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09/08/2019

Orixá e o Silêncio



Cadê ?
Onde está?
Rezo, oro, canto e louvo.
E nada
Simplesmente nada.
Nem uma resposta, nem um auxílio.
Pra que a fé, se nada muda?
Pedi a Orixá e nada aconteceu.
Faço tudo certo.

Dou flores, comidas, velas e o meu clamor.
Mas parece que nada é suficiente para eles.
Penso em desistir
Em mudar de religião.
Ou então não crer em mais nada...

Mas é nesse momento que Orixá me responde:
Do que adianta tantas velas acesas?
Se sua fé já está apagada?

Do que adianta pedir, pedir, pedir.
E nunca agradecer?

Do que adianta desistir da sua religião.
Se sem fé religião alguma não lhe ajudará?

Filhos e filhas....
Não esperamos que vocês nos compreendam.
Só esperamos que vocês confiem!

Querem força?
Lhes traremos a oportunidade de vocês aprenderem a serem fortes!

Querem emprego?
Lhes daremos a oportunidade de vocês correrem atrás e conquistarem seus objetivos!

Querem amor?
Lhes traremos a oportunidade de vocês aprenderem a amar a si e aos outros!

Viver para ORIXÁ não é ter uma vida na bandeja.
Com tudo pronto.
Tudo perfeito.

Viver para Orixá é aprender a viver a vida como ela é .
Com altos, baixos, dores, perdas, alegrias, tristezas e vitórias.

Não é uma vida fácil.
Mas é uma vida verdadeira.

Autoria desconhecida







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Para ser um Bom Médium

Para ser um bom médium


Há médiuns que são mais evoluídos que outros e esse fato se dá porque cada um tem seu estágio de evolução individualizado e diferenciado, e isso deve ser respeitado sem que sejam emitidos pareceres, criticas e julgamentos. E, que fique muito claro que o médium bom verdadeiramente, não é aquele que se comunica facilmente com o plano espiritual, mas sim aquele que a sua conduta moral mais se assemelha aos espíritos evoluídos na prática do bem.

Para que os espíritos desencarnados se manifestem e operem com suas obras e feitos, imprescindível será a presença do médium em equilíbrio, eis que este é o que servirá de intermediário entre o visível e o invisível, entre a Terra e os demais planos, e a ele caberá a doação de fluidos energéticos para que ocorra a comunicação e os fenômenos entre encarnados e desencarnados.

Logo, cabe ao médium Orar e Vigiar, esse é o primeiro degrau da escada que dará acesso ao início do desenvolvimento, pois somente assim será possível manter-se o equilíbrio em pensamentos e atitudes, assim estará conectado e vibrando positivamente, atraindo para si e para todo seu entorno energias boas e espíritos benévolos. Mais importante que se afinizar com as energias superiores, é o desenvolvimento das suas qualidades pessoais e a reforma íntima diária, afinal, somos seres em constante aperfeiçoamento e desenvolvimento.

Sabedores que a imperfeição humana é latente nos habitantes deste plano, devemos como médiuns equilibrados cuidarmos só, e somente só, de nossas vidas, eis que somos espíritos individuais, e na escola da vida, somente nós podemos passar pelas provas, nossos pais, filhos, amigos e parentes não fazem nossas provas da vida, nem mesmo as escolares, e não aprendem por nós. Somos individuais, aceitemos esta condição de sermos por nós e para nós, sem que com isto sejamos egoístas, tenhamos a humildade de entender o que está sendo posto, e assim poderemos subir o segundo degrau para o início do desenvolvimento.

O terceiro degrau é alcançado quando nós médiuns conseguimos nos abster dos julgamentos e comentários acerca dos comportamentos individuais de cada indivíduo, entendamos que não devemos nos preocupar com a vida e com os atos alheios, nem valorá-los, deixemos de julgar nosso próximo, devemos ter em mente que a hipocrisia de se ter a perfeição deve ser afastada, até porque o planeta é de provas e expiações, e necessária é a imperfeição humana para que haja a evolução e para que você como médium, instrumento, poder auxiliar seu próximo, pense e reflita: se não existir o problema, não haverá aprendizado, e não haverá a possibilidade de haver o auxílio espiritual, aceite e deixe de lado o preconceito, de raça, cor, opção sexual, estilo de vida, uso de vícios, e quaisquer outros, pois que cada um está no seu momento, entenda e aceite que este julgamento não cabe ao médium equilibrado, julgue-se e esqueça de falar do próximo, se assim fizer, estará no topo do entendimento para não interferir na comunicação espiritual e será um bom médium.

