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07/05/2022

Caridade de Preto Velho

Caridade de Preto Velho

Mensagem de Preto Velho Pai Jerônimo


Um certo dia, Pai Jerônimo atendeu uma senhora que lhe veio consultar sobre um tumor nos seios, diagnosticado por uma mamografia.

Passes daqui, trabalhos dali, enfim, uma consulta normal…vela, erva, água…

Disse o preto:

- É mizim fia… Tá feito…mas num deixa de procurá o Homi de branco, dispois vem contá pro nego…nego vai ficá no toco esperando cunce vortá…

E saiu a consulente.

Numa próxima gira, estava lá o preto no toco e chegou a sua consulente, já na segunda parte do trabalho.

- Podi entrá mi zim fia, tava le esperano….

- É meu Velho, fui no médico sim…ele disse que o tumor sumiu, vai ver foi engano, o que a mamografia mostrou foi uma sombra de um quelóide, que eu já tinha de cirurgia anterior. mas vim lhe agradecer, pois sei que o Senhor me curou..

Diga, meu Pai, o que o Senhor quer de presente, quero lhe agradecer…

Em nossa casa, as entidades as vezes ganham presentes, charutos, bebidas, mas não que peçam, porque as pessoas trazem em agradecimento mesmo, como deve ser em todo lugar.

Mas naquele dia o preto pediu…

- Me traga um bolo de chocolate, mi zi fia, suncê pode faze isso…?? Mais tem qui ser na proxima gira…eu num vô tá aqui, mas fala co caboclo chefe que ele manda mi chamá….

Todos estranharam, e eu mais ainda, passei a semana pensando naquele pedido, eu que amo bolo de chocolate, pensava comigo, Meu Velho…porque um bolo, Meu Pai…Até os filhos da casa acharam estranho e houve uma brincadeira ou outra…do tipo achando que iam comer o bolo….Alguém arriscou dizer que era a comemoração pela cura da mulher… Enfim…esperei ansiosa…Afinal…confio neles.

Em verdade torci para a mulher nem aparecer com aquele bolo…

Mas ela apareceu, e sentou na primeira fila, como tal bolo, todo confeitado de confetes coloridos.

Chegou o preto, com autorização do chefe do terreiro, que é Seu Serra Negra….

- Trouxe meu bolo, mi zim fia…

- Trouxe meu velho…

Então o preto levantou e disse que na assistência tinha uma menina, de cor morena, que estava fazendo aniversário, 14 anos, e chamou-a.

Disse à menina:

- Mi zim fia, esse é presente que suncê pediu ao seu anjo da guarda, ele não pode vir, mandou o nego te entregar…

A criança marejou os olhos e saiu com o bolo na mão, sentar ao lado da mãe, que chorava muito na assistência. Em 14 anos, nunca havia ganhado um bolo de chocolate….Nunca mais voltou, nunca mais vimos. E nunca esquecemos esta história.

Autor Desconhecido



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26/04/2022

Diferença entre Incorporação de Guias e Transe Orixá

Diferença entre Incorporação de Guias e Transe Orixá

Embora haja muitos pontos comuns que unem umbandistas e candomblecistas, como o tambor, as ervas, o dendê, a fé em Zambi e nos orixás, que correspondem aos elementos da natureza, nem todos os adeptos da Umbanda conseguem compreender as nossas diferenças — a maior delas é o abate de animais, algo que não existe na Umbanda. Do lado de lá, as dificuldades também são grandes, embora, boa parte dos terreiros de candomblé tenha um cantinho reservado para recepcionar os caboclos, pretos-velhos e crianças que incorporam na Umbanda.
Esse desencontro sempre me incomodou. Afinal, estamos todos no mesmo barco nessa trajetória terrena. Hoje, como no passado, navegamos em águas turbulentas ante a intolerância religiosa e o racismo dos neopentecostais, que satanizam a nossa fé, ou seja, mais um ponto de convergência entre umbandistas e candomblecistas. Ainda assim, falta união e não temos compreensão dos fenômenos distintos que ocorrem nas duas práticas: umbanda e candomblé.

Há algum tempo, busco um texto que ofereça algum esclarecimento sobre a diferença no fenômeno da incorporação que acontece nas duas práticas. Não vejo o artigo abaixo como definitivo, mas ele é um bom começo para explicar a diferença que existe entre umbanda e candomblé. Isso não muda nada nos trabalhos espirituais de um ou outro, mas é mais uma gotinha de conhecimento que podemos adquirir e peça de ferramenta para a compreensão que deve haver entre todas as práticas religiosas de matriz africana. Abaixo o artigo:

Diferença entre incorporação de Guias e transe de orixá:

Na Umbanda ocorre o transe mediúnico. O mesmo é fonte de profundos estudos desde os tempos mais remotos, mas a partir do século 19 muitos pesquisadores da área médica se envolveram com o termo fenomenologia, que surgiu a partir das análises de Franz Brentano sobre a intencionalidade da consciência humana. Vários filósofos fizeram parte dessas pesquisas.

