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26/03/2013

Fechar na Quaresma?



Fechar na Quaresma?

A tradição de se fechar os Templos de Umbanda quando não havia liberdade de crença não tem razão de ser no mundo atual. Muito ao contrário do que se pensa, é nessa época que NÃO DEVEMOS PARAR, é nessa época em que espiritualidade maligna trabalha à vontade, que o Templo deve estar preparado para, com o auxílio das Entidades de Luz, denunciar qualquer trabalho negativo que tenha sido feito para atrapalhar seus filhos de fé ou frequentadores. Atualmente, interromper os trabalhos do Templo na quaresma é descabido, é ingenuidade, é desconhecer que os inimigos trabalham nas trevas e que, se não temos o preto velho, o caboclo ou qualquer entidade que possa nos avisar do mal feito, estamos desprotegidos, descobertos, ou seja, nas mãos dos inimigos.


É preciso urgentemente esclarecer que a quaresma não é afro, é hebraico-europeia, e que já não é preciso se esconder de ninguém, pois nossa Constituição assegura o direito à liberdade de crença e os padres não podem mais nos queimar nas fogueiras da inquisição. Por isso vamos abrir nossos Templos de Umbanda na quaresma e cuidar com amor dos nossos filhos de fé.


Pai Ronaldo Linares

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Quaresma - isso não te pertence, umbandista!



Quaresma - isso não te pertence, umbandista!

Com a aproximação da semana denominada de santa e o distanciamento do período monino, estamos completando o que os católicos chamam de Quaresma.

A palavra Quaresma vem do Latim quadragésima e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem a Ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Esta prática segundos alguns, se consolidou no final do século III, tendo sido citado no 1° Concílio de Nicéia, no ano 325. Na Quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa.

Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, ressuscitado no Domingo de Páscoa.

Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.

O espírito da quaresma para os católicos deve ser como um retiro coletivo de quarenta dias, durante os quais a Igreja, propondo a seus fiéis o exemplo de Cristo em seu retiro no deserto, se prepara para a celebração das solenidades pascoais, com a purificação do coração, uma prática perfeita da vida cristã e uma atitude penitencial.

Este, portanto é o sentido religioso da Quaresma católica.

O período da quaresma, em termos de calendário, é definido pelo cálculo efetuado para o dia da Páscoa. O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do equinócio - um dos dois momentos em que o sol na sua órbita aparente (vista da Terra) cruza a linha do equador [Março e Setembro]). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas.

Em 325 d.C., o Concílio de Nicéia estabeleceu que a Páscoa ocorreria sempre no "primeiro domingo depois da primeira lua cheia que ocorre após o equinócio da primavera boreal". Mas essa regra baseava-se na suposição de que o equinócio da primavera (do hemisfério Norte, ou boreal) acontecia sempre no dia 21 de março.

Naquela época o calendário utilizado era o Juliano, instituído pelo Imperador Júlio César, e que embutia vários erros. Com o passar dos séculos, o equinócio da primavera se afastou do dia 21 de março, fazendo a Páscoa se deslocar pouco a pouco para o verão.

NO ANO DE 1582 O PAPA GREGÓRIO XIII, aconselhado pelos melhores astrônomos da época, decidiu fazer uma reforma no calendário. A partir de então, a Páscoa passou a ser determinada com base no movimento médio de uma lua fictícia (denominada de lua eclesiástica) e não do verdadeiro satélite.

O novo calendário gregoriano permite que essa lua cheia média venha a cair num dia diferente da lua cheia verdadeira ( definido pelas Tabelas Eclesiásticas).

A nova regra estabelece que a Páscoa cai sempre no 1° domingo após a lua cheia eclesiástica (13 dias após a lua nova eclesiástica), que ocorre após (ou no) equinócio da primavera eclesiástica (21 de março).

Isso faz com que a Páscoa nunca venha a ocorrer antes do dia 22 de março ou depois do dia 25 de abril. Repare que nem sempre a data coincide com aquela que seria obtida se sua definição seguisse critérios astronômicos reais.

Resumindo, em virtude da ressurreição de Jesus ter sido em um plenilúnio, logo após o equinócio de primavera, os membros do concílio determinaram:

1) Deveriam celebrar a Páscoa em um domingo;
2) Tal domingo, seria o 14o. dia da chamada Lua Pascal ou Lua Eclesiástica;
3) Lua Eclesiástica é a que o 14o. dia cai no equinócio da primavera ou imediatamente após;
4) O equinócio de primavera deveria ser impreterivelmente em 21 de março.