Fonte: Arte Folk



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Lição de Exu

Lição de Exu


Uma vez um homem muito distinto chegou no terreiro para passar na consulta .

Era gira de Exu e ele queria conversar de igual pra igual. Achava que falar com Preto Velho e Índio era coisa de gente atrasada.

Já chegou com uma bonita garrafa de Whisky e uma caixa de charutos pra "Agradar" o "Camarada" - se gabava todo.

Chegou sua vez, sentou na frente do Exu e logo soltou um Saravá como se fossem amigos a muitos anos.

Sr. Capa Preta muito cordial, mas não com cara de muitos amigos respondeu boa noite e indagou o que o homem fazia ali:

- Sabe, eu já frequento muitos terreiros, sou empresário , e até tenho um Exu que me acompanha.... Ihhhhhh quando ele encosta em mim eu bebo ! Bebo que nem vejo o que faço... Pois então eu quero uma ajuda "pros negócios" que andam meio fracos... Eu fui em outro terreiro mais achei o trabalho devagar não deu muito resultado...

Sr. Capa Preta, deu uma risada sarcástica e prosseguiu a conversa:

- Pois bem homem... Eu estou bêbado ? Embriagado ? Sem saber o que faço ?

- Hããã ... Não me parece - respondeu o homem

- Essa garrafa de bebida que você trouxe ?

- Ahhh é um agrado pra você, se não estiver bêbado é uma boa oportunidade não acha rs ? Whisky bom, envelhecido, só bebo o melhor ... E tem charutos também, não comprei esses de macumba não, comprei cubano ... Só fumo o melhor!

- Pois então - respondeu Sr.Capa Preta - Se eu estivesse bêbado, sem saber o que faço teria crédito minha conversa ?

-Se você me encontrasse na rua bêbado, fumando um charuto "cubano" atrás da rua você me pediria um conselho ?

O homem coçou a cabeça confuso ...

- Pois então Exu não é pinga, confusão, perturbação. Eu manipulo a bebida, o cigarro para espargir as larvas astrais, quebrar o que está enfeitiçado. Esse negócio de "Meu Exu" beber, e fazer trapalhadas é coisa de médium mal instruído, de gente que não conhece sua religião, de gente que põe desculpas nos seus vícios e coloca toda a culpa em nossa legião.

O homem estava envergonhado, mas Sr. Capa Preta prosseguiu:

- Essa culpa eu não carrego, meus desmandos já paguei e estou pagando, agora pagar pelos desmandos do povo da Terra, isso não vai dar não ! Exu não ataca ninguém, agimos dentro da Lei Maior e sempre guiamos para o caminho melhor, o caminho do Bem.... O resto é invenção de quem não tem o que fazer...

- Mil desculpas pela minha ignorância ! - respondeu o homem.

- Quer melhorar seu negócio ?

- Sim ! É o que eu mais quero ! - disse o homem

-Pois então trate de parar de beber, principalmente durantes as reuniões, pra pelo menos saber o que está fazendo. Se você parar de comprar essa bebida cara vai sobrar mais dinheiro no fim do mês e vai dar para levar sua mulher e filhos pra passear. E boa noite ! E boa Sorte ! - Concluiu Sr. Capa Preta.

O homem respondeu o boa noite e saiu envergonhado com a garrafa embaixo do braço e os charutos no bolso.

Algum tempo depois ele voltou para agradecer, disse que tinha parado de beber e que seus negócios e família iam muito bem.

Sr. Capa Preta limitou-se em dizer:

-Isso, é isso que um Exu faz !!!

Laroyê Sr. Capa Preta !

Fonte: Cantinho São Francisco de Assis


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30/07/2019

Nossos Umbigos

Nossos Umbigos


O terreiro de Umbanda, como um hospital de almas ou pronto socorro emergencial, recebe nos dias de sessão ou "gira" uma quantidade razoável de encarnados, mas somente os espíritos desencarnados que lá trabalham, é que podem vislumbrar a imensidão de desencarnados que se movimentam no ambiente, em busca de ajuda. Ordenados e amparados por seus tutores, chegam estropiados e com aparência assustadora, uma vez que em sua maioria representam aqueles que cansaram ou esgotaram suas forças, na vida andarilha do pós-morte do corpo físico.

Voltam a pátria espiritual e dela não tem conhecimento e sem noção da continuidade da vida, quando não, desconhecem até mesmo sua condição de espírito desencarnado e por isso continuam a sentir os desejos, ambições, gostos e dores da vida física e nesse caminho, definham suas energias.

