Cidade do Jucá, um dos sete Reinos encantados espirituais da Jurema. Na verdade Malunguinho está na porta central, como àquele que permite a entrada e também pode não permitir a passagem para dentro das Cidades, ou para dentro dos Reinos da Jurema Sagrada. Também pode não permitir a saída de lá...


Esta característica e prática ritual dessa divindade negro indígena é muito forte na Jurema cultuada principalmente na Mata Norte pernambucana, onde o Malunguinho, personagem histórico que atuou como liderança quilombola do Catucá na primeira metade do século XIX no Estado teve grande atividade e reconhecimento. Suas práticas como homem guerreiro, protetor, guardião das matas, chefe da mata, Rei Nagô, Rei das matas, organizador de seu povo, militante aguerrido das causas dos desprovidos de proteção e também como homem violento e implacável, se recriaram dentro da prática da Jurema, que é uma religião de matrizes indígenas que tem como principal característica teológica a xenofilia e a transcendência do estado mental através da ingestão do ajucá ou vinho da Jurema, bebida que pode proporcionar um estado de transcendência da mente e da espiritualidade humana.


Malunguinho tem forte representação nas nossas terras. Ele é muito mais que uma divindade da Jurema, vai bem além, adentrando também a prática do culto aos Orixás, como por exemplo, a prática de Xangô, o Rei Nagô...


Falar de Malunguinho é bem mais que citar bibliografias, que mesmo estas sendo importantes, sem dúvida, não podem dimensionar o que esta divindade representa para seu povo ainda. Falar dele é falar da experiência e memória oral de centenas de terreiros de todo Nordeste que dedicam culto a este forte protetor espiritual que mantém ao longo de todos estes anos, mais de 176 (18 de setembro de 1835 - data provável da morte do último Líder Malunguinho, o João Batista), sua marca na vida de milhares de homens e mulheres que tem fé nos milagres, na fumaça e gira deste Mestre, Caboclo e Trunqueiro/Exú.



Estatueta representativa na Jurema do Malunuginho Caboclo. VI Kipupa. Foto de Joannah Mendonça.



Poderemos aqui, neste pequeno artigo, explorar um pouco da cor, dos cheiros, da alma deste guerreiro protetor dos malungos e “malunga(s)” (como se auto afirmou na assinatura de oferecimento de seu livro para mim, a professora Yeda Pessoa de Castro) que tem história na religiosidade da Jurema... Seus rituais e forma de culto são complexos e serão revelados em futuras publicações nossas... Mas vamos falar de alguns aspectos já citados apontados agora:
Primeiro podemos chamar a atenção para o sentimento que Malunguinho causa em seus discípulos. Mãe Terezinha Bulhões, juremeira das mais antigas vivas ainda hoje em Pernambuco, e, discípula do Mestre Malunguinho, concedeu em entrevista este relato: “Estar ao lado dele, é ter a certeza da proteção e da boa energia que vibra de sua presença (...). Antes de ter ele em minha vida, morria de medo de entrar em uma mata, para mim era horrível só pensar em ir a uma. Depois que ele se revelou e me guiou na Jurema, perdi todo medo de lá. Pois sei que nada poderá me acontecer, já que ele é o Reis das Matas. Ele é o dono de lá (...), ele é meu pai”.


Malunguinho é verdadeiramente amigo dos juremeiros e juremeiras, assim como já avisa seu nome – Malungo, que é uma palavra da língua Kimbundo de Angola, na África e, significa amigo, companheiro, parceiro de bordo e de lutas... Mesmo sendo também considerado uma divindade arisca e de difícil contato, sua função demanda muita cautela e atenção, por isso talvez seja um pouco bravo... Pois ele tem que manter a moral nos portais das cidades da Jurema Sagrada, ele é responsável pelo equilíbrio do fluxo espiritual entre discípulos e o mundo sagrado... Mas ele é amigo leal, como relatam todos os seus discípulos e cultuadores. O juremeiro e babalorixá Zeca de Odé, que tem terreiro no bairro de Peixinhos – Olinda/PE, diz: “Na minha casa ninguém recebe ele, mas esse Preto nos dá muita força em tudo aqui. Malunguinho sempre está presente e quebrando todas as demandas dos nossos inimigos, eu confio a ele nossa proteção na gira da Jurema”, revela.


Sua saudação é "Sobô Nirê, Reis Malunguinho". E a palavra Reis é escrita assim mesmo, no plural, pois ele não é só apenas um Rei, mas sim vários, representados em uma única divindade polissêmica e multi-funcional. Uma questão importe é podermos perceber que sua saudação é uma forma de resgate da memória linguística negra africana no Brasil, pois é aclamado em uma mistura de língua fon com yorùbá.


“Toda casa de Jurema deve manter culto à Malunguinho”. Mesmo não havendo discípulo que o receba, seus cânticos e rituais devem ser realizados, pois ele é fundamental na liturgia interna desta prática, é um elemento básico para o funcionamento dos rituais.