Obs.: Convém esclarecer que embora o equinócio eclesiástico, em rigor, não é o mesmo astrônomico, na época do concílio coincidiam.


Portanto, de acordo com o acertado no Concílio, a Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa e a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. O período da quaresma (40 dias), começa na quarta-feira de cinzas e se encerra na quarta-feira que antecede o Domingo de Páscoa. A quinta-feira santa (dia da Última Ceia), a sexta-feira da Paixão e o Sábado de Aleluia, são denominados de Tríudo Pascal.

Temos assim que a QUARESMA é um evento católico, tendo o seu período definido por uma convenção católica e adotado como tradição por católicos apostólicos romanos no mundo todo.

Em outras palavras, para deixarmos bem claro, em tudo e por tudo a QUARESMA é CATÓLICA.
Surge então a pergunta que não quer calar, por que nós umbandistas devemos considerar a Quaresma como um período, um evento etc. do nosso calendário religioso?

Thashamara, no seu excelente site - Reencontrando o Sagrado: A Umbanda na visão de um eterno Aprendiz - inicia um texto sobre esse tema (vide bibliografia) em que pergunta: 

"Quaresma é uma data da Umbanda?".

Em artigo do Jornal Umbanda Hoje (vide bibliografia), vemos a seguinte afirmação: "Sejamos sensatos. A Umbanda é religião cristã. É fato. Não significa, no entanto, que tenhamos de aplicar atos litúrgicos alienígenas à mesma."


Rodrigo Queiroz, no post intitulado - Quaresma na Umbanda e a Força do Sincretismo - publicado no seu blog levanta os seguintes questionamentos: "Afinal, o que é Quaresma? Bem, sabemos o que é quaresma, agora qual é a relação com a Umbanda? A Umbanda é uma religião genuína ou é uma vertente do catolicismo? A Umbanda deve reportar-se ao papado? São algumas questões que precisamos levantar."


Nas listas de discussão na internet existiram diversas manifestações a favor e contra o respeito a Quaresma e todo o ciclo (Carnaval, Quaresma, Semana Santa).


Bom senso, respeito as crenças alheias e a força do sincretismo foram algumas das considerações levantadas para se conviver com a essa realidade que existe, tanto nos terreiros de Umbanda, como nos dos Cultos Afro-brasileiros. Tem terreiros, templos, casas, tendas etc., que não possuem ritos nesses dias. Tem outros que realizam cerimônias apropriadas para o período. Na Umbanda, algumas casas pregam que com determinadas falanges não se devem trabalhar, nas de culto afro-brasileiro já são os Orixás que estão ausentes nesse ciclo.


Enfim, muitas regras, muitos preceitos, muitas quizilas, muitos dogmas, mitos, lendas, muitas orações, penitências, jejuns, vias-sacras, rosários, novenas, terços e até missas assistidas. Por outro lado, muito coisa liberada pelo período neutro ou de ausência da proximidade dos Orixás e entidades espirituais, neste plano.


Particularmente, para mim é uma questão de lógica.


Logo, nada tem haver com as cerimônias, eventos, festas, comemorações, ritos e liturgias da Igreja Apostólica Romana.


Respeitar as demais religiões, faz parte da tolerância, ética e do bom conviver fraterno e religioso.


Aceitar as manifestações alienígenas, como bem descreve o artigo já citado, para contextualizar, explicar ou respaldar a realidade do sincretismo na Umbanda, é no mínimo continuar alimentando um estado de coisas, que não nos leva a lugar nenhum. Ao contrário, deixa-nos cada vez mais estáticos e parados neste eterna condição aparente de quase religião, de cultura periférica, folclórica, sincrética, que provoca uma percepção errônea de falta de originalidade, identidade e posicionamento.


Diante da riqueza das manifestações, tão confirmadas do mundo espiritual, que faz acontecer todos os dias nos terreiros de Umbanda, da profundidade dos ensinamentos ministrados pelas entidades espirituais e da necessidade emergente que temos de fazer valer o nosso espaço, como religião constituída que somos de fato, mas ainda não de direito, é que não podemos continuar a sermos arautos desta conivência e permissividade com o que definitivamente não nos pertence.