Quando conseguem alcançar algum vislumbre de consciência de sua realidade, permitem a ajuda dos benfeitores que os encaminham a algum local sagrado, onde medianeiros encarnados possam ajudá-los através do choque anímico, permitindo o total desligamento da matéria. Neste momento os chamados Centros Espíritas e de Umbanda, tornam-se "oásis" em seus desertos e como pontes entre os céu e a terra, permitem a passagem de volta à casa.

Naquela noite chuvosa e fria, a maioria dos médiuns daquele terreiro, ressentidos pela dificuldade de deixarem o conforto dos lares, faltaram ao trabalho espiritual e o dirigente preocupado com o atendimento dos doentes que se apinhavam no espaço que dia-a-dia se tornava pequeno, ajoelhou-se em frente ao congá, assumindo sua tristeza diante dos Guias espirituais. Deixou correr duas lágrimas para aliviar seu peito angustiado. Pensou em como fora seu dia e nas atribulações a que já deveria estar acostumado, mas que agora pesavam mais pela saúde que já lhe faltava. Nas dificuldades financeiras, no aluguel da casa que já vencera e nos tantos atrapalhos que ocorreram em seu ambiente de trabalho naquele dia. Sem contar na visita que viera de longe e que deixara em casa esperando pela sua volta do terreiro. Nada disso o impediu de fazer uma prece no final do dia, de tomar seu banho de ervas e seguir a pé até o terreiro, enfrentando a distância e o temporal que se fazia.

Sentia-se feliz em cumprir sua tarefa mediúnica, mas como havia assumido abrir um "hospital de almas", juntamente com outros irmãos que se responsabilizaram perante a espiritualidade em servir à caridade pelo menos nos dias de atendimento ao público, sabia que sozinho pouco podia fazer.

Pedindo perdão aos guias pela sua tristeza e talvez incompreensão em ver os descaso dos médiuns, que a menor dificuldade, escolhiam cuidar dos próprios umbigos à servir aos necessitados, solicitou que se redobrasse no plano espiritual a ajuda e que ninguém saísse dali sem receber amparo.

Olhando a imagem de Oxalá que mesmo ofuscada pelas lágrimas, irradiava sua luz azulada, sentiu que algo maior do que a lamparina aos pés da figura, agora brilhava. Era uma energia em forma de fios dourados que se distribuíam, a partir do coração do Cristo e que cobriam os poucos médiuns que oravam silenciosos, compartilhando daquele momento, entendendo a tristeza do dirigente.

Agindo como um bálsamo sobre todos, iniciaram a abertura dos trabalhos com a alegria costumeira. Quando o dirigente espiritual se fez presente através de seu aparelho, transmitiu segurança a corrente, com palavras amorosas e firmes e nesse instante, falangeiros de todas as correntes da Umbanda ali "baixaram" e utilizando de todos os recursos existentes no mundo espiritual, usaram ao máximo a capacidade de cada médium disponível, ampliando-lhes a percepção e irradiação energética, o que valeu de um trabalho eficiente e rápido.

Harmoniosamente, os trabalhos encerraram-se no horário costumeiro e todos os necessitados foram atendidos.

Desdobrados em corpo astral, dois observadores descontentes com o final feliz, esbravejavam do lado de fora daquele terreiro. Sua programação e intenso trabalho para desviar os médiuns da casa naquela noite, no intuito de enfraquecer a corrente e consequentemente, infiltrarem suas "entidades" no meio dela, havia falhado. Teriam que redobrar esforços na próxima investida.

Quando as luzes se apagaram e a porta do terreiro fechou, esvaziando-se a casa material, no plano espiritual, organizava-se o ambiente energético para logo mais receber os mesmos médiuns, agora desdobrados pelo sono.

Passava da meia noite no horário terreno e os médiuns, agora em corpo de energia voltavam ao mesmo local do qual a pouco haviam saído. Os aguardavam, silenciosos ouvindo um mantra sagrado, seus benfeitores espirituais. Tudo estava muito limpo e perfumado por ervas e flores. Um a um, ao adentrar, era conduzido a uma treliça de folhas verdes e convidado a deitar-se, recebendo ali um banho de energias revigorantes. Quando todos já se encontravam prontos, seguiram em caravana para os hospitais do astral e lá, como verdadeiros enfermeiros, auxiliaram por horas a fio a tantos espíritos que horas antes haviam estado com eles no terreiro e recebido os primeiros socorros.

No final da noite, o canto de Oxum os chamava para lavarem a "alma" em sua cachoeira e assim o fizeram, para somente depois retornar aos seus corpos físicos que se permitia descansar no leito.

