Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

08/09/2012

Umbanda - Semente de Vida e Amor no Universo


Somos eternos e privilegiados aprendizes das Leis Divinas.

Foi-nos permitido aprender sempre: na escola e em casa, com erros e acertos; com conhecidos e desconhecidos, na alegria e na dor; com quem menos imaginamos e conosco mesmos; com crianças, velhos e adultos; com animais e plantas; e, com a vivência em sociedade.

Por merecimento, reencarnamos neste mundo de expiações e provas, com o objetivo de melhorarmos nossa índole, nossa essência e recebemos a oportunidade de nos conscientizarmos do prejuízo com o tempo perdido, com guerras, disputas e desentendimentos, para revermos nossas atitudes, vigiarmos nossos pensamentos, aprimorarmos nossos sentimentos, aprendermos a amar nossos semelhantes e, ainda, outorgados a dividir com outras pessoas essa maravilhosa experiência de amar, respeitar e honrar todas as formas de vida.

Nossa vida pode ser traduzida como capítulos de um livro, escrito sem ensaios nem borrachas, e deve ser conduzida sem pretensões de fartas colheitas no plano terreno.

Um livro com histórias bonitas e com finais felizes. Outras com novas histórias, feias e tristes, com batalhas desnecessárias, por motivos fúteis que, às vezes, até interrompem, momentaneamente, nossa evolução, nos desviando de pessoas queridas e do caminho escolhido.

Alguns capítulos que nos honram pela felicidade expressada por gestos simples, inesperados e delicados. Há alguns que nos envergonham pela estupidez dos nossos atos impensados e imaturos, mas, todos eles fazem parte do livro que escrevemos, nas páginas entregues a nós, por Pai Olorum, para darmos continuidade a nossa existência nesse plano terreno, utilizando a bagagem trazida durante nosso processo evolutivo.

Essa história tem alguns co autores, amigos espirituais que, quando permitimos, nos auxiliam a não repetirmos tanto os erros passados. São como gotas de luzes coloridas e cristalinas que aliviam nossas dores e guiam nossa jornada. São Prepostos do Divino Criador, que recebem a feliz missão de partilhar conosco a nossa caminhada Divina.

Encontramos pelo caminho muitas pessoas, que também são parte do Todo e representam, assim como nós, uma centelha Divina. Algumas com muitas perguntas e poucas respostas, muitas verdades e pouca humildade, muita soberbia e pouca sabedoria, muito sucesso e pouco conhecimento. Outras buscam o brilho das estrelas sem conhecer a noite, sonham com a luz, sem conhecer o sol, querendo alçar altos vôos, sem saber caminhar.

São personalidades distintas: doentes ou saudáveis, delicadas ou cruéis, honestas ou cínicas, amáveis ou abomináveis, sinceras ou maquiavélicas, leais ou perversas, mas sempre as encontramos.

As personalidades que se farão presentes ao nosso lado, serão frutos do retorno daquilo que conseguimos construir em nossa própria existência, daqueles que atraímos e fidelizamos como nossa companhia.

A Lei da afinidade e a Lei do retorno são realidades. Verdadeiras dádivas do Pai Maior que, incentivam nossa evolução através do livre arbítrio, que nos permitem identificar, reconhecer e optar pelas personalidades com quem queremos aprender, conviver e compartilhar a caminhada.

A colheita nem sempre é estável, farta e com resultados abundantes e esperados. Às vezes não colhemos frutos saudáveis, saborosos e de fácil degustação, mas sempre são atribuídos a nós, pelas sementes que plantarmos, frutos semelhantes aos que doamos e alimentamos quem se aproxima, muitas vezes, sedento de luz, implorando uma gota de amor, buscando uma fagulha de conhecimento, faminto por um gesto de carinho.

Quando as sementes são entregues a nós por Pai Olorum para serem cultivadas, a colheita é certa. O fruto em desenvolvimento deve ser tratado com amor e cuidado. A opção é dele, mas, certamente, terá uma oportunidade real para amadurecer e se tornar salutar para alimentar outros semelhantes com o efeito grandioso dos seus humildes gestos de amor, sentimentos reais de fé e caridade, assimilados e vivenciados diariamente.

Mas, quando a semente é desprezada e o fruto é mal direcionado ou maltratado, pode não só se perder no meio da plantação, como contaminar outros imaturos, despreparados e sensíveis às ervas daninhas.

Aprendemos, com lições muitas vezes duras, a respeitar o limite de cada ser humano, sem exigir crescimento, desenvolvimento ou que aceitem as nossas verdades, sem exigir o que ele não consegue nos conceder. Afinal, o ser humano só consegue doar aquilo que tem e não aquilo que esperamos de cada um.

A reencarnação é isso: uma oportunidade de resgates, de reencontros, de crescimento, de culto ao amor ao próximo e nos faz acreditar que sempre é tempo de recomeçar e recuperar espíritos desequilibrados e equivocados, dentro da Lei Maior, da Justiça Divina e do merecimento de cada um, naturalmente, se esses irmãos, em processo de conscientização, se deixarem conduzir pelas luzes Divinas enviadas por Pai Olorum, caso contrário, a colheita para eles, também é certa!

Por isso, meus irmãos, filhos amados da Seara de Pai Olorum, não precisamos conviver, mas, necessariamente, deixemo-nos contagiar pela arte de amar ao próximo, independente da condição apresentada por eles, sejam afins ou não aos nossos conceitos de vida, pois, somente assim, estaremos aprendendo e contribuindo verdadeiramente para a evolução do Todo, fortalecendo a corrente de amor, do bem, da caridade, da fraternidade, da justiça e da fé difundidos pela Umbanda Sagrada.

É fácil amar quem nos ama, abraçar quem nos abraça, concordar com quem concorda conosco; cuidar, zelar e proteger aqueles que estão sob nossos cuidados; e, ensinar quem silencia diante das nossas palavras.