Busca pela pureza, essência, originalidade são sempre os termos que surgem para designar esta linha de raciocínio. Geralmente utilizadas para caracterizar de forma radical a quem propugna o distanciamento ao padrão vigente e aceito pela maioria.


Não, não é isto que eu proponho, mas vejo a necessidade de fazermos algo mediante a imensa quantidade de sobre-capas que o movimento umbandista se envolveu e se envolve.


Afinal somos UMBANDISTAS e não:


umbantólicos, umbandespíritas ou umbandequianos, umbandoreikianos, umbandoascensos, umbandowiccanos, umbandosóficos, umbandognósticos, umbandorosacruzes etc.


Diferença não é sincretismo e sobreposição. Tolerância não é conivência e permissividade.


Como já disse alguém: "Tudo pode ser lícito e permitido, mas nem tudo me convém".


A Umbanda é simples! Nós é que complicamos.


Pai Caio de Omulu

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22/03/2013

Doutrinas Espiritualistas

Doutrinas Espiritualistas

Falar sobre todas as doutrinas espiritualistas existentes no mundo é tarefa dificílima, pois seu número é bastante elevado, o que exigiria muito espaço e tempo.

Como nosso trabalho limita-se apenas a apresentar alguns ensinos principais, mas resumidos, objetivando, dessa forma, facilitar mais àqueles que não dispõem de tempo e nem mesmo de muitas obras de consulta, é que resolvemos abordar um pouco de cada assunto que, sobremaneira, interessa aos que desejam formar cultura generalizada no campo espiritual.

Assim, considerando que as doutrinas espiritualistas, notadamente as da antiguidade, vêm trazer apreciável subsídio para o leitor no que diz respeito aos seus conhecimentos espirituais, é que achamos conveniente citar algumas dessas doutrinas, que serviram para o desenvolvimento dos chamados "iniciados" de antanho.

Quando falamos em iniciados, lembramo-nos logo de Moisés – o salvo das águas do rio Nilo – segundo narrativa bíblica.
Moisés fora educado na corte dos Faraós, tornando-se um grande iniciado daquele época. Seus livros, que constituem o chamado Pentateuco, deixam transparecer, claramente, que ele era dotado de grandes conhecimentos das ciências secretas, daquele tempo.

Ao que estamos informados, muitas eram as fontes de consulta de então, as quais teriam servido para aprimorar seu conhecimento no terreno da filosofia espiritualista, tornando-se, dessa forma, um dos grandes iniciados da época.

1 - Os Vedas

Não podemos precisar a data em que foram escritas estas obras, mas Souryo Shiddanto (em sânscrito "tratado do deus do sol"), obra de astronomia, cuja composição remonta, em sua parte mais antiga, ao século IV a.C., já nos fala dos Vedas.
Estas obras constituem a Bíblia da Índia e nelas encontramos preciosos ensinos espiritualistas, como a comunicabilidade dos espíritos, a reencarnação, a pluralidade dos mundos, além de sábios conselhos, muitos deles semelhantes aos que nos foram legados pelo Cristo.
Quanto à comunicabilidade dos espíritos, lemos nos Vedas que, no sacrifício do fogo, muito usado na antigüidade, compareciam os Espíritos denominadosAssouras, que no panteão indiano constituem divindades do mal, e os Pitris, que eram almas dos antepassados, e dele tomavam parte.
Como se vê, desde as mais remotas eras já se estabelecia a comunicação entre os dois mundos, dando prova, assim, da sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico.
Devemos citar, ainda, para maiores esclarecimentos, que os Vedas encerram preciosos ensinos no campo do amor e do perdão. O que se segue é um exemplo de sua sublimidade:
"Sê, para o teu inimigo, o que é a terra que devolve farta colheita ao lavrador que lhe rasga o seio. Sê, para aquele que te aflige, o que é o sândalo da floresta que perfuma o machado do lenhador que o corta."
Os ensinos da pluralidade das existências, ou seja, da reencarnação da alma, eram conservados na tradição oral dos cânticos védicos; foram divulgados somente após a compilação dos Vedas pelo sábio brâmane, Vyasa, cerca de 14 séculos a.C., e fixados definitivamente entre os séculos XII e XI, quando a escrita foi introduzida na Índia pela influência dos fenícios.

