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01/09/2013

Terreiro Forte é o que Promete? Ou o que Ensina?

Terreiro de umbanda

Costumamos atender muitas pessoas nas giras abertas à assistência, que reclamam desta ou daquela casa, por diversos motivos, dentre eles que " terreiro tal, prometeu e não vi mudar nada em minha vida" .

Partindo deste princípio, vemos realmente hoje no cenário Umbandista, casas que "levam" o nome da Umbanda, mas não praticam a doutrina de Umbanda. Quando consultamos a palavra doutrina vemos que a mesma se refere ao "ensinar" e não ao "prometer", pois compreendemos que a transformação sempre parte de dentro para fora de todo ser que se preocupe em fazer sua reforma interior.

Não podemos encarar uma casa de caridade Umbandista como um depósito de erros cometidos por nós mesmos e esperar somente que se faça um milagre e todas as besteiras que fizemos em vida sejam apagadas com uma borracha espiritual pelos guias que la militam na força de Aruanda. Sinto em dizer, mas se você vai a um centro que promete isso, você não esta frequentando a Umbanda anunciada a mais de 100 anos pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas onde o mesmo deixou claro que " UMBANDA É A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO PARA A CARIDADE".

Os erros criados por "NÓS" devem ser corrigidos por "NÓS MESMOS" não existe fórmula mágica da espiritualidade para encobrir nossas responsabilidades.

A casa que professa a PROMESSA ao invés de promover a RENOVAÇÃO brinca com a fé alheia e foge ao código do BOM SENSO que deve haver em toda instituição religiosa.

Evoluímos a partir do momento que reconhecemos nossas falhas e sentimos a necessidade de mudança, a função de um guia é nos orientar e não abraçar nossa causa prometendo resolver fácil isso ou aquilo.

JESUS nosso MESTRE em sua história nunca resolveu sem antes perguntar: "VOCÊ DESEJA?" e nunca carregou méritos de seus feitos sempre atribuindo os mesmos a FÉ que cada ser tem dentro de si.

FÉ, éééé! Realmente isso falta em algumas pessoas que frequentam as casas sérias de Umbanda, pois sempre por instinto tendemos a procurar as coisas mais fáceis e nesta procura nos esquecemos do " A CADA UM SEGUNDO SUAS OBRAS".

Saibamos enxergar em um terreiro de Umbanda uma "escola" onde aprendemos a ser seres humanos melhores e não um depósito de reclamações, pedidos absurdos criados pela nossa incredulidade não em Deus, não nos Orixas, mas EM NÓS MESMOS.

Lembrando as palavras do CABOCLO MIRIM " Umbanda é coisa séria, pra gente séria!" E isso se aplica para os dois lados, de quem atende e de quem deseja obter algo!


Esperamos ter colaborado com um pouco de entendimento para todos e desejamos encerrar com as palavras do APÓSTOLO PEDRO.

"Toda carne é como a erva,
E toda glória do homem como a flor da erva.
Secou-se a erva, caiu-se a sua flor.
Mas a palavra do Senhor, permanece para sempre
Desejai como meninos, novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por eles vades crescendo..."
Pedro, 1;25 - 2;2

Inspirado mediunicamente pelo Sr. Caboclo Urubatã
Recebido por GÉRO MAITA



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29/08/2013

A Linha dos Caboclos


A Linha dos Caboclos

Todos os Caboclos são regidos por um Mistério Maior que pertence ao Trono do Conhecimento (Regência do Orixá Oxóssi).


Mas cada Caboclo (ou Cabocla) vem na Irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são “filhos”de determinado Orixá e perante outros Orixás foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios (exemplos: Caboclo Pena Branca: de Óxóssi e Oxalá; Caboclo Pena Dourada: de Oxóssi e Oxum; Cabocla do Mar: de Yemanjá; Caboclo Sete Montanhas: de Oxalá e Xangô).


Os Caboclos são espíritos muito esclarecidos e caridosos, assim como os Pretos-Velhos. Tiveram encarnações como cientistas, sábios, magos, professores etc. Alguns, em determinada encarnação, foram mesmo nativos (chamados de indígenas, aqui no Brasil). Enfim, no decorrer de encarnações, elevaram-se e vêm na Umbanda para auxiliar aos irmãos enfermos da alma e do corpo. Muitos são escolhidos pela Espiritualidade para serem os Guias-Chefes dos Terreiros ou então de seus médiuns.


Na linguagem comum, a palavra “caboclo” designa o homem nativo, às vezes mestiço de branco com indígena. Mas na Umbanda o significado é outro.


Os espíritos que se apresentam na Umbanda como Caboclos assumem a forma plasmada de "índios" em homenagem aos povos nativos do Brasil e de outras regiões do globo, que nutriam uma forte relação de amor e de respeito à Natureza e muito contribuíram com seus conhecimentos e valores morais e culturais para a formação da nossa Pátria. (V. “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora, 2007, páginas 89/94.)


Nem todo Caboclo foi, necessariamente, um indígena.


RUBENS SARACENI explica que, há séculos, houve um momento em que os Regentes Planetários idealizaram uma estrutura de Trabalho Espiritual que reuniria espíritos desencarnados originários das mais diferentes religiões e culturas do planeta, arregimentados a partir de determinado grau espiritual, ético, moral e de conhecimentos.


Formaram-se grupos por afinidades (de valores culturais e morais, de especialidades etc.), porém todos voltados a um único propósito: ajudarem-se mutuamente na tarefa de auxílio à evolução de encarnados e desencarnados em geral. Com isto, também aceleravam as próprias evoluções, pois estavam realizando algo inédito: até então, os desencarnados se agrupavam no Astral conforme suas origens aqui na Terra, e ajudavam apenas aos “da sua gente”. Agora, a Espiritualidade punha em prática um verdadeiro Universalismo, reunindo num trabalho comum representantes de todas as religiões e crenças antigas, muitas já desaparecidas da face do planeta. Com o tempo, levas e levas de espíritos que desencarnavam puderam filiar-se àqueles grupos.


Então, os Regentes Planetários idealizaram uma religião que atuasse no plano Terra, por meio desses espíritos de índole universalista. O local escolhido foi o Brasil, país que estava destinado a receber povos de todas as origens e crenças (V. O livro “Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, psicografia de Chico Xavier). A religião idealizada foi a Umbanda, que mais tarde o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas trouxe ao plano material, manifestado no médium Zélio Fernandino de Moraes. Criaram-se as Linhas de Trabalho por especialidades de atuação; sendo que as primeiras homenageavam os povos formadores da nossa cultura: nativos (Caboclos) e africanos (Pretos-Velhos).


