Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca Página Otimizada para CLS

28/06/2015

Zé Pelintra - A Revelação

Zé Pelintra

Esta é uma questão fundamental para entendermos de uma vez por todas o mistério de Sr Zé Pelintra. Se você procurar a palavra Pelintra no dicionário, lá estará:

“Pelintra: s.m. e s.f. Pessoa pobre e mal trajada, com pretensão a exibir-se e desejo de ostentação. Adj. Mal trajado e pretensioso. Bras. Adamado; bem trajado.” Fonte: dicionário online português

Esta definição é uma definição literal e ajuda a confundir a cabeça de todas as pessoas que tentam entender Zé Pelintra ao pé da letra. Um mistério, uma falange de Umbanda, que é fundamentada e sustentada por mistérios divinos, nunca deve ser interpretada racionalmente no que diz respeito ao nosso racional frio e pseudo intelectual. O nome Pelintra, que no dicionário quer dizer uma coisa, no simbolismo sagrado é outra completamente diferente. Pessoa pobre e mal trajada… para nós, o preconceito com a classe menos favorecida é latente.

Desde do início da raça humana, creio eu, os menos afortunados são tidos como inferiores e mal trapilhos, como a ralé onde apenas por serem simples de posses e vestimentas são tidos como inferiores diante do abastado e poderoso revestido de seda e puro linho.

Seo Zé Pelintra, enquanto mestre de jurema, sempre foi de vestimenta simples, porém, ostentava seu tesouro desde o início, a alegria e a versatilidade em seus trabalhos, onde tinha condições de transitar em todos os níveis vibratórios para ajudar a quem o procurava.

Por isso, lá na Jurema, era conhecido como malandro, porque era amigo de todos e para ele nunca existiu e nem existirá portas fechadas, seja na fumaça da esquerda ou na fumaça da direita. Malandro este que, quando migrou para as macumbas cariocas (sua passagem definitiva marca a Umbanda), logo foi revestido da vestimenta do antigo malandro, chique, garboso, ostentador, porém, sempre simples e muito trabalhador como sempre.

Zé Pelintra é um mistério que quebra todo e qualquer preconceito ou a maioria deles, ele é simples e, ao mesmo tempo, muito complexo e, por isso, muitas vezes fica difícil entender por completo este guia que hoje é amado por milhares de umbandistas em todo o mundo.

Sua figura principal é a de um senhor de meia idade, mulato ou negro, que usa um terno branco, gravata vermelha e chapéu com fita vermelha, acompanhado por um sapato bicolor vermelho e branco com camisa também branca. Ele está longe de ser um marginal, mas representa todos os que se sentem marginalizados por preconceitos, sejam eles de que origem for, pois seu próprio nome já é repleto de simbolismo acerca deste seu trabalho, o de recuperar a autoestima, ajudar os que mais necessitam e, acima de tudo, resgatar espíritos encarnados ou não da marginalidade que muitas vezes são colocados por uma sociedade moralista, preconceituosa e inflexível com quem não se adapta de alguma forma com seus mandamentos de viver como um robô pré-programado, onde apenas se obedece e nunca se escuta a própria natureza.

Zé Pelintra veio para nossa religião que, por natureza, é uma religião plural e destruidora de tabus e preconceitos para mostrar que bom é aquele que confia em si, levanta a cabeça e caminha. Talvez, por isso, que Sr. Zé é Pelintra, para provar que mesmo aos olhos dos moralistas e preconceituosos de plantão, ele pode se vestir como malandro, ser boêmio e dançarino, sorrir e curtir a vida e, mesmo assim, ter a Luz que muitos tentam alcançar através de atos que para eles significam pureza, mas que não alcançam, porque não têm uma coisa que Sr. Zé ensina a todos: que Deus é alegria, satisfação e vida!

De que adianta vestir batas e ostentar jejuns, se pelo coração e pela boca só sai julgamentos e ódios por todos os que não seguem suas doutrinas?