2 - Krishna

Continuando nosso estudo em torno de algumas doutrinas espiritualistas da antigüidade, devemos lembrar o grande pensador brâmane, Krishna, que foi o inspirador das crenças dos indus. Através de sua doutrina, verificamos que a imortalidade da alma, as vidas sucessivas, a lei de causa e efeito, faziam parte dos seus ensinos.
A doutrina de Krishna se contém inteirinha no Bhagavad-Gita, que é um dos hinos do Mahabhárata e, por sinal, a mais bela e profunda mensagem de filosofia que nos legou a antigüidade.
"O corpo – dizia ele – envoltório da alma que aí faz sua morada, é uma coisa finita; porém a alma que o habita é imortal, imponderável e eterna".
Esses ensinos nos mostram a imortalidade da alma como princípio básico, e que a vida do corpo é transitória.
"Todo renascimento, feliz ou desgraçado, é uma conseqüência das obras praticadas em vidas anteriores."
Aí está patente a lei de causa e efeito. Colhemos o fruto oriundo da semente que lançamos.
Com referência à reencarnação, dizia ele:
"Tanto eu como vós temos tido vários nascimentos. Os meus, só de mim são conhecidos, porém vós nem mesmo os vossos conheceis."
Ao que parece, Krishna, em decorrência de sua evolução, lembrava-se das encarnações pretéritas.
Ainda, sobre reencarnação, devemos citar mais este ensinamento:
"Como a gente tira do corpo as roupas usadas e as substitui por outras novas e melhores, assim, também, o habitante do corpo (Espírito), tendo abandonado a velha morada mortal, entra em outra nova e recém-preparada para ele."
Sobre a moral, pregava Krishna:
"Os males com que afligimos o próximo nos perseguem, assim como a sombra segue o corpo."
"As obras inspiradas pelo amor dos nossos semelhantes são as que mais pesarão na balança celeste."
"O homem virtuoso é semelhante a uma árvore gigantesca, cuja sombra benéfica permite frescura e vida às plantas que a cercam".
"Se convives com os bons, teus exemplos serão inúteis; não temas habitar entre os maus para os reconduzir ao bem."
São ensinamentos que muito se assemelham aos de Jesus, porquanto fora Krishna um de seus enviados.

3 - Buda

Outro missionário que veio ao mundo para trazer ensinos de amor e de perdão foi Buda, cujo nome verdadeiro era Gautama Sáquia Muni (Gautama é o nome étnico e designa o clã a que pertencia Buda. Quanto a Sáquia Muni designa "o santo oriundo dos Sáquias" – família de guerreiros).
Buda viveu cerca de 600 anos a.C. Renunciou às grandezas, à vida faustosa para isolar-se nas florestas, às margens dos grandes rios asiáticos, em profunda meditação e estudo, durante sete anos, reaparecendo, depois, para pregar a necessidade de se praticar o bem, porque "o bem – dizia ele – é o fim supremo da natureza."
Sobre reencarnação disse:
"O que é que julgais, ó discípulos, seja maior: a água do vasto oceano, ou as lágrimas que vertestes, quando, na longa jornada, errastes ao acaso, de renascimento em renascimento, unidos àquilo que odiastes, separados daquilo que amastes? Uma vida curta, uma vida longa, um estado mórbido, uma boa saúde, o poder, a fraqueza, a fortuna, a pobreza, a ciência, a ignorância... tudo isso depende de atos cometidos em anteriores existências."
"As almas não penetram no ‘mundo das formas’ senão para trabalhar no complemento da sua obra de aperfeiçoamento e elevação. Podem realizar isso pelos Upanichades e completá-lo pelo Purana ou amor."
(Os Upanishades são tratados de mística hindu, que se reportam aos Vedas, especialmente ao Yadjur-Veda).
"A ciência e o amor são dois fatores essenciais do Universo. Enquanto não os adquirir, o ser está condenado a prosseguir na série de reencarnações terrestres."
Sobre os males decorrentes da ignorância, devemos citar este outro ensino, que está sempre atualizado:
"A ignorância é o mal soberano de que decorrem o sofrimento e a miséria humana. O conhecimento é o principal meio para se adquirir a elevação da vida material e espiritual."
É interessante notar haver Buda colocado o conhecimento como base da elevação espiritual, o que atesta a importância dada, já naquela época, ao estudo das ciências da alma e, conseqüentemente, do princípio das coisas, para a realização desse desiderato.
Podíamos falar ainda mais sobre este grande missionário, mas, dada a exigüidade de espaço, limitamo-nos, apenas, a estas citações, concluindo com a afirmativa de que a doutrina de Buda é toda de amor e caridade, oferecendo, assim, profunda analogia com os ensinos legados por Jesus.
Devemos lembrar, também, de três outras figuras importantes no mundo Oriental, que foram Lao-Tseu, Mêncio e Confúcio.
O primeiro, apresenta o Livro da Razão Suprema, estabelecendo elevados princípios morais; o segundo, em seu Tratado de Moral, concita os homens à boa conduta, e, o terceiro, trouxe a grande máxima: – "Não façais aos outros o que não quereis que eles vos façam."