O mérito está em conseguirmos fazer tudo isso com aqueles que estão desequilibrados, discordam, questionam, divergem, provocam e desafiam. Aí sim, estaremos participando ativamente e auxiliando em todo esse processo magnífico de reconstrução astral, de evolução pessoal, crescimento individual que refletirá diretamente na qualidade das relações humanas, permitindo que todos façam sua reforma íntima, se conheçam verdadeiramente, busquem melhoramento contínuo, resgatem seus débitos, não repitam suas falhas e conduzam de maneira equilibrada seus atos, sentimentos e pensamentos.

Dessa forma, poderemos nos denominar Umbandistas, mensageiros da fé e semeadores do amor de Pai Oxalá. Isso sim é Umbanda - Semente de Vida e Amor no Universo!

Que Pai Oxalá nos abençoe, guie nossa jornada e nos cubra com o Seu manto Sagrado

Arley Lobo




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07/09/2012

Existe Perfeição na Umbanda?


Existe perfeição na umbanda?


Não costumo escrever na primeira pessoa, mas hoje me senti compelido a isso. Em termos de Umbanda já vi muita coisa. Algumas me agradaram, edificaram meu conhecimento, colaboraram com meu crescimento espiritual – em cuja caminhada ainda dou os primeiros passos, sem falsa modéstia - , outras coisas que vi não foram tão agradáveis aos meus olhos, no entanto, como tudo que existe e acontece, serviram para ensinar alguma lição que certamente me faltava.


Não faz muito tempo, sofri certa decepção com pessoas próximas a mim na Umbanda. Isso não me fez desacreditar na religião, mas me mostrou que eu tinha outros caminhos a seguir. Agradeço a essas pessoas que, num primeiro momento me decepcionaram, mas que na verdade, mesmo inconscientemente, tiraram algumas travas dos meus olhos e me fizeram caminhar com as próprias pernas. Assim é a vida: tudo que nos acontece é parte de um processo de construção de conhecimento e aprimoramento. O problema é que muitas vezes nos prendemos apenas ao ato de vislumbrar o erro – até com certo prazer – e deixar que a língua se exercite mais que a razão. Os sentimentos gerados por esse tipo de atitude é extremamente nocivo, principalmente quando estamos em um terreiro de Umbanda, cuja harmonia é essencial ao bom andamento dos trabalhos.

Estar em uma gira de Umbanda é uma responsabilidade grande, pois ali não estamos sós. Estamos acompanhados de nossos irmãos-de-fé e de toda uma gama de energias e espíritos, que se não estiverem adequadamente sintonizados e harmonizados, abrem brechas para outras energias, indesejadas, daninhas e que se beneficiam da fragilidade que porventura apareça.

Estar em uma gira de Umbanda é, sobretudo, estar doando um pouco de si mesmo. Aquele que se propõe a trabalhar na Umbanda acreditando que receberá benefícios está redondamente enganado. Ele irá doar mais do que receber: irá doar seu tempo de descanso, de lazer, de família. Não receberá aplausos nem recompensas materiais (embora muitos esperem isso). Porém receberá o mais valioso dos tesouros, a oportunidade de aprimorar o próprio espírito através da prática da caridade.

Mas para receber essa recompensa é necessário merecê-la. É necessário estar de coração aberto e alma limpa durante o tempo que dura a gira de Umbanda.

Será que todos os membros da corrente são amigos e se amam verdadeiramente como irmãos, como prega a religião?

Seria hipocrisia responder que sim. Sabemos muito bem que temos afinidades e preferências. Alguns simpatizam mais com Fulano, outros mais com Beltrano. É natural que essas diferenças existam – justamente porque existe a diversidade, qualidade que provavelmente a Umbanda é uma das poucas religiões que respeita. O que não podemos deixar é que essas afinidades se tornem fator de desarmonia (já que as afinidades existem justamente para harmonizar os grupos). Sábio é o umbandista que entende que quando está “à paisana” (fora do horário da gira), tem todo o direito de ter suas preferências, mas que ali, enquanto rufam os atabaques, todos, sem exceção, são irmãos e iguais – ninguém é mais médium que outro, nem suas entidades são mais poderosas. Cada qual tem sua importância e valor e infeliz é aquele que não percebe isso.

É preciso também que o umbandista aprenda a olhar mais para o seu interior do que para o seu irmão-de-fé. Ele está ali como um trabalhador espiritual, alguém que se doa, alguém disposto a praticar a caridade e ser instrumento da espiritualidade no sentido de auxiliar os necessitados, encarnados e desencarnados. Ele não é um fiscal do seu irmão-de-fé, da gira e nem mesmo (e principalmente) das entidades que vêm em Terra para trabalhar na caridade. Cada filho de Umbanda deve, durante os trabalhos, preocupar-se em fazer a sua parte da melhor forma possível. Se cada um cuidar da qualidade do seu desempenho, a gira correrá tranquilamente. No entanto, se ele adentrar o terreiro já com o olhar crítico para com seu irmão, conseguirá desestabilizar não somente aquele(s) a quem observa e critica, mas a si mesmo e comprometerá todo o trabalho.

Isso não significa que o filho de Umbanda deve se calar diante de coisas erradas que porventura possam acontecer durante os trabalhos espirituais. É seu dever levantar as questões (e apontar sugestões/soluções) quando elas surgem. Porém não é seu dever colocar-se no papel de fiscal da gira. Para isso existem os orixás, as entidades, os guardiões da casa e, abaixo deles, o dirigente dos trabalhos.

Não acredito na existência de um templo de Umbanda perfeito, pois eles são formados por seres humanos, que carregam consigo, inclusive nos momentos de trabalho, todas as suas qualidades, defeitos e imperfeições. Se fôssemos perfeitos não haveria a necessidade de estarmos ali. O templo é reflexo de seus filhos. Quanto maior a harmonia entre os irmãos-de-fé, melhor o resultado dos trabalhos, isso é fato. O inverso também.

Cada umbandista deveria observar o seu templo com olhos benevolentes, buscando os aspectos positivos, e não a oportunidade de levantar críticas. Deveria observar e valorizar o empenho de seu irmão, que muitas vezes faz enormes sacrifícios para estar ali. E deveria, antes de analisar criticamente os trabalhos e as pessoas, analisar a si mesmo, pois muitas vezes quem destoa do grupo é ele.