Na psicologia e psiquiatria, estudado por Sigmund Freud com a psicanálise, através dos estudos sobre a histeria, Carl G. Jung e outros o seguiram, Karl Jaspers com a psicopatologia. E a parapsicologia o estudo de alegações de origem supostamente sobrenatural associados à experiência humana.

O pioneiro nos estudos das crenças religiosas dos afrodescendentes no Brasil, Nina Rodrigues, legista e psiquiatra, fez um estudo sobre possessão e histeria nas religiões afro-brasileira. Quero lembrar que Allan Kardec perguntou aos Espíritos se os médiuns, na hora das manifestações, permaneciam num estado especial. Os Espíritos responderam que estavam numa espécie de "crise", tanto que isto gerou o termo "crisíaco".

Mas naquele tempo, a psicologia ainda não usava o termo "transe", que é uma corruptela de uma situação "transacional", que passa de um estado para outro, no caso, de um estado mental. Hoje se sabe que o chamado "transe" é um estado alterado da consciência, onde há dissociação psíquica, que pode ser superficial (consciente), hipnogógico (semiconsciente) e profunda (inconsciente).

TRANSE MEDIÚNICO: Estado alterado de consciência caracterizado por uma dissolução parcial dos limites do ego, concomitantemente a uma profunda identificação com outra consciência (extracorpórea), a qual irá se manifestar através do corpo físico do médium. (Segundo GROF – 1994). O transe mediúnico seria um entre os muitos tipos de estado alterado de consciência, onde duas consciências (uma corpórea e uma extracorpórea) se fundem numa só, de comum acordo e com finalidades específicas.

JÁ NO TRANSE PARA ORIXÁ: Os olhos se abrem, mas não suportam a luz forte, as pupilas estão anormalmente dilatas ou contraídas. O uso da palavra é limitado a alguns sons indistintos, a expressão do rosto é ausente, atônita. O pulso e o ritmo cardíaco podem estar acelerados ou lentos demais; a respiração é instável, a deglutição é muito difícil e a diurese é suspensa. A sensibilidade tátil não desaparece, mas a sensação de dor está ausente. Esse é o conjunto de sensações e reações característico de uma pessoa, a quem o Orixá tomou posse do corpo. A duração do transe é sem tempo determinado, pois há modificação das condições fisiológicas, inibindo funções essenciais como a deglutição e a diurese, gera um desgaste físico intenso, que não permite um transe de longa duração.

O transe para com o Orixá é diferenciado do transe da incorporação de Entidades da Umbanda, pela definição de cada um podemos perceber a diferença. O Orixá no Candomblé não é santo cristão, Ogum não é São Jorge, Iemanjá não é sereia. Não é Espírito, nem Entidade. Na África, o culto a Orixá é regional, sendo que cada cidade cultua fortemente um Orixá e todos daquela cidade são iniciados para aquele mesmo Orixá, sejam homens ou mulheres.

Orixás são vibrações de magnetismo energético que atuam mais fortemente em certos ambientes da natureza (cada Orixá representa uma força da natureza). Orixá é a própria natureza. São as Divindades que influenciam, através de suas irradiações, a vida de todos os seres. Influencia esta que se percebe através da glândula Pineal, que adquire uma nova função de interconexão com estes campos energéticos mais ativos. Quando nos interconectamos com Eles (Orixás), não só sentimos mais proximidade, como também, mais gradualmente, teremos mais conexão entre todos os nossos sentidos, incluindo nossas memórias e esclarecimentos de vida, propósitos e caminhos de experiência.

Diferente da entidade de Umbanda, Orixá não é um espirito que teve uma passagem conosco em outras vidas, hoje não reencarna mais e nos usa através dos pontos de força para a comunicação e a prática da caridade, auxiliando aqueles que lhe pedem ajuda. Não se incorpora Orixá, porque ele não vem de outras dimensões e se agrega ao nosso corpo, Orixá é seu princípio de existência, portanto não é algo externo que chega, e sim algo interno que com o processo da iniciação desabrocha.

Logo podemos sintetizar dizendo que o transe com entidades de Umbanda é mediúnico e acontece para que exista uma comunicação oral efetiva entre os espíritos manifestados e as pessoas que ali estão. Trata-se da tradicional incorporação, aonde o corpo astral da entidade interpenetra o corpo astral do médium. Como a palavra mesmo define, soma-se ao médium o conhecimento e habilidades da entidade, enquanto no transe existe uma ocupação onde Orixá usa o corpo e os sentidos do médium (Elegum).

Trata-se de um fenômeno da natureza sem nada de sobrenatural. De suma importância ressaltar que a mediunidade não é propriedade dos espíritas, ou seja, não foi inventada por Allan Kardec — os Decodificadores do Espiritismo como muitos ainda creem. Seria como afirmar perante a ciência que o inconsciente é propriedade dos psicanalistas, dado ao fato de Sigmund Freud — O Pioneiro da Psicanálise, ter estudado o inconsciente, assim como o Ego (centro da consciência) e o Self (si mesmo) não são propriedade exclusiva de Carl Gustav Jung. 


