O mundo material e seus habitantes vivem em constante interação com o mundo invisível e os espíritos que nele habitam. Os que percebem este intercâmbio são os chamados médiuns, os mediadores dos dois planos. Segundo Allan Kardec, todos são médiuns, em graus diferentes. Todos são médiuns porque mantêm contato direto ou indireto com os espíritos a sua volta. Assim como existem pessoas encarnadas boas e más, também existem espíritos desencarnados bons e maus. As obsessões tratam das interações com os maus espíritos.
Todos os seres da Criação Divina, material e imaterial, estão submersos no fluido cósmico universal; nele, tudo é energia que atrai ou repele os seres numa troca constante que impulsiona e dinamiza a vida.
Tudo sendo energia, fácil se conclui que tudo é sintonia e a energia que direciona o ser espiritual é o seu pensamento. O pensamento é a energia que vibra e modela a vida do ser, de acordo com o seu livre arbítrio.
Se o pensamento é bom, otimista e baseado nas qualidades morais, automaticamente ele é ligado a tudo e todos que estejam nesta mesma vibração. O contrário também é verdadeiro, pensamentos contrários à lei da vida e do amor são sintonizados com tudo e todos que assim também se acomodam.
O termo "encosto" é sinônimo de “obsessão”. O espírito é atraído pelo pensamento e muitas vezes se acopla ao perispírito do indivíduo emitindo e intensificando as mesmas formas-pensamentos em sua aura, forma-se uma simbiose de difícil separação e, se este processo perdura ao longo da vida, corre-se o risco da pessoa vir a desencarnar se houver a tentativa de separar um do outro, pois a identificação é tão intensa que um não consegue sobreviver sem o outro. A mente encarnada entregue aos vícios, à futilidade de ideais, à inveja, cobiça, cólera, vaidade e aos prazeres desenfreados da carne, atrai todos os espíritos nesta mesma vibração. A partir daí o sofrimento é visível, com o desequilíbrio do corpo físico, mental e espiritual.
Só existe uma forma de ligação com os espíritos, que é através da semelhança de pensamentos, sentimentos e ações, então, se existe semelhança existe sintonia energética e todas as “portas” se abrem para que cheguem até nós as nossas companhias invisíveis.
A permanência de um mau espírito junto a nós é que caracteriza a obsessão. As consequências desta ligação são diversas, desde simples mal-estares e atrasos de vida até o grau mais elevado que é a instalação da loucura.
Os motivos dos processos obsessivos são geralmente dívidas pretéritas que angariamos com os nossos desafetos em vidas passadas ou mesmo na vida presente. Outros motivos são o envio desses espíritos através da magia negativa ou de uma mente encarnada que nutre por nós sentimentos de ódio, rancor, invejas, etc. Os espíritos que acompanham esta mente em desequilíbrio passam então a nos acompanhar. Ainda há o motivo do simples desejo de fazer o mal, espíritos que sofrem e sentem-se melhores em ver outros sofrerem. Mas fique bem claro, só permanece ao nosso lado, ou seja, o processo obsessivo só se instala se estivermos na mesma sintonia que este espírito. Daí a importância da reforma íntima e cultivo de bons pensamentos, sentimentos e ações.
Atenção especial deve ser dada ao médium em desenvolvimento das suas faculdades que esteja obsidiado. Yvonne A. Pereira, em seu livro “Recordações da Mediunidade”, cap. 10, enfatiza:
“Se um médium não se conduzir convenientemente perante a Doutrina, ou por qualquer outra circunstância demonstrar sinais de domínio de um obsessor, será indispensável que suspenda qualquer labor mediúnico, visto que já não poderá inspirar confiança às comunicações que receber e se poderá também prejudicar grandemente, dando ensejo à solidificação da obsessão.”
Neste contexto, quando o médium de Umbanda está obsidiado é conveniente que se afaste dos trabalhos mediúnicos e faça tratamento de desobsessão, cujo método varia de Casa para Casa.
É importante destacar que a cura da obsessão depende da vontade do obsidiado de curar-se e dedicar-se para combatê-la, trabalhando em si mesmo a auto estima, a fé e o reconhecimento dos erros a fim de corrigi-los e, principalmente, estar atento aos pensamentos pessimistas, de autopunição, de desconfiança, rigidez e toda ideia degradante, que é característica da influência do obsessor sobre ele.
Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo