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19/11/2012

Você pratica uma "boa Umbanda"?


Você pratica uma "boa Umbanda"?


No dia em que são realizadas as giras na sua casa de Umbanda, você procura, horas antes, amenizar seus pensamentos, afastando os negativos e todas as mágoas e rancores, ou dá valor a esses sentimentos, como faz no dia-a-dia?

Horas antes, você procura alimentar-se de maneira mais frugal e sadia ou entrega-se aos prazeres do exagero da comida e da bebida, afinal ainda faltam algumas horas para a gira começar?

Antes de sair de casa você cuida de seu corpo e de seu espírito, higienizando a ambos, ou vai de qualquer forma? Tem uma roupa branca que usa exclusivamente para essa ocasião ou faz uso dela durante a semana também?

Ao cruzar a porta do terreiro deixa para trás os problemas que o afligiram durante a semana, afinal esse é seu momento de doação, ou carrega esses problemas e sentimentos inerentes a eles para dividir, ainda que involuntariamente, com os seus irmãos-de-fé, que fatalmente terão que dividir esse fardo com você (afinal numa gira de Umbanda as energias são compartilhadas)?

Você adentra o terreiro preocupado em solucionar os seus problemas pessoais ou pensando em praticar a caridade àqueles que esperam pacientemente na assistência?

Você entende que, numa gira de Umbanda, mesmo que não lhe sobre tempo para pedir ajuda às entidades para solucionar as suas questões particulares, você está colaborando com a sua própria evolução pelo simples fato de estar presente e servindo ao Divino e aos necessitados?

No congá você enxerga meras imagens de gesso ou pontos que emanam energias que você deve absorver a fim de realizar um bom trabalho?

Enquanto são tocados os pontos, você fecha seus olhos concentrando-se nos orixás e entidades que estão sendo chamados ou fica preocupado com o tempo que está correndo e os afazeres ou prazeres materiais que teve que deixar para participar da gira?

Você presta atenção nas roupas dos seus irmãos-de-fé, se elas são curtas ou extravagantes demais, ou cuida para que a sua alma esteja alva como deveria para aquele momento?

Em contrapartida, faz proveito da incorporação das entidades para extravasar seu ego, usando roupas esdrúxulas e exageradas, bem como para ingerir álcool e fumo em demasia, que no lugar de agradar as entidades, as expõem ao ridículo (bem como a si mesmo)?

Você faz do silêncio uma prece ou aproveita os momentos em que ele deveria reinar para conversar com os irmãos-de-fé sobre assuntos corriqueiros ou até mesmo fofocas e maledicências? Permite que a sua língua seja maior que a sua fé ou a sua dedicação à Umbanda?

Costuma dizer que as entidades ou orixás são seus – “meu Ogun”, “meu caboclo” – e acredita que você é quem realiza o auxílio aos necessitados ou tem consciência de que é um mero instrumento da espiritualidade a serviço do bem?

Olha os consulentes com certo desdém quando eles relatam um problema que para você é banal, mas que para eles pode ser o mais grave do mundo?

Diz a todos que não lembra de absolutamente nada enquanto cede seu corpo às entidades, quando na verdade possui a chamada “mediunidade consciente”?

Usa o bom nome da Umbanda e das entidades para amedrontar seus desafetos, denegrindo a imagem de nossa religião, já tão injustiçada perante a sociedade?

Alguma vez já simulou estar incorporando uma determinada entidade para dizer a alguém coisas que não teria coragem de dizer sem usar esse subterfúgio?

Já usou a sua mediunidade para obter favores pessoais, materiais e financeiros?

O que você sente quando a gira termina e você vai para casa?

A satisfação por ter cumprido o seu dever auxiliando a sua própria evolução e ao próximo, ou sente-se revoltado porque algum médium brilhou mais que você ou demorou demais atendendo aos consulentes, atrasando o encerramento dos trabalhos?

