Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca Página Otimizada para CLS

08/12/2012

Dia 08 de dezembro - Salve Iemanjá



Odoiá!



Iemanjá na Umbanda




Oração à Iemanjá:

"Mãe Iemanjá, derramai vossos poderosos fluídos sobre todos nós. Que vossa misericórdia continue a se estender sobre todos os reinos. Que os fracos sejam protegidos pelos vossos braços e que os humildes sejam enaltecidos pelo ruído do mar. Que os orgulhosos percam a arrogância e sintam como é bom ser bom, porque a maldade só nos torna pequenos perante o vosso reino, Senhora. Que os doentes recebam de vós, minha Santa Rainha, a cura para todos os males, através das emanações e de vossas vibrações e que nós sejamos purificados em vossas sagradas águas. Que a força do vosso reino seja para nós um escudo contra as más influências dos seres inferiores, pois ainda somos crianças no reino em que vivemos e mal o conhecemos. Que o vosso sagrado manto agasalhe todos os necessitados e traga o vosso calor de Santa Mãe, que vós sois. Senhora, tende piedade de tantos que, como eu, vos invocamos neste momento sublime. Atendei-nos em nossos pedidos, Mamãe, e para tanto deixamos nossas suplicas na sétima onda do vosso mar." 
Assim seja.



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06/12/2012

Marinheiros na Umbanda

Marinheiros na Umbanda
A linha auxiliar dos Marinheiros na Umbanda é composta por espíritos que trabalham pela caridade, que podem ter sido marinheiros ou não em outras encarnações. É o arquétipo do homem corajoso e destemido, que não se intimida com as tempestades sobre o seu campo de ação, que sabe utilizar de estratégias para controlar os maus tempos.

A Linha dos Marinheiros é regida pela Orixá Iemanjá, Rainha do Mar, que direciona, sustenta e ampara os espíritos que trabalham sob a irradiação da maior potência energética do planeta, considerando que este é composto mais de água do que de terra.

Esta Linha é também conhecida como "Povo da Água" porque pode ser regida também pelas Orixás Oxum e Nanã em menor proporção do que Iemanjá. Dependerá da necessidade do trabalho dos Marinheiros diante destas três forças.

A incorporação dos Marinheiros em seus médiuns imita o vai e vem das ondas, dando a impressão de estarem embriagados, mas é uma das formas de manipularem energia para o trabalho. São alegres, simpáticos, extrovertidos e brincalhões. Eles têm estas características descontraídas e devem ser respeitados como qualquer outra entidade, pois eles são trabalhadores de Aruanda que nos trazem grandes contribuições e auxílio para diversas necessidades, principalmente o que envolve o emocional.

Colaboram ativamente para os trabalhos de descarrego de energias densas e auxiliam no equilíbrio das emoções dos médiuns. Auxiliam aos que se encontram perdidos diante do desconhecido e precisam de um "porto seguro".

Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo




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30/11/2012

O Grande Caldeirão da Umbanda


O Grande Caldeirão da Umbanda

É provável que todos já tenham ouvido a expressão: "O Brasil é um grande caldeirão". Talvez não tenhamos o mesmo requinte da culinária francesa, bastante tradicional, nem da japonesa, adaptada às suas condições regionais, mas no nosso "caldeirão" cabe uma grande feijoada, onde diversos elementos se misturam, ganhando um sabor especial - a digestão (entenda-se compreensão) desse prato pode ser um pouco pesada às vezes, mas certamente é apaixonante e paradoxalmente original ao mesmo tempo em que é universalista. No Brasil as coisas misturam-se tanto, que é possível estudar a culinária, a formação étnica e cultural, ao mesmo tempo em que tentamos entender a sua religiosidade. É um país onde as mais diversas denominações religiosas - desde a católica até a judaica - convivem numa paz quase absoluta. E curiosamente, a população, das mais variadas religiões existentes aqui acabam convergindo para um ponto: as crenças populares. Benzedeiras, mandingas, simpatias e patuás confundem-se com outras liturgias, que acabam recebendo o questionável rótulo de “autênticas” que a tradição histórica lhes permite. Pesquisas da Vox Populi mostram que 59% da população brasileira declara que acredita em reencarnação e que já viveu outras vidas, mas apenas 3% dessa mesma população se diz espírita. Paradoxo? Provavelmente não. Mais possivelmente trata-se de um traço cultural, fruto da miscigenação construída ao logo dos séculos. No entanto, tal constatação nos remete a outro questionamento. Esse espiritismo praticado no Brasil é realmente “puro” (no sentido de seguir de maneira ortodoxa a obra codificada por Kardec) ou apresenta também, em si, traços dessa nossa identidade cultural?