Portanto, os espíritos que atuam na Umbanda como Caboclos têm origens culturais e religiosas diversas, e nem todos foram indígenas (assim como nem todo Preto-Velho foi um Negro escravizado). O que lhes dá “ a patente” de Caboclo é o seu grau de elevação perante as Leis do Criador. São espíritos que habitam da 4ª Faixa Vibratória Positiva para cima e que trazem no íntimo um profundo senso de Fraternidade e Irmandade para com toda a Criação Divina.


Dentro da Linha de Caboclos há, portanto, espíritos com diferentes graus de elevação. Fato que explica toda uma hierarquia, onde encontramos:
●Aqueles que deram nome às Falanges e que NÃO incorporam (habitam na 7ª e 6ª Faixas de Luz, onde já não têm um corpo plasmado, são apenas Luz); 
●Outros, vindos da 4ª e 5ª Esferas Positivas, e de diferentes graus, que se integram nas Falanges (e Sub-falanges etc.) e se manifestam entre nós; sendo TODOS eles mais adiantados e elevados que seus médiuns. São espíritos evoluídos que OPTARAM por apresentar-se dentro do Arquétipo do homem nativo, aquele que sempre viveu em contato direto com a Natureza e que já trazia consigo um profundo senso de amor e respeito por todos os seres e elementos à sua volta (terra, água, plantas, animais, pedras etc.) e de harmonia com todas as forças e fenômenos naturais (sol, lua, chuva, dia, noite, estações climáticas etc.).


A presença dos Caboclos nas Giras de Umbanda nos leva a refletir sobre a importância do meio natural que nos acolheu e nos ajuda a compreender que somos parte da Criação Divina e, por isso mesmo, precisamos viver em harmonia com o Todo. Eles são um exemplo de forma de vida simples, natural, livre de preconceitos e artifícios, de arrogância e de vaidade. Sua atuação junto de nós é libertadora, própria daqueles que evoluíram.


Caboclos e Pretos-Velhos manipulam ervas de todos os Orixás porque têm essa autorização e conhecimento, conforme o grau elevado que os distingue.


Existem Falanges de doutrinadores, de guerreiros, de “feiticeiros” (isto é, que atuam mais fortemente na quebra de magias negativas), de curadores, de justiceiros etc.


Os Caboclos são profundos conhecedores das ervas e dos seus princípios ativos. Suas “receitas” (banhos, defumações, oferendas etc.) costumam produzir curas inesperadas. Conhecem como ninguém o Reino Vegetal e podem nos ensinar o valor e a melhor utilização das ervas e dos alimentos vindos da terra.


Também grandes conhecedores da Magia, nos seus trabalhos costumam utilizar pembas, velas, essências, flores, ervas, pedras, frutas, vinho, sumo de ervas, raízes, cipós e sementes, entre outros elementos. Usam charutos e fumos à base de ervas para defumar o ambiente e as pessoas presentes, recolhendo e neutralizando as cargas densas que os envolvam.


Sua forte carga magnética nos impulsiona a ir em frente, a enfrentar os obstáculos com coragem e determinação. Porque Caboclo é o Arquétipo do guerreiro corajoso, valente, simples, honrado, justo e harmonizado com as Forças da Mãe Natureza. Pela simples presença entre nós, quando incorporados em seus médiuns, já nos imantam com essas fortes energias e nos estimulam a conseguir nossos objetivos. São “caçadores”, vão buscar e nos ensinam a buscar o melhor para a nossa evolução.


Grandes doutrinadores e disciplinadores, são muito atuantes na orientação de sessões de desenvolvimento mediúnico, uma vez que os Guias Espirituais agem principalmente sobre o mental do médium, que está relacionado ao Chakra Frontal, regido por Pai Oxóssi, justamente o Regente do Mistério Caboclo.


Também atuam nas desobsessões, na solução de problemas psíquicos e materiais, na quebra de demandas, entre outros trabalhos espirituais de Umbanda, utilizando vários recursos magísticos nos quais são iniciados. Não ostentam conhecimentos, colocam-nos em prática!


Seus assobios e brados assemelham-se a mantras. Cada Caboclo emite um som, de acordo com o trabalho que vai realizar, criando condições que facilitem a incorporação e liberando bloqueios energéticos dos médiuns e consulentes. Os assobios traduzem sons básicos das Forças da Natureza, dão um impulso no campo magnético (corpo espiritual) do médium para direcioná-lo corretamente, liberando-o de cargas negativas, larvas e miasmas astrais. Nos consulentes, produzem igual efeito.


Os Caboclos incorporados também costumam estalar os dedos, bater no peito e estender o braço na direção do Altar. Tudo isto tem um significado magístico-religioso:


●Estalar dos dedos- Nossas mãos têm vários terminais nervosos que se comunicam com os sete chakras principais e com os chakras menores do nosso corpo. O estalar dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (a parte gordinha da palma da mão) e reequilibra a rotação e a frequência de todos os chakras, que voltam a funcionar plenamente. O equilíbrio vibracional gera a consequente descarga de energias desequilibradas (“negativas”). Ao estalar os dedos, o Caboclo provoca essas reações no campo magnético do médium ou, conforme o caso, descarrega o campo do consulente. Ao estalar os dedos da mão esquerda, ele absorve negatividades e faz uma limpeza energética; e quando estala os da mão direita, ele irradia cargas altamente positivas e reenergiza, acalma, cura etc.


●Bater no peito- Com isso, o Caboclo ativa o chakra Cardíaco do médium e equilibra suas emoções, possibilitando uma sintonia mais apurada com o medianeiro e a efetivação de um bom trabalho espiritual.


●Estender os braços (ou um braço) para o Altar- Com esse gesto, o Caboclo lança uma “flecha energética” que ativa os Poderes e Forças assentados e firmados no Terreiro, conforme a necessidade do trabalho espiritual a realizar.


Esses procedimentos criam um grande centro de Forças que facilita o amparo aos consulentes, ao próprio Terreiro e a toda a corrente mediúnica.


Alguns Caboclos, quando se despedem do Terreiro, dizem que vão “para Aruanda”, ou “para a cidade da Jurema”. Outros falam que vão “subir para o Humaitá”, e assim por diante. São referências às colônias astrais que existem ligadas ao planeta Terra, onde eles habitam, conforme o respectivo grau de evolução. E muitas vezes os Caboclos responsáveis por Terreiros levam para essas colônias os dirigentes e demais integrantes da corrente mediúnica (durante o desdobramento normal dos seus espíritos que acontece durante o sono físico), a fim de participarem de trabalhos de auxílio a encarnados e desencarnados, para estudarem e ou receberem. Um trabalho espiritual de Umbanda não termina no Terreiro, ele prossegue no Astral. Por isso, é importante que os médiuns sigam as orientações dos Guias Espirituais sobre os preceitos para antes e depois das Giras (manter pensamentos e sentimentos elevados e uma vida diária equilibrada, inclusive no campo sexual; abster-se, ao menos por 24 horas antes e depois do trabalho espiritual, do uso de bebida alcoólica, fumo e de qualquer substância nociva, mantendo uma alimentação isenta de alimentos de origem animal, porque são de difícil digestão; etc.).


