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26/04/2015

Comprometimento Mediúnico


Comprometimento Mediúnico


  • A tarefa mediúnica deve ser prioridade, se não dificilmente será realizado um bom trabalho para o médium e para os outros.
  • Não basta ter o fenômeno da incorporação e deixar que a Entidade faça tudo. Existe uma parceria entre médium e guia.
  • O médium tem responsabilidades e não depende só da Entidade.
  • Velas, banhos, firmezas, orações, se você não assumir um compromisso com a espiritualidade o trabalho espiritual fica para segundo plano. Então é melhor voltar para a assistência.
  • Porque sem o seu comprometimento, a cobrança vai cair para o Dirigente e a responsabilidade dele é enorme.
  • Para que as Entidades ajudem é preciso oferecer uma base. Mas muitos ficam na expectativa que “eles vão resolver tudo” e não procuram a renovação.
  • Chico Xavier dizia: as escolas estão presentes em nossa vida assim como a água nutre o nosso corpo. O conhecimento traz uma nova expectativa de vida. Sem conhecimento não podemos tirar conclusões precipitadas. Oxosse atua no conhecimento.
  • Algumas pessoas não sabem nada sobre oferendas e então não fazem. Outras não fazem porque têm vergonha e às vezes acabam fazendo de forma errada.
  • Fazer oferendas é um hábito tão antigo quanto a humanidade. Será que uma Entidade precisa comer? Eles não precisam de comida porque não vivem no plano da matéria. Mas eles precisam de elementos específicos que usarão em nosso próprio benefício.
  • As comidas, bebidas, flores, frutas, sementes doces têm uma alquimia espiritual que realiza uma limpeza, purifica nosso corpo energético, regenerando e devolvendo o equilíbrio, o bem estar, a saúde e removem as sobrecargas negativas.
  • Para ser a favor ou contra esta prática antes é preciso conhecer os fundamentos. Quando não se conhece não se pode emitir uma juízo sobre elas.
  • Achologia não é nada conveniente.
  • Umbanda tem fundamento é preciso preparar...
Autor desconhecido




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Isso é Umbanda


Isso é Umbanda


Imagine um abraço fraterno em 360 graus: isso é Umbanda.

Imagine uma vela acesa com fé gerando mais energia que uma usina nuclear: isso é Umbanda.

Imagine Divindades, Anjos, Santos, Sábios, Magos, Gênios, Sacerdotes, Xamãs, Babalaôs, Pajês, Iniciados, Cientistas, Curadores, trabalhadores da Caridade de todas as épocas e culturas voltando à Terra para restaurar a Paz e Lei Maior: isso é Umbanda.

Imagine a última peça que falta no milenar “quebra-cabeça” que compõem a sua Alma: isso é Umbanda.

Imagine traumas, neuroses, fobias, vírus e bactérias físicas e astrais sendo dissolvidos na baforada de um cachimbo: isso é Umbanda.

Imagine a Pemba traçando e reproduzindo os Códigos Sagrados da Criação: isso é Umbanda.

Imagine o padê de Exu promovendo a harmonia entre Luz e Trevas: isso é Umbanda.

Imagine o médium descalço vestido de branco iluminando-se por dentro: isso é Umbanda.

Imagine o consulente confortado e esclarecido subindo mais um degrau evolutivo: isso é Umbanda.

Imagine o Homem servindo a Natureza e a Natureza servindo o Homem: isso é Umbanda.

Imagine o sal das lágrimas misturando-se ao sal do Mar, Ventre de Yemanjá: isso é Umbanda.

Imagine a flecha certeira de Oxossi alinhando Razão, Emoção e Ação: isso é Umbanda.

Imagine a espada de Ogum abrindo caminho no cipoal das ilusões humanas: isso é Umbanda.

Imagine o machado de Xangô aparando as arestas do Karma Planetário: isso é Umbanda.

Imagine Oxalá retirando os espinhos de teu coração e Oxum cobrindo com mel teus ferimentos: isso é Umbanda.