Responda a essas perguntas com sinceridade e saberá se você pratica uma “boa Umbanda”. Lembre-se que nenhum de nós é perfeito, mas trilhamos o caminho da Umbanda a fim de minimizar as nossas imperfeições, e não para acentuá-las.

Douglas Fersan




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14/11/2012

Egrégora

Egrégora

Egrégora é o conjunto de formas-pensamento direcionados para um determinado objetivo. No plano astral, mais próximo do plano material, vibram pensamentos e emoções de encarnados e desencarnados e através dos nossos chakras, que são transmissores e receptores eletromagnéticos, estamos em constante ressonância com as vibrações do nosso exterior. Então, pensamentos, emoções e intenções afetam diretamente as pessoas através desta ressonância. Podemos interagir no plano espiritual através da vontade e do pensamento, da mesma forma que interagimos no mundo físico através dos sentidos.

As formas-pensamento tornam-se mais poderosas quando duas ou mais pessoas se reúnem em torno de um único objetivo e quanto maior a concentração, maior a atuação da egrégora. Na Umbanda, esta concentração pode ser adquirida através do ritual, isto é, através da repetição de um comportamento direcionado para um objetivo.

A egrégora estabelecida dá vazão à mente intuitiva, é comum, por exemplo, mais de uma pessoa ter o mesmo pensamento ou a mesma ideia sem terem trocado palavras. Quanto maior a ritualística, a concentração e a emoção, maior e mais forte é a egrégora. A energia da egrégora auxilia a causa para a qual o grupo trabalha.

São importantes a disciplina e o respeito ao horário da formação da egrégora, devendo ser realizada sempre no mesmo dia e horário, porque mesmo não estando presente fisicamente, mentalmente pode-se participar e colaborar com o propósito da corrente mediúnica.

Também é importante o ritual de abertura e fechamento, entendendo-se a entrada do mundo profano ao sagrado e vice-versa, porque na vida material não temos estrutura psicológica de nos mantermos em constante sintonia com o mundo espiritual, a abertura da egrégora ou da gira é a ordem mental de desapego do cotidiano e a busca de sintonia com as vibrações ali presentes, e o seu fechamento o de voltarmos para a nossa realidade.

A base da Umbanda é a egrégora da caridade, do amor e da fraternidade, porque os espíritos que nela militam têm estas virtudes como essência, e só interagem conosco através delas. Daí a responsabilidade individual diante do desejo de ingressar na egrégora de umbanda, o “eu” cede lugar para o “nós”, em benefício de todos, buscando fazer o melhor que possa para manter a harmonia interior, sempre atento a sua higiene mental, repelindo veementemente pensamentos contrários ao amor e a caridade, principalmente com quem está ao seu lado na caminhada evolutiva. Ter a consciência de que ninguém é melhor do que o outro, apenas está vivenciando o que lhe é necessário para o seu aprendizado e progresso, dessa forma, evitar a inveja e a maledicência contra o seu irmão. A força e o poder da egrégora depende da participação de todos, não precisa ser perfeito, porque Deus não espera de nós a perfeição neste mundo de expiação, mas fazer o esforço constante para se melhorar, cultivando as virtudes e orando e vigiando, sempre.

Não são poucas as vezes que o médium da egrégora de Umbanda costuma sentir-se mal durante os trabalhos e sai culpando a egrégora, o dirigente ou mesmo a espiritualidade. E quanto mais emite sentimentos de insatisfação ou maledicência, pior fica. Este médium geralmente já percorreu diversos Templos e não se encontra em nenhum, porque quer receber tudo pronto da religião, agindo sempre passivamente ou contrário ao propósito da egrégora. Não se sintonizar com a egrégora é não participar dela, logo, não pode sentir os seus benefícios e se não ora e vigia seus pensamentos, é um forte candidato a sofrer sérias obsessões. Pensamentos contrários ao da egrégora os faz ligar às mentes contrárias dos obsessores e dos espíritos que foram ali barrados perante a tronqueira dos Guardiões do Templo. Então, se o médium não fizer a sua parte para sentir-se harmonizado, nada nem ninguém poderá fazê-lo.

Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo






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11/11/2012

Ciganos na Umbanda

ciganos na umbanda

“Eu vi um formoso Cigano
Sentado na beira do Rio
Com seus cabelos negros
E os olhos cor de anil
Quando eu me aproximava o cigano me chamou
Com seus dados nas mãos 
O cigano me falou 
Seus caminhos estão abertos 
Na saúde, na paz e amor, 
Foi se despedindo e me abençoou 
Eu não sou daqui, mas vou levar saudades, 
Eu sou o Cigano Pablo, lá das Três Trindades.”

Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda, e “carregam as falanges ciganas juntamente com as falanges orientais uma importância muito elevada, sendo cultuadas por todo um seguimento espírita e que se explica por suas próprias razões, elegendo a prioridade de trabalho dentro da ordem natural das coisas em suas próprias tendências e especialidades.

Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, confundindo-se muitas vezes pela repetição dos nomes comuns apresentados para melhor reconhecimento, preservando os costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no universo astral seu paradeiro, como ocorre com todas as outras correntes do espaço.


O povo cigano designado ao encarne na Terra, através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido até então, conseguiu conquistar um lugar de razoável importância dentro deste contexto espiritual, tendo muitos deles alçado a graça de seguirem para outros espaços de maior evolução espiritual, juntamente com outros grupos de espíritos, também de longa data de reencarnações repetidas na Terra e de grande contribuição, caridade e aprendizado no plano imaterial.

A argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não ciganos ou por médiuns não ciganos e que se assim o fizessem deveriam faze-lo no idioma próprio de seu povo, é totalmente descabida e está em desarranjo total com os ensinamentos da espiritualidade sua doutrina evangélica, até as impossíveis limitações que se pretende implantar com essa afirmação na evolução do espírito humano e na lei de causa e efeito, pretendendo alterar a obra divina do Criador e da justiça divina como se possível fosse, pretendendo questionar os desígnios da criação e carregar para o universo espiritual nossas diminutas limitações e desinformação, fato que nos levaria a inviabilização doutrinária. Bem como a eleger nossa estada na Terra como mera passagem e de grande prepotência discriminatória, destituindo lamentavelmente de legitimidade as obras divinas.


Outrossim, mantêm-se as falanges ciganas, tanto quanto todas as outras, organizadas dentro dos quadros ocidentais e dos mistérios que não nos é possível relatar. Obras existem, que dão conta de suas atuações dentro de seu plano de trabalho, chegando mesmo a divulgar passagens de suas encarnações terrenas. Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios magísticos e tem um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e falanges.

Ao contrário do que se pensa os espíritos ciganos reinam em suas correntes preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mal e trazendo uma contribuição inesgotável aos homens e aos seus pares, claro que dentro do critério de merecimento, tanto quanto qualquer outro espírito teremos aqueles que não agem dentro desse contexto e se encontram espalhados pela escuridão e a seus serviços, por não serem diferentes de nenhum outro espírito humano.

Trabalham preferencialmente na vibração da direita e aqueles que trabalham na vibração da esquerda, não são os mesmo espíritos ciganos, que mantêm-se na direita, como não poderia deixar de ser, e, ostentam a condição de Guardiões e Guardiãs. O que existe são os Exus Ciganos e as Moças Ciganas, que são verdadeiros Guardiões à serviço da luz nas trevas, como todo Guardião e Guardiã dentro de seus reinos de atuação, cada um com seu próprio nome de identificação dentro do nome de força coletivo, trabalhando na atuação do plano negativo à serviço da justiça divina, com suas falanges e trabalhadores, levando seus nomes de mistérios coletivos e individuais de identificação, assunto este que levaria uma obra inteira para se abordar e não se esgotaria.