Jamais encontraremos a perfeição total em um templo de Umbanda, pois somos nós, humanos que estamos ali visíveis à assistência e todas as nossas fragilidades estão à mostra. Aprendi a não buscar a perfeição nos terreiros (e nem nos umbandistas, pois não sou o paladino da perfeição). Mas aprendi a cobrar de mim mesmo – e não dos outros – melhores atitudes, principalmente quando desempenho o papel de representar a minha religião, dentro ou fora do templo, pois sou o espelho onde ela se reflete. Os orixás e as entidades raramente são visíveis aos olhos humanos. Minhas atitudes não.

Como sempre digo, as religiões são perfeitas, já os religiosos...

Douglas Fersan




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02/09/2012

O Terreiro Faz as Vezes de Hospital

Hospital na umbanda


A dificuldade de cumprir a tarefa de dirigente sempre se acentua dentro do terreiro com os médiuns e muito pouco na caridade com o povo.

Todo médium de tarefa é um ser encarnado para curar seu espírito endividado e o terreiro é o hospital onde vai se internar por um longo tempo de sua vida na terra.

Sabemos que a maioria dos pacientes são impacientes, não é mesmo?

E, aí é que complica!

O dirigente também não deixa de ser um doente que, além de se tratar, agora pode estagiar ajudando aos médiuns de sua corrente "hospitalar".

Isso não o coloca como um semi-deus perfeito do qual não se admitem mais erros, muito menos como alguém que tudo pode, em qualquer hora e em qualquer situação.

Dele será exigido posturas mais firmes bem como entendimento mais apurado.

Ele deverá se aprimorar constantemente com estudo e reforma íntima, exigindo da corrente igual compromisso.

Tais posturas serão necessárias em função do tamanho de sua responsabilidade e dentre elas está a de cortar o mal pela raiz, priorizando sempre a corrente como um todo, sem privilégios a quem quer que seja.

Ao assumir tal posto diante da espiritualidade, antes de reencarnar, já estará consciente de que sua vida não será "comum" e que certamente terá que abdicar de muitas coisas materiais, em favor do lado espiritual.

O termo Pai e Mãe agracia o médium com a postura de se colocar como tal, amparando, educando e auxiliando a corrente como verdadeiros filhos de seu coração.

Tarefa mais difícil ainda, pois esses "filhos" não vieram de seu ventre e não nasceram ontem.

São adultos, viciados e com personalidade formada.

Cada um com seus egos aflorados, com suas necessidades de reformulação e o fato de portarem a mediunidade, já os qualifica como devedores em potencial.

E certamente, reeducar um adulto é muito mais difícil do que educar uma criança.

É pepino torto.

Observo nos terreiros por onde ando que muito se exige do dirigente e muito pouco se retribui.

Falta nos médiuns, desde respeito até aquilo que os deveria mover dentro da corrente, que é amor.

Humildade então, meus filhos, é coisa rara.

Em compensação sobra bajulação, geralmente usada como meio de se fazer preferido na corrente.

Nega véia costuma dizer que criança que se cria como bibelô, como tal vai quebrar quando adulto.

Todo aquele que não teve rédea firme na infância para domar suas más tendências, vai chegar no terreiro e expô-las de modo a perturbar a ordem do lugar.

Hora e vez de impor as leis que regem a Casa, independente do que possa pensar a respeito disso, o médium em questão.

Se mesmo indisciplinado, tiver algo de humildade, vai receber o chamamento como aprendizado e ali vai crescer, mas se pelo contrário, além da indisciplina prevalecer nele a arrogância e o orgulho, acolherá como ofensa e infelizmente, o remédio é amargo para essa doença.

A tarefa é tão árdua que muitos desistem na metade da caminhada, outros se corrompem, mas, ainda bem que uma grande maioria volta à casa com sua coroa iluminada pela luz do dever cumprido e a estes, o mérito de conseguir dar um salto em sua evolução.

Vovó Benta
por Leni Winck Saviscki


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30/08/2012

Iemanjá

Iemanjá


Dia da semana: segunda-feira – dia do Astro Lua


Data comemorativa: 08 de dezembro

Sincretismo: Nossa Senhora da Conceição, em Pernambuco.

Cor: azul clara

Ervas: colônia, alecrim, lágrimas de nossa senhora e outras.

Frutas: melancia, mangaba, graviola e outras.

Flores: rosas brancas e todas as flores brancas e azuis.

Reino Natural: Mar – Calunga Grande

Elemento: água

Pedras: água marinha - turquesa

Símbolos: lua - ondas

Saudação: Odôyá! / Odôfiaba / Odôcy Yabá! Significa: Salve a grande Mãe!

Astro: Lua

Deuses na mitologia greco-romana: Diana para os romanos, deusa que representa a Grande Mãe. Selene para os gregos.


Iemanjá, Orixá das águas salgadas, é também conhecida como Janaína ou Rainha do Mar, é a Orixá mais popular do Brasil, sincretizada com Nossa Senhora da Conceição em Pernambuco. O seu sincretismo com Nossa Senhora está relacionado ao arquétipo de mãe, tão bem representado pela Mãe de Jesus na Igreja Católica.

Seu Reino Natural é o Mar, grande provedor de alimentos desde o início da civilização, desta forma, Iemanjá auxilia nas questões materiais, nas questões da sobrevivência do corpo físico, a Grande Mãe que alimenta e acolhe os filhos contribuindo para os seus desenvolvimentos enquanto seres encarnados.

Iemanjá é a Grande Mãe da Umbanda, representada pelas águas salgadas, mares e oceanos. A água deu início à vida no planeta e o ser humano é gerado na água, é a água o simbolismo da vida e a vida só existe através do ser Mãe. Iemanjá é a Orixá que acolhe a todos como filhos, protege as famílias e os lares, proporciona a fecundidade e a prosperidade e como geradora da vida direciona os filhos para o cumprimento das Leis Divinas, acompanhando-os com muito amor em suas escalas evolutivas.