Autor desconhecido


Fonte pesquisa:
» UMBANDA – Apostila Comunidade da Pedra Branca
» Umbanda e Neurociências: a influência dos estímulos sensoriais do ritual
na indução do transe mediúnico, Carlos Augusto Trinca Morini, PUC-SP
» O LIVRO DOS ESPÍRITOS - por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires Índice Geral outubro 13, 2007 por Liz Bittar
» MECANISMOS DA MEDIUNIDADE - Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. 11º livro da Coleção. “A Vida no Mundo Espiritual”. Ditado pelo Espírito. André Luiz





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17/04/2022

Orixás


Muito temos estudado ao longo do tempo sobre os Orixás e ainda muita dúvida existe a respeito do tema em questão. A palavra Orixá significa ORI: Alto, cabeça ou o que está em cima e IXA: Luz, iluminado, assim podemos interpretar que ORIXÁ significa “AQUELE QUE ILUMINA NOSSOS PENSAMENTOS”

Os primeiros registros do culto aos Orixás têm como referência a África, berço da cultura negra tão oprimida pelo histórico da escravidão. Lá, diferente do que vemos aqui no Brasil, os Orixás não eram tão humanizados como notamos nos dias de hoje e a ritualística envolvendo os mesmos era disciplinada e mantida na cultura de tradição, ou seja, passada pelos antepassados sucessivamente aqueles que os precederiam em sua jornada religiosa.

Como citamos acima, reparamos nos dias de hoje muitos desejando serem donos da verdade suprema e vale lembrar que no que tange a lei divina o homem e o próprio meio onde vive está sempre em plena evolução, digo isso pois o sentido sagrado dos Orixás ficou muito comparado ao meio onde o ser vive, atribuindo-se a qualidade do Orixá ao temperamento emocional de seus supostos “filhos e filhas”.

Como exemplo podemos citar: “Sou briguento por ser filho de Ogum” ou ainda “As mulheres que choram por qualquer coisa tendem a ser filhas de Oxum” e por ai vai colocando algo sagrado na condição do profano infelizmente, mas isso se dá devido a falta de compreensão e estudo detalhado dos cultos e principalmente da qualidade dos Orixás, além claro do preparo dos médiuns despreparados que ingressam em determinadas casas que não apoiam o estudo da Umbanda.

Orixás, antes de mais nada, são qualidades divinas, ou seja, ligadas a Deus e nestas qualidades se destacam sete, que são cultuadas no movimento Umbandista. São elas: A Fé, o Amor, o Conhecimento, a Justiça, a Lei, a Evolução e a Geração divina. Cada uma destas qualidades compõem uma força ligada a determinada função energética que Deus exerce sobre o homem e toda criação divina.

Quando falamos de fé lembramos de Oxalá, que rege a crença de cada um em sua jornada evolutiva, não adianta desejarmos algo se não acreditamos que podemos alcançá-lo, da mesma forma, não adianta estarmos ligados a um credo religioso se não aprendemos a crer ou a acreditar. Oxalá rege a ligação entre o homem e Deus, é aquele que nos estimula a encontrarmos Deus dentro de nós mesmos, a não desistirmos diante dos obstáculos da lei do carma natural, isso se chama fé. Oxalá tem atuação em nosso chacra coronário.

O Amor divino é regido por Oxum, ainda pouco compreendido, não nos referimos ao amor carnal, ou seja, entre homens e mulheres, mas sim, ao amor universal, onde compreendemos que somos todos irmãos e como irmãos, Oxum desperta em nós o senso de solidariedade, de perdão, de compaixão pelo nosso semelhante, Amor que “cobre a multidão dos seus pecados”, Amor que nos renova as forças e sempre nos dá esperanças de um novo recomeçar. Oxum atua sobre nosso chacra cardíaco.

Oxóssi, é o sustentador natural da vegetação, que nos remonta à cura divina, na natureza encontramos uma grande variedade de forças energéticas que ainda desconhecemos, atuando a mesma tanto para cura de nosso corpo físico, quanto espiritual. Na natureza também encontramos um campo energético absorvedor natural das cargas nocivas das “formas pensamento” geradas pelos seres em desequilibro tanto encarnados como desencarnados. Por reger nosso chacra frontal, Oxóssi também atua em nosso pensamento e eventualmente estimula o nosso aprendizado em geral.

Xangô podemos de forma simples interpretar como o aplicador da Justiça Divina ou, ainda, a lei de causa e efeito a que todos nós estamos expostos pelos nossos atos e pensamentos. Se “não cai uma folha de uma árvore, sem que Deus o saiba”, Xangô vigia nossos passos dando através das leis de Deus um direcionamento em nossas vidas. Tiramos como exemplo Moisés quando recebeu do alto os 10 mandamentos, ali se balizava a Justiça de Deus dando direcionamento para o homem alcançar sua evolução. Xangô vibra sua força através de nosso chacra umbilical.