Algumas pessoas perguntam o porquê de uma Linha de Trabalho Espiritual “homenagear” os povos nativos, supondo que eles seriam ignorantes e primitivos.


Para desfazer essa dúvida, vamos aqui reproduzir trechos do livro “MUITO ANTES DE 1500”, de DOMINGOS MAGARINOS (EPIÁGRA R.+.), que trata sobre as crenças e cultos religiosos dos povos nativos do Brasil e da América, com base em pesquisas realizadas por vários especialistas de renome.


O Autor aponta que os povos nativos (“indígenas”) da América, na época do descobrimento, mantinham cultos muito parecidos com os das culturas indiana, egípcia e grega. Eles já cultuavam a Cruz, o Sol e O Menino Louro ou Menino Deus (seria o Menino Jesus dos cristãos). Isso indicaria uma origem comum entre essas culturas e a dos povos americanos.


Diz ele: Paulo Schliemen é de opinião que as culturas grega, egípcia, indiana e americana tiveram origem comum. Apolo, Osíris, Ormuzd, Indra, Tomatiuh e o próprio Amon-Rá, o Deus-Sol, tão venerado no velho Egito, derivam (...) de Rá-Ná, o Deus-Sol dos maias, porque a América foi o berço da helionose (culto ao sol), conforme atestam as ruínas de Tiahuanaco. Cieza de Leon, Garcilasso de La Vega e o próprio Clemente Rice argumentam que os símbolos solares, insculpidos nos milenares monumentos monolíticos encontrados nessa região, objetivam, plenamente, que toda a remotíssima civilização pré-incaica girou em torno do Sol, fato que autoriza e justifica a versão quíchua da antiguidade e da origem americana do culto solar.


Le Plongeon demonstrou que Osíris, Ísis e Seth são vocábulos derivados do idioma falado no México há mais de 11.500 anos antes da era Cristã.


Scott-Elliot, depois de estudar a Atlântida e os atlantes, sob vários pontos de vista, fala-nos da inédita cultura americana, dizendo: “Nada parece ter surpreendido mais os aventureiros espanhóis, no México e no Peru, do que a semelhança extraordinária das crenças religiosas, dos ritos, dos emblemas do velho mundo com os que encontraram no novo. Os padres espanhóis viram nessa semelhança a intervenção maléfica do diabo. O culto da Cruz entre os nativos e a presença desse símbolo nos edifícios e solenidades religiosas foram para eles motivo de assombro. De fato, em parte alguma do mundo, na Índia ou no Egito, a Cruz era tida em maior veneração do que entre os povos primitivos do continente americano. E o que é mais extraordinário é a semelhança das palavras que significam DEUS nas principais línguas antigas do Ocidente e do Oriente.”


Com efeito, DYAUS ou DYAUS-PIETER- DEUS, em sânscrito; THEUS ou ZEUS, em grego; DEUS PATER ou JÚPITER, em latim; DIÁ ou TÁ, em celta; YAH ou THIÁ, em hebraico; ZÉO, TÉO ou TÁO, no idioma dos atlantes e dos aborígenes da América pré-colombiana, confirmam plenamente a afirmativa do notável autor da History of Atlantis.


O mesmo quanto às divindades solares, como RÁ-ANGA, entre os brasis pré-históricos; GUARACY, entre os tupi-guaranis; UARASSÚ ou YARASSÚ (vocábulo tupi) entre os babilônios; RÁ-MANÚ, entre os assírios; RÁ-NÁ, entre os maias; INDI RÁ, RÁ-MÁ, RÁMA-TCHANDRA, RÁ-VI, entre os indianos; e ainda RÁ-MA, que originou o termo Roma, entre os romanos (cognominados ramnes).


Mas não é tudo: YUPITAN, que lembra Júpiter, é um vocábulo abanheenga, a fala do homem primitivo, a língua que precedeu o nheengatú, a língua boa, a língua sagrada dos tupis-guaranis. Esse vocábulo é composto por YÚ- que significa louro- e PITAN, que significa infante ou criança e, portanto, mancebo ou menino louro, designando o filho do Sol, como foi perpetuado em vários cultos aborígenes do Brasil.


O Menino Louro ou Deus Menino- Horus dos egípcios; Harpocrates dos gregos; Dionysius dos romanos, Menino Jesus dos primitivos cristãos e, ainda hoje, dos católicos romanos- é uma reminiscência milenar do esquecido YUPITAN da arcaica teogonia amerígena.


Esse YUPITAN ou YUPITÃ aparece, às vezes, sob a forma de YUBÁPITANGA. Chamam-no também ARAPITÃ, isto é, filho de ARACY, a mãe da luz (de ara=luz e cy= mãe, raiz, origem ou princípio).


Humboldt, Prescott, Brasseur de Bourbourg, Le Plogeon e todos, em suma, que pesquisaram realmente as ruínas arqueológicas do México, do Peru, da Bolívia, do Chile e outros países da América, inclusive o Brasil, encontraram provas positivas de que o batismo, a confissão, a quaresma e outras cerimônias consideradas católicas constavam dos seus misteriosos rituais. HÚ, no Yucatan; INTI, em Cuzco; como AUM, na Índia e no próprio Peru, simbolizavam o IMPRONUNCIADO, o INOMINÁVEL {=Deus}.


QUETZALCOATL foi a primeira manifestação cristônica para os povos da 5ª. Raça Raiz. A sua identidade com Krishna, Zoroastro, Thôt, Orfeu e Jesus é incontestável. Foi a primeira humanização do Cristo cósmico. O Kukul-Kan dos maias. O Yurupari dos tupis-guaranis. (Fonte: OBRA CITADA, páginas 53/54, MADRAS EDITORA, 2005.)


Então, retomando:


Ainda que os Caboclos da Umbanda fossem “apenas” espíritos de indígenas (e já foi visto que não é assim), está aí demonstrado o grande valor cultural e religioso dos povos nativos que esta Linha homenageia. Só isto bastaria para nos sentirmos abençoados pela Misericórdia Divina, pela possibilidade de entrarmos em contato com esses espíritos tão valorosos e simples.


Que possamos ter sempre a bênção dos Paizinhos Caboclos e das Mãezinhas Caboclas em nossas vidas. Salve os Caboclos da Umbanda!