Sr. Zé vem todo paramentado e cada parte de seu paramento tem um simbolismo e um significado. Mas espero que fique claro que a malandragem de Sr. Zé é Divina, e a marginalidade que insistem em falar a que Sr. Zé pertence está no coração de quem não entende os mistérios de Deus e, por ignorância, refutam o diferente e o inovador, seja na espiritualidade ou na vida de uma maneira geral.

Extraído do livro “Zé Pelintra – A Revelação” / Marcel Oliveira






Leia mais

26/06/2015

O Poder da Energia Espiritual

O Poder da Energia Espiritual

Segundo o budismo, temos corpos e mentes grosseiros, sutis e muito sutis.

No nível grosseiro experimentamos as sensações físicas e os estados mentais baseados na percepção dual da realidade, isto é, quando nossa mente consciente avalia, nomeia e julga.

O nível sutil de nosso corpo encontra-se em seu campo energético: a aura.
Já a mente sutil manifesta-se durante os sonhos, na meditação, quando ocorre a telepatia, e nos estados mentais positivos que surgem como resultado de uma mente aberta e relaxada como o amor, a compaixão e a sabedoria intuitiva.

Os padrões mentais podem ser grosseiros e sutis. Os grosseiros são os padrões emocionais criados nesta vida: todas as nossas manhas e manias. Já os sutis são nossas manhas e manias de outras vidas.

O nível muito sutil manifesta-se durante o sono profundo e no último estágio do processo da morte.

Todos nós podemos reconhecer facilmente estes diferentes níveis de consciência. No entanto, não estamos acostumados a nomeá-los. Por exemplo: como chamaríamos o estado mental que faz uma mãe acordar segundos antes do seu bebê começar a chorar?

Certa vez, ao pedir a Lama Gangchen Rinpoche que me explicasse algo sobre a natureza de nossa energia sutil, ele simplesmente me respondeu: o mundo interno é tal como o mundo externo. Senti como se Ele tivesse me revelado um segredo contido numa caixa fechada: dentro dela é tal e qual como fora.

Lembro-me, então, de ter fixado o olhar no movimento dos galhos das árvores que eu podia ver pela janela e escutar Lama Gangchen me dizer docemente: O mesmo movimento que você percebe agora lá fora, está acontecendo agora dentro de você. O tempo todo é assim. Por exemplo, antes de chover, quando o céu escurece e o ar fica mais pesado, também o seu corpo e a sua mente ficam mais tensos. No entanto, o contrário também ocorre: o que se passa em seu interior tem uma influência direta sobre o mundo externo.

Reconhecer a realidade externa como um reflexo de uma rede interdependente que contém a mente de cada um de nós me fez sentir momentaneamente desperta. Quando a nossa mente abre-se para uma nova percepção da realidade, tudo parece muito claro e óbvio. Mas logo perdemos esta percepção energética da realidade quando voltamos a perceber o mundo da forma como estamos normalmente habituados.

A natureza da mente muito sutil é pura, luminosa e sabedora de tudo. No entanto, não podemos acessá-la porque ela está encoberta pelos padrões mentais grosseiros e sutis negativos. Eles impedem que a mente muito sutil e a sutil positiva possam se manifestar. Por exemplo, quando estamos irritados, somos incapazes de sentir amor!

Em geral, pensamos que a energia grosseira tem mais poder do que a sutil. Por exemplo, em nossa cultura ocidental, a medicina alopática é mais aceita que a homeopatia. Mas, na realidade, a mente sutil tem muito mais poder de transformação do que a grosseira, pois a matéria é uma expressão condensada da energia sutil. Por exemplo, a vitalidade de nosso corpo físico é mantida pela qualidade energética de nossa aura.

Assim como nosso corpo físico torna-se fraco e opaco quando a energia sutil de seu campo áurico está fraca, nossa mente grosseira torna-se depressiva e negativa quando não consegue acessar a sua força sutil.

Apesar de não sabermos definir muito bem o que é energia espiritual,sabemos que necessitamos dela para nos sentirmos confiantes, com disposição para enfrentar os desafios da vida.

Os métodos de Meditação Tântrica visam atenuar e eliminar os efeitos colaterais da mente grosseira. Permitem assim a manifestação das qualidades energéticas positivas de nossa mente sutil e da muito sutil.