As águas salgadas têm grande poder de assepsia astral e espiritual. O mar é o renovador natural da energia planetária, limpa e ao mesmo tempo purifica o processo fluídico da terra. Por este motivo, o mar é o Reino Natural preferido pelos espíritos para limpezas e reequilíbrios energéticos. Em diversas passagens da literatura espírita, podemos observar que os espíritos encarregados de auxiliarem o desligamento do corpo físico, muitas vezes, recorrem à praia com o moribundo a fim de facilitar o seu desencarne.

Na Umbanda, o dia de segunda-feira geralmente é o dia escolhido para desenvolver trabalhos de desmanches de magias negativas e limpezas energéticas; muitas doutrinas dentro da Umbanda elegeram a segunda-feira como o dia dos Exus e de todos os espíritos que trabalham mais diretamente com energias mais densas. Porém, é a Grande Mãe Iemanjá quem sustenta, neste dia, todo o trabalho de descarrego de energias deletérias, com a força do seu Mar Sagrado. Por este motivo, na doutrina da Tenda de Umbanda Luz e Caridade, o dia de Mãe Iemanjá é a segunda-feira e também por ser o dia do Astro Lua, um dos seus simbolismos.

Os filhos de Iemanjá geralmente aparentam certa realeza e soberania, são muito ligados às questões familiares, ao cuidar e proteger o que é seu com esmero. Ligados aos bens materiais, eles gostam de lidar com o poder e o dinheiro. Costumam guardar as ofensas e têm dificuldades em perdoá-las. São elegantes, discretos, leais, generosos, ativos. Quando seguem o lado oposto da Orixá tornam-se irritantes, irônicos, agressivos e intoleráveis.

Do livro Umbanda luz e Caridade - Ednay Melo







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29/08/2012

Guias (colares) na Umbanda

Guias (colares) na Umbanda

Conhecidas também como "Cordão de Santo", "Colar de Santo" ou "Guias", são ritualisticamente preparadas, ou seja, imantadas, de acordo com a tônica vibracional de quem as irá utilizar (médium e entidade), e conforme o objetivo a que se destinam. 

São compostas de certo número de elementos (contas de cristal ou louça, búzios, Lágrimas de Nossa Senhora, dentes, palha da costa, etc.), distribuídos em um fio (de Aço, Náilon ou fibra vegetal), obedecendo a uma numerologia e uma cromologia adequada; ou ainda, de acordo com as determinações de uma entidade em particular.

Para que servem

Têm poder de elevação mental. Se utilizadas durante um trabalho espiritual, tem função de servir como ponto de atração e identificação da vibração principal e/ou falange em particular, atuante naquele trabalho, servindo assim como elemento facilitador da sintonia para o médium incorporado.

Elas nos auxiliam em nossas incorporações, pois estas atraem a "energia" particular de cada entidade, captando e emitindo bons fluidos, formando assim, um círculo de vibrações benéficas ao redor do médium que as usa.

Servem como pára-raios. Se há uma carga grande, ao invés desta carga chegar diretamente no médium, ela é descarregada nas guias, e se estas não aguentarem, rebentam.

Podem ser utilizadas pelo médium, para "puxar" uma determinada vibração, de forma a lhe proporcionar alivio em seus momentos de aflição.

As guias devem ser tratadas pelos médiuns com todo carinho e o máximo de respeito, pois elas representam o Orixá e a segurança do médium.

Confecção

Dependendo o ritual de cada terreiro deve ser feita uma firmeza (acendendo uma vela, por exemplo) antes de montar a guia.

Para montar uma guia, deve-se estar em silêncio, com respeito. As contas, miçangas, etc. são enfiadas uma a uma no fio.

Toda guia deve ser fechada e cruzada pelo chefe de terreiro, seja pela Mãe/Pai de Santo ou pelos Guias Espirituais Chefes de seu terreiro. As guias podem ser cruzadas com pemba, ou com um amaci com as ervas do Orixá, ficando de molho por 3 dias e depois estão prontas.

Ter uma guia no pescoço, sem esta estar consagrada e imantada não representa nada, energeticamente falando, seria apenas mais um colar.

Normalmente as guias são confeccionadas seguindo um "padrão da Casa".

Depois de colocada no pescoço a Guia deve alcançar até abaixo do umbigo.

Cuidados no Manuseio e Uso

São elementos ritualísticos pessoais, individuais e intransferíveis, devendo ser manipuladas e utilizadas somente pelo médium a quem se destinam.

Deve-se observar que cada indivíduo e cada ambiente, possuem um campo magnético e uma tônica vibracional própria e individual. A manipulação das guias por outras pessoas, ou ainda, seu uso, em ambientes ou situações negativas ou discordantes com o trabalho espiritual, fatalmente acarretará uma "contaminação" ou interferência vibracional.

Pelos motivos expostos, o uso de guias pertencentes ou recebidas de outras pessoas, é uma pratica normalmente desaconselhável a um médium.

Enquanto estamos usando as guias devemos observar algumas recomendações:

· Não se alimentar (exceto em ritual).
· Não ingerir bebidas alcoólicas (exceto em ritual).
· Não manter relação sexual.
· Não ir ao banheiro
· Não tomar banho.

Em qualquer destes casos, deve-se retirar a guia e guardar, ou entrega-la para o Pai/Mãe de Santo, Pai/Mãe Pequenos ou Ogãs para que tomem conta das mesmas.

Como vimos as guias são elementos ritualísticos muito sérios e como tal que devem ser respeitados e cuidados. Seu uso deve se restringir ao trabalho espiritual, ao ambiente cerimonial (terreiro) e aos momentos de extrema necessidade por parte do médium. Utilizar a guia em ambientes ou situações
dissonantes com o trabalho espiritual, ou por mera vaidade e exibicionismo, é no mínimo um desrespeito para com a vibração a qual representam.

Devem ser sempre limpas e guardadas no terreiro ou em algum lugar longe do alcance e visão dos curiosos. Lembre-se que as guias são objetos sagrados e como tal devem ser tratadas.

Um detalhe importante é de tempos em tempos, descarregarmos nossas guias com água do mar ou da chuva, e depois energizá-las com amaci, buscando sempre o aconselhamento de um dos dirigentes sobre como proceder.