Contudo, encontramos no plano positivo falanges diversas chefiadas por ciganos diversos em planos de atuação diversos, porém, o tratamento religioso não se difere muito e se mantêm dentro de algumas características gerais. Imenso é o número de espíritos ciganos que alcançaram lugar de destaque no plano espiritual e são responsáveis pela regência e atuação em mistérios do plano de luz e seus serviços, carregando a mística de seu povo como característica e identificação.

Dentro os mais conhecidos, podemos citar os ciganos Pablo, Wlademir, Ramirez, Juan, Pedrovick, Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tantos outros, da mesma forma as ciganas, como Esmeralda, Carme, Salomé, Carmensita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também. É imprescindível que se afirme que na ordem elencada dos nomes não existe hierarquia, apenas lembrança e critério de notoriedade, sem contudo, contrariar a notoriedade de todos os outros ciganos e ciganas, que são muitos e com o mesmo valor e importância.

Por sua própria razão diferenciada, também diferenciado como dissemos é a forma de cultuá-los, sem pretender em tempo algum estabelecer regras ou esgotar o assunto, o que jamais foi nossa pretensão, mesmo porque não possuímos conhecimento de para tanto. A razão é que a respeito sofremos de uma carência muito grande de informação sobre o assunto e a intenção é dividir o que conseguimos aprender a respeito deste seguimento e tratamento. Somos sabedores que muitas outras forças também existem e o que passamos neste trabalho são maneiras simples a respeito, sem entrar em fundamentos mais aprofundados, o que é bom deixar claro.


É importante que se esclareça, que a vinculação vibratória e de axé dos espíritos ciganos, tem relação estreita com as cores estilizadas no culto e também com os incensos, pratica muito utilizada entre ciganos. Os ciganos usam muitas cores em seus trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual e uma outra cor de identificação é utilizada para velas em seu louvor. Uma das cores, a de vinculação raramente se torna conhecida, mas a de trabalho deve sempre ser conhecida para prática votiva das velas, roupas, etc.

Os incensos são sempre utilizados em seus trabalhos e de acordo com o que se pretende fazer ou alcançar.




Para o cigano de trabalho se possível deve-se manter um altar separado do altar geral, o que não quer dizer que não se possa cultua-lo no altar normal. Devendo esse altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com vinho, mantendo a pedra da cor de preferência do cigano em um suporte de alumínio, fazendo oferendas periódicas para ciganos, mantendo-o iluminado sempre com vela branca e outra da cor referenciada. Da mesma forma quando se tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce. E sempre que possível derramar algumas gotas de azeite doce na pedra, deixando por três dias e depois limpá-la.

Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com bastante fruta, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher jarras de vinho tinto com um pouco de mel. Podendo ainda fatiar pães do tipo broa, passando em um de seus lados molho de tomate com algumas pitadas de sal e leva-los ao forno, por alguns minutos, muitas flores silvestres, rosas, velas de todas as cores e se possível incenso de lótus.

As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são sempre instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos em geral. Os ciganos trabalham com seus encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando por dentro das pessoas e dos seus olhos.


Uma das lendas ciganas, diz que existia um povo que vivia nas profundezas da terra, com a obrigação de estar na escuridão, sem conhecer a liberdade e a beleza. Um dia alguém resolveu sair e ousou subir às alturas e descobriu o mundo da luz e suas belezas. Feliz, festejou, mas ao mesmo tempo ficou atormentado e preocupado em dar conta de sua lealdade para com seu povo, retornou à escuridão e contou o que aconteceu. Foi então reprovado e orientado que lá era o lugar do seu povo e dele também. Contudo, aquele fato gerou um inconformismo em todos eles e acreditando merecerem a luz e viver bem, foram aos pés de Deus e pediram a subida ao mundo dos livres, da beleza e da natureza. Deus então, preocupado em atende-los, concedeu e concordou com o pedido, determinando então, que poderiam subir à luz e viver com toda liberdade, mas não possuiriam terra e nem poder e em troca concedia-lhes o Dom da adivinhação, para que pudessem ver o futuro das pessoas e aconselha-las para o bem.