Agora, deixe de imaginar...

Pois tudo isso não é sonho, é realidade vivida e sentida a toda hora, todo dia, ao som de um belo ponto cantado:

No abraço do Caboclo,

No toque do Preto Velho

Na brincadeira da Criança,

No olhar do Exu Guardião,

No sorriso do Baiano,

No balanço do Marinheiro,

No encanto da Cigana,

Na ginga do Malandro,

No laço do Boiadeiro...

Meu filho: ISSO É UMBANDA!


Mensagem do Caboclo Yguaratan / Médium Vanderlei Alves



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24/04/2015

A Origem das Imagens de Iemanjá


Yemanjá

A ORIGEM DAS IMAGENS DE YEMANJÁ

Você sabe a origem das imagens de Yemanjá (branca) que povoam o imaginários dos umbandistas brasileiros?

Esta matéria faz parte do livro "História da Umbanda no Brasil - Volume 3" (Diamantino Fernandes Trindade) que se encontra em fase final de produção.


DALLA PAES LEME E O FAMOSO QUADRO DE YEMANJÁ

Diamantino Fernandes Trindade

De acordo com o escritor José Beniste esta imagem de Yemanjá usada pela Umbanda, da mulher pairando sobre as ondas, foi criada na década de 50 como uma forma da Dra. Dalla Paes Leme ser homenageada pelo marido. Ela era magra e tinha traços indígenas, por isso o quadro que foi pintado a óleo, era de uma mulher morena de cabelos longos e negros. Este quadro percorria casas e terreiros, dentre os quais o de Benjamin Figueiredo, da Tenda do Caboclo Mirim e a casa de Alziro Zarur que na época era ligado ao espiritismo. Este mesmo quadro foi que deu inicio às giras de fim de ano promovidas pela Umbanda nas praias cariocas e cultuada no dia 02 de Fevereiro pelo Candomblé.
Outra versão diz que a Dra. Dalla Paes Leme teve a visão de Yemanjá e que um artista teria feito a pintura.
Tudo isto teria acontecido em 1955 e, a partir desse quadro surgiram inúmeras imagens de Yemanjá presentes no imaginário dos umbandistas.
Na edição 62, de janeiro de 1956, do Jornal de Umbanda, aparece a seguinte legenda referente ao quadro:

"Este quadro, que está percorrendo os Estados, está à disposição dos Presidentes e Chefes de Terreiros dos Centros, Tendas, Terreiros, Cabanas etc.
Aqueles que queiram receber a visita do Quadro de Yemanjá da Bahia, ou adquirir gravuras do respectivo quadro, dirijam-se a D. DALLA – Rua Visconde de Rio Branco, 38 (centro) – Rio – Tel. 22-2689 – Livraria Freitas Bastos – Largo da Carioca – Bazar Santa Sofia – Rua Santa Sofia, 2 – Tijuca e em diversos Centros e Tendas"!.

O Jornal de Umbanda, número 78, de abril de 1958, registrou a presença do quadro de Yemanjá em Niterói:

Desde o dia 25 de janeiro, quando tiveram início as festividades de 6o aniversário de fundação da Tenda Espírita Tujupiara, que se encontra na cidade de Niterói o belo quadro de Yemanjá, para lá levado em procissão marítima pelos componentes do Centro Espírita São Thiago de Circular da Penha. No dia 21 de fevereiro a Tenda Tujupiara fez levar em bela procissão, à noite, sob as luzes de milhares de velas, com enorme acompanhamento o referido quadro para o Centro São Sebastião, sito à Travessa Filgueiras, no bairro do Fonseca, e que obedece à direção material do irmão Custódio, seu presidente e que tem como Babá a irmã Maria de Oliveira. Ofereceram os componentes deste conceituado terreiro uma magnífica manifestação à chegada do quadro e a todos que acompanhavam a procissão. Foi aí, igualmente homenageada a Comissão de Divulgação do Quadro de Yemanjá, na pessoa da Dra. Dalla Paes Leme, que, junto com os demais membros , acompanhou a procissão até aquele local. No dia 1o de março o Centro São Sebastião conduziu o quadro de Yemanjá para a Casa de Caridade Nossa Senhora da Glória – Terreiro do Caboclo Tupinambá – à Rua Álvaro Neves, 121, também no Fonseca, em bela romaria que reuniu mais de uma centena de filhos de fé, apesar do temporal que caiu na ocasião.