Não é novidade para ninguém que o espiritismo nasceu na França, onde possuía um caráter mais científico e filosófico do que religioso, mas hoje, ele é mais difundido aqui no Brasil do que em seu país de origem (sim, pesquisas mostram também que Alan Kardec é mais conhecido no Brasil do que no seu país de origem, e acredito que isso seja motivo de orgulho para nós). Mas por que então o espiritismo encontrou as portas abertas justamente no Brasil? Provavelmente o Brasil já possuía uma predisposição para as crenças reencarnacionistas (e espiritualistas em geral), já que uma gama dessa cultura foi trazida pelos negros que aqui aportaram como escravos. Encontramos então um ponto convergente aí. Certas ritualísticas, práticas como benzimentos, simpatias e similares, já tinham um campo no Brasil, o espiritismo veio então somar conhecimentos a uma cultura já bastante vasta e eclética. Isso significa que houve uma deturpação do espiritismo? Longe disso. O que houve foi um processo natural de adaptação cultural, que não somente as religiões, mas todos os hábitos, costumes, crenças, linguagem – cultura de um modo geral – passam dentro da construção de uma nova identidade sócio-cultural (lembremos que o Brasil ainda era jovem como país independente e mais ainda como República, portanto ainda estava “se conhecendo” como nação, e o positivismo – berço filosófico do espiritismo – era a palavra de ordem). Percebe-se então outro fenômeno que também ocorreu naturalmente: a universalização.

Hoje as coisas misturam-se nesse grande caldeirão. É muito comum seguidores da Umbanda definirem-se como espíritas. Trata-se de um erro conceitual? Cada qual terá a sua resposta e a partir dela saberá dizer se é ou não um erro, mas como mais uma manifestação dessa miscigenação, muitos insistirão naquela que melhor lhe aprouver e esse não é o tema da discussão. O que importa é a influência entre (e não sobre) o espiritismo e os cultos populares que já eram difundidos no Brasil. No início do século XX era muito comum se falar em “macumbas”, especialmente no Rio de Janeiro. Esses rituais que muitas vezes consistiam em oferendas entregues ao ar livre, já eram um protótipo do que viria a ser o que hoje chamamos de Umbanda. Paralelamente a isso, em 1908, dentro de uma casa espírita, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que oficializou a Umbanda (se ele “fundou” a Umbanda já é tema para outro debate).

Podemos encontrar mais uma constatação da existência desse caldeirão em um trecho do livro AFRICANISMO E ESPIRITISMO, de Deolindo Amorin em que ele diz que a Umbanda é muito mais parecida com o catolicismo do que com o Espiritismo, devido aos rituais, que segundo ele, não existem no Espiritismo. Percebe-se nas palavras do autor a tentativa clara de afastar a prática da Umbanda da Doutrina Espírita, mas é importante ler esse trecho sem emitir juízo de valores principalmente sobre nossos amigos espíritas, que são merecedores de todo nosso respeito. Deixemos os preconceitos de lado, fazendo uma análise onde se leva em conta o momento histórico no qual o documento foi escrito e a mentalidade da época – em especial da classe social e intelectual em que se encontra o autor, caso contrário toda forma de tentativa de estudo irá por água abaixo:

"Quando falamos em Espiritismo, saibam os leitores que nos referimos à codificação CIENTÍFICA, FILOSÓFICA e MORAL, de Allan Kardec, - a única com o privilégio de ostentar semelhante título! – que o mestre expôs numa série de obras notáveis, editoradas na França, no período de 1857 a 1869, e não a esse conglomerado de pajelanças e de rituais espalhafatosos, onde preponderam o mediunismo abastardado; em suma – ao carnaval de UMBANDA, difundido e praticado por aí em fora, sob o rótulo daquela luminosa esquematização espiritualista." (AMORIM, 1949: 5-7).

É fundamental ressaltar que esse trecho reflete a opinião de UM AUTOR EM ESPECIAL e jamais de toda a comunidade espírita. Mas percebe-se claramente que há uma tentativa de não identificar o Espiritismo com a Umbanda, e sim com o catolicismo (assim como os católicos se esforçam para identificar a Umbanda com o espiritismo – haja caldeirão). Por outro lado, não podemos esquecer a influência dos cultos indígenas, que foram preservados principalmente em algumas partes das regiões Norte e Nordeste do Brasil e que acabaram incorporados aos rituais de Umbanda e à própria identidade nacional (o uso terapêutico e magístico de ervas é o exemplo mais clássico da existência dessa tradição). Embora menos falados, não há como desprezar também o Catimbó, o Xangô (não o orixá, mas o culto) de Pernambuco, o Batuque do Sul – e isso porque nem citei o Candomblé e sua gigantesca influência. Somos então uma nação caldeirão, ou, para ser mais modernos, um liquidificador, onde ritos, crenças e filosofias se uniram e se misturaram, formando, no imaginário coletivo, uma unidade, que na teoria não existe, mas é praticada constantemente (quem nunca viu um católico procurando uma benzedeira?).

Na verdade esse é um texto que mais confunde do que explica – e essa é a intenção, pois da dúvida pode nascer um bom debate – mas construir a nossa própria história (nesse caso, em especial da Umbanda) é entender um pouco de si mesmo, de seu povo, de sua nação e formação. É um trabalho árduo, para o qual eu talvez não tenha competência e preparo, mas creio ser importante lançar uma primeira semente para uma troca de idéias amigável, onde cada qual pode contribuir com a informação que possui, concordando, discordando, acrescentando e corrigindo.

Saravá a Umbanda.

Douglas Fersan







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19/11/2012

Pra fazer a caridade!


Pra fazer a caridade!

Uma breve lição sobre a relação médium x mediunidade praticada

É praxe! Semanalmente abarcam centenas de pessoas nos terreiros com a intenção de desenvolver a mediunidade.

Dia destes um indivíduo em consulta perguntou ao Caboclo que lhe atendia:

- “Caboclo, preciso desenvolver a mediunidade, posso fazer isso aqui?”

O rapaz não conhecia o terreiro, era sua primeira visita, o Sr. Caboclo retrucou:

- Sim filho, pode sim, antes nos responda algumas perguntas simples e saberemos quando e onde iniciará seu desenvolvimento mediúnico.

- Pois sim Caboclo, qual a dúvida?

- Filho, sabe o que é mediunidade?

O rapaz esboçou surpresa em suas feições, pensou rapidamente e prosseguiu:

- Sei Caboclo, é a capacidade de incorporar os guias espirituais.

- Ah sim meu filho, entendo, mas devo dizer que isso não é mediunidade, ao menos não é bem isso que o Caboclo está perguntando, vou tentar ser mais claro. Você sabe para que serve a mediunidade?

- Sei sim, para fazer a caridade!

- Hmmm, e o filho quer desenvolver a mediunidade pra quê?

- Para fazer a caridade, ajudar as pessoas.

- Sei, sei… E porque o filho quer ajudar as pessoas?

O rapaz ficou pálido e sem graça arriscou:

- Para evoluir meu pai, porque esse é o caminho da luz.

- Que luz meu filho?

- Oras meu pai! A luz espiritual, como a vossa!

- Hmmm, como o filho imagina que seja o desenvolvimento mediúnico?

- Bem, já vi algumas vezes, vou vir de branco e vou girar até incorporar, mas já aproveitando, quero dizer que tenho receio de girar, não vou conseguir me concentrar, então prefiro que me deixem concentrando, assim será mais fácil.

O rapaz já falava como se fosse parte do grupo. O Caboclo interrompeu e disparou:

- Meu filho, que tipo de problemas você imagina que pode ter ao desenvolver a mediunidade?