-Vó Benta, mas e aqueles médiuns que faltaram ao terreiro naquela noite, perderam de viver tudo isso?

-Nem todos zi fio! Nem todos! Dois ou três deles, faltaram por necessidades extremas e não por desleixo e assim sendo, se propuseram antes de dormir, auxiliar o mundo espiritual e por isso foram convidados a fazer parte da caravana.

- E aqueles que mesmo não tendo comparecido por preguiça, se ofereceram para auxiliar durante o sono, não foram aceitos?

-A preguiça, bem como qualquer outro vício, é um atributo do ego e não do espírito, mas que reflete neste. Perdem-se grandes e valiosas oportunidades a todo instante pela insensatez de ouvirmos o ego e suas exigências. O tempo, zi fio, é oportunidade sagrada e dele se faz o que bem quer cada um. O minuto passado, não retorna mais, pois o tempo renova-se constantemente. O amanhã nos dirá o que fizemos no ontem e esse tempo que virá é nosso desconhecido, por isso não sabemos se nele ainda estaremos por aqui servindo ou se em algum lugar, clamando por ajuda de outros que poderão alegar não ter tempo para nós, pois precisam cuidar de seus umbigos.

Assim é a vida, zi fio. Contínua troca!

Vovó Benta - Leni W. Saviscki



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O Representante dos Guias

O representante dos Guias


Se você acredita que o médium é apenas uma responsabilidade no dia da gira... você não entendeu nada do que é ser médium de Umbanda.

É muito simples no dia da gira, vestir o branco, colocar suas guias, ficar em silencio e incorporar... na verdade acho isso até robótico.

Vejo muitos filhos de Umbanda se vangloriando em ter um Orixá, dizendo sou Filho de Ogum, sou Filha de Yansa, sou Filho de Xango... tenho Pai João, Caboclo Arranca Toco, Peito de Aço... meu Exu é esse e muitos mais. Não que eu seja contra esta estima pelos guias, sou completamente a favor do Amor por Eles, acredito que tem que ter orgulho de dizer, “esse é o Meu Guia”. Mas para dizer isso, precisa existir responsabilidade, maturidade e muita dedicação. O médium é o representante encarnado dos guias, ele é quem vai mostrar e provar que reconhece e aprende os valores que Seus Guias lhe trazem e ser a manifestação Deles em terra. Isso não se mostra incorporado, se mostra no dia a dia, em casa, na família, no trabalho.

Pergunto então:

Você representa os seus guias!?

Quando lá do alto o Caboclo te olha ele diz: Esse é o meu filho!

Os seus guias tem orgulho de você?

Já dizia, "Umbanda é Coisa séria para gente séria". (Caboclo Mirim).

As atitudes morais de um médium são extremamente importantes. O que diria um Preto Velho de um médium fofoqueiro, o que diria um Exu de um médium mentiroso?

Nós, médiuns, filhos de Orixás, devemos ter a responsabilidade de carregar seres tão grandiosos em nossas coroas. Não dá mais para cair nesta conversinha que o guia é o guia e o médium é o médium. Estamos em uma busca juntos, médium e guia, existe um porquê, existe um motivo, e precisamos ser cada dia mais o que Eles esperam de nós.

Repito, Umbanda é para poucos, pois poucos entenderão que viver a Umbanda está além dos olhares.

Queiram se vestir dos guias, incorporar a verdade da vida, ser honesto e justo, para que possam se ajoelhar para Xangô e agradecer ao Pai Ogum!

Autor desconhecido



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26/07/2019

Médium Indisciplinado

Médium indisciplinado


Quando um consulente, durante uma Gira, é atendido por um Guia, aquele é um momento mágico; muitas vezes, esclarecedor, divisor de águas e decisório na vida da pessoa. E é assim que tem que ser: ISSO É UMBANDA - ajuda, amparo e orientação!

No atendimento, a pessoa enxerga aquela incorporação como a materialização da Umbanda. Para ela, o Guia é o representante da religião e o que ele fala ou faz é reflexo do que é a Umbanda.

Essa visão pode se tornar deturpada na medida em que o consulente desconhece a possibilidade do médium desequilibrado intervir na incorporação e vai embora da Gira com uma impressão errada da nossa religião.

Dentre os vários mitos em torno da incorporação dos Guias, há um que se destaca pelo potencial de influenciar negativamente o consulente em relação ao seu conceito do que é a Umbanda: Guias bravos, estúpidos, secos, mal educados, tratando mal todo mundo!