Na medida em que a força opressora da mente grosseira diminui, começamos a sentir a qualidade energética do elemento espaço mover-se em nossa mente: nos sentimos regenerados e em paz porque estamos mais livres das pressões internas.

Quando nossa mente sutil positiva pode mover-se livremente, nossa sabedoria e intuição inatas se manifestam.

Quando estamos perto de pessoas evoluídas espiritualmente, religiosas ou não, somos tocados pela força de seu campo energético sutil. Naturalmente, passamos a nos sentir felizes e relaxados. No entanto, este efeito não é uma via de mão única. Ele será maior ou menor de acordo com o nível grosseiro de intoxicação interna em que nos encontramos naquele momento e principalmente de nossa conexão kármica com a pessoa com quem estamos em contato.

Por exemplo, algumas pessoas sentem um alívio imediato e um profundo bem-estar quando se encontram com mestres sagrados, entram em templos e igrejas ou até mesmo quando escutam rezas e cantos sagrados. Outras simplesmente não sentem nada. Para estas experiências ocorrerem, não há nada que seja certo ou errado com nenhum dos lados.

As experiências positivas ou negativas serão sempre resultado de nossa experiência kármica. Cabe a cada um de nós encontrarmos as pessoas, os lugares e as palavras que irão despertar o que temos de mais belo em nosso interior: nossa natureza pura e sutil, livre de qualquer negatividade.

Bel Cesar




Leia mais

22/06/2015

Orixá Xangô




Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras.

Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano.

Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos de Candomblé de Caboclo.

Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.

Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.

Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que ele incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão revirar os escombros e cavar o solo em busca das pedras-de-raio formadas pelo relâmpago. Pois seu axé está concentrado genericamente nas pedras, mas, principalmente naquelas resultantes da destruição provocada pelos raios, sendo o Meteorito o seu axé máximo.

Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade. Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente.

Seu Axé, portanto, está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.

Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principal da rica mitologia grega.

O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada.

Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta. Assim como Zeus, é uma divindade ligada à força e à justiça, detendo poderes sobre os raios e trovões. Outra informação de Pierre Verger especifica que esse Oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é simulado.

Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.

Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza e chamado pelo termo obá, que significa Rei. No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.

Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer.

Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo.

As Características Dos Filhos De Xangô

Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das pessoas que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no mundo natural e todas as suas características são balizadas pela habilidade em verem os dois lados de uma questão, com isenção e firmeza granítica que apresentam em todos os sentidos.

Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa quantidade de gordura e uma discreta tendência para a obesidade, que se pode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhada quase que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e firme como uma rocha. Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo, ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em oposição à pequena estatura;

A mulher que é filha de Xangô, pode ter forte tendência à falta de elegância. Não que não saiba reconhecer roupas bonitas - tem, graças à vaidade intrínseca do tipo, especial fascínio por indumentárias requintadas e caras, sabendo muito bem distinguir o que é melhor em cada caso. Mas sua melhor qualidade consiste em saber escolher as roupas numa vitrina e não em usá-las. Não se deve estranhar seu jeito meio masculino de andar e de se portar e tal fato não deve nunca ser entendido como indicador de preferências sexuais, mas, numa filha de Xangô é um processo de comportamento a ser cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo pode aproximar-se mais dos arquétipos culturais masculinos do que femininos; ombros largos, ossatura desenvolvida, porte decidido e passos pesados, sempre lembrando sua consistência de pedra.

Em termos sexuais, Xangô é um tipo completamente mulherengo. Seus filhos, portanto, costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais ardentes do mundo). Os filhos de Xangô são tidos como grandes conquistadores, são fortemente atraídos pelo sexo oposto e a conquista sexual assume papel importante em sua vida.

São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros, porque para eles sexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é merecedor de tanta atenção depois de satisfeito desejo.

Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta dose de energia e uma enorme auto-estima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção, principalmente, que sua opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos - consciência essa um pouco egocêntrica e nada relacionada com seu real papel social. Os filhos de Xangô são sempre ouvidos; em certas ocasiões por gente mais importante que eles e até mesmo quando não são considerados especialistas num assunto ou de fato capacitados para emitir opinião.