Sociedade Espiritualista Mata Virgem



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É Força de Pemba, Sim "Sinhô"


É força de pemba


É força de pemba... é Lei
Se errou... se extraviou...
Ninguém pode dá caminho
Ninguém pode dá malei...
Só quem pode dá malei
É "preto-véio" de seu congá
Assim mesmo é preciso
Que se endireite e volte cá...

Esse ponto nós o ouvimos (e jamais o esquecemos) de um certo "preto-velho", num antigo e extinto terreiro de um amigo e irmão de lei (já falecido) — médium de fato e de direito, numa ocasião memorável...

Resumamos o caso em foco, para podermos dizer ou dar positivamente, certos conselhos a certos médiuns...

"Preto-velho" estava firme no "reino" (o aparelho era bom mesmo — incorporava bem)... Desde que chegou, foi cantando... tirando sempre esse ponto acima...

Os "cambonos" — gente viva de idéia, traquejados, foram logo após algum tempo certificar-se do porquê desse ponto, com "preto-velho"...

Ele balançou a cabeça pra lá e pra cá, deu umas fumaçadas com seu "pito" e disse, usando o linguajar de guerra, mais familiar a todos os entendimentos: —"uai gente — suncês nun tão alembrado daquele fio daqui, o Fulano"?

Eles então logo lembraram desse caso e respoderam: — "estamos sim, meu velho"...

E "preto-velho" logo retrucou: — "pois bem — zi Fulano vem pur aí, tá case chegando nesse congá de preto-véio"... e acrescentou: — "óia fios, arrecebam ele bem, oviro? "...

E pôs-se a repetir esse ponto acima grafado...

Abramos um parêntese ligeiro, para recordarmos o tal caso de Fulano...

Como tantos outros em outros terreiro, nesse apareceu um filho-de-fé, doente, aflito, cheio de mazelas e confusões, principalmente na parte mediúnica espiritual, porque realmente era médium (dentro de seu grau) e vinha sofrendo mais por falta de apoio e boa orientação.

"Preto-velho" cuidou, tratou, reafirmou suas condições mediúnicas, enfim, levantou-o de todo...

Depois de muito tempo — já firme — fez o seu batismo de lei, ato que implica um juramento espontâneo, consciente da lealdade à faixa espiritual que o acolheu, zelou e levantou...

Mas — é o caso corriqueiro de centenas e centenas de médiuns ou de irmãos que procedem assim — a certa altura começou a se envaidecer e a ter ambições próprias de chefiar; tornou-se um tanto ou quanto arrogante, olhando os outros com superioridade.

Começou a criar casos. A fazer sessões por conta própria em sua casa, na casa dos outros médiuns mais ingênuos etc... A "ovelha" estava se desgarrando do "aprisco"...

Aconteceu o que, forçosamente, acontece nesses casos... Um choque hoje, outro amanhã e o ambiente do terreiro vai ficando "irrespirável" para tal médium e ele lá se foi... não obstante os conselhos de "preto-velho" — aos quais não deu muita importância... porque "pensava estar seguro, pois também não tinha seus protetores"?

Nesses casos — repetimos — que acontecem em profusão e não há Tenda que não se queixe disso, o médium extraviado segue sempre dois caminhos: — ou abre terreiro por conta própria ou começa a correr gira — de terreiro em terreiro... pois ele quer exibir seus "protetores", suas artes mágicas...

Com esse aconteceram as duas coisas e nada deu certo para ele (como não tem dado para os outros também — se saíram de uma gira digna, honesta, sincera)...

O terreiro que abriu, acabou fechando (quando não acaba fechando é porque descambou ou para o animismo estilizado ou para o vale-tudo) de tantos e tantos "estouros" e contratempos astrais, intrigas e outras coisinhas mais...

Daí começou a ficar desconfiado... e se auto-interrogava de consciência pesada:


— "será que é força de pemba"? Quanto mais pensava, mais adquiria essa certeza.


Mudou. Foi "correr gira"... Foi se apegar com outros...


Não deu certo... e iniciou uma romaria de terreiro em terreiro. Fez preceito de toda ordem (sim porque acabam caindo mesmo "nos tais terreiros que de umbanda só têm o nome" — até "camarinha" fazem), firmou "cabeça", fez o santo várias vezes.


Nada. Aqueles contatos positivos que tinha lá no terreiro de "preto-velho" que ele traiu... nada... sumiram como por encanto.

As antigas confusões voltaram... na vida, no lar, nos negócios etc. Aí ele medrou mesmo de verdade... "será força de pemba" — meu Deus? — ruminava ela, dia e noite, com sua mente apavorada, sugestionada, perturbada...


Ainda suportou muito, por causa de sua vaidade, "de não querer dar o braço a torcer"... pensando na humilhação da volta...


Porém, acabou sendo mesmo aconselhado por outrem que já tinha passado por essa situação e decidiu-se...

Foi quando — nessa noite — resolveu voltar, assim como quem estava com saudade... querendo rever os velhos companheiros de lá...


E "preto-velho" cantava... sabia e cantava... esperando (ah! velho de fato e de direito)... quando apareceu ele — a "ovelha transviada". Desconfiado, "cabreiro", como se diz na gíria de terreiro...


Todos os companheiros antigos ficaram alegres (já estavam preparados), encorajaram-no apontando para o "preto-velho": — "olha Fulano, — o velho tá te esperando"...


Emocionado, aproximou-se da entidade amiga, ajoelhou-se e não disse nada... não tinha o que dizer, ou melhor, disse tudo nesse gesto de ajoelhar...


"Preto-velho" disse para ele — lembramos bem: — "levante, meu fio, só se ajoeia quando se reza pra Zamby ou pra Oxalá e esse "preto-'veio" não é merecedor disso".


Deu-lhe o "malei" que pedia; vários conselhos de conforto e voltou com outro pontinho (indefinível para muitos dos que ali estavam), com a mão por cima de sua cabeça.

Ei-lo:

"Na ladera de pilá
É... tombadô...
Bota fogo ni sapê
Pra nacê ôta fulô..."