Nomes simbólicos: Tupinambá; Jurema; Sete Flechas; Pena Branca; Pena Verde; Pena Roxa; Pena Dourada; Pena Vermelha; Pena Amarela; Pena Azul; Pena Marrom; Cobra Coral; Arranca Toco; Iara; Jaci; Tupi; Araribóia; Toco; Jupiara; Caboclo do Sol; Caboclo da Lua; Estrela; Giramundo; da Cachoeira; Sete Pedreiras; Sete Montanhas; Sete Espadas; Flecha Branca; Folha Branca; Sete Penas; Sete Folhas; Ventania; Rompe Mato; Urubatão; Ubirajara; Aimoré etc.


Alguns nomes revelam os Orixás regentes dessas Entidades e o seu campo específico de trabalho. Outros nomes são ocultadores (V. “Tratado Geral de Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora).


Seguem alguns exemplos de nomes reveladores:


I- Caboclos que têm nome em tupi-guarani: Exemplos: Tupã, Tupi, Tupinambá, Aimoré, Icaraí, Ubirajara, Urubatão, Urubatã, Jaci, Indaiá, Jacira.


Para saber qual Orixá os rege e lhes dá um campo específico de atuação, precisamos traduzir o nome.


Exemplos:


CABOCLO ICARAÍ- Icaraí significa “água santa”. A água é um elemento de Yemanjá. O que torna algo “santo” é a Presença de Deus (o Alto do Altíssimo); e o Orixá que representa o mais Sagrado é Oxalá (porque rege o Sentido da Fé, base da religião). Logo, é um Caboclo de Oxóssi, Yemanjá e Oxalá;


CABOCLO TUPINAMBÁ- Tupinambá significa “filhos de Tupi” (ou de Tupã). Tupi é a Raiz, o Pai. Por analogia, o Orixá Oxalá é “o Pai” (porque o Seu Fator Magnetizador é a base da Criação). Logo, é um Caboclo de Oxóssi e Oxalá;


CABOCLO URUBATÃO- Urubatão (ou Urubatã) significa “madeira dura”. Madeira vem de árvore=Oxóssi; mas a madeira é a árvore que foi cortada e passou por uma transformação= Obaluayê; e dura= dureza= força=Ogum. É um Caboclo de Oxóssi, Obaluayê e Ogum;


CABOCLO URUBATÃO DA GUIA-Valem as explicações anteriores. Acrescente-se que “guia” vem de “estrela guia”, um símbolo de Oxalá. Logo, este Caboclo é de Oxóssi, Obaluayê, Ogum e Oxalá;


CABOCLO UBIRAJARA- Ubirajara significa “o atirador de lança”. A lança é de Ogum. Logo, é de Oxóssi e Ogum.


CABOCLA JACI- Jaci é “a deusa da lua”, que é associada às Divindades Ísis (egípcia) e Lakshmi (hindu). Estas, por sua vez, são relacionadas a Oxum. Logo, seria uma Cabocla de Oxóssi e Oxum. Mas a lua também pode ser associada a Oyá-Tempo, Yemanjá e Nanã, de modo que pode ser uma Cabocla com essas regências.


CABOCLA JACIRA- Jacira significa “inseto que produz mel”. Quem produz mel é a abelha, que pertence ao reino de Oxóssi. Mas o mel também representa a doçura, que se associa a Oxum. Logo, é uma Cabocla de Oxóssi e Oxum.


CABOCLO (A) INDAIÁ- Indaiá, em tupi-guarani, é um tipo de palmeira. Sendo um elemento vegetal, está ligado a Oxóssi. Seria um Caboclo (a) na Irradiação pura de Oxóssi.


II- Caboclo “Pena”: Todo Caboclo Pena traz uma qualidade voltada para ensinar, doutrinar. A pena é de Oxóssi, Orixá do Conhecimento.


Nessa Falange, temos: 
●Caboclo Pena Branca- o branco é a cor de Oxalá; logo, é um Caboclo voltado para ensinar a Fé (é de Oxóssi e Oxalá); 
●Caboclo Pena Dourada- o dourado é uma cor de Oxum; logo, vem para ensinar o Amor (é de Oxóssi e Oxum); 
●Caboclo Pena Verde- o verde é de Oxóssi; logo, vem para expandir o Conhecimento; (atua na Irradiação pura de Oxóssi); 
●Caboclo Pena Marrom- o marrom é de Xangô; logo, vem para ensinar a Justiça (é de Oxóssi e Xangô); 
●Caboclo Pena Vermelha- o vermelho é de Ogum; logo, vem para o ensino da Lei (é de Oxóssi e Ogum); etc. A cor que aparece no nome do Caboclo indica a qual Orixá está relacionado e em qual Sentido da Vida ele vai atuar, especificamente.


No caso do Caboclo Sete Penas, o “sete” indica que ele atua nos Sete Sentidos da Vida, ou seja, na Irradiação de todos os Orixás, sendo um doutrinador de almas.


III- Caboclo “Flecha”: Todo Caboclo Flecha traz duas qualidades fundamentais: uma voltada para o Conhecimento (pois a flecha é de Oxóssi) e a outra voltada para o Sentido da Direção (porque a flecha também aponta numa direção, ela dá direção- Qualidade de Yansã). São Caboclos que atuam para dar um direcionamento na busca do Conhecimento, na expansão do nosso aprendizado. E a cor que aparecer no nome do Caboclo dará o campo específico da sua atuação.


Nessa Falange, temos: 
●Caboclo Flecha Branca= direcionador do Conhecimento no campo de Oxalá= Fé; ●Caboclo Flecha Dourada= direcionador do Conhecimento no campo de Oxum= Amor; etc.


Já o Caboclo Sete Flechas é um direcionador do Conhecimento nos Sete Sentidos da Vida (Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração). É um direcionador de almas, de espíritos.


IV- Caboclo “Folha”: Todo Caboclo Folha traz qualidades de Oxóssi, pois a folha é de Oxóssi, o Senhor do Reino Vegetal. E a cor da folha indicará qual outro Orixá os rege e o campo específico de suas atuações.


Nessa Falange, temos: 
●Caboclo Folha Branca (de Oxóssi e Oxalá); ●Caboclo Folha Dourada (de Oxóssi e Oxum); ●Caboclo Folha Verde (Irradiação pura de Oxóssi); etc.


Quanto ao Caboclo Sete Folhas, há uma particularidade: a folha serve para curar; e o Orixá “dono de todas as folhas” e que cura pelas folhas é Ossaim. Como o Caboclo Sete Folhas trabalha com todas as folhas (nas sete Irradiações), vemos que traz qualidades de Ossaim. (Ossaim não é cultuado diretamente na Umbanda, e sim dentro do campo de Oxóssi.)


V- Caboclo “Pemba”: Todo Caboclo Pemba traz qualidades de Oxum (Trono Mineral), pois a pemba é um mineral. São Caboclos de Oxóssi e Oxum. Oxóssi traz o Conhecimento e a expansão; Oxum é agregadora, atrai e reúne com harmonia.