Ordenação é a qualidade regida por Ogum, ou seja, na criação divina tudo tem tempo e hora certa para acontecer, nada vem quando desejamos, mas sim, quando estamos preparados e para nos encontrarmos preparados tudo tem que estar em ordem. Ogum também atua na organização energética de nosso planeta envolvendo as matas, os rios, os mares, ou seja, tudo o que foi criado por Deus. Cada coisa está em seu devido lugar, esta energia que ordena e organiza todos os eventos da criação e das criaturas chama-se Ogum. O chacra Laríngeo é regido por Ogum.

Evolução, ou passagens de níveis vibratórios são regidos por Omulu, ainda tão mal compreendido dentro da Umbanda, sendo comparado com o Orixá das doenças e pestes, por ter seu campo de forças no cemitério. Quando falamos de morte, não podemos ter nossa mente voltada somente para morte física, mas sim para morte ou anulação de inúmeros defeitos que trazemos em nossos espíritos e que através da bênção da reencarnação temos oportunidade de corrigi-los. Omulu, é a força divina que nos estimula a evoluirmos sempre, aumentando assim nosso padrão vibratório. Vale lembrarmos que a doença também é uma oportunidade de crescimento para o ser, pois a dor transforma. O chacra que é estimulado por Omulu é o chacra esplênico.

A Criação Divina é regida por nossa mãe Iemanjá, um dos Orixás mais festejados na Umbanda. Gerar, dar vida, esta é uma das funções de Iemanjá, pois a criatividade, desde a criação do mundo, envolve o ser. Encontramos esta força divina atuando no meio científico, acadêmico, humano e religioso. Para mudar opiniões são necessárias palavras novas e para gerar palavras novas é preciso ter inspiração divina, fator que é regido por Iemanjá. Tem seu campo de forças nos mares, pois lá se desenvolvem um infinito ciclo de vida. O chacra estimulado por Iemanjá é o básico.

Vale lembrar que existem duas qualidades de Orixás:

ORIXÁS MAIORES, ou seja, a qualidade geradora divina, que nunca incorporam em médium algum;

ORIXÁS INTERMEDIÁRIOS, ou seres manifestadores destas qualidades divinas, que atuam dentro da vibração do Orixá Maior e, sim, estes são os que se manifestam nas Engiras de Umbanda.

O sincretismo religioso não veio da África, mas sim foi criado no Brasil através do movimento de Cabula, oriundo dos negros que eram obrigados a participarem da missas dominicais e que através das imagens católicas nos altares encontraram semelhanças com as qualidades dos Orixás.

Orixá não tem forma, é energia. As imagens que vemos nos altares são pontes de ligação vibratória para aqueles que ainda precisam de referência energética para se ligarem ao divino. Dentro deste sincretismo encontramos:


OXALÁ, sincretizado com JESUS CRISTO

OXUM, sincretizada com NOSSA SENHORA DO CARMO

OXÓSSI, sincretizado com SÃO SEBASTIÃO

XANGÔ, sincretizado com SÃO JOÃO

OGUM, sincretizado com SÃO JORGE

OMULU, sincretizado com SÃO ROQUE

IEMANJÁ, sincretizada com NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

IANSÃ, sincretizada com SANTA BÁRBARA

(Pode haver variação de acordo com a Região)


Com este breve estudo, esperamos de forma simples termos esclarecido um pouco mais sobre o tema Orixás e, também, assim esperamos, quebrar certos preconceitos, lembrando que o estudo é base fundamental dentro de qualquer religião.

Géro Maita



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04/04/2022

O que eu Faço no Terreiro

O que Eu Faço no Terreiro


O TRABALHADOR UMBANDISTA chega ao terreiro, cumprimenta o Exu da tronqueira e o da porteira bate cabeça no gongá, arruma suas coisas no seu devido lugar e vai ver se tem alguma coisa para ser feita. Procurar ver se está tudo em ordem, se falta papel ou sabão nos lavatórios, verifica se tem água nos bebedouros, se é necessário passar uma vassoura ou passar um pano com água e rodo para deixar limpo o local de trabalho, ou seja, se coloca à disposição de sua casa. Afinal, ela deve estar limpa e dignamente firmada, pois neste dia receberá a visita dos Orixás e Guias. Os enviados de Olodumaré (Zambi, Deus) virão à terra para aplacar as nossas dores, abrir nos nossos caminhos, curar as nossas doenças, retirar um pouco do nosso carma negativo.

Mas, para que isso ocorra, nós temos que estar em sintonia, não somente nosso corpo deve estar limpo, nossa alma deve estar satisfeita, pois seremos a ponte entre o sagrado e o profano, ou seja, os enviados de Olodumaré utilizarão de nosso corpo para fazer a comunicação com nós e nossos irmãos que se socorrem da espiritualidade em busca de uma resposta para as suas dores e problemas.

Mas, ao contrário do que foi dito acima, muitos médiuns chegam ao terreiro cumprimentam o Exu, bate cabeça no gongá e, imediatamente, vão fofocar com outras pessoas, falando e reparando roupas, cabelos, pessoas que estão no terreiro. Falam sobre a vida alheia, até o momento em que o chefe de terreiro os chama para a gira. Ele, o médium, simplesmente entra na fila e pronto: “Agora, estou apto a fazer a minha parte na caridade da umbanda”.