Foi quando o médium arrependido não pôde e desabafou emocionadíssimo: — "eu sei, meu velho — foi força de pemba... sim sinhô"...

(Significado oculto do pontinho que o tal médium logo aprendeu: — "na ladera de pilá", quis dizer: — "no caminho da vida espiritual-mediúnica"...

"É... tombadô...", quis dizer: — "caiu, derrapou, se extraviou, errou etc"...

"Bota fogo ni sapê", quis dizer: — "destrua sua mazelas morais, psíquicas, suas vaidades, seus erros"...

"Pra nacê ôta fulô", quis dizer: — "regenerar para criar outras forças novas, forças espirituais, morais etc"...)

Assim, extraindo desse caso o saldo moral, vamos dar alguns conselhos, nesse sentido. Cremos ser oportuno.

a) Irmão médium: — se você anda por aí, às tontas, fazendo "cabeça", se enterrando cada vez mais de "terreiro em terreiro" — não continue assim; volte para a sua Tenda, de vez que você sabe que ela é digna, se pauta na linha justa da caridade, da moral, da humanidade e da sinceridade. Por que fez isso?

Cuidado! Você está prestes a entrar, se já não entrou, "na força de pemba... sim sinhô"...


b) Irmão médium: — você que saiu de sua Tenda ou terreiro, "fofocando"(desculpem o termo), cheio de vaidade, pensando ser o tal e até difamando o seu médium-chefe ou dirigente — cuidado com a força de pemba... sim sinhô!...


c) Irmão médium — você foi causa de quizila, conscientemente, em sua Tenda e de lá saiu, cheio de impáfia, pensando já ter os conhecimentos de lei "para abrir o terreiro ou agrupamento"?...


Você provou cisões — por causa dessa sua imbecil vaidade? Pois saiba: — "você semeou maus ventos e vai colher tempestades... se já não as colheu!"...

Você foi desleal e ingrato? Se você foi isso e o fez em gira de "preto-velho", você vai ver o que "é força de pemba... sim sinhô"...

Traição, ingratidão, deslealdade, difamação, não têm perdão — assim como você pensa! Cuidado! "É na força de pemba... sim sinhô"... que você vai ver quanto está lhe custando ou vai custar tudo isso...


Quizilas (que você semeou no terreiro) em família? Abandono de amigos e traições? Choques morais? Também podem lhe acontecer, porque, "força de pemba... é lei"... não "dorme" não senhor...


Você abriu terreiro? — com que ordens e direitos de trabalho? Cuidado com o astral inferior que, na certa, já sabe que você é faltoso, está errado e com toda certeza já o envolveu e deu-lhe alguns "tombos"...


Você caiu, machucou-se, quebrou costelas, pernas, pés etc? Pensa que foi mero acidente? Coitado!... Isso "é força de pemba... sim sinhô"... que o baixo astral aproveita pra lhe judiar — pois você está "desguarnecido", essa é que é a verdade...


Quem mandou trair os sagrados compromissos que assumiu com "preto-velho"?...


"Preto-velho" é a Lei — representa as Ordens e os Direitos de Trabalho da Sagrada Corrente de Umbanda... mas, não é mau, nem castiga diretamente; mas sabe que "força de pemba... é a lei" que você infringiu, traiu e que tem de processar o seu curso de ação e reação normal, ou seja: — o que semeares, isso colherás...


E seus "guias e protetores"? — Na certa que você pode pensar que lhe estão dando cobertura. Qual!


Você está nessa altura é mesmo com um belo "quiumba", matreiro, velhaco, sugando-o, envolvendo-o, dominando-o... isso sim!


Guias e protetores de fato não acobertam erros, vaidade, quizila, ignorância e deslealdade...


Obs: — Isso tudo não tem endereço certo. É pura doutrina. É recado do astral que estamos dando. Nós não temos casos especiais que nos tenham abalado a esse ponto. Nós estamos acima disso... Graças a Deus. Somos completamente indiferentes a certas "águas passadas"...


Quando se diz que o médium faltoso está "pembado" é porque ninguém pode dar jeito na situação dele (ninguém quer botar a mão na cumbuca); nenhum Guia ou Protetor de outra "gira" pode interferir; socorrê-lo... pois "é força de pemba" mesmo que ele está enfrentando, é a lei interna moral-espiritual que infringiu e portanto... está sendo disciplinado...


Essa disciplina, às vezes, é sutil, porém, segura... O médium errado leva anos debaixo dela, enfrentando certos impactos, certos tombos duros, de um lado e de outro, sem se aperceber de que está "apanhando", mesmo porque "força de pemba é lei... sim sinhô"...


Fonte: Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda / W.W. da Matta e Silva



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28/08/2012

Lixo Umbandista


Lixo Umbandista

Na prática litúrgica da Umbanda, a oferenda é um dos atos mais sagrados de conexão entre fiel e Divindade.

Toda religião tem sua prática ofertória, quer seja uma fruta no Congá ou até uma nota de R$ 10,00 no envelope. Não importa, este é um ato de oferta, um ato de fé e cada religião tem a sua leitura própria de como deve ser esta prática.

Nas religiões naturais, de culto a Deus e Divindades na natureza, no geral estas religiões tem como pratica ofertória a oferenda daquilo que vem da natureza, ou seja, flores, frutos, grãos etc.

A Umbanda é uma religião natural, ela entende a natureza física como pontos de força, santuário natural, sítio sagrado ou mesmo casa dos Orixás. E encontramos variadas formas de oferendas, tem oferenda para tudo, para energização, para descarrego, para abertura de caminhos, para prosperidade, para amor e por aí vai. O fato é que oferenda está presente no dia a dia do Umbandista.

Já que é tão comum o ato ofertório e principalmente depositado na natureza ou nos pontos de força, como: cachoeira, mata, bosque, mar, encruzilhada... Fica a pergunta: o Umbandista foi sendo preparado para ter consciência ambiental ?