Como nos exemplos anteriores, a cor que aparece no nome (Pemba Branca, Pemba Roxa etc.) indica o campo específico da sua atuação. Já o Caboclo Sete Pembas atua nos Sete Sentidos da Vida. (Fonte dos itens I/V: Anotações de aula do Curso Virtual de Teologia de Umbanda ministrado por Alexandre Cumino, turma 11, Plataforma EAD do Instituto Cultural Aruanda.)


VI- Outros nomes:


●Os elementos, pontos de forças, as cores, instrumentos (flecha, escudo etc.) e condições climáticas que aparecem no nome do Caboclo dão uma indicação do Orixá que o rege e do seu campo de atuação. Exemplos: Caboclo dos Rios (Oxum); Caboclo Ventania (ventania= ar em movimento= Yansã); Caboclo do Fogo (Xangô); Caboclo da Terra (Omolu); Caboclo do Mar (Yemanjá); Caboclo do Ouro (Oxum); Caboclo do Lago (Nanã); etc.


●Há nomes ligados a verbos ou ações. Exemplos: Caboclo Rompe-Mato: romper é um ato de força= Ogum; mato= Oxóssi; logo, é de Oxóssi e Ogum; Caboclo Quebra Pedra: quebrar= Ogum; pedra= mineral=Oxum; logo, é de Ogum e Oxum.


●Os nomes de animais, em especial os de felinos (gato, jaguatirica, leopardo, leão, onça, tigre, pantera, jaguar), em geral estão diretamente associados a Oxóssi, que é o Senhor do Reino Vegetal (flora) e também da fauna (animais).


Mas alguns têm outras particularidades. Exemplo: CABOCLO COBRA CORAL. A cobra é um animal associado ao Orixá Oxumarê (a Serpente de Dan). E a cobra coral tem as cores vermelha (de Ogum), preta (de Omolu), amarela (de Yansã) e branca (de Oxalá). Logo, é um Caboclo que atua na Irradiação de Oxumarê, Ogum, Omolu, Yansã e Oxalá. (Fonte: Rubens Saraceni, “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada” e “Tratado Geral de Umbanda”, ambos da Madras Editora.)


Dia da semana: 4ª feira, que é associada ao Orixá Oxóssi porque tem a regência de Mercúrio, o planeta da comunicação e do conhecimento.


Linha de trabalho (campo de atuação): Conhecimento, comunicação, expansão do ser pelo aprendizado; prosperidade em todos os setores; fartura; cura espiritual e material.


Ponto de Força: É a mata, onde recebem oferendas.


Cor: Sua cor preferencial é o verde. Na confecção das guias ou colares, alguns Terreiros usam contas de cor verde transparente para as Caboclas e verde leitoso para os Caboclos. Outros utilizam contas brancas e verdes, bem como sementes.


Elementos de trabalho:


1- Ervas de todos os Orixás


ADRIANO CAMARGO relaciona as seguintes ervas: a) Quentes ou agressivas: guiné, picão preto, espinheira santa, jurema preta (casca), comigo-ninguém-pode; b) Mornas ou equilibradoras: abre caminho, alecrim (todos), alfavaca, anis, arnica do mato, café folha, cipó caboclo, cipó cravo, cipó São João, louro, manjericão, peregum verde, samambaia.


Banho/Amaci de purificação ou de cura: guiné, arruda, jurema preta, quebra demanda, espadas de São Jorge e de Santa Bárbara, arnica, samambaia.


Banho/Amaci de apresentação, de Gira ou iniciação: alecrim, manjericão, hortelã, capim cidreira, folhas de café, peregum verde, flores variadas.


PORTAIS DE CURA: círculo de raízes, flores, folhas frescas e secas, quartzo verde, mel, velas verdes e velas brancas.


2- Pemba, penas, fitas, pedras, arcos, flechas, lanças;


3- Sementes- Exemplos: Olho de boi: Associado aos Orixás Oxóssi, Yansã e Oxalá. Proporciona saúde, vigor físico, recuperação energética, cura de energias “doentes”. Magnetiza a cura espiritual e material; Olho de cabra: Relacionado aos Orixás Oxumarê, Ogum e Omolu. É um bloqueador de energias agressivas. Envolve e imanta como capa protetora que fulmina tudo o que tenta ultrapassá-la e que não atenda aos propósitos da sua consagração. (Fonte: ADRIANO CAMARGO.);


4- Cipós (Fonte: ADRIANO CAMARGO). Exemplos: Cipó de caboclo (Orixá Oxóssi); Cipó cravo (Orixás Oxóssi, Yansã e Xangô); Cipó São João (Orixás Oxóssi, Yansã, Xangô, Egunitá e Omolu); Cipó angelicó ou mil homens (Orixá Xangô); Cipó suma (Orixás Oyá-Tempo e Nanã); Cipó prata (Orixá Oyá-Tempo); Cipó cabeludo (Orixás Oxum e Omolu); Cipó seda (Orixá Oxum); Cipó cruz (Orixá Obaluayê); Cipó azougue (Orixá Yansã).


5- Fumo/Defumações: charuto, benjoim, mirra, ervas secas, flores secas.


Pedra: Quartzo verde; as Pedras verdes em geral (Amazonita, Crisopázio, Jade, Esmeralda, Turmalina Verde, relacionadas ao Orixá Oxóssi).


Cozinha ritualística:


1- Milho verde e amendoim. Regar com mel, cobrir com coco ralado e enfeitar com morangos e ou ervas frescas.


2-Abóbora passada no azeite de oliva. A abóbora comum (amarela) pode ser cozida em pedaços. A abóbora japonesa (esverdeada e arredondada) pode ser aferventada inteira, retirando-se a tampa e removendo-se as sementes; passar as sementes no azeite de oliva e colocar dentro da abóbora, salpicando orégano. Decorar com ervas frescas, já lavadas.


3-Brotos de abóbora passados em azeite de oliva e enfeitados com sementes de abóbora ligeiramente torradas (secar um pouco no forno). Isto tem um efeito curativo maravilhoso e também dá “forças” para os médiuns, revitalizando seus campos energéticos.


4-Feijão branco, feijão fradinho, grão de bico, fava vermelha, fava branca, ervilhas e lentilhas. Usar pelo menos dois tipos de grãos. Aferventar ligeiramente cada tipo de grão em separado e depois refogar todos juntos em azeite de oliva, sal, alho, cebola e tomate picadinhos e decorados com cheiro verde e temperos frescos a gosto.


5-Frutas variadas; legumes, verduras e raízes variadas. Colocar tudo numa gamela de madeira, fazendo um arranjo bonito e bem colorido. As verduras podem forrar a gamela e ser colocadas ladeando as frutas e legumes (como uma “renda”).