- Acho que nenhum!? Por quê? Terei problemas?

- Depende.

- Como assim?

- Depende do que o filho escolher.

- Não estou entendendo.

O Caboclo silenciou, olhou para o Congá, baforou do seu charuto no corpo do rapaz, fechou os olhos, parecia estar orando, respirou fundo, olhou fundo nos olhos do rapaz e ensinou:

- Meu filho, você é mais um dentre milhares que se utilizam de discursos prontos, respostas decoradas, ambições estranhas e ansiedade para sentir-se melhor que os outros, o que é pior, via mediunidade.

Chegará o inevitável dia do seu desenvolvimento mediúnico, e Caboclo deseja que chegue, onde quer que seja.

Mas este Caboclo deseja mais ainda: que o filho tenha respostas verdadeiras, que encontre de uma forma pessoal o motivo real para o exercício mediúnico.

O filho precisa saber que mediunidade não é entretenimento, não é uma atividade que preenche apenas um espaço vazio da sua agenda.

O primeiro passo para o desenvolvimento mediúnico é o compromisso em buscar o autoconhecimento, é meditar muito, orar mais um tanto e ter a certeza de que quer assumir um compromisso do qual todos os demais compromissos na vida sejam secundários diante seus compromissos espirituais.

É preciso que saiba muito bem o que significa comprometimento, dedicação e respeito á tudo e a todos.

Estude bastante sobre esta religião que quer seguir, pois se não a compreender, jamais sentir-se-á compreendido pelos diferentes.

Considere que caridade não é dar passe, descarregar ou qualquer coisa que seja feito incorporado, saiba que esta é a nossa caridade, não sua, você médium e religioso tem nas incorporações e o que acontece a partir dela apenas uma consequência da fé e da mediunidade. Sua caridade deverá ser outras iniciativas e não ocultas em nossas incorporações.

Também lembre-se que ninguém ajuda ninguém se ao menos não esteja preocupado em se ajudar primeiro, em lapidar-se e aprimorar-se, antes de pretender ser fonte é preciso ser abastecido.

Você terá preceitos a seguir, então sua rotina de hoje já não será a mesma, o que você comeu hoje, se estivesse do lado de cá já não seria permitido.

Observe seus vícios e aceite que se ensina e ajuda mais pelo exemplo do que por boa vontade, se és um indivíduo rendido aos vícios da matéria, mesmo tendo plena consciência dos males, então busque livrar-se destes grilhões antes de pretender ser alguém que vá libertar os outros.

Ter mediunidade prática não te faz melhor do que ninguém, apenas reforça que você tem mais responsabilidade com o mundo, então não será por meio da mediunidade que poderá extravasar questões de carências mal resolvidas na infância.

Este caboclo poderia prosseguir com muitas outras considerações, mas vejo que o filho já entendeu, então Caboclo pergunta:

- O filho quer começar o desenvolvimento quando mesmo?!

Desconcertado, pensativo e visivelmente desapontado o rapaz responde:

- Meu Pai, desenvolverei quando ao menos conseguir praticar uma de suas ponderações, desculpe-me pelo tempo que lhe tomei, vou pensar sobre isso tudo.

- Não se desculpe meu filho, isso é o que o Caboclo veio fazer, amamos isso que fazemos, esta é a nossa oportunidade de fazer a caridade, se consigo te ajudar, isso me alegra. Mas meu médium não, ele apenas está no transe aprendendo com isso tudo e exercitando sua religiosidade, entendeu?

- Sim meu pai, acho que entendi!

- Então fique em paz e na luz meu filho, se for da sua vontade e dos Orixás, nos veremos mais adiante.

O rapaz agradeceu o Caboclo e emocionado retirou-se do terreiro, voltaria nas próximas semanas e talvez em alguns meses ou anos, ele sentiria o chamado, pela vontade Maior e não pessoal.

Este breve relato, é um fato e nos traz um alerta importante sobre a maneira que nos relacionamos com a mediunidade, então responda: qual é a sua maneira???

Rodrigo Queiroz



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