A Dra. Dalla Paes Leme presidia a COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO DA IMAGEM DE YEMANJÁ. Era uma umbandista fervorosa, filha de Yemanjá, muita ativa nos eventos umbandistas. Apresentamos uma matéria do número 82 do Jornal de Umbanda, de agosto de 1958, relativa à homenagem à Rádio Guanabara e ao jornalista Átila Nunes.

Homenagem um radialista

Realizou-se domingo, dia 10, singular homenagem à “Rádio Guanabara” e ao radialista Átila Nunes. Prestou-a a “COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO DA IMAGEM DE YEMANJÁ”.
Na ocasião, fazendo surpresa ao homenageado, a Dra. Dalla Paes leme, presidente daquela comissão, ocupou o microfone e fez uma saudação à Rádio Guanabara e ao Sr. Átila Nunes. Enalteceu a colaboração do conhecido locutor à divulgação da Imagem de Yemanjá, ressaltando as suas qualidades de umbandista e homem publico e salientando, com propriedade, a sua cooperação na obra daquela comissão de confraternização entre todos os terreiros e centros do Distrito Federal e do Interior do Brasil. Fez questão de mostrar, numa demonstração autêntica de sinceridade umbandista, a gratidão da “Comissão de Divulgação da Imagem de Yemanjá” ao homenageado.
Terminando a sua alocução, a Dra. Paes Leme, em nome da “Comissão de Divulgação da Imagem de Yemanjá”, ofereceu ao Sr. Átila Nunes a primeira imagem que veio a publico. Trata-se da imagem esculpida com grande arte e que representa a verdadeira Yemanjá. Atila Nunes, dirigindo-se a todos os presentes agradeceu aos presentes a homenagem e, grandemente emocionado pela subtileza da deferência com que lhe distinguia a “Comissão de Yemanjá”, enalteceu o grande trabalho de fraternidade que vem realizando sob o signo de Yemanjá e sob a presidência da Dra. Dalla Paes Leme, cujas prendas de grande umbandista e espírito de luta de confraternização entre os meios de Umbanda, salientou com entusiasmo, concitando à todos os umbandistas a formarem sob a bandeira da fraternidade desfraldada pela “Comissão”.
Estiveram presentes à homenagem, vários centros e terreiros, bem como numerosos umbandistas.

Encerramos com um belo poema da Dra. Dalla Paes Leme à Yemanjá, publicado no número 75 do Jornal de Umbanda, de dezembro de 1957.

Yemanjá
Dalla Paes Leme
(Agosto de 1954)

A tarde ia descendo
E, contra as areias da praia arrebentando,
E os pescadores, cansados,
As suas redes pesadas recolhendo;
Despreocupados, uns iam cantando...

Nisto, uma onda que, ao longo, em segredo,
Aos poucos vinha se formando,
Foi-se avolumando, avolumando...
E, contra as areias da parais arrebentando,
Causou aos pescadores grande medo.
E, quando, enfim, desceu
E em espumas se perdeu...
Misteriosamente,
Encantadoramente,
Uma linda mulher apareceu.

Uma estranha mulher! Calma, serena,
Que serenamente parou:
– Olhos verdes, cabelos acastanhados,
Não era branca, nem cabocla, nem morena;
Tinha o semblante para, lívido, mestiço,
Com muito de quebrante e muito de feitiço
Não sorria. Não falou.

Os pescadores, pasmados,
Entreolharam-se,
Interrogaram-se tanto... tanto... 
Depois... unidos pelo espanto,
Foram-se chegando...
Se chegando...