Meu entendimento é que todo Guia, para conquistar o grau de Guia, passou por muito estudo, muito trabalho, muita vivência, onde adquiriu muita sabedoria. Na minha visão, os Guias são espíritos de irmãos mais velhos e realmente muito mais evoluídos do que nós.

Como é que alguém que adquiriu maturidade e equilíbrio pode ser estúpido e mal educado? Como assim?

Há aqueles Guias “incorporados” que só sabem dar bronca, criticar, julgar e condenar. Daí, o consulente sai da Gira muito pior do que chegou; mais triste, mais culpado, mais nervoso e, muitas vezes, com raiva da Casa, do Guia e da Umbanda. E sai falando mal por aí e nunca mais volta. E dou toda razão, pois eu faria o mesmo se estivesse buscando ajuda e recebesse pedradas!

Até os cambonos evitam trabalhar com esses Guias, pois muitas vezes são mal tratados com palavras ríspidas, autoritárias e humilhantes.

Que fique muito claro uma coisa: ISSO NÃO É O GUIA - isso é médium em animismo, colocando para fora toda sua revolta, raiva e stress que estava acumulado, contido e abafado dentro dele e explodiu na incorporação.

Uma coisa é ter um Guia específico que é mais direto, mais sério, mais disciplinador. Outra coisa é ter a maioria (ou todos) os seus Guias apresentando-se com raiva e revolta dos nossos erros e limitações encarnadas.

Caridade também é compreensão, compaixão, tolerância, paciência, incentivo e esperança - e o Guia sabe disso melhor que ninguém!

O Guia, que é calmo, equilibrado, tem discernimento e nutre por nós um amor incondicional, olha para seu médium com o carinho e a tristeza do pai que vê seu filho doente da alma.

Mas ele continua vindo e incorporando assim mesmo, pois é refletindo o íntimo de seu filho que talvez ele o desperte para os desequilíbrios de sua vida que estão se materializando durante a incorporação. E, consciente de si mesmo, esse médium busque ajuda para mudar e melhorar.

Você, médium que incorpora e dá consultas em seu terreiro, faça uma auto-análise, faça uma reflexão de seus Guias e o comportamento deles e meça onde termina o seu ego desequilibrado e onde começa a sabedoria e o amor do Guia durante as incorporações.

Texto publicado no Jornal de Umbanda Sagrada em Agosto de 2014




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Os Trabalhos em um Terreiro de Umbanda

Os trabalhos em um terreiro de Umbanda


O QUE ACONTECE NO PLANO INVISÍVEL DURANTE OS TRABALHOS NUM TERREIRO DE UMBANDA?

Geralmente, a pessoa que procura um terreiro de Umbanda para receber um passe energético ou orientação do plano espiritual chega em desequilíbrio emocional, mental, quando não com distúrbios no corpo físico, e, por sintonia, traz consigo espíritos desencarnados que estão vibrando no mesmo diapasão. O auxílio espiritual inicia-se no momento em que o consulente entra no terreiro.

Já no portão de entrada encontramos, a postos, os Exus que farão a triagem dos espíritos desencarnados, acompanhantes do consulente. Essa triagem separará os desencarnados conforme o seu momento consciencial, de merecimento e grau de maldade, liberando para alguns a entrada ao templo, enquanto, para outros, a permissão será vetada, ficando esses últimos retidos na tronqueira – assentamentos dos Exus.

A reclusão será por um determinado tempo e, após esse período, serão encaminhados a outros locais, conforme determinação do Alto.

Para que o terreiro tenha o amparo dos espíritos benfeitores, é de máxima importância que haja disciplina, organização e respeito, bases essas onde serão firmados todos os trabalhos. Para tanto, é essencial um horário predeterminado para iniciar e terminar os trabalhos, bem como um ritual que organizará as tarefas, sejam elas mediúnicas ou relativas à assistência; respeito entre os médiuns trabalhadores e à hierarquia; ausência ou controle de fofocas, melindres ou qualquer outro tipo de desarmonia nos relacionamentos.

Consequentemente, a sessão de caridade no plano físico terá horário de término, ao passo que, na sua contraparte invisível, os trabalhos de socorro continuarão adentrando a noite. Geralmente, nessa segunda parte dos atendimentos, a espiritualidade solicita a presença de alguns médiuns que, em desdobramento natural do sono físico, ajudarão nas tarefas de socorro, fornecendo o ectoplasma necessário.

Do livro Ensinamentos Básicos de Umbanda - Lizete Chaves e Daisy Mutti



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