Suas cores são o verde, o vermelho e o preto, ou ainda o preto e branco, ou o vermelho e preto. Suas guias, indumentárias que adornam os pescoços dos juremeiros sempre vão ter as sementes de ave-maria unidas a estas cores, simbolizando-o e o sinalizando. As cores, vermelho e preto, acreditamos que remonta as cores do Orixá Exú no culto dos yorùbá. Malunguinho também é sincretizado com esta divindade africana por ter funções muito parecidas em suas liturgias e práticas.


Um de seus símbolos mais usados e importantes é a estrela de sete pontas que simboliza o domínio sobre as sete Cidades da Jurema (este símbolo também é usado por juremeiros e juremeiras de ciência no culto, é um símbolo de força). Também a preaca (arco-e-flexa) e o bodoque compõem seus símbolos. Chapéu de palha destorcido ou virado ao contrário, chibata, facão, dentes de animais e couros de cobra são também utilizados. Existem outros símbolos, como o chapéu de couro de vaqueiro ou cangaceiro, o rebengue, espécie de chicote usado pra tanger boi no Sertão e, até mesmo espingardas podem ser encontradas em seus assentamentos sagrados.


O cheiro que emana da prática religiosa de Malunguinho é de fumo de rolo e de cachaça ou cana de cabeça. Muito fumo e fumaça... “Ele gosta da fumaça pesada”. Fumo preto, daqueles que ao fumar causam até torpor, são apreciados. Vinho e Jurema são ingeridos em grandes quantidades nos momentos de incorporação... O cheiro e o sabor do dendê estão em todos os momentos em suas obrigações. Muito dendê, pimenta, frutas tropicais, em especial a macaíba, sementes, raízes e folhas. “Ele gosta de comer bem. Muito bode, galos e pintos pretos e vermelhos, os pedrezes também entram... tudo recheado de farinha de mandioca e pimenta com dendê”, explica o pai Zeca de Odé.


As velas pretas, vermelhas, verdes e brancas são acesas para o firmamento de seus votos de fé. São os “pontos firmados”, em sua linha de catimbó.


Podemos avaliar de forma muito preliminar que o culto à Malunguinho se organizou de forma bem estruturada na cosmovisão da Jurema. A ele tudo é tal qual podemos observar como são para os Orixás, por exemplo. Sua prática vai bem mais além, mas não é nosso objetivo aqui destrinchar todos seus rituais e oferendas, rituais e cerimônias secretas. “Malunguinho é dono de muitos segredos na Jurema”, afirma mãe Terezinha Bulhões.


Hoje, após mais de 9 anos do trabalho do Quilombo Cultural Malunguinho na internet e em diversos espaços de discussão e de luta por direitos, Malunguinho vem sendo reconhecido como herói pernambucano, tendo até uma Lei Estadual proposta por este grupo em 2007, a Lei da Semana da Vivência e Prática da Cultura Afro Pernambucana, a Lei Malunguinho de número 13.298/07. Com tudo isso, aos poucos o Rei das Matas vai retomando seu lugar no meio do povo brasileiro, como é merecido, já que ele é a representação legítima do herói negro e indígena que o povo elegeu como divindade de sua religião, como Rei da Jurema e seu herói por derradeiro.


Após conhecer uma pequena partícula do que é esta divindade, ou divindades da Jurema, podemos agora mergulhar um pouco em seus sabores e cores através também do ritmo que o acompanhou durante toda esta leitura.


O coco, ritmo nordestino de grande variedade de estilos em diversas regiões brasileiras vem com muito catimbó e ciência na musicalidade do Grupo Bojo da Macaíba. A ciência de fé deste grupo fica evidente ao percebermos as rimas ricas de significados e mensagens subliminares que quase são recados de mestres e caboclos da Jurema Sagrada. O coco “Malunguinho” foi composto por Nino Souza, o cantor e compositor da banda para homenagear esta importante divindade da Jurema que é patrona do grupo, e, também fortalecer a luta pelo reconhecimento da história deste líder quilombola. Saboreie esta linda homenagem deste grupo de jovens juremeiros e juremeiras que nos dão o prazer de curtir uma música autenticamente da terra, sem faltar nada para nos reconhecermos.


Sobô Nirê Reis Malunguinho! Que a luta pelo resgate da história e memória dos nossos antepassados nos promova mais cidadania, "que a Jurema manda"!

A.D.






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17/04/2013

Jurema

Jurema


Teologia da Jurema Sagrada, existe alguma?


“Jurema, minha Jurema, Jurema, Jurema minha, Jurema Preta, a senhora é a Rainha, ela é dona da Cidade, mas a chave é minha”…

(Cântico sagrado da Jurema).


Não existe ainda uma teologia escrita e codificada sobre o culto da Jurema Sagrada, mas vou aqui resenhar alguns traços introdutórios. A teologia da Jurema é originária da matriz indígena do nordeste brasileiro, em especial, etnicamente falando, dos Tupis. É baseada na fé em um Deus único, aparentemente o mesmo dos cristãos, mas devemos incorporar o entendimento de que este “Deus” na verdade pode ser feminino como a mãe Tamain dos Fulniô, ou pai Tupã, entre outros.