7-Moranga com frutas: Tirar uma tampa da moranga e limpá-la. Colocar a moranga sobre folhas de taioba (ou de abóbora) e colocar dentro dela frutas variadas. Cercar com 7 copos de sumo de ervas (ou vinho). Entre os copos, firmar 1 vela verde (ou bicolor branca/verde).


OBSERVAÇÃO: Na Umbanda, é comum que as comidas cozidas sejam consagradas e depois ingeridas pelos médiuns e a assistência, como forma de comunhão do “axé”. Já as oferendas, propriamente, não passam por cozimento porque dos elementos naturais os Guias vão extrair o prana (energia vital) e direcioná-lo para o fim necessário (cura, limpeza energética etc.). Quando um alimento é cozido, boa parte do prana é perdida; e para os efeitos magísticos pretendidos pelos Guias isso não é aconselhável.


Bebidas: Cerveja branca; vinto tinto; mel; suco de frutas; chá verde; vinho tinto doce; vinho rosado licoroso; vinho branco de mesa; cerveja clara; sumo de ervas com água mineral e vinho, adoçado com mel.


Frutas: Variadas, tais como: abacate, amendoim, abóbora, maçã, pera, moranga, morangos, grãos, trigo, carambola, milho verde, mamão, uva, laranja, banana.


Flores: Todas, principalmente flores do campo; samambaia.


Velas: Verdes; ou bicolores branca/verde.


Oferenda ritual: Toalha de tecido verde com barrado branco; pembas verde e branca; fitas e linhas nas cores verde e branca; frutas; bebidas; moranga; milho. (Fonte: Mãe Mônica Berezutchi, “JUS” de julho/2009.) Podemos acrescentar ervas frescas, flores do campo e samambaias, cercando tudo com velas verdes e brancas (7 de cada) ou então com 7 velas bicolores branca/verde.


Saudação: Okê, Caboclo!


CABOCLO NA CULTURA BRASILEIRA E NA UMBANDA- Por ALEXANDRE CUMINO


O Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporado no seu médium Zélio Fernandino de Moraes, foi a primeira entidade a se manifestar na Umbanda, fundando a religião.


Neste dia, foi observado que ele estava com vestes de sacerdote católico e plasmado como tal. Quando questionando por um médium clarividente sobre esta condição, o caboclo afirmou ter sido, em uma de suas encarnações, Frei Gabriel de Malagrida e que na última encarnação havia tido a oportunidade de encarnar como um índio brasileiro, e desta forma ele queria ser identificado.


Assim, em sua primeira manifestação de Umbanda, a entidade se manifestou como caboclo e ao mesmo tempo ficou claro que desta forma se apresentou por opção, e não por falta de opção. Identificou-se como um espírito muito esclarecido e que facilmente seria reconhecido como autoridade no mundo material, mas preferiu a identificação humilde e despersonalizada de “caboclo brasileiro”. Surge então o questionamento do que realmente quer dizer a palavra Caboclo em nossa cultura e, de forma mais específica, na Umbanda.


O dicionário Aurélio, nos diz que Caboclo é o: 1. Mestiço de branco com índio; cariboca, curiboca. 2. Antiga designação do indígena. 3. Caboclo de cor acobreada e cabelos lisos; caburé. 4. Sertanejo.


Um dos maiores pesquisadores, se não o maior, de nossa cultura, folclore e suas influências, Luiz da Câmara Cascudo, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, onde aparece o verbete Caboco (assim mesmo sem o “l”de caboclo), descreve:


O indígena, o nativo, o natural; mestiço de branco com Índia; mulato acobreado, com cabelo corrido. Morais fazia provir de cobre, cor de cobre, avermelhado. Diz-se comumente do habitante dos sertões, caboclo do interior, terra de caboclos, desconfiado com caboclos. Foi vocábulo injurioso e El-Rei Dom José de Portugal, pelo alvará de 4 de abril de 1755, mandava expulsar das vilas os que chamassem os filhos das indígenas de caboclos: “Proíbo que os ditos meus vassalos casados com as índias ou seus descendentes sejam tratados com o nome de cabouçolos, ou outro semelhante que possa ser injurioso.” Macedo Soares registra a sinomínia tradicional do caboclo: caburé, cabo-verde, cabra, cafuz, curiboca, cariboca, mameluco, tapuia, matuto, restingueiro, caipira. Da antiga denominação de cabocloaos mestiços avermelhados ainda há a imagem da cor maribondo caboclo, boi caboclo, formiga cabocla, pomba cabocla, todas com tonalidades vermelhas ou tijolo. Era até fins do séc. XVIII, o sinônimo oficial de indígena.


Hoje indica o mestiço e mesmo o popular, um caboclo da terra. Discute-se ainda a origem do vocábulo, indígena ou africano. Folclore: Gustavo Barroso (Ao som da Viola, Rio de Janeiro, 1921) fixou o “Ciclo dos Caboclos” (403-419) com documentário poético e anedotal. O caboclo no folclore brasileiro é o tipo imbecil, crédulo, perdendo todas as apostas e sendo incapaz de uma resposta feliz ou de um ato louvável. Gustavo Barroso lembra que essa literatura humilhante é toda de origem branca, destinada a justificar a subalternidade do caboclo e o tratamento humilhante que lhe davam. Os episódios vem, em boa percentagem de fontes clássicas, com a mera substituição da vitima escolhida.


O caboclo é o Manuel tolo, o Juan tonto europeu, aclimatado no continente americano com o nome de João bobo, uma espécie de sábio de Gothan. Há muitas histórias em louvor do caboclo, sua inteligência, registradas no citado livro, assim como no de José Carvalho (um matuto cearense e o caboclo do Pará, 9-15, Belém, 1930). Namoro de caboclo é aquele em que a namorada ignora quem é seu apaixonado. Num outro episódio entre o caboclo, o padre e o estudante, repete-se o motivo do melhor sonho (Mt-1626, de Aarne-Thompson). Quem tiver o mais bonito sonho comerá o queijo. Pela manhã o padre descreveu a ascensão para o Céu; o estudante sonhara com o próprio paraíso.