Nisto, outra onda que ao longe se formou,
Rapidamente foi-se avolumando, avolumando...
E, bem á frente dos surpresos pescadores,
Contra as areias da praia, desceu
E em espumas se perdeu...
Ninguém... Somente o chão coalhado de flores...

No ar, uma suavidade,
Uma alacridade,
Um halo de amor e piedade...

A tarde ia descendo
E os pescadores, cansados,
Maravilhados,
Suas redes repletas recolhendo.

No Céu brilhava a primeira estrela;
Nuvens misteriosas
Disputaram a graça de envolvê-la...

E o ar ficou cheio de amor...
E o mar ficou cheio de rosas...
E o chão ficou cheio de flores...

Fonte: Página Diamantino Trindade - Facebook




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21/04/2015

Situação do Espírito Desencarnado


Situação do espírito desencarnado

O transe da morte é sempre um estado de crise para qualquer indivíduo, variando conforme o adiantamento moral de cada um. Daí a passagem do estado da matéria para a vida espiritual acarretar uma espécie de perturbação mais ou menos longa, até que se quebrem todos os elos entre o Espírito e sua organização física.

Essa crise é um fenômeno natural. Pensemos na hipótese de alguém ter de mudar, abruptamente, do Nordeste brasileiro para um país europeu ou vice versa. A mudança repentina implicaria um distúrbio tal no indivíduo, que este levaria algum tempo para se descondicionar do ambiente anterior e se adaptar às novas e diferentes condições de vida. Que diremos, então, da morte em que o fenômeno de desagregação do corpo processa uma modificação muito mais violenta? Além disso, vários fatores intervêm na situação do desencarnado logo após a morte: a idade em que ocorreu a desencarnação (jovem ou idoso?), o tipo de morte (natural ou violenta? ), se era apegado ou desprendido dos bens materiais, se tinha bons hábitos ou vícios inveterados, se possuía idéias materialistas ou espiritualistas. Daí a necessidade do adormecimento do Espírito, logo após o desprendimento do corpo físico, para se refazer do transe da morte.

Antes, porém, que o Espírito adormeça, ocorre o interessante fenômeno de recordação da vida passada, em que um panorama desfila ante seus olhos. Tem-se notícia de que, em fração de segundo, o Espírito revê, minuciosamente, todos os fatos da vida terrena que acabou de deixar, cena após cena, desde a infância até a desencarnação, desde o incidente mais insignificante até o acontecimento mais importante. Naquele momento, o Espírito é capaz de avaliar causas e consequências de todos os seus atos, sejam bons ou maus, como um registro para aproveitamento em vidas futuras. Só depois, sobrevêm o sono cujo tempo varia de Espírito para Espírito.

O juiz John Worth Edmonds, que era notável médium psicógrafo, falante e vidente, escreveu longa mensagem de seu amigo desencarnado, o juiz Peckam, a quem ele muito estimava. Nessa época ainda não era conhecido pelos psicólogos o fenômeno da visão panorâmica. Afirma, então, o Espírito Peckam:

No momento da morte, revi, como num panorama, os acontecimentos de toda a minha existência. Todas as cenas, todas as ações que eu praticara passaram ante meu olhar, como se se houvessem gravado na minha mentalidade, em fórmulas luminosas. Nem um só dos meus amigos, desde a minha infância até a morte, faltou à chamada. Na ocasião em que mergulhei no mar, tendo nos braços minha mulher, apareceram-me meu pai e minha mãe e foi esta quem me tirou da água, mostrando uma energia, cuja natureza só agora compreendo. (A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano)