Na perspectiva do catolicismo popular e do espiritismo kardecista a reencarnação é um elemento fundamental em suas cosmologias, como também o é na crença religiosa dos Juremeiros, que acreditam inclusive na possibilidade do espírito retornar como Mestre ou Mestra (divindades/entidades que foram seres humanos e que viveram no mundo carnal, pertenceram à Jurema como sacerdotes ou realizaram atos heróicos ou notórios e místicos em defesa dos excluídos durante sua passagem na terra) para cumprir parte de sua “missão.

A crença em elementos, símbolos, objetos, imagens, árvores sagradas, animais sagrados (a exemplo do besouro mangangá), no Cachimbo ou Gaita e na Fumaça sagrada, compõe toda fé e imaginário teológico da religião, que absorveu elementos do cristianismo primeiramente, depois do imaginário da umbanda (a partir da década de 1970) juntando-se ainda ao Kardecismo do francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec). Séries de lendas urbanas também compõem o corpo de sua oralidade litúrgica, além de contos místicos e fábulas sobre Mestres e Mestras que realizaram atos mágicos em um tempo remoto. A Jurema em si, ainda, representa e materializa uma Deusa, já que para a maioria dos povos indígenas do nordeste a divindade suprema da existência seria mulher (Mãe Tamain). Ela é algo superior e incompreensível que toma a forma de guia, de protetora, de Deusa, a Deusa próxima, ao alcance das mãos e do espírito. Uma divindade amiga e inimiga, que podemos rogar quando necessário, a exemplo da expressão: “Que a Jurema me abençoe me proteja e me guarde”, neste caso ela é citada e rogada como Deusa, com o mesmo significado do Deus cristão que pode proteger, abençoar e guardar.

No culto, o princípio fundamental é a cura do corpo, mente e espírito, o bem estar do ser humano em todos os seus aspectos, a resolução dos problemas gerais do cotidiano e a evolução espiritual através da caridade e dos trabalhos de cura.

Bem e mal não são polarizados e nem esboçam maniqueísmo. Estes conceitos são encarados com naturalidade dentro do culto, que permite tanto usar a “ciência” para o “bem” quanto para o “mal”, sabendo-se que há a lei do retorno também presente na religião kardecista. O pecado é algo encarado como relativo, salientando que a defesa espiritual é um ato digno e que deve ser feito sem temer os encargos que o “inimigo” sofrerá materialmente ou espiritualmente. Podemos ainda ver características próximas com o Vodu do Haiti, que é uma religião popular e muito difundida neste país, sendo considerada uma religião de guerra, onde suas divindades/entidades incorporam a defesa do povo contra o poder dominante, tendo papel muitas vezes definitivo e fundamental nas decisões políticas do Estado. Na Jurema, vemos também este papel, já que nas surdinas das noites, os políticos vão aos terreiros de Jurema decidir seus destinos nos seus meios de relações de poder.

“A Pajelança Jurema Nativa possui um conhecimento e uma Tradição Milenar” (segundo o nativo Taki Cacique Pajé da Tribo Karirí Xocó apud Alberto Junior, 2007). Os ancestrais divinizados na Jurema, tem o mesmo valor dos Babá Ègún (ancestrais ilustres divinizados que quando em vida eram iniciados ao culto de um Orixá) para os povos Yorùbás. Eles são cultuados e respeitados de forma específica, mas semioticamente semelhante a esta tradição, onde a ética, o respeito e a organização social são mantidos por estas personalidades divinizadas, que voltam para reorganizar ou manter o controle das tradições.

Maria do Acaes, a grande Juremeira histórica, nos remete ao imaginário da Jurema paraibana, que teve tantos valores agregados a ela e à sua mesa de Jurema, que curou e revolucionou a vida de muitos e muitas em seu tempo. Hoje, é saudada em todas as casas com o vigor de ancestral ilustre que fez da Jurema uma forte tradição, que emanou conceito litúrgico organizado através de sua experiência própria para os dias atuais. Isso se vê claramente nas casas mais tradicionais que preservam inclusive os elementos de mesa, igualmente a antiga tradição.

A cosmovisão religiosa da Jurema centraliza-se no reino da Jurema, “… que, em Alhandra, é também denominado de Encantos. Esse reino, de acordo com os juremeiros da região, seria composto de sete cidades, sete ciências: Vajucá, Junça, Catucá, Manacá, Angico, Aroeira e Jurema. Como mencionado acima, Andrade foi o primeiro a relatar a existência de um Reino da Jurema. Este, segundo o autor, se dividiria em outros onze reinos: Juremal, Vajucá, Ondina, Rio Verde, Fundo do Mar, Cova de Salomão, Cidade Santa, Florestas Virgens, Vento, Sol e Urubá (ANDRADE, 1983). (Salles, 2010; p. 82).