Era melhor que essa pessoa tivesse ficado em sua casa assistindo à novela ou fosse passear no shopping, pois a sua participação nos trabalhos será nula. Tudo de bom que ela poderia proporcionar foi sobreposto pela maledicência da fofoca, pela maldade dos comentários pejorativos sobre seus irmãos ou frequentadores do terreiro.

O pior (tem coisa pior sim) é que essa pessoa é a primeira a falar que a umbanda é ingrata, pois ela sai de sua casa para fazer a caridade e nada mudou na sua vida. Suas dificuldades financeiras, amorosas familiares somente aumentaram a partir do momento que entrou para a macumba.
Como explicar para uma pessoa assim o tempo que ela perdeu vivendo ou reparando a vida dos outros?

Como explicar que esse tempo ela deveria ter gasto com ela, se sentado no solo e pedido ao seu orixá, ou ao orixá do terreiro, que olhasse com carinho as suas dificuldades, que abrisse seus caminhos, que lhe trouxesse um amor de verdade, pois estava cansada de viver sozinho (a)?

Como dizer à pessoa que o momento que antecede os trabalhos é quando mais recebemos cargas positivas de energias de nossos guias e protetores? São nesses momentos que nossos chacras ou centros de forças são alimentados com o melhor que eles podem nos proporcionar. Mas se estamos dispersos ou em baixa sintonia essa energia não nos será ofertada, porque haverá uma barreira natural que se interpõe entre nós e nossos protetores.

Geralmente, os dirigentes espirituais pedem para os médiuns chegarem cedo ao trabalho, em média, uma hora antes do início marcado para a sessão, justamente para que o corpo esfrie e nossos centros de forças se tornem aptos a receber as cargas positivas que nos serão ofertadas.

Senhores e senhoras que trabalham na umbanda, deem a oportunidade para que seus guias e orixás cuidem de vocês. Acalmem seus espíritos, eleve seus pensamentos, feche a sua boca e controle a sua língua. Garanto que muita coisa boa começará a acontecer quando, simplesmente, você fizer a sua parte ao chegar no terreiro, sentar e pedir ao seu guia que lhe ampare e abra seus caminhos.

Orixá ajuda de verdade, acredite, somos trabalhadores da luz, merecemos caminhos melhores, mas para que isso ocorra temos que começar a mudar de verdade.

Salve cada um dos senhores que trabalham na umbanda, meu sincero saravá.


Roberley Meirelles








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30/03/2022

Conversa com Preto Velho

Conversa com Preto Velho


"A sua bênção Vozinho! Bom dia!


Receba aqui seu cafezinho! Vou lhe acompanhar tomando o meu.

Hummm, tá muito bom! Sei que o senhor não vai beber, mas se o gosto está bom, imagino que a energia esteja melhor ainda!

Sabe Vô, não posso te ver, mas eu sei que o senhor pode me ouvir, não quero lhe atrapalhar, sei que o trabalho está pesado e não quero tirar a vez de quem não tem um corpo material, com meus lamentos e dúvidas. Muitas almas recorrem a ti neste momento.

Eu só queria mesmo era agradecer. Agradecer por mesmo com todo esse caos no mundo, ainda poder encontrar o acalanto dos seus conselhos através da intuição.

Sei que quando durmo, a gente conversa bastante enquanto trabalhamos e é por isso, eu sei, que acordo com a força necessária para enfrentar um novo dia.

Sei também que, às vezes acordo e parece que nem dormi. Trabalhamos pesado!

O "vento" me sopra: "Reza e faz um banho de ervas!"

Eu obedeço e tudo melhora.

E assim vou levando os meus dias.

Quero lhe contar, eu sei, o senhor sabe...rs, que eu estou aprendendo muito com tudo isso.

Nenhuma viagem foi tão importante quanto esta que faço hoje, dentro de mim.

Aprendi a ficar contente quando não te sinto por perto, pois sei que é porque já posso dar pequenos passos sozinho e que se eu cair, o senhor correrá pra me amparar. Obrigado por confiar no meu crescimento.

Eu quero dizer, enquanto tomo esse cafezinho com o senhor, que eu vou ficar bem, e devo isso ao senhor e todos os meus bons amigos espirituais.

Dia desses me pediram um conselho e eu sofri, quase chorei pensando: "Como fazer, se estou sozinho?" Mas bastou surgir a vontade verdadeira de ajudar, o desejo de tratar aquela ferida aberta no peito do meu irmão, que eu pude sentir o senhor. E foi o melhor conselho que eu poderia ter dado. Também sei, não fui o autor. E por isso agradeço. Eu não poderia ter feito melhor.

Muitas coisas mudaram vozinho, muitas ainda mudarão, apenas uma continua igual: a fé que me sustenta depois de aprender que é no meu coração que Deus faz morada.

Quando o terreiro voltar, vamos ter muito trabalho e talvez nem dê tempo para tomar um cafezinho. A evolução é individual, mas é no coletivo que ela vai florescer! Tenho fé de que será melhor! Teremos mais irmãos conscientes de suas missões, procurando por um caminho de luz, luz essa, que eu encontrei no seu colo e poderei com toda certeza afirmar que é o caminho certo: o do amor. Ainda que, o que os levem a buscar um terreiro seja a dor.