Por seu turno, o Espírito que em vida se chamou Dr. Horace Abraham Ackley relata como se passaram os primeiros momentos após o seu despertamento no Mundo Espiritual: Logo que voltei a mim, todos os acontecimentos de minha vida me desfilaram sob as vistas, como num panorama; eram visões vivas, muito reais, em dimensões naturais, como se o meu passado se houvera tornado presente. Foi todo o meu passado que revi, compreendido o último episódio: o da minha desencarnação. A visão passou diante de mim com tal rapidez, que quase não tive tempo de refletir, achando-me como que arrebatado por um turbilhão de emoções. A visão, em seguida, desapareceu com a mesma instantaneidade com que se mostrara; às meditações sobre o passado e o futuro, sucedeu em mim vivo interesse pelas condições atuais. (A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano)

Muitas pessoas indagam: Como é possível alguém que passa por incontáveis "mortes", experimenta o estado de erraticidade e reencarna várias vezes, esquecer que existe o Mundo Espiritual? Explicam, então, os Espíritos codificadores que a situação de esquecimento ou perturbação nunca é definitiva. Ela é transitória, e a lembrança, mais ou menos rápida, das vidas anteriores dependerá do grau de evolução de cada Espírito. C. W. Leadebeater, em Auxiliares Invisíveis, comenta sobre o mal que os ensinamentos errôneos a respeito da condição do Espírito após a morte provocam na Humanidade, principalmente no mundo ocidental. Certas religiões assustam os seus adeptos, criando neles muita perturbação e surpresa quando chegam no Mundo Espiritual. Conta ele o exemplo de um inglês que, em uma mensagem transmitida três dias depois de morto, narrou que, encontrando um grupo de Espíritos amigos, perguntou:

— Mas, se eu estou morto, onde é que estou? Se isto é o céu, não me parece grande coisa; se é o inferno, é melhor do que eu esperava!Surpresa semelhante tem o Espírito Monsenhor Robert Hugh Benson. Relata ele, em A Vida nos Mundos Invisíveis, obra recebida pelo médium Anthony Borgia, que, durante todo o período que sucedeu a sua última desencarnação, nenhuma idéia lhe ocorrera sobre tribunal de julgamento ou juízo final como sugerira a religião ortodoxa. Esses conceitos e os de céu e inferno lhe pareceram totalmente impossíveis e, na realidade, fantasias absurdas.

Como vimos anteriormente, os Espíritos levam consigo, para o Além-Túmulo, as qualidades boas ou más, todos os vícios e costumes e todos os conhecimentos e aptidões. Os criminosos vêem-se mergulhados em profundas trevas e só ouvem os lamentos de suas vítimas. Os suicidas só têm, na mente, o seu ato tresloucado. Allan Kardec, na Revista Espírita de maio de 1862, no capítulo intitulado Uma Paixão de Além-Túmulo, reporta-se ao suicídio, por amor, de um garoto de 12 anos de idade. Perguntado sobre sua situação, o jovem responde:

(. . .) Meu corpo lá estava inerte e frio e eu planava em volta dele; chorava lágrimas quentes. Vocês se admiram das lágrimas de uma alma. Oh! Como são quentes e escaldantes! Sim, eu chorava, porque acabava de reconhecer a enormidade de meu erro e a grandeza de Deus!. . . Entretanto, não tinha certeza de minha morte; pensava que meus olhos se fossem abrir . . .

O sofrimento dos Espíritos desencarnados é proporcional ao tipo de vida que levaram e ao maior ou menor apego que tenham à vida material. Durante a crise da morte, eles lutam para reter a vida corporal que lhes foge, e esse sentimento se prolongará por muito tempo. Aqueles muito ligados à vida material erram pelas vizinhanças do lar e do local do trabalho; julgam-se ainda vivos e pretendem participar dos negócios de que se ocupavam quando encarnados. Os viciados e libertinos continuam a sentir enorme ansiedade e procuram a convivência de devassos que lhes saciem os apetites sexuais e os vícios. O avarento fica em estado de angústia, por não poder impedir que os herdeiros esbanjem a fortuna amealhada durante a vida terrena.