Porém, o senhor de engenho que habita dentro deles faz com que não aceitem o questionamento de suas atitudes pelos outros, especialmente se já tiverem considerado o assunto em discussão encerrado por uma determinação sua. Gostam portanto, de dar a última palavra em tudo, se bem que saibam ouvir. Quando contrariados porém, se tornam rapidamente violentos e incontroláveis. Nesse momento, resolvem tudo de maneira demolidora e rápida mas, feita a lei, retornam a seu comportamento mais usual.

Em síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis. É variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou amizades.

Os filhos de Xangô são extremamente enérgicos, autoritários, gostam de exercer influência nas pessoas e dominar a todos, são líderes por natureza, justos honestos e equilibrados, porém quando contrariados, ficam possuídos de ira violenta e incontrolável.

Autor desconhecido












Leia mais

15/06/2015

Mediunidade de Psicografia




Definição e origem

A psicografia é a técnica utilizada pelos médiuns para escreverem um texto sob a influência de um Espírito desencarnado. Todos nós sabemos que no tempo em que Allan Kardec teve contato com as manifestações espíritas, o meio utilizado para a comunicação entre os dois planos eram as mesas girantes. Esse mecanismo constituía-se de uma pequena mesa de três pés, sobre a qual se colocavam as pontas dos dedos de duas ou mais pessoas. Sob o efeito de um agente até então desconhecido, influenciado pela ação energética dos manipuladores, a mesa saltitava dando pancadas no assoalho. Por meio dessas batidas convencionou-se um alfabeto e foi possível obter as primeiras mensagens entre o mundo invisível e o visível.

Algum tempo depois, a imaginação dos adeptos dessa metodologia criou outros mecanismos que facilitavam a comunicação dos Espíritos através dos médiuns. Dentre eles se destacavam a cesta-pião, a mesa miniatura, as pranchetas e a cesta de bico.

A escrita obtida por esses instrumentos primários foi chamada mais tarde de “psicografia indireta”. Após a fase primitiva, alguns experimentadores tiveram a ideia de substituir as cestinhas pela mão do próprio médium, o que deu origem à “psicografia direta” ou “psicografia manual”, utilizada até os dias de hoje.

O valor da Psicografia

“De todas as formas de comunicação, a escrita manual é a mais simples, a mais cômoda e sobretudo a mais completa. Todos os esforços devem ser feitos para o seu desenvolvimento, porque ela permite estabelecer relações tão permanentes e regulares com os Espíritos, como as que mantemos entre nós. Tanto mais devemos usá-la, quanto é por ela que os Espíritos revelam melhora sua natureza e o grau de sua perfeição ou de sua inferioridade. Pela facilidade com que podem exprimir-se, dão-nos a conhecer os seus pensamentos íntimos e assim nos permitem apreciá-los e julgá-los em seu justo valor. Além disso, para o médium essa faculdade é a mais suscetível de se desenvolver pelo exercício” (LM, item 178).

Por conta da importância das mensagens escritas, Allan Kardec afirma em O Livro dos Médiuns, que todos os esforços devem ser feitos no sentido de desenvolvê-la. Além disso, trata-se da mediunidade mais fácil de ser desenvolvida, pois que seu mecanismo de sintonia é facilitado pelo automatismo proveniente do processo de escrita.

Quando uma pessoa está escrevendo, a mente consciente busca as idéias no inconsciente, para ordená-las no fluxo criativo. Como a influência espiritual se dá na camada inconsciente, isso facilita a sintonia com o Espírito comunicante. Quando se trata de dar vida lógica e racional a um texto, é muito mais confortável escrever do que falar. Por este motivo, os homens de destaque em nosso mundo preferem fazer seus discursos públicos por escrito.

A mensagem escrita tem maior valor do que a falada, pois ela pode ter seu conteúdo examinado de modo mais abrangente. Por ela é possível sondar a intimidade dos pensamentos da entidade que se comunica, dando a eles um justo valor pelo conteúdo que encerram.