E terei esses dias, como o de hoje, para me lembrar do cheiro e do gosto de uma lenta e boa prosa.

Agradeço por mais essa conversa

Um bom dia de trabalho e do Trabalhador, para o senhor também..."

Um arrepio responde:

"ㅡBom dia meu filho. Agradecido. Que Zambi abençoe."


E você? Já conversou com o seu Preto Velho hoje?

Jackelline Furuuti 




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19/03/2022

Umbanda: Respeito à Diversidade

Umbanda: Respeito à Diversidade


É comum presenciarmos irmãos Umbandistas falando: – “o meu terreiro pratica a Umbanda Pura”; ou –“o meu centro pratica a Umbanda esotérica”, ou tantas outros nomes utilizados para diferenciar os diversos rituais existentes dentro do movimento umbandista.

A diversidade presente na Umbanda é fruto de sua proposta universalista. Ela estrutura-se a partir de três pilares principais, os quais sejam a matriz africana, a matriz indígena e a matriz européia, abarcando conceitos e práticas advindos destes e fundindo-os em suas células para formar um ritual próprio. 

A maneira com que cada Terreiro/Tenda/Centro organiza esses três pilares básicos é muito particular: existem terreiros que pendem para os rituais africanos, praticando o que chamamos Umbanda Traçada, Omolokô, “Umbandomblé?; outros pendem para as práticas indígenas, se aproximando muito do Toré, das religiões com forte influência nativa do Norte do Brasil, inclusive em certas ocasiões fazendo-se uso da famosa ayahuasca; já outros aproximam-se do kardecismo europeu, daí decorrendo boa parte de seus rituais. Há ainda os terreiros que combinam igualmente, duas ou até mesmo as três matrizes. Ou seja, há “n” formas de se cultuar a Umbanda, partindo apenas desse pressuposto inicial.

Não bastasse toda essa diversidade, ao longo dos anos, devido a própria capacidade receptiva que a Umbanda possui, outros aspectos foram incorporados à ela. A Umbanda pode ser influenciada pelo Taoísmo, pelo Budismo, pelo Hinduísmo, pela Corrente da Fraternidade Branca, pela Projeciologia, enfim, por uma variada gama de religiões.

Surgem as mais diversas correntes, escolas, doutrinas que explicam a Umbanda de maneira diversa. A Umbanda não tem um chefe, um líder, que diga como deve ser cultuada; seus líderes são os guias, os espíritos, que cuidam e dirigem nossos terreiros.

Contudo, apesar de ser tão diversa, apesar de ser influenciada por tantos aspectos, a Umbanda, em todas estas vertentes, apresenta características comuns: é a famosa unidade na diversidade. A essência da Umbanda é a mesma! Como se diz, “Umbanda é Umbanda”, não importando se é Umbanda Omolokô, Umbanda Branca, Esotérica ou qualquer outra denominação que se der. Se guiada por espíritos de luz, comprometidos com o Cosmos, se voltada à caridade, se faz bem àqueles que a procuram, se há incorporação de caboclos, pretos-velhos, etc., é Umbanda. Quem pode dizer que a Umbanda mais ligadas aos cultos de nação não é Umbanda? Quem pode dizer que a Umbanda mais afim aos preceitos orientais não é Umbanda? É justamente essa “unidade na diversidade” que vai caracterizar a Umbanda e também nos mostrar que ela é uma religião com características próprias e rituais comuns, a diferenciando de outras religiões.

E qual será o motivo disso tudo? Porque a Umbanda é tão variada?

Bom, isso é uma reposta que somente o Alto e os guias podem nos oferecer. O máximo que podemos fazer são suposições. Seria talvez para abarcar o maior número de pessoas? Ou para uma possível unificação de todas as religiões num momento ulterior?

Ainda não sabemos. O que se sabe é que, sendo uma proposta que vem do Alto até nós, deve ser reconhecida e respeitada. E é justamente essa consciência de “respeito” que deve aflorar primeiramente entre nós.

Como queremos codificar a Umbanda se não há ainda o respeito devido entre seus integrantes? Como queremos codificar a Umbanda se há preconceitos, se há disputas, se há vaidade em seu seio? Assim procedendo, formular-se-á o Código de UMA Umbanda e não o Código da Umbanda.

Penso que o mais importante a fazer é deixar A Umbanda seguir seus rumos pelos próprios pés; nós fazemos a nossa parte, ajudando os guias, praticando a caridade, aplicando a cada dia uma reforma íntima em nosso corpo e alma, respeitar cada forma de se cultuar nossa religião. Eles fazem a deles. E se um dia for necessário uma Codificação, que ela parta do Alto e não de Baixo, porque, cá entre nós, “lá em cima” há um pouco mais de Amor e Sabedoria em cada coração umbandista.