4 - Sócrates e Platão

Sócrates, como o Cristo, nada escreveu. O que sabemos, hoje, a respeito de sua doutrina, foi escrito por Platão, seu discípulo. Morreu condenado a tomar cicuta, por haver atacado as crenças da época e colocado a virtude acima da hipocrisia. Combateu, de corpo e alma, os preconceitos religiosos como o fez Jesus, a quem os fariseus também acusaram de corromper o povo.
Como nosso objetivo principal é trazer, através destas páginas, um pouco de conhecimento, não só do Espiritismo, mas também de mais algumas doutrinas espiritualistas, que nos foram legadas por aqueles que antecederam o Cristo, não podemos deixar de inserir, aqui, alguns tópicos da doutrina de Sócrates e Platão, que servirão para mostrar a grande semelhança com os ensinos que nos dão os Espíritos.
Vejamos:
"O homem é uma alma encarnada. Antes da sua encarnação, existia unida aos tipos primordiais, às idéias do verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles encarnando, e, recordando seu passado, é mais ou menos atormentada pelo desejo de voltar a ele."
Aqui vemos a distinção entre o espírito e a matéria, o que nos mostra o princípio da preexistência da alma antes de reencarnar, guardando intuição do mundo espiritual. Está, desta forma, bem expressa a reencarnação.
E, continuando, vamos citar vários outros trechos desta doutrina, que servem para aclarar nosso espírito na compreensão de que há um grande paralelo entre ela, a do Cristo e o Espiritismo, embora seja esta mais completa, mas, de qualquer forma, Sócrates e Platão, no dizer de Kardec, pressentiram a idéia cristã através de seus escritos.
"A alma – diziam eles – se transvia e perturba, quando se serve do corpo para considerar qualquer objeto; tem vertigem como se estivesse ébria, porque se prende a coisas que estão, por sua natureza, sujeitas a mudanças; ao passo que, quando contempla sua própria essência, dirige-se para o que é puro, eterno, imortal, e, sendo ela dessa natureza, permanece aí ligada, por tanto tempo quanto possa. Cessam, então, os seus transviamentos, pois está unida ao que é imutável e a esse estado da alma é que se chama sabedoria."
"Após a morte, o gênio (daimon, demônio), que nos fora designado durante a vida, leva-nos a um lugar onde se reúnem todos os que têm de ser conduzidos ao Hades, para serem julgados. As almas, depois de haverem estado no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida em múltiplos e longos períodos."
"Os demônios ocupam o espaço que separa o céu da terra; constituem o laço que une o Grande Todo a si mesmo. Não entrando nunca a divindade em comunicação direta com o homem, é por intermédio dos demônios que os deuses entram em contato e se entretêm com eles, quer durante a vigília, quer durante o sono."
"A preocupação constante do filósofo é a de tomar o maior cuidado com a alma, menos pelo que respeita a esta vida, que não dura mais que um instante, do que tendo em vista a eternidade. Desde que a alma é imortal, não será prudente viver visando à eternidade?"
"Se a alma é imaterial, tem que passar, após esta vida, a um mundo igualmente invisível e imaterial, do mesmo modo que o corpo, decompondo-se, volta à matéria. Muito importa no entanto distinguir bem a alma pura, verdadeiramente imaterial, que se alimente, como Deus, de ciência e pensamentos, da alma mais ou menos maculada de impurezas materiais, que a impedem de elevar-se para o divino e a retém nos lugares da sua estada na terra."
"Se a morte fosse a dissolução completa do homem, muito ganhariam com a morte os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, da alma e dos vícios. Aquele que guarnecer a alma, não de ornamentos estranhos, mas com os que lhes são próprios, só esse poderá aguardar tranqüilamente a hora da sua partida para o outro mundo."
"O corpo conserva bem impressos os vestígios dos cuidados de que foi objeto e dos acidentes que sofre. Dá-se o mesmo com a alma. Quando despida do corpo, ela guarda evidentes os traços de seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida. Assim, a maior desgraça que pode acontecer ao homem é ir para outro mundo com a alma carregada de crimes. Vês, Cálicles, que nem tu, nem Pólux, nem Górgias podereis provar que devamos levar outra vida que nos seja útil quando estejamos do outro lado. De tantas opiniões diversas, a única que permanece inabalável é a que mais vale receber do que cometer uma injustiça e que, acima de tudo, devemos cuidar, não de parecer, mas de ser homem de bem."
"De duas uma: ou a morte é uma destruição absoluta, ou é passagem da alma para outro lugar. Se tudo tem que se extinguir, a morte será como uma dessas raras noites que passamos sem sonho e sem nenhuma consciência de nós mesmos. Porém, se a morte é apenas uma mudança de morada, a passagem para o lugar onde os mortos se têm de reunir, que felicidade a de encontrarmos lá aqueles a quem conhecemos! O meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes dessa outra morada e de distinguir lá, como aqui, os que são dignos dos que se julgam tais e não o são. Mas, é tempo de nos separarmos, eu para morrer, vós para viverdes,"
"Nunca se deve retribuir com outra injustiça, nem fazer mal a ninguém, seja qual for o dano que nos hajam causado. Poucos, no entanto, serão os que admitem este princípio e os que se desentenderem a tal respeito nada farão mais, sem dúvida, do que votarem uns aos outros mútuo desprezo."
"É pelos frutos que se conhece a árvore. Toda ação deve ser qualificada pelo que produz: qualificá-la de má, quando dela provenha o mal; de boa, quando dê origem ao bem."
"A riqueza é um grande perigo. Todo homem que ama a riqueza não ama a si mesmo, nem ao que é seu; ama a uma coisa que lhe é ainda estranha do que o que lhe pertence."
"É disposição natural em todos nós a de nos apercebermos muito menos dos nossos defeitos, do que nos de outrem."
"Se os médicos são mal sucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passa bem."
"Todos os homens, a partir da infância, muito mais fazem de mal do que de bem."
Conforme acabamos de ver, estes ensinos, que foram difundidos quase quinhentos anos antes do Cristo, encerram grandes verdades que, no século XIX, foram confirmadas pelo Consolador Prometido, personificado na Doutrina Espírita, a qual representa, há mais de um século, o Cristianismo Redivivo.