Nunca se falou tanto em meio ambiente, efeito estufa, caos planetário como nestes últimos anos. Todavia se não fosse algo tão sério não se falaria tanto. Claro que podemos ajudar muito fazendo cada um a sua parte, como diminuir o tempo do banho, selecionar o lixo, diminuir o uso do carro, etc.

Mas é realmente preocupante o que fazem por aí os Umbandista e demais religiões quando entram na natureza para uma prática sagrada e acabam profanando o espaço sagrado. É isso mesmo, profanando!

Você já observou a quantidade de lixo que fica no pé da árvore? Na beira do rio?

Assustado? Como é que falo lixo???

Sim, é lixo mesmo!

Este artigo vai ser assim mesmo, um tanto indigesto, é para provocar náuseas e quem sabe ao final, no seu vômito, você comece a evitar que os Orixás continuem tendo que tolerar nosso lixo.

Vamos à parte prática. Reflita comigo, ok?

O conceito de oferenda é o ato religioso de interação do fiel com seu guia, Orixá e forças da natureza. Energeticamente o prana das oferendas é usado em beneficio de quem oferenda ou pra quem se destina, ou seja, quando uma oferenda é feita para terceiro. Magisticamente é a movimentação de energias e elementais em beneficio próprio ou de outrem. Isso é a síntese pratica de como funciona a oferenda. A Umbanda é o culto à natureza e na oferenda colocamos tudo que é natural.

Partindo deste pressuposto fica claro que o conjunto geral da oferenda deve ser um ato salutar para todos os envolvidos, ou seja, o fiel, a natureza e o Orixá. Pense, os pontos de força naturais são as casas dos Orixás, como a mata está para Oxossi, o mar está para Iemanjá, as cachoeiras estão para Oxum, as pedreiras para Xangô, etc.

Oferendar também é uma forma de presentear. Você gosta de receber presentes e eu também, porém no final a embalagem jogo no lixo e fico com o que é usual no presente.

Sejamos práticos e objetivos. O saquinho plástico não é oferenda. A garrafa não é oferenda. Os descartáveis não são oferendas. O que é oferenda?

As flores, frutos e comidas.

Se a Umbanda vê a natureza como sagrado, logo deve preservá-la. Todo cidadão precisa de uma consciência ecológica para o exercício da cidadania, mas com o Umbandista a coisa vai mais longe, ecologia é preceito religioso, e isso significa muita coisa.

O respeito com a diversidade ritualística que encontramos em nossa religião não pode ser confundido com tolerância aos abusos. Porém, antes de julgar precisamos orientar.

Sei que existem muitos conceitos sobre oferendas e postura dentro dos campos sagrados. Certa vez me falaram que tudo que entra na mata não pode sair, ou seja, aquelas dezenas de sacolinhas plásticas que serviram apenas de condutores materiais, tinham que ficar lá. Os copos plásticos, garrafas e bandejas de isopor também. A justificativa: não tirar carrego da mata!

Oras, ou aquele lugar é sagrado e como tal é benéfico, ou é profano e prejudicial, temos que definir isso na mente.

Pelo lado energético eu pergunto: o que vai me atrair negatividades? São as sacolinhas que por sinal são isolantes ou minha vibração mental e emocional?

Se é a opção dois então qualquer ambiente me fará mal, certo?

Então vamos descartar esta obrigatoriedade de poluir o espaço sagrado. Até porque esta prática é mais atual do que parece.

Os antigos zeladores do culto de nação e vertentes afros, anterior à Umbanda ensinavam que as oferendas deviam ser depositadas sobre folhas de bananeira, chapéu-de-couro ( erva ) ou folhagens do Orixá ofertado. Isso é sabedoria natural, não existiam ainda campanhas ambientais. Mais que isso, eles ensinavam que para natureza só vai o que ela ofertava. Os elementos orgânicos se decompõem no solo e viram adubo, muitas vezes as sementes brotam e uma nova vida nasce naquele ambiente.

Contudo, hoje não vemos isso, o que encontramos são garrafas estilhaçadas ao redor de árvores, panos nobres servindo de toalha para o "banquete divino“ e muitos descartáveis que não oferecem nenhuma utilidade.

Além de cuidar do meio ambiente, precisamos zelar pela boa imagem da religião. Pois, para aqueles que não são adeptos, quando chegam em ambientes com estes "restos", criam uma imagem bastante distorcida do real significado das oferendas.

Questão de Postura

Há algum tempo foi notícia em Porto Alegre – RS uma oferenda na beira do rio Guaíba contendo 77 cabeças de bode, claro que sabemos que não tem nada de Umbanda nisso, mas não foi isso que a mídia local divulgou. Também em Curitiba – PR foi proibido a entrada de Umbandista para pratica de oferendas numa reserva florestal, devido ao excesso de lixo não orgânico deixado na natureza e nem preciso citar as milhares de encruzilhadas diariamente forradas por elementos nada agradáveis.

Muitas vezes estes excessos provém da Umbanda, no entanto já foi manchada a nossa imagem e precisamos de postura real e firme, no dia – a – dia do fiel Umbandista, aliado a divulgações e mídias como que realmente a Umbanda se porta à natureza.

Em São Paulo capital, dois cemitérios ganharam há seis anos um Santuário de Obaluaiê / Omulú para os fiéis promoverem seus cultos e oferendas. No entanto tivemos notícia que estes espaços serão desapropriados devido a depreciação do ambiente e a quantidade diária de animais mortos despejados ali.

Precisamos erradicar o contra – senso da má prática ofertória. Para só depois conseguir mudar a imagem social.

Fazendo a Diferença

Foi preocupado com a violência urbana, privacidade e meio ambiente que o Sr. Pai Ronaldo Linhares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC fundou há 30 anos o Santuário Nacional da Umbanda, um espaço que na origem era uma imensa pedreira e terra seca, hoje todo reflorestado com árvores tópicas, cachoeiras, rio e uma imensa área verde. O Umbandista tem toda liberdade e privacidade para realização de seus cultos e oferendas, inclusive em praças específicas para cada Orixá ou linha de trabalho. Hoje, 263 terreiros estão construídos nesta área e há 40 lotes disponíveis para aluguel diário aos interessados em fazer trabalhos na natureza. É aberto ao público geral sem restrições.