É muito comum usar-se em trabalhos ciganos moedas antigas, fitas de todas as cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de tabaco, tacho de cobre, de alumínio, cestas de vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes e escolher datas certas em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua…”

Trecho extraído do livro “Rituais e Mistérios do Povo Cigano" / Nelson Pires Filho


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02/11/2012

Posturas e Gestos Ritualísticos na Umbanda

Gesto com as mãos


A comunicação não verbal do corpo humano inclui gestos e atos corporais que, de modo característico, expressam sentimentos, emoções e posicionamentos que demonstram a natureza interna do indivíduo, exprimem sua realidade sem as barreiras da censura e o libera na sua relação com o mundo que o cerca. "O corpo fala" é expressão decisiva no estudo da psicologia, porque aliada à comunicação verbal, ou mesmo sem ela, é poderosa ferramenta para a leitura do inconsciente e para o entendimento de diversos distúrbios psicossomáticos.

É importante que o umbandista perceba a riqueza da linguagem não verbal presente nos atos litúrgicos da religião que professa, o corpo que exprime o sentimento em um gesto por vezes vale mais do que muitas palavras. Quando não se conhece o fundamento existente nos rituais, pode-se ter a falsa ideia de uma repetição mecânica e desnecessária. Importante se faz conhecer para aquisição da fé racionalizada e para desmistificar conceitos e preconceitos indevidos sobre a nossa Umbanda.

O gesto ritualístico é a comunicação não verbal com o Divino e com o transcendente, que expressa a fé, o respeito e a humildade diante do Sagrado, na consciência de que existem forças superiores no universo das quais somos apenas centelhas e, a nível de Terreiro, somos apenas um instrumento para que as energias sublimes se manifestem.

Citamos, a seguir, algumas posturas e gestos em rituais praticados nos Terreiros de Umbanda, que são fundamentos da Umbanda e que podem variar em formas, mas cuja essência e significado são os mesmos:


Saudações ao Entrar e Sair do Templo

Ao entrar no Terreiro deve-se ter respeito por estar adentrando local sagrado, deve-se saudar os assentamentos de forças ali existentes, começando pela Tronqueira que é o ponto de força dos Exus Guardiões, geralmente toca-se o chão três vezes e mentaliza-se "Laroyê Exus, Exus é Mojubar, deem-me licença!" Logo após, deve-se saudar o Congá, que é o local de maior concentração de energias e o ponto central de onde emanam fluidos necessário à realização dos trabalhos dentro da Lei de Umbanda. Para saudar o Congá, levanta-se as duas mãos com as palmas em sua direção e mentaliza-se: "Salve Pai Oxalá, todos os Orixás e todos os trabalhadores de Umbanda, sua licença e proteção!"

Ao sair do Terreiro, faz-se as mesmas saudações acima sendo que em sentido contrário: primeiro o Congá e por último a Tronqueira dos Guardiões, neste momento deve-se agradecer a acolhida espiritual da Casa e pedir licença para se retirar.


O Ato de Bater Cabeça

O ato de bater cabeça é um momento de respeito e de entrega, é o momento da sintonia do nosso eu interior com o Sagrado. É um ato que demonstra o reconhecimento da força superior que nos envolve, do respeito e submissão a esta força que nos rege através da fé, é o momento dos pedidos e dos agradecimentos, da oração através do sentimento sublime que é o amor. Bate-se cabeça deitando-se e levando a testa ao solo, em sinal de respeito e de saudação aos Orixás, Guias e Sacerdotes.