Da diferença entre Espiritismo e Espiritualismo

É muito comum afirmar-se que ser espiritualista é a mesma coisa que ser espírita ou espiritista. Aqueles que assim pensam dão prova de que desconhecem os fundamentos da Doutrina Espírita. Há outros que, ao serem interrogados sobre a religião a que pertencem, embora sejam espíritas militantes, vacilam e dão esta resposta: Sou espiritualista.
De duas uma: ou respondem assim porque desconhecem a diferença que há entre a Doutrina Espírita e as doutrinas espiritualistas, ou porque temem confessar a qualidade de espírita convicto. Acham que, afirmando serem espiritualistas, eximem-se de quaisquer responsabilidades, no tocante à religião, diante da sociedade a que pertencem. É a isto que se chama "covardia moral".
É preciso que se saiba que "todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas".
Embora seja a Doutrina Espírita uma doutrina espiritualista, por excelência, é necessário fazer-se distinção das demais correntes espiritualistas.
Para exemplo, tomemos a Umbanda, seita muito divulgada no Brasil.
Será a Umbanda doutrina espiritualista?
Sim, é doutrina espiritualista, porquanto estabelece a comunicação entre os vivos e os chamados mortos, admitindo, conseqüentemente, a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico; admite sua evolução através das vidas sucessivas e crê no resgate, pela dor, das faltas cometidas em existências anteriores.
Por essas características, não há dúvida alguma tratar-se a Umbanda de uma doutrina essencialmente espiritualista. Mas, por outro lado, será ela Doutrina Espírita ou Espiritismo?
Não. A Umbanda não pode ser considerada Doutrina Espírita porque admite cerimônias litúrgicas, entre elas a do casamento e a do batizado; é litólatra, porque adota nos seus trabalhos imagens dos chamados "santos" (a palavra litólatra vem de litolatria, que é a adoração das pedras), e é também fitólatra, porque faz uso de ervas para defumações, além de outros ritos (a palavra fitólatra vem do grego phyton "planta"; o segundo elemento, latra, provém do verbo grego latrein"adorar"). Mas o Espiritismo não tem ritos de espécie alguma.
Como se vê, por estas observações ficou demonstrada a diferença existente entre a Doutrina Espírita e uma das doutrinas espiritualistas, que é a Umbanda, doutrina esta que tem, face aos seus dogmas e ritos, bastante afinidade com o Catolicismo, também considerado espiritualista, porque admite a existência de Deus e de entidades espirituais que sobrevivem após a desencarnação.