Como Deus não se compraz com o sofrimento eterno de seus filhos, passada uma fase de depuração dos fluidos mais densos, sobrevêm ao Espírito o sono reparador a que estão sujeitos todos os recém-chegados ao Mundo Espiritual. Nesse momento, Espíritos amigos e familiares recolhem os recém-desencarnados e os levam para as diversas estações de repouso. Ao despertar desse sono — que pode variar de horas a séculos —, o Espírito desencarnado começa a perceber o que está em sua volta. Surpreende-se ao encontrar um ambiente muito semelhante ao da Terra. Por esse motivo, muitos pensam que ainda estão vivos.

E, só a partir de uma tomada de consciência da realidade em que se encontram, surgirão para eles novas oportunidades: estudos, tarefas, trabalho assistencial, tudo de acordo com o seu adiantamento espiritual, sua capacidade e suas necessidades. 

(. . .) ao entrar no mundo dos Espíritos é acolhido pelos amigos que o vêm receber, como se voltasse de penosa viagem. Se a travessia foi feliz, isto é, se o tempo de exílio foi empregado de maneira proveitosa para si e o elevou na hierarquia do mundo dos Espíritos, eles o felicitam. Ali reencontra os conhecidos, mistura-se aos que o amam e com ele simpatizam, e então começa, para ele, verdadeiramente, a sua nova existência. (Revista Espírita, abril de 1959, no 4, de Allan Kardec)

Devido à diversidade de nossos caracteres, — aptidões, sentimentos, vícios, virtudes e hábitos — as condições de vida no Além são de uma diversidade infinita, daí as diferenças no conteúdo das mensagens. Existem, também, Espíritos tão evoluídos e depurados (Espíritos puros ou perfeitos) sobre os quais a Terra não mais exerce atração. Estes habitam as regiões menos densas e só reencarnam para cumprir missões especiais, como aconteceu com Jesus, Buda e Confúcio, além de outros grandes missionários.

Todavia, há Espíritos que não se incorporam a nenhum movimento nobre; vivem na Terra da Liberdade que é uma região, segundo informam os Espíritos, próxima à crosta terrestre, onde os desencarnados se entregam a mais completa indisciplina. Cada um faz o que quer e age de acordo com o livre-arbítrio, sem quaisquer restrições morais. A tônica de suas vidas é a liberalidade. Muitas vezes, reencarnam sem passar por estágios nas Colônias de recuperação e sem analisarem as vidas anteriores. Nos Mundos Espirituais superiores, os Espíritos continuam a agir dentro do seu livre-arbítrio, porém de acordo com padrões morais elevados.

Segundo Allan Kardec, ao tratar dos Possessos de Morzine: Sendo a Terra um mundo inferior, isto é, pouco adiantado, resulta que a imensa maioria dos Espíritos que a povoam tanto no estado errante, quanto no de encarnados, deve compor-se de Espíritos imperfeitos, que fazem mais mal que bem. Daí a predominância do Mal na Terra. Ora, sendo a Terra, ao mesmo tempo, um mundo de expiação, é o contato do Mal que torna os homens infelizes, pois se todos os homens fossem bons, todos seriam felizes. E' um estado ainda não alcançado por nosso globo; e é para tal estado que Deus quer conduzi-lo. Todas as tribulações aqui experimentadas pelos homens de bem, quer da parte dos homens quer da dos Espíritos, são consequências deste estado de inferioridade. Poder-se-ia dizer que a Terra é a Botany-Bay dos mundos: aí se encontram a selvageria primitiva e a civilização, a criminalidade e a expiação. (Revista espírita, de Allan Kardec, n2 12, dezembro de 1862 )

(... ) O Espíritos conservam no Espaço suas simpatias e seus hábitos terrenos. Os Espíritos dos americanos mortos são ainda americanos, como os desencarnado que viveram na França são ainda franceses no Espaço. Daí as diferenças dos ensinos em alguns centros. Cada grupo de Espíritos, por sua própria natureza, por seu espírito nacional, apropria suas instruções ao caráter, ao gênio especial daqueles que o dirigem. (Revista Espírita, de Allan Kardec, na 6, junho de 1869)

Sendo assim, conclui-se que o processo da morte não é necessariamente doloroso, embora, muitas vezes, os que presenciem o desenlace de algum amigo ou parente observem a luta do moribundo para conservar o Espírito no corpo. Aos olhos físicos a impressão é de a pessoa estar sofrendo intensamente, mas essa se constitui, apenas, uma visão terrena, dos que ainda permanecem do lado de cá. A realidade é bem outra.