O Ato de Tomar a Benção

O pedido de benção ao pai/mãe de santo é uma saudação e uma demonstração de respeito e confiança à hierarquia que irá nos conduzir e nos orientar na doutrina, nos repassar conhecimentos, se responsabilizando diante dos Orixás pelo nosso desenvolvimento espiritual. Tomar a benção ao Sacerdote remete ao pedido de benção a toda a espiritualidade que o assiste. Entende-se por pai/mãe de santo aquele que acolhe, orienta e zela pela vida espiritual dos filhos, a benção é sinal de reconhecimento destes atributos e o seu gesto é beijar a mão do seu pai/mãe espiritual e levá-la à testa iniciando o sinal da cruz.


O Ato de Ajoelhar-se

O ato de ajoelhar-se é também sinal de respeito e reverência presente na maioria das religiões, é um ritual que faz parte do inconsciente coletivo, entenda-se por este o saber incondicional, por exemplo, ninguém aprende a ideia de ser mãe, ou do que é o amor, ou do que é Deus, simplesmente sabe-se, é inerente ao ser humano. Ajoelhar é louvar, pedir e também agradecer, ato de submissão, humildade, reconhecimento e fé. No Terreiro, deve-se ajoelhar diante das forças ali assentadas, quer na sua representação material, ou na representação do seu sacerdote incorporado com os Orixás e Guias que o assistem.


Saudações aos Orixás e Guias

As forças espirituais de um Terreiro, na representação dos seus Orixás e Guias, devem ser reverenciadas por meio de saudações individuais, com a linguagem falada e com o gesto corporal. A seguir apresentamos tabela com as saudações inerentes a cada Orixá e Guia:


Orixás / Guias

Saudação

Gesto Ritualístico

Pai Oxalá

Epa Babá!

Unir palmas das mãos em postura de prece.

Nanã

Saluba Nanã!

Movimento circular das mãos (palmas para cima), imitando puxar as águas do lago para si.

Iansã

Eparrey!

Com as palmas das mãos para cima, imita puxar o ar para si e, em seguida, imita levantar duas espadas com as mãos.

Omulu

Atotô Ajuberô!

Bate no chão três vezes e faz o sinal da cruz.

Ogum

Pata Kori, Ogum! Ogunhê!

Aperta as duas mãos, de um lado e do outro.

Oxum

Orayeyêo!

Movimento circular das mãos (palmas para cima), imitando puxar as águas do rio para si.

Xangô

Kawo Kabiesilê!

Juntar as mãos fechadas, imitando segurar o cabo da machada e levantar lentamente.

Iemanjá

Odôyá! Odôfiaba! Odôcy Yabá!

Movimento circular das mãos (palmas para cima), imitando puxar as águas do mar para si.

Oxossi

Oke Arô!

Unir os dedos das mãos imitando flechas, levantar para o alto e cruzar no peito.

Caboclos

 

Boiadeiros

Okê Caboclo!

 

Xêtro Marrumbaxêtro! Getruá!

Idem Oxossi

 

Imita girar o laço no alto.

Pretos Velhos

Adorei as Almas!

Estalar os dedos em direção ao chão e em forma de cruz, depois fazer o sinal da cruz no chão.

Ibejis

Onibeijada!

Bater palmas.

Povo do Oriente

Salve o Povo do Oriente!

Idem Pai Oxalá.

Povo Cigano

Optchá!

Com as mãos para cima e para o lado, bate palmas duas vezes.

Marinheiros

Salve os Marinheiros! A Marujada!

Imita o levantar de uma âncora.

Mestres Juremeiros – Reis Malunguinho

Sobô Nirê Reis Malunguinho!

Leva ao peito os braços em forma de X.

Exus

Laroyê Exu! Exu é Mojubá!

Une as laterais das mãos, indicador com indicador, apontando os dedos para o chão.

 

Vale ressaltar, que é fundamental e imprescindível que as posturas e os gestos no ritual de Umbanda sejam acompanhados pelo sentimento de fé e amor e que não basta reverenciar, mas sim se tornar merecedor do axé, adotando posturas de ideais elevados dentro e fora do Terreiro.


Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo


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