Cascudo, em Meleagro, menciona a existência de um mundo dos “encantados”, que seria dividido, segundo alguns, em sete: Vajucá, Urubá, Juremal, Josafá, Tigre, Canindé e o Fundo do Mar, e cinco, segundo outros, que seriam os quatro primeiros, mais Tanema, ou o Reino de Iracema. Esse “mundo do além”, segundo ele, seria dividido em Reinados ou Reinos, cuja unidade seria a aldeia. Cada aldeia, por sua vez, teria três mestres. Assim, 12 aldeias formariam um reino, composto de 36 mestres. Nesse reino, haveria cidades, serras, florestas e rios” (Cascudo, 1978, apud Salles, 2010; p. 82). Mas esta complexidade pertence a uma forma de pensar o mundo através da experiência própria transcendental da viagem à Jurema, atividade muito comum aos Juremeiros antigos e índios que ao ingerir o vinho sagrado feito com as raízes da Jurema Preta (Mimosa hostilis), elevavam-se a estes mundos que eram revelados em etapas, e onde se buscava a tão citada ciência da Jurema.

A cura na Jurema pode-se compreender dentro de uma lógica holista. Os diversos processos de curandeirismo que envolvem um vasto conhecimento de ervas e magias dentro da medicina indígena/dos juremeiros contidos na ciência da Jurema, abrangem o corpo físico (a “matéria”), a mente e o espírito.

As entidades que compões a jurema são os Caboclos e índios (os guardiões da Jurema, junto com Malunguinho), Mestres Juremeiros e Mestras Juremeiras, Trunqueiros/Exús, cangaceiros, crianças, marinheiros, ciganos, freis, encantados, espíritos de baixa evolução, etc. Assim como no Kardecismo, o juremeiro pode receber entidades diversas, obsessores e outros espíritos de linhagens inesperadas, como por exemplo, os espíritos hinduístas entre outros.

A composição e representação imagética nesta religião se compõem de imagens na estatuas e estatuetas, na maioria de gesso, com representações ainda rústicas de suas divindades/entidades. Não se sabe bem ao certo como os produtores de imagens de gesso tiveram conhecimento para retratar em suas esculturas imagens que poderiam equivaler a estas divindades/entidades, mas isso não é importante entre os religiosos, pois a representação não é fundamental no culto, podendo ser completamente abolida por uma “princesa” ou “príncipe” (taças e copos, com os fundamentos da Jurema).

A iniciação no culto da Jurema assume diversas formas e metodologias não seguindo um padrão unificado e liturgicamente igual nos terreiros. O Juremeiro ou juremeira pode nascer com a ciência e não precisar ser juremado (iniciar-se no culto), da mesma forma como uma divindade/entidade pode solicitar esta iniciação, que varia de caso a caso. O ritual chamado de Tombo da Jurema ou Juremação é um dos mais conhecidos entre os religiosos, mas nestes casos, é o mestre ou mestra, caboclo ou trunqueiro que recebe o ritual, utilizando-se do corpo do juremeiro.

O termo catimbó, muito utilizado dentro do culto da Jurema, significa “prática espírita afro-indígena, de finalidade terapêutica, originada da fusão de elementos da pajelança e de cultos bantos. É conduzida por um “mestre” e resume-se, basicamente, em sessões de passes, defumações e banhos lustrais, com cânticos propiciatórios” (Lopes, 2004). A origem do termo catimbó é controversa, embora a maior parte dos pesquisadores afirme que deriva da língua tupi antiga, onde caa significa floresta e timbó refere-se a uma espécie de torpor que se assemelha à morte. Desta forma, catimbó seria a floresta que conduz ao torpor, ou a morte, numa clara referência ao estado de transe ocasionado pela ingestão do vinho da jurema. Outras teorias, porém, relacionam o vocábulo com a expressão cat, fogo, e imbó, árvore, neste mesmo idioma. Assim, fogo na árvore ou árvore que queima relataria a sensação de queimor momentâneo que a ingestão da bebida da Jurema ocasiona. Em diversos estados do nordeste brasileiro, onde os rituais de catimbó são freqüentemente associados à prática de magia negra, a palavra ganha um significado pejorativo, podendo englobar qualquer atividade mágica realizada no intuito de prejudicar outrem. Ainda podemos entender que este termo está ligado a um significado de torpe, que coloca a pessoa em condição de inferioridade pela prática mística, julgo este sempre feito por designação leiga. Os termos juremeiro e juremeira, designando o sacerdote ou sacerdotisa que preside a mesa ou terreiro de Jurema é atualmente utilizado, sendo também recente o entendimento de que os termos catimbozeiro ou catimbozeira devem ser abolidos para uma melhor compreensão dos termos aqui expressos.

A.D.

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14/04/2013

Intolerância Religiosa ou Bullying Religioso

Intolerância religiosa


"Intolerância religiosa ou Bullying religioso: como estão criando o ódio ao outro, em vez de criar o amor ao próximo."