Diego Jörgensen



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13/03/2022

Caboclos e Caboclas

Caboclos e Caboclas


São geralmente espíritos de civilizações primitivas, tais como índios: Íncas, Maias, Astecas e afins. Foram espíritos de terras recém formadas e descobertas, eles formaram sociedades (tribos e aldeias), com perfeita organização estrutural, tudo era fabricados por eles, desde o cultivo de alimentos até a moradia.

Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos da terra, além de sua utilização.

Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham “incorporados” a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca de sua elevação espiritual.

São subordinados aos Orixás, o que lhes concede uma força mestra na sua personalidade e forma de trabalho, igual aos Preto-velhos.

Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia, estamos nos referindo a sua forma de trabalho.

Costumam usar durante as giras, penachos e fumam charutos. Falam de forma rústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas danças muita beleza, própria dessa linha.

Seus “brados”, que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representam quase uma “senha” entre eles. Cumprimentos e despedidas são feitas usando esses sons.

Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem pertencer. Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:

Caboclos da mata – Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram contato com elas.

Caboclos da mata virgem – Esses viveram mais interiorizado nas matas, sem nenhum contato com outros povos.

Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros. Mais ainda existe as particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.

A primeira é a “especialidade” de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros, guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.

A segunda é diferença criada pela “força da natureza” que os rege. É o Orixá para quem eles trabalham.

Para nós da Umbanda, é importantíssimo saber que a “personalidade” de um caboclo se dá pela junção de sua “origem”, “especialidade” e “força da natureza” que o rege.

E é nessa “personalidade” que centramos nossos estudos. Assim como os Preto-velhos, eles podem dar passe, consulta e correntes de energização ou participarem de descarrego, contudo sua prática da caridade se dá principalmente com a manipulação.

Quando falamos em manipulação, estamos nos referindo desde preparo de remédios feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral até manipulação física, como por rezar “espinhela caída”.

Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia. Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer remédios naturais.

Como são espíritos da mata propriamente dita, todos recebem forte influência de Oxossi, no sentido apenas do conhecimento químico das ervas, independente do Orixá que trabalhe.

São espíritos que também trabalham muito com passe. Acreditamos ser pela facilidade de locomoção, já que normalmente trabalham em pé.

São também bastante necessários na hora de um descarrego, pois conseguem acoplar no médium em qualquer posição.

Os chefes dos povos se denominam “chefes dos Orixás”, sendo que são chamados “chefes de falange” ou “falangeiros”. Os chefes e todos os integrantes de cada linha vem em representação do Orixá que os manda, atuando como este e trabalhando do mesmo modo, apesar de terem diferenças entre si, dependendo do tipo de “falange” a que pertencem.

CABOCLOS DE PENA E DE COURO

Falar de Caboclos é uma tarefa bastante agradável, ainda que extensa e difícil, pois existem tantos que seria uma grande leviandade, declararmos conhecer a todos. Inicialmente é importante conhecermos uma diferenciação que se faz entre eles. Os Caboclos de Couro e os de Pena. Caboclos de Couro, são os Boiadeiros, e os de Pena são os Índios. Ainda tem os Caboclinhos, que são índios meninos, muito comuns no Nordeste do Brasil.

Muito se fala a respeito de que tipo de espíritos poderiam ser os Caboclos, Pretos-Velhos, etc… Seriam mesmo índios? Ou em relação aos Pretos-Velhos, seriam somente negros ou escravos?

O trabalho da caridade espiritual é muito grande e não caberia somente a esta ou aquela qualidade de espíritos praticá-la. Se nas falanges de Caboclos ou em outra qualquer, não se manifestarem somente espíritos daquela classe, isso não muda em nada sua força. E qualquer espírito que se aproxime ou que lhe seja determinado trabalhar naquela determinada linha vibracional, às características da falange deverá se amoldar.

Isso se aplica a qualquer qualidade de espírito. Até mesmo aqueles que em suas vidas pretéritas tenham convivido em camadas sociais diversas, podem depois de desencarnados trabalharem em qualquer falange, mas para isso moldam-se a ela utilizando-se da roupagem característica dela.

Já imaginaram um Caboclo manifestado de paletó e gravata, dando consultas com um lap top?

O que quero dizer é que as falanges de Caboclos, são mesmo índios, ou no caso dos Caboclos de Couro, são boiadeiros, vaqueiros, trabalhadores do campo. Entretanto, não é impossível a outros espíritos que viveram em outras classes sociais, aproximarem-se, por gosto ou determinação superior, às características da falange em questão e passarem a praticar a caridade, assim como, a perseguir a elevação espiritual, dentro daquelas características. A evolução de cada entidade se dá mais pelo trabalho que pratica, pelo bem que alcança e dirige a quem necessita, do que pela maneira como se manifesta, fala ou se veste.

Assim sendo é muito mais importante nos aproximarmos da figura que a entidade nos proporciona, do que ficarmos procurando uma maneira de investigar e determinar o que não nos é devido.