Lá sim, você pode fazer uma oferenda com panos, pratos, descartáveis, vidros etc, pois o Santuário conta com uma equipe de funcionários responsáveis pela limpeza, a coleta é seletiva, o que é reciclado tem seu destino certo, o que é orgânico vira alimento para o minhocário que produz o adubo utilizado para o plantio de 300 mudas mensais e faz parte do reflorestamento da Mata Atlântica que o Santuário mantêm.

Pai Ronaldo informa que o Santuário tem um compromisso muito sério com o meio ambiente, por isso são feitas três coletas semanais de lixo, totalizando uma média de 8 a 10 toneladas de puro lixo. Não está incluso nesta conta os recicláveis, orgânicos e alguidares. Em épocas de festa chega a coletar quase o dobro disso. Todo esse lixo vem das 2 a 3 mil pessoas que frequentam semanalmente o Santuário.

O mais interessante é como se aproveita a maioria dos materiais que seriam lixo. Os alguidares são limpos e triturados para servirem de cascalho nas estradas internas do parque. Louças, pratos, copos etc, também são limpos, desinfetados e defumados pela Mãe–de–Santo, Dona Luíza, que separa tudo e encaminha para várias instituições de caridade.

Já os recicláveis são selecionados pelos funcionários que dividem o lucro da venda destes produtos, que não é pouco, sai um caminhão por mês cheio de garrafas e até duas toneladas de plástico, papel e latas, se juntássemos tudo isso, o peso seria em média de 25 toneladas ao mês de “lixo”, evitado de ser despejado e destruir a natureza.

Próximo a cachoeira uma placa alerta os visitantes: "O lixo traz o rato, o rato traz a cobra, a cobra traz a morte". A limpeza das oferendas é feita sempre com o prazo mínimo de 24 h após ser arriada. "O Umbandista não precisa de uma catedral como só o gênio humano é capaz de construir. Só precisa de um pouco de natureza, como Deus foi capaz de criar" frisa Pai Ronaldo.

Em Juquitiba, também interior de São Paulo, a União de Tenda de Umbanda e Candomblé do Brasil, presidida pelo Sr. Pai Jamil Rachid, construiu o Vale dos Orixás com o mesmo fim, porém, restrito aos filiados da federação.

Pai Jamil afirma que, por mês, cerca que 2.000 filiados utilizam este espaço.

Em Bauru – SP, a Federação Umbandista Reino de Oxalá, presidida por Sr. Pai Rubens Amaro, há oito anos fundou o Vale dos Orixás.

Infelizmente pelo tamanho do nosso corpo religioso são poucas as iniciativas para "privatizar" santuários naturais e trazer conforto, segurança e ecologia para nossa comunidade.

Mas se você reside distante destes espaços se adapte e faça a diferença.

Dicas de Bom Senso

De forma geral os Umbandistas se utilizam da natureza pública, poucos tem acesso aos recintos privados, como citamos. Portanto, todos nós podemos adotar atitudes simples que resultam em grande impacto.

Quando chegar no ponto de força da natureza e definir onde irá arriar sua oferenda, priorize forrar o chão com as folhagens do ambiente. Coloque os elementos e comidas sobre as folhas. Dispense pratos ou coisas do tipo. Os líquidos coloquem em copos descartáveis. Acenda as velas e prepare tudo.

Não há resultado em oferendas feitas às pressas, lembre – se que este é um ato sagrado e com dedicação deve ser ministrado. Então, faça as preces, cantos e pedidos com tranqüilidade. Normalmente na natureza em 30 a 40 minutos as velas já queimaram, ótimo. Recolha as borras e coloque no lixo. Antes de sair, jogue o líquido dos copos ao redor da oferenda, os descartáveis vão pro lixo. Faça o mesmo com garrafas e demais elementos. Certifique-se que ficará na natureza apenas material não poluente.

Seguindo esse preceito deixaremos de agredir a natureza sem perder o ato sagrado e ainda alegrar o Orixá. Não apoie velas no tronco das árvores, você pode matá-las. E lembre – se:

Conceitos de Oferendas e a Natureza

No livro Rituais Umbandistas de Rubens Saraceni, pela Editora Madras, o autor cita na página 21 que "o ato de fazer uma oferenda ritual a um Guia Espiritual em um ponto de força abre-lhe a possibilidade de recorrer à própria hierarquia e às forças da natureza, tanto para auxiliarem seu médium como para socorrerem as pessoas que atender." Ele ainda complemente que "a oferenda ritual atua como uma chave de abertura e de religação do médium com o Orixá...”

O espírito Ramatís no livro A Missão da Umbanda, editora do Conhecimento, na página 94 elucida que "na cosmogonia das religioes africanistas, especialmente a ioruba, o ato de "arriar" uma oferenda estabelece e perpetua uma troca de força sagrada entre dois mundos: o divino oculto e o profano visível; tudo é energia e tem mais afinidade com este ou aquele Orixá. Essa energia deve estar sempre em movimento em ambos os sentidos: entre o plano concreto – material e o invisível – astral. Assim como a água em seu ciclo sucessivo de chuva, evaporação, resfriamento e degelo, a dinâmica de transferência energética é considerada essencial e parte da vida."

Observamos dois autores que ao tratar das oferendas convergem no mesmo ponto. A grandiosidade e sacralidade da oferenda e dos pontos naturais.


TEMPO DE INDIGESTÃO DA SUA OFERENDA

Material: Tempo de Degradação:

Alguidar - Indeterminado
Louças ( Ibás ) - Indeterminado
Lata de Alumínio - 200 a 500 anos
Vidro - Indeterminado
Isopor - Indeterminado
Metal - 100 anos
Garrafa Pet - 400 anos
Copo de Plástico - 50 anos
Bituca de Cigarro - 5 anos
Papel - 3 a 6 meses
Pano - 6 meses a 1 ano
Sacolas Plásticas - 100 anos
Tampinha de Garrafa - 150 anos
Palito de Fósforo - 6 meses


Revista Umbanda Sagrada






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