BONDADE
"Ninguém nasce odiando outra pessoa
pela cor de sua pele,
ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta."
(Nelson Mandela)

É doloroso a um pai e a uma mãe ver seu filho chegar em casa chorando e, ao perguntá-lo o que houve, ouvir de sua boca que ele está sendo perseguido na escola (seja agredido verbalmente, psicologicamente ou fisicamente). Isso causa revolta a família e a uma grande parte da sociedade, ao saber que casos como este existem.

Saber que estão ridicularizando seu filho por ele ser magro, gordo, vesgo, muito baixo, muito alto, porque tem um pequeno ou um grande defeito físico, por ser muito inteligente ou por não ser tanto inteligente assim, ou, simplesmente, porque ele tem uma crença religiosa, é muito difícil de se lidar.

O interessante é que o bullying não se limita somente a escola, mas a toda sociedade quando alguém, um grupo, persegue, ridiculariza, maltrata, agride, humilha uma pessoa ou grupo de pessoas. No caso, dão-se outros nomes, como: assedio moral, intolerência religiosa (art. 20 – lei Caó - Lei 7716/89), a ofensa à integridade física (art. 129, Código Penal); injúria (art. 140, Código Penal); calúnia (art 138, Código Penal); difamação (art. 139, Código Penal); ameaça (art. 147, Código Penal)

Normalmente quando isso acontece com um filho, um parente, há uma comoção, os pais procuram a escola, falam com o diretor, orientador pedagógico, pois querem uma solução para isso e não querem ver seu filho sofrendo esse tipo de abuso. E tudo isso é entendido como um abuso que necessita parar, algo inadmissível.

Bom, o triste é que existe também o bullying religioso ou intolerância religiosa, em que, não só as crianças, mas também seus pais e parentes, são vítimas de preconceito religioso, perseguição e discriminação. E isso acontece no dia a dia, na escola, no trabalho, ou seja, em qualquer lugar. 

A diferença do bullying religioso e do bullying escolar é que primeiro é fomentado e estimulado e, o segundo, condenado. No entanto, ambos são práticas ofensivas que não deveriam ser permitidas ou estimuladas em nossa sociedade, pois propagam o ódio e a raiva em virtude das diferenças. Lembrando que podemos ser diferentes em muitas coisas, mas somos semelhantes, pois todos nós somos seres humanos.

No âmbito religioso existem setores que trabalham fomentando o bullying religioso através de um artifício chamado proselitismo religioso, ou seja, de acordo com a minha religião (ou o que eu interpreto dela ou o que assumo que outro interprete, seguindo suas palavras sem questionamentos) eu desqualifico, denigro ou demonizo outras religiões, simplesmente porque são diferentes, assumindo que a minha, é a verdade absoluta, a única certa e verdadeira; ou, o meu Deus, é o único caminho de salvação e verdade. Assim, as outras, todas as outras religiões são mentiras, não tendo valor, e não fazem parte da verdade de Deus, pois meu Deus é o único caminho. Outro ponto é que religiões que assim procedem, também estimulam seus fiéis a converterem pessoas de outras crenças a qualquer custo, sem respeitar o direito do outro de ter a sua própria fé e manifestá-la livremente. E, quando não convencem o outro, partem para as agressões, perseguições, difamações, chegando algumas vezes até a agressão física, para, supostamente, tirar o demônio do corpo daquele indivíduo que quer, somente, ser respeitado em sua religião, em sua crença.

O fato é que não se admite o bullying escolar, mas certas crenças estão assumindo, no proselitismo que fomentam, o bullying religioso. E isso é um absurdo e uma grande falta de amor e respeito ao outro. Como é possível dizer amai-vos uns aos outros, se existe um fomentar o ódio e a agressão àqueles que, simplesmente, escolheram uma outra fé, uma outra crença, uma outra religião?

Já é hora de começar a pensar nisso tudo, pois se aqueles que fomentam o bullying religioso através do proselitismo não acordarem hoje, provavelmente seus filhos e filhas estarão copiando isso e levando para dentro das escolas e perseguindo crianças de outras crenças. Transformando nossa sociedade em uma sociedade de segregados, de pessoas perseguidas e gerando, cada vez mais, ódio nas pessoas e nas crianças, só porque existem pessoas de outras crenças.

"Creio na verdade fundamental de
todas as grandes religiões do mundo. 
Creio que são todas concedidas por Deus 
e creio que eram necessárias para os
povos a quem essas religiões foram reveladas. 
E creio que se pudéssemos todos ler as 
escrituras das diferentes "fés", sob o ponto 
de vista de seus respectivos seguidores, 
haveríamos de descobrir que, no fundo, 
foram todas a mesma coisa e sempre úteis 
umas às outras." 
(Mahatma Gandhi)

Um amigo me falou sobre uma passagem do NT, João 14: 6 Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim." 