Do livro: "ABC do Espiritismo" - Victor Ribas Carneiro






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Médium e Exu

Exu sentado na noite


Muitas vezes ele funciona como um espelho, refletindo em seu comportamento os defeitos e qualidades de seu médium.

Não estamos falando aqui de mistificação nem animismo e sim de um comportamento em que, pela convivência, um exterioriza qualidades e defeitos do outro.

Apesar de Exu ter opinião própria e manifesta em linguagem simples e direta de forma que todos entendam. É ele a entidade mais próxima a nossa realidade e anseios materiais.

Quando o médium começa a se desenvolver costuma ouvir que há a necessidade de doutrinar seu Exu.

É natural que o médium não tenha doutrina no inicio de sua jornada espiritual e Exu exterioriza isso em seu comportamento, após boa doutrinação da entidade veremos a necessidade de doutrina também para o médium que acaba de chegar na casa.

Durante o desenvolvimento mediúnico é ainda natural que o Exu se apresente pedindo sua oferenda, pois sua força é potencializadora e vitalizadora da mediunidade.

Este mesmo médium que está iniciando na Umbanda encontra todo um universo novo aos seus olhos e Exu costuma ser algo intrigante e fascinante ao mesmo tempo; quando não uma entidade, força, que assusta um pouco os que não o conhecem.

A questão é: Enquanto o médium estiver preocupado com a doutrina de “seu” exu estará também doutrinando-se, subconscientemente!

Devemos, sim, estar atentos quando nos deparamos com entidades de esquerda sem doutrina, muitas vezes estão chamando nossa atenção a seu médium para que tomemos uma atitude doutrinária em relação a ambos.

Tudo isso é bem diferente de um obsessor ou quiumba, trazido por transporte, que normalmente tem comportamento rude e agressivo. Falamos aqui do Exu de lei que acompanha o médium como entidade de trabalho na esquerda.

Não devemos subestimar exu, achando que é entidade sem luz desprovida de evolução, observando apenas um aspecto externo e superficial, pois quando vamos com a farinha ele já voltou com a farofa, devemos sim ficar atentos com o que nos dizem nas entrelinhas ou o que querem nos passar, quando não podem ou não se sentem a vontade para revelar.

Quanto ao que pode revelar, pergunte a ele sobre seu médium e o comportamento do mesmo e verá que Exu é o primeiro a apontar os defeitos de seu “cavalo” e isto está ainda dentro da qualidade especular de Exu.

No desenvolvimento mediúnico é ele um elemento de muita importância, pois dá força e potencializa as faculdades mediúnicas, não é difícil encontrarmos exu pedindo para ser oferendado logo no inicio da vida mediúnica.

Em uma casa de luz, em um terreiro de umbanda de fato, exu não aceitará trabalhos de ordem negativa a favor de futilidades ou egoísmos. Veremos exu trabalhando com seriedade e em sintonia com as entidades da direita, ou seja, não virá em terra para contrariar todo um trabalho de doutrina realizado por caboclos e pretos velhos. Encontraremos até exus dando consultas, limpando e descarregando consulentes, fazendo desobsessão e outras coisas mais dentro do mesmo objetivo e até dando bons conselhos aos que a ele procuram.

Por tudo isso somos gratos a exu e Pomba gira por trabalharem conosco a favor da luz, e afirmamos muito do que se fala de exu e pomba-gira ligado a magia negativa, nós desconhecemos, sabemos que muitos tentam se passar por exu, mas aí já não é mais Umbanda.

Umbanda acima de tudo é Amor e Caridade, exu não deve vir em terra para dar o contra no trabalho de direita.

Texto extraído do JUS-JORNAL DE UMBANDA SAGRADA






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