Os Caboclos são entidades fortes, viris. Alguns tem uma dificuldade muito grande de se expressar em nossa língua, sendo normalmente auxiliados pelos cambonos, que são filhos da casa, normalmente iniciando seus desenvolvimentos ou alguém que não tenha a mediunidade de incorporação. São sérios, mas gostam de festas e fartura. Dançam muito e gostam de cantar também. Bebem vinho, cerveja, ou a macaia que é uma mistura de ervas. Fumam normalmente charutos, mas alguns Boiadeiros fumam o palheiro, que é um cigarro feito de palha de milho com fumo de corda ou rolo ou até mesmo cigarros normais.

Os Caboclos, embora comandados por Oxóssi, Orixá da caça, que na Umbanda é louvado como rei das Matas, estão sempre ligados a um determinado Orixá e mantém suas características, de alguma forma ligada a esse Orixá. As Caboclas normalmente estão ligadas a Orixás femininos.

Os Caboclos de couro – Boiadeiros – são alegres e festeiros, são bem mais descontraídos e extrovertidos que os Caboclos de penas. Gostam de música, alguns gostam de samba, cantam toadas que falam em seus bois e suas andanças por essas terras de meu Deus. Os Boiadeiros também são conhecidos como ” Encantados “. Eles não teriam morrido para se espiritualizarem, teriam sido encantados e se transformados em entidades especiais.

Os Caboclos de Pena são exímios na arte de curar e na limpeza espiritual, são profundos conhecedores das ervas medicinais e de suas propriedades espirituais, assim como suas propriedades terapêuticas para o tratamento de muitos males. São grandes passistas e os resultados de seus trabalhos aparecem muito rapidamente. Gostam muito de crianças e se entristecem muito com o mal tratamento dispensado a elas por maus pais.

Gostam muito de frutas, plantas e flores e suas festas devem ser bem ornamentadas pelos Zeladores de santo, que tem neles uma barreira muito grande contra os males de natureza material e espiritual. A ornamentação não precisa ser suntuosa, pois são entidades bastante simples, mas flores e folhas compõem arranjos que os deixam muito satisfeitos.

Nas matas, cachoeiras, praias, rios, montanhas, sempre haverá a presença de um Caboclo, assim como entre as plantas e animais: Mata Virgem, Sete Cachoeiras, Sete Montanhas, Caboclo Arruda, Caboclo Guiné, Cobra Coral, Sucuri, Jibóia; Os ligados diretamente aos Orixás, Caboclo Rompe Mato ( Ogum/Oxosse), Caboclo da Pedra (Xangô); aos ligados às forças da natureza, Caboclo Ventania, Sete Cachoeiras; aos ligados às atividades nas florestas, Caboclo Caçador, Flecheiro; aos ligados ao desmanche de feitiços, Serra Negra; aos ligados às cores, Caboclo Roxo; às tribos, Caboclo Tupi, etc… Em suma, sempre haverá um Caboclo ligado a qualquer área da natureza para nos proteger e auxiliar. Saravá Caboclo, Saravá toda a Macaia. Saravá Jurema, Jupira, Jandira, Iara, e tantas outras Caboclas maravilhosas que enfeitam os rios, as serras com sua beleza e força e nas festas bradam e dançam, mostrando a feminilidade indígena, inocente, feliz, mas forte. Grandes trabalhadoras da seara de Oxalá. Okê Caboclo, Okê!

Esses são os Caboclos de pena! As características dos de couro são bastante diferentes, mas que não modificam suas intenções na prática do bem e da caridade. Os Boiadeiros também apresentam diversidades de manifestações. Boiadeiro menino, Boiadeiro da Campina, Boiadeiro Bugre, Boiadeiro do Sertão e muitos outros tipos.

São cantigas muito alegres, tocadas num ritmo vibrante, enquanto os Boiadeiros se esbaldam nas festas a eles consagradas. São porém grandes trabalhadores e defendem a todos das influências negativas com muita garra e força espiritual. Possuem enorme poder espiritual e grande autoridade sobre os espíritos menos evoluídos, sendo tais espíritos subjugados por eles com muita facilidade.

Boiadeiros gostam de cerveja, vinho, fumam charutos, cigarros de palha, ou mesmo cigarros comuns, alguns tomam cachaça com mel, vinho puro ou com mel, usam chapéus de couro, rebenques ou laços, alguns tocam berrante. É tal e qual se poderia presenciar no homem rude do campo. Durante o dia debaixo do calor intenso do sol ele segue, tocando o gado, tratando, marcando. A noite ao voltar para casa, o churrasco com os amigos e a família, um bom papo, ponteado por um gole de aguardente e um bom palheiro, e nas festas um arroubo de alegria.

Assim se manifestam os Caboclos, onde quer que sejam chamados. Algumas casas adotam determinadas doutrinas que lhes tolhem um pouco as características. Não lhes permitem fumar ou beber e se mesmo assim, humildemente, aceitam as condições da casa é por que é maior o desejo da caridade, do que mostrarem-se como realmente são.

Isso não diminui nem seus trabalhos nem a capacidade da casa, muito menos deprecia tal doutrina. No entanto é muito importante que os respeitemos da maneira que se apresentem, sem que queiramos por nossas variações sociais, determinar suas procedências ou negar suas qualidades.

Autor desconhecido




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