O caboclo informou que, vendo um dentro do Céu e outro já perto, comera o queijo, porque ambos não mais precisariam. E tinha comido mesmo (Gustavo Barroso, 413-414). É a fábula XVII do Displina Cléricalis, de Padre Afonso (1062-1110), entre dois burgueses e um camponês, a caminho de Meca. Um dos divulgadores da novelística italiana foi Geraldo Sintio (um romano, numero 3 do Ecatommt), que a diz sucedida em Roma, no ano de 1527, com um filósofo, um astrólogo e um soldado. O tema está em quase todos os idiomas, formas e literaturas, dispensando bibliografia ilustradora. O caboclo aceitou, com a sujeição física, essa popularidade pejorativa para oficializar a inferioridade de seu estado (Luiz da Câmara Cascudo, 30 Estória Brasileiras, “O Preço do Sonho”), 30-32, Porto, 1955. Devíamos escrever “Caboco”, como todos pronunciam no Brasil, e não “Caboclo”, convencional e meramente letrado. Caboco vem de Caá, Mato, Monte, Selva; e Boc, Retirado, Saído, Provindo, Oriundo do Mato, exata e fiel imagem da impressão popular, valendo o nativo, o indígena, caboco bravo, o roceiro, o matuto bruto, chaboqueiro, bronco, creduo, mas, vez por outra, astuto, finório, disfarçado, zombeteiro. Cabôco, e a pronuncia nacional, mesmo para os letrados que escrevem “caboclo”, Caá-Boc, tirado ou procedente do mato, registra Mestre Thedóro Sampaio.


Depois de toda esta explicação de Câmara Cascudo, fica claro o que quer dizer a figura do caboclo em nossa cultura. Com a dizimação do índio em nosso convívio, o tempo vai dissociando sua imagem da palavra, e cada vez mais o vocábulo caboclo vai se tornando na figura de linguagem um homem simples.


Os espíritos que militam na Umbanda se dividem em falanges ou povos, sejam de caboclos ou de pretos velhos, baianos, boiadeiros, marinheiros, crianças, ciganos, exu e pomba-gira.


Vemos uma identificação despersonalizada de ego que caracteriza aqueles que estão acima da identidade individual, ou seja, as entidades na maioria das vezes não usam seus nomes de batismo, estando aquém de qualquer identificação, transcenderam a individualidade. São muitos espíritos que usam o mesmo nome como: Pena Branca, Pena Verde, Pena Roxa, Pena Vermelha, Pena Dourada, Flecha Branca, Folha Branca, Sete Flechas, Sete Penas, Sete Folhas, Sete Montanhas, Ventania, Rompe Mato, Urubatão, Ubirajara, Aimoré, Tupinambá, e outros.


Chegamos até a encontrar num mesmo terreiro dois ou mais caboclos que usam o mesmo nome, pois não é seu nome como indivíduo, e sim, um nome que identifica seu trabalho e a força que o rege.


Por exemplo, Pena Branca é de Oxóssi e Oxalá; Pena Dourada é de Oxóssi e Oxum; Sete Montanhas é de Xangô; Ubirajara é de Oxóssi e Ogum, etc.


Caboclo é um Mistério na Umbanda, uma linha de trabalho, uma falange, um grau, o identificador de entidades que trabalham nesta vibração que está ligada ao Orixá Oxossi, o Orixá das Matas. Existem caboclos de todos os Orixás e todos têm algo em comum que os identifica como tal, presente em sua forma de apresentação.


Nossa essência, nosso espírito, não tem cor, nem raça. Muitos podem entender o que isto quer dizer, mas viver assim só é possível para aqueles que já se desapegaram da matéria e de sua individualidade, não vivem ou trabalham apenas para si e sim para o todo.


Assim são os Caboclos. Poderíamos escrever páginas e páginas falando sobre o Caboclo na Umbanda, mas talvez o mais importante é que eles não sejam subestimados, pois apenas uma coisa é certeza: embora não pareça, todos eles são muito mais que caboclos. Fato que apenas não é visível ao leigo, pois como caboclos, foi apenas a forma que eles escolheram para se manifestar.

Sete Porteiras





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24/08/2013

Exu Laroyê


Exu Laroyê

Exu, afinal é a representação do maior mistério, da maior fonte de controversas e da maior força da nossa Umbanda. Costumo dizer que Exu faz a guerra para trazer a paz; que Exu é aquele que tudo sabe, tudo vê, tudo ouve e que sem Exu não se pode fazer absolutamente nada.

Mas, enfim, quem é Exu?

EXÚ – palavra em yorubá (Èsù) pode ser traduzida como esfera. O simbolismo do círculo é muito antigo e encontrado em várias culturas: ele representa o infinito, o que não tem começo nem fim e está em todos os lugares.

Exú é um Deus da mitologia yorubá e afro-brasileira. É a divindade mais controversa do panteão afro-brasileiro, talvez por ser o mais intrinsicamente humano de todos os Orixás. Ele é o Mensageiro dos Deuses, seu poder é o de receber e transportar os pedidos e oferendas dos seres humanos ao Orum, o mundo dos Deuses. É o Senhor dos caminhos, das encruzilhadas, das trocas comerciais e de todo tipo de comunicação. Por isso, ele é o movimento inicial e dinâmico que leva à propulsão, ao crescimento e à multiplicação.

Exu na Umbanda é Guardião e Guia, é força, energia e potência Divina que atua sob ação da Lei Maior, ativando e cessando nossos carmas. São espiritos iluminados que, de forma muito peculiar, conhecem nosso íntimo e nossa conduta muito mais que nós mesmos e através desse conhecer amplo é que ativam em nossa vida nossas maiores provações.

Não são duais na concepção da palavra, mas atuam vigorosamente em nossa dualidade proporcionando-nos apenas o que nos é de merecimento e, claro, que essa atuação é muitas vezes enxergada por nós como uma ação externa, como uma ação de Exu, e dificilmente como sendo nossa. Sendo assim, Exu não faz o mal, muito menos faz o que queremos ou o que pagamos, Exu não é nosso escravo ou nosso serviçal, Exu não nos deve nada, nós é que devemos a Ele.

Portanto, pedir algo a Exu, só se for proteção, proteção e proteção. Afinal, Ele já sabe o que merecemos.

DIA DA SEMANA – Segunda feira – é um dia propício para magias e rituais que invoquem paz, fertilidade, harmonia e meditação. A energia lunar do dia favorece novos começos e confere poder.

CONTAS – pretas (neutraliza/absorve) e vermelhas (ativa/irradia), reafirmando a energia da contradição de Exu.

PADÊ – palavra yorubá que significa ENCONTRO ou REUNIÃO, durante a qual Exu é chamado, saudado, cumprimentado e enviado ao além com a intenção de convocar outros deuses para a festa e, ao mesmo tempo, tem a função de afastá-lo para que não perturbe a boa ordem da cerimônia

OGÓ – bastão de Exu, é um bastão com cabaças que representa o falo. Espécie de cetro mágico com que ele se transporta aos lugares mais longínquos, tem o poder de atrair pelo seu poder magnético. Do ioruba ògo, “porrete usado para defesa pessoal”.