Esse amigo me disse que a melhor interpretação, vendo que Jesus sempre professou o amor, que nunca impôs o curar ou o ajudar o outro que a pessoa acreditasse nele, é que o maior caminho, verdade e vida que esse grande mestre nos mostrou foi, sem sombra de dúvidas: "Amaras o teu próximo como a ti mesmo". Mateus 22:39. E que esse é o grande caminho que a humanidade tem que percorrer: amar o próximo, e, por esse amar, alcançar a Deus.

A grande verdade é que quem ama não discrimina, persegue, ofende, mas aceita o outro em suas diferenças, mesmo que essas diferenças sejam na escolha de uma religião.
Se todas as pessoas se amassem mais, e se respeitassem mais, teríamos um mundo bem melhor, independente da religião de cada um.
Um mundo mais em paz e mais próximo de Deus, ou seja, um mundo com muito mais amor.

Pai Etiene Sales




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13/04/2013

A Defumação na História

A Defumação na História

Ninguém sabe quando a humanidade começou a usar as plantas aromáticas. Estamos razoavelmente seguros de que os sentidos do homem antigo eram bem mais aguçados, e o sentido do olfato foi crucial para sua sobrevivência. Há evidência do período Neolítico de que ervas aromáticas eram usadas em culinária e medicina, e que ervas e flores eram enterradas com os mortos. A fumaça ou fumigação foram provavelmente um dos usos mais antigos das plantas, como parte de oferendas rituais aos deuses. Era provavelmente notado que a fumaça de várias plantas aromáticas tinha, entre outros, efeitos alucinógenos, estimulantes e calmantes. Gradualmente, um conjunto de conhecimentos sobre as plantas foi acumulado e passado a centenas de gerações de xamãs.

Os seres humanos tem uma ligação muito forte com as plantas. As plantas aromáticas tem sido honradas de um modo especial desde os tempos antigos. Eram utilizadas em rituais religiosos e mágicos, assim como nas artes curativas. Estas três práticas eram fundamentais para a existência humana (ainda hoje continuam sendo).

As grandes civilizações desaparecidas do Oriente Médio e do Mediterrâneo glorificavam os aromas, que faziam parte de suas vidas. Creio que conhecer um pouco da história dos aromas e da defumação mágica, é uma introdução adequada para sua prática.

Descendentes de Atlântida

Há 4000 anos, existia uma rota de comércio onde se cruzavam as culturas mais antigas do Mediterrâneo e da África. Através dela, acontecia o comércio e troca de diferentes mercadorias como por exemplo: ouro, olíbano, temperos e especiarias em geral; consequentemente, trocavam conhecimentos de suas diferentes culturas. E foi bem no meio desta rota que nasceu a maior civilização desta época: O Egito.

A antiga civilização do Egito era devotada em direcionar os sentidos em direção ao Divino. O uso das fragrâncias era muito restrito. Inicialmente, sacerdotes e sacerdotisas eram as únicas pessoas que tinham acesso a estas preciosas substâncias. As fragrâncias dos óleos eram usadas em perfumes, na medicina e para uso estético, e ainda, para a consagração nos rituais. Eram queimados como incenso. Sobre as paredes das tumbas dos templos antigos perdidos no deserto, há um símbolo que aparece com freqüência que parece uma fumaça que sai dele mesmo. Isto confirma que no Egito se utilizava o incenso desde tempos antigos. Quando o Egito se fez um país forte, seus governantes importaram de terras distantes incenso, sândalo, mirra e canela. Esses tesouros aromáticos eram exigidos como tributo aos povos conquistados e se trocavam inclusive por ouro. Os faraós se orgulhavam em oferecer às deusas e aos deuses enormes quantidades de madeiras aromáticas e perfumes de plantas, queimando milhares de caixas desses materiais preciosos. Muitos chegaram a gravar em pedras semelhantes façanhas.

Os materiais das plantas aromáticas eram entregues como tributos ao estado, e doados a templos especiais, onde se conservavam sobre altares como oferendas aos deuses e deusas. Todas as manhãs as estátuas eram untadas pelos sacerdotes com óleos aromáticos. Se queimava muito incenso nas cerimônias do templo, durante a coroação dos faraós e rituais religiosos. Se queimavam em enterros para extrair do corpo mumificado os espíritos negativos.

Sem dúvida o incenso egípcio mais famoso foi o Kyphi. O Kyphi se queimava durante as cerimônias religiosas para dormir, aliviar ansiedade e iluminar os sonhos.

Os Sumérios e os Babilônios

É difícil separar as práticas destas culturas distintas já que os Sumérios tiveram uma grande influência dos babilônios, e transcreveram muita da literatura dos seus antepassados para o idioma sumério. Sem engano sabemos que ambos os povos usavam o incenso. Os Sumérios ofereciam bagas de junípero como incenso à deusa Inanna. Mais tarde os babilônios continuaram um ritual queimando esse suave aroma nos altares de Ishtar.