1 - Sensações nos Espíritos Errantes

Tratando do momento em que o Espírito deixa o corpo e penetra no Mundo Espiritual, Allan Kardec lhes analisa, em vários artigos da Revista Espírita, as sensações e o desenvolvimento das idéias. Muitas perguntas lhe tinham sido feitas, como: Sofrem os Espíritos? Que sensação experimentam? Em O Livro dos Espíritos, o codificador da Doutrina Espírita dedica um longo capítulo a esse tema e que tem por título Ensaio Teórico Sobre as Sensações nos Espíritos. Responde ele, então, com base em informações dos Espíritos e, principalmente, em suas próprias observações e nos estudos das funções do perispírito:

Ensina-nos a experiência que, no momento da morte, o perispírito se desprende, mais ou menos lentamente do corpo; durante os primeiros instantes o Espírito não se dá conta da situação; não se julga morto; sente-se vivo; vê o corpo ao lado, sabe que é seu, mas não compreende que do mesmo esteja separado. Esse estado dura enquanto existe uma ligação entre o corpo e o perispírito. 

Recordemos a evocação do suicida da casa de banhos da Samaritana, (. . .) Como todos os outros , ele dizia: "(. . .) entretanto sinto que os vermes me roem". Ora, seguramente, os vermes não roem o perispírito e, ainda menos, o Espírito; apenas roem o corpo. Mas como a separação entre corpo e Espírito não era completa, o resultado era uma espécie de repercussão moral que lhe transmitia a sensação do que passava no corpo. Repercussão talvez não seja o vocábulo, o qual poderia fazer supor um efeito muito material: era antes a visão daquilo que se passava em seu corpo, ao qual estava ligado o seu perispírito que lhe produzia uma ilusão, que tomava como realidade. (Revista Espírita, de Allan Kardec, n° 11, novembro de 1858)

Dessa forma, as sensações agradáveis são transmitidas ao Espírito, assim como as desagradáveis. Em suas pesquisas, Allan Kardec entrevistou milhares de Espíritos que pertenceram a todas as camadas sociais e a todas as posições, seguindo-lhes os passos desde a desencarnação, a fim de estudar as mudanças que sofreram na vida além-túmulo. Nos planos inferiores da Espiritualidade, os Espíritos manifestam desejos e apetites. Já o mesmo não se dá com aqueles cujo perispírito é menos denso.

2 - Alimentação dos Espíritos

Se as pessoas duvidam que os Espíritos se vestem, que pensarão elas a respeito da existência de alimentos no Mundo Espiritual? Entretanto, os Espíritos errantes sentem fome. Na maioria das vezes, os desencarnados, logo após o desligamento do corpo físico, são atormentados pelo desejo de satisfazerem suas necessidades fisiológicas, como sede e fome incontroláveis. Para atendimento dessas necessidades básicas, afirmam os Espíritos que existem fábricas de concentrados de frutas e sopas sujeitos à manipulação específica da Espiritualidade.

Nos hospitais das Colônias, alimentos são fornecidos aos enfermos, a fim de se revigorarem. Esses manjares espirituais, segundo informações do Outro Mundo, possuem gosto e aroma que não têm similar na Terra. Nos centros de reeducação para onde são conduzidos os Espíritos recém-chegados do Umbral, faz parte do tratamento a ingestão, pelos enfermos, de alimentos semelhantes aos terrenos, porém menos densos, até que se adaptem a sistemas de sustentação das Esferas Superiores. Allan Kardec transcreve a mensagem do Espírito Cura de Bizet que se sentiu chocado com as cenas que presenciou no Mundo Espiritual:


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