FALO – representa a fertilidade da vida, o poder sexual, reprodutivo e gerativo. Nas “religiões da natureza”, o sexo é um ato sagrado. E se ele é sagrado, seus frutos também são. A noção de pecado original seria uma aberração nesse sistema religioso; além disso, um dos ideais do estilo de vida iorubano era ter uma família numerosa e, portanto, o culto a Exú fazia-se essencial.

TRIDENTE – tradicionalmente divino nas culturas pagãs anteriores ao Cristianismo, por isso a cultura católica fez questão de pregar o inverso, para facilitar a conversão de seus fiéis com que esquecessem os mistérios a que tinham acesso direto. Agora o único acesso a qualquer mistério estaria na mão de um Sacerdote Católico. Podemos citar ainda os tridentes de Netuno, Posseidon e Shiva, entre outros. Tridentes mostram o valor divino concedido a eles; a trindade; o alto, o meio e o embaixo; Céu, Mar e Terra; Luz, sombra e trevas;

ENCRUZILHADA – cruzamento vibratório, representa a dualidade, a escolha, as possibilidades e o livre arbítrio.

Vejam que expressivo este poema sobre Exu:

Exu para Jorge Amado

Por Mario Cravo

Não sou preto, branco ou vermelho
tenho as cores e formas que quiser.
Não sou diabo nem santo, sou Exu!
Mando e desmando,
traço e risco
faço e desfaço.
Estou e não vou
tiro e não dou.
Sou Exu.
Passo e cruzo
traço, misturo e arrasto o pé
sou reboliço e alegria
rodo, tiro e boto,
jogo e faço fé.
Sou nuvem, vento e poeira
quando quero, homem e mulher
sou das praias, e da maré.
Ocupo todos os cantos.
Sou menino, avô, maluco até
posso ser João, Maria ou José
sou o ponto do cruzamento.
Durmo acordado e ronco falando
corro, grito e pulo
faço filho assobiando
sou argamassa
de sonho carne e areia.
Sou a gente sem bandeira,
o espeto, meu bastão.
O assento? O vento!..
Sou do mundo,nem do campo
nem da cidade,
não tenho idade.
Recebo e respondo pelas pontas,
pelos chifres da nação
sou Exu.
Sou agito, vida, ação
sou os cornos da lua nova
a barriga da rua cheia!…
Quer mais? Não dou,
não tô mais aqui

Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta:
— Deus fez tudo que existe?
Um estudante respondeu corajosamente:
— Sim, fez!
— Deus fez tudo mesmo?
— Sim, professor — respondeu o jovem.
O professor replicou:
— Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe e, considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau.
O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se vangloriava de haver provado mais uma vez que a Fé era um mito.
Outro estudante levantou sua mão e disse:
— Posso lhe fazer uma pergunta, professor?
— Sem dúvida, respondeu-lhe o professor.
O jovem ficou de pé e perguntou:
— Professor, o frio existe?
— Mas que pergunta é essa? Claro que existe, você por acaso nunca sentiu frio?
O rapaz respondeu:
— Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade, é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado quando tem ou transmite energia, mas é o calor e, não o frio que faz com que tal corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.
E a escuridão, existe? — continuou o estudante.
O professor respondeu:
— Mas é claro que sim.
O estudante respondeu:
— Novamente o senhor se engana. A escuridão tampouco existe. A escuridão é na verdade a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão não. O prisma de Newton decompõe a luz branca nas várias cores de que se compõe, com seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a superfície que a luz toca. Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do espaço? Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é mesmo? Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:
— Diga, professor, o mal existe?
Ele respondeu:
— Claro que existe. Como eu já disse no início da aula, vemos roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o mal.
Então estudante respondeu:
— O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O mal é simplesmente a ausência de Deus. É como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou o amor, que existem como existem a luz e o calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seus corações. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz.

Mônica Caraccio


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Exus, Os Executores da Lei Divina
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18/08/2013

A Fé na Umbanda

A fé na umbanda


A Umbanda é uma religião eminentemente espiritista e espiritualizadora. Portanto, a fé professada pelos seus praticantes, médiuns em sua maioria, exige uma crença forte em Deus e na existência do mundo espiritual que interage o tempo todo com o plano material. Analogicamente, podemos comparar a crença umbandista à do cristianismo, que tem em Deus o Criador Supremo (Olodumare ou Olorum) e em Jesus o seu maior mistério (sincretizado com Oxalá). Mas, tal como no cristianismo há as coortes de anjos, arcanjos, querubins, serafins, etc., na Umbanda há hierarquias de Orixás (Ogum, Xangô, Oxóssi, Iemanjá, Oxum, Iansã, etc.) que têm funções análogas, ainda que sejam enfocadas e cultuados segundo rituais próprios.


Para entender a fé na Umbanda é preciso mergulhar fundo em sua essência religiosa, porque um umbandista convicto não é uma pessoa contemplativa e interage o tempo todo com o mundo espiritual e também com o universo divino, já que é, em si um templo vivo e através do qual os Sagrados Orixás manifestam Suas vontades. A fé, na Umbanda, é mais que uma questão de crença. É um verdadeiro ato de fé, pois um umbandista é o meio natural por onde a religião flui com intensidade e mostra-se em toda a sua grandeza e divindade, ainda que de forma simples e adaptável às condições do seu adepto.


A fé, na Umbanda, transcende e torna-se um estado de espírito através do qual são realizadas as engiras ou sessões de atendimento das pessoas necessitadas de auxílio espiritual e de orientação doutrinária e religiosa. Fé, na Umbanda é sinônimo de trabalho em prol do próximo, de evolução consciencial e transcendência espiritual para os seus adeptos e seus médiuns praticantes. A fé é ensinada como a integração da pessoa ao seu Orixá Regente, que é sua ligação superior com Deus, com Oludumare, o Senhor do nosso destino e da nossa vida. Crer em Deus e nos Seres Divinos manifestadores dos Seus Mistérios Sagrados é natural nos umbandistas e dispensa maiores esforços nesse sentido, já que a mediunidade é o meio mais rápido de integração com Ele e Seus manifestadores, os Orixás.


A Umbanda é Sagrada porque é uma religião onde os mistérios de Deus têm uma feição humanitária e estão voltados para nossa evolução e nosso amparo espiritual, assim como de todas as pessoas que frequentam seus templos, também denominados de tendas. Cremos em um Criador Supremo; cremos na existência das hierarquias divinas; cremos na manifestação dos Sagrados Orixás através da incorporação de suas vibrações mentais; cremos na existência do mundo espiritual; cremos na interação deste mundo superior com o nosso mundo material.


Enfim, a fé, na Umbanda é mais que uma questão de crença, é um estado de espírito e é muito mais que o ato de crer em Deus, é o ato de realizar-se Nele, enquanto seres espirituais gerados por Ele, o Senhor Olorum, o nosso Divino Criador!

Rubens Saraceni

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