Tudo indica que o junípero foi o incenso mais utilizado, eram usadas outras plantas também. Madeira de cedro, pinho, cipreste, mirto, cálamo e outras, eram oferecidas às divindades. O incenso de mirra, que não se conhecia na época dos Sumérios foi utilizados posteriormente pelos babilônios. Heródoto assegura que na Babilônia queimaram uma tonelada de incenso. Daquela época nos tem chegado numerosos rituais mágicos. O Baru era um sacerdote babilônio esperto na arte da adivinhação. Acendia-se incenso de madeira de cedro e acreditava-se que a direção que a fumaça levantava determinaria o futuro, se a fumaça movia-se para a direita o êxito era a resposta, se movia-se para a esquerda a resposta era o fracasso.

Os gregos e romanos

Estes povos acreditavam que as plantas aromáticas procediam dos deuses e deusas. O povo chegou a consumir tantos materiais aromáticos para perfumar-se que no ano de 565 foi decretada uma lei que proibia utilizar essenciais aromáticas pelas pessoas com temor de não ter suficiente incenso para queimar nos altares das divindades.

Nativos americanos

Os nativos americanos vivem em harmonia com a terra, reverenciam-na como geradora de vida. Os nativos americanos desde muito tempo tem conhecido o valor e poder de cura das plantas de poder, usadas em tendas de suor, dança do tambor etc. Queima se sálvia, cedro e resinas para limpeza de objetos de poder. É usada para a saúde e o bem estar de sua tribo.

Incenso do Templo

Desde épocas mais antigas, as substâncias aromáticas naturais de plantas tem um papel vital na vida diária dos povos. Estas ligações vitais entre povos e plantas perderam-se, e muitos de nós perdemos o toque com a terra e com nosso próprio estado de saúde.

De acordo com o Zohar, oferecer incenso é a parte a mais preciosa do serviço do templo para os olhos do grande deus. Ter a honra de conduzir este serviço, é permitido somente uma única vez na vida. Diz-se que quem teve o privilégio de oferecer o incenso está recompensado pela sorte com riqueza e prosperidade para sempre, neste mundo e no seguinte.

Eugênio Carlos - Cheiro Nativo




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Sal Grosso

Pote de sal grosso

Algumas pessoas entendem que o uso do Sal Grosso é apenas misticismo, mas não é.

De forma científica, a frequência vibracional do Sal Grosso é da ordem de 728 THz (Tera-hertz) e seu comprimento de onda é de exatos 415 nm (nanômetros).

Estas são as mesmas características da cor violeta, que possui frequência entre 668 e 789 Thz com um comprimento de onda entre 380 e 450 nm.

Portanto, o Sal Grosso possui os mesmos efeitos da onda de cor violeta e é capaz de neutralizar os campos eletromagnéticos negativos.

O sal é um cristal e por isso emite ondas eletromagnéticas que podem ser medidas pelos radiestesistas.

Visto ao microscópio o sal bruto revela que é um cristal, formado por pequenos quadrados ou cubos achatados.

O sal grosso é considerado um potente purificador de ambientes.

Muitos povos antigos usavam o sal para combater o mau-olhado e deixar a casa a salvo de energias negativas. E isso, permanece até os dias atuais.

As energias densas costumam se concentrar nos cantos da casa, por isso, colocar um copo de água com sal grosso ou sal de cozinha nesses cantos equilibra essas forças e deixa a casa mais leve.

Para uma sala média, onde não circula muita gente, um copo de água com sal em dois cantos é suficiente.

Em dois ou três dias, já se percebe a diferença. Quando se formam bolhas é hora de renovar a salmoura.

A solução de água e sal também é capaz de puxar os íons positivos, isto é, as partículas de energia elétrica da atmosfera e reequilibrar a energia dos ambientes.

Principalmente, em locais fechados, escuros ou mesmo antes de uma tempestade, esses íons têm efeito intensificador e podem provocar tensão e irritação.

A prática simples de purificação com água e sal deve ser feita à menor sensação de que o ambiente está carregado, depois de brigas ou à noite, no quarto, para que o sono não seja perturbado.

Já foi considerado o ouro branco (salmoura para conservar alimentos).
Os povos foram desenvolvendo técnicas de usar o sal, como as abaixo descritas:

Uma pitada de sal sobre os ombros afasta a inveja.

Para espantar o mau-olhado ou evitar visitas indesejáveis, caboclos e caipiras costumam colocar uma fileira de sal na soleira da porta ou um copo de salmoura do lado esquerdo da entrada.

A mistura de sal com água ou álcool absorve tudo de ruim que está no ar, ajuda a purificar e impede que a inveja, o mau-olhado e outros sentimentos inferiores entrem na casa.

Depois de uma festa, lavar todos os copos e pratos com sal grosso para neutralizar a energia dos convidados, purificando a louça para o uso diário.

Na tradição africana, quando alguém se muda, as primeiras coisas a entrar na casa são: um copo de água e outro com sal.

Usam sal marinho seco, num pires branco atrás da porta para puxar a energia negativa de quem entra.

Também tomam banho com água salgada com ervas para renovar a energia interna e a vontade de viver.