Os médiuns psicógrafos podem ser “Mecânicos”, os “Intuitivos”, os “Semi-mecânicos” e os “Inspirados”.

Os médiuns mecânicos se caracterizam pelo fato de movimentar as mãos escrevendo sob a influência direta dos Espíritos, sem interferência da própria vontade. Agem como máquinas a transmitir do invisível para o mundo material. São raros. No Brasil, destaca-se o trabalho de Francisco Cândido Xavier, em Uberaba, MG.

“Quando o Espírito age diretamente sobre a mão, dá-lhe uma impulsão completamente independente da vontade do médium. Ela avança sem interrupção e contra a vontade do médium, enquanto o Espírito tiver alguma coisa a dizer, e pára quando ele o disser.

O que caracteriza o fenômeno, nesta circunstância, é que o médium não tem a menor consciência do que escreve. A inconsciência absoluta, nesse caso, caracteriza os que chamamos de médiuns passivos ou mecânicos. Esta faculdade é tanto mais valiosa quanto não pode deixar a menor dúvida sobre a independência do pensamento daquele que escreve” (LM, item 179)

Os médiuns intuitivos recebem as mensagens dos Espíritos desencarnados por meio da sintonia psíquica direta entre sua mente e a do comunicante. Eles precisam compreender o pensamento sugerido, assimilá-lo, para depois transmiti-lo revestido com suas próprias idéias. São muito comuns.

“O papel do médium mecânico é o de uma máquina; o médium intuitivo age como um intérprete. Para transmitir o pensamento ele precisa compreendê-lo, de certa maneira assimilá-lo, a fim de traduzi-lo fielmente. Esse pensamento, portanto, não é dele: nada mais faz do que passar através do seu cérebro. É exatamente esse o papel do médium intuitivo” (LM, item 180).

Os médiuns semi-mecânicos são aqueles que sentem a mão ser movimentada, mas ao mesmo tempo têm consciência do que escrevem. No primeiro caso, o pensamento vêm após a escrita; no segundo, antes da escrita, e no terceiro, junto com ela.Os médiuns semi-mecânicos são os mais numerosos.

“No médium puramente mecânico o movimento da mão é independente da vontade. No médium intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semi-mecânico participa das duas condições. Sente a mão impulsionada, sem que seja pela vontade, mas ao mesmo tempo tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro, o pensamento aparece após a escrita. no segundo, antes da escrita; no terceiro. ao mesmo tempo. Estes últimos médiuns são os mais numerosos” (LM, item 181).

A última variedade de médiuns é a dos inspirados. O Livro dos Médiuns nos informa que esse tipo de médium é uma variação dos médiuns intuitivos, com a diferença de que nos inspirados é muito mais difícil distinguirmos o pensamento do Espírito, daquele que é do médium.A mediunidade inspirada é proveniente da mediunidade generalizada ou natural, que todas as pessoas possuem em maior ou menor grau.

“Todos os que recebem, no seu estado normal ou de êxtase, comunicações mentais estranhas às suas idéias, sem serem, como estas, preconcebidas, podem ser considerados médiuns inspirados. Trata-se de um variedade intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma potência oculta é bem menos sensível sendo mais difícil de distinguir no inspirado o pensamento próprio do que foi sugerido. O que caracteriza este último é sobretudo a espontaneidade. (5)

Recebemos a inspiração dos Espíritos que nos influenciam para o bem ou para o mal. Mas ela é principalmente a ajuda dos que desejam o nosso bem, e cujos conselhos rejeitamos com muita freqüência. Aplica-se a todas as circunstâncias da vida, nas resoluções que devemos tomar” (LM, item 182).

Quem pode ser médium psicógrafo?
Não há nenhum meio de diagnosticarmos a faculdade mediúnica a não ser o experimento. Algumas pessoas confundem certos movimentos involuntários de braços e mãos, provocados por Espíritos obsessores, como sendo indícios de mediunidade psicografia, o que têm levado algumas delas a sofrer graves decepções, escrevendo obras apócrifas.

A melhor maneira de sabermos se uma pessoa tem ou não capacidade para escrever sob a influência ostensiva dos Espíritos é