No Japão, o sal é considerado poderoso purificador.
Os japoneses mais tradicionais jogam sal todos os dias na soleira das portas e sempre que uma visita mal vinda vai embora.

Símbolo de lealdade na luta de sumô.
Os campeões jogam sal no ringue para que a luta transcorra com lealdade. Use esse poderoso aliado!

É barato, fácil de encontrar, e pode lhe ajudar em momentos de dificuldade e de esgotamento energético!

Modo de tomar o banho de sal grosso:

Após seu banho convencional, despeje o sal diluído na água ou deixe um punhado de sal grosso escorrer do pescoço para baixo, embaixo da água da ducha.

Banho de sal grosso tem o poder de neutralizar a eletricidade do corpo.

Para quem mora longe da praia é um ótimo jeito de relaxar e renovar as energias.

Mas no banho, o único cuidado é não molhar a cabeça, pois é aí que mora o nosso espírito e ele não deve ser neutralizado.

Não são aconselháveis banhos frequentes com o sal.

A.D.




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29/03/2013

Quaresma e Páscoa


A Quaresma agregou-se à Umbanda por herança da época dos escravos, quando eram obrigados a esconder seu culto aos Orixás. Como nesta época não havia culto aos santos católicos, eles também evitavam o culto aos Orixás. 

No entanto, hoje somos todos livres, mas o período da Quaresma, reverberando os desmandos energéticos do carnaval, é uma época sem Lei no Mundo Espiritual, justamente quando os encarnados sentem mais necessidade de proteção. Sendo o terreiro um verdadeiro pronto-socorro espiritual, suas portas não devem ficar fechadas aos médiuns e assistentes.

Os preceitos católicos ainda estão muito arraigados no subconsciente da maioria dos seguidores da Umbanda. É inevitável que em quase todos os centros haja os votos de Feliz Páscoa, mais pela oportunidade do feriado, sendo é essencial que este período seja antes de tudo um momento para a reflexão.

Para nós, Jesus, na Força de Oxalá, estará sempre regendo a cada um, movendo-nos para a Caridade, para o Amor, para a Luz e a Evolução Espiritual. É um espírito Perfeito e Ascensionado, muito longe do sofrimento que ainda lembram e cultuam. É Força Maior, representante de Zambi, atuando junto aos outros Orixás. Jesus já ultrapassou há muito tempo seu sacrifício na Cruz. Já superou seu sofrimento quando encarnado, e para nós a representação de sua manifestação após seu desencarne, é o fundamento na crença da vida após a morte. Comemoramos este intercâmbio abençoado todos os dias, buscando as portas e os caminhos mais iluminados, tentando, nós próprios, superar nossos tropeços, nossas imperfeições.

Entristecer-se e guardar luto relembrando momentos de milênios atrás realmente não está dentro de nossa proposta umbandista. Longe de desrespeitar a crença de nossos irmãos de outras religiões. Apenas temos de conhecer o que é a Umbanda, seus preceitos, mensagens e propósitos.

Não existe para nós, restrição de carne, não há malhação de Judas, coelhinhos da Páscoa. Mas por outro lado, uma coisa é certa, a vibração da Terra se modifica muito no carnaval, e isso reverbera por muito tempo.

Devemos sim, lembrar os 40 (quarenta) dias em que Jesus passou no deserto, antes de iniciar sua vida pública, quando superou a grande prova, representada pelas provações, das falácias, as tentações de toda a espiritualidade voltada para o Mal, que se opunha ao seu Caminho e à Sua Luz. Podemos aproveitar e comemorar sim com nossos irmãos católicos, mas com outro olhar. A vitória do Espírito sobre as iniquidades, a superação, o exemplo que devemos seguir, pois todos passamos pelo mesmo deserto por onde andou Jesus. Até agora, somente ele conseguiu atravessá-lo incólume em uma só encarnação.

A Páscoa, como um momento de leveza e Fé, pode servir para o umbandista como um tempo do próprio renascimento, no recarregar as forças, no reciclar dos pensamentos e atitudes, num momento apropriado para a introspecção e oração, no Perdão sincero, na compreensão das dificuldades, momento de encontrarmos a chave da Paz, da Harmonia , da Caridade.

Vamos então manter todos os dias de nossas vidas, nossos Anjos de Guarda firmados na Luz da Fé, da Busca pela Verdade, pelo pensamento reto, buscando renovação a cada dia, e aprendermos com as lições, provas e expiações que necessitamos.

Ter devoção limitada às datas comemorativas não vai nos fazer melhores, mas sim o trabalho árduo, suor, sangue e lágrimas na estrada da vida, caindo, levantando, dando as mãos à quem precisa, tendo o verdadeiro Pai Maior em nossos corações, e só seremos dignos disso quando vibrarmos na Luz do entendimento, da superação, do renascimento constante, superando a inferioridade do Eu interno. Só assim conseguiremos ouvir a doce voz dos falangeiros dos Orixás e a Suprema Claridade do Mestre em nossa Alma, e aí, poderemos comemorar.

Alex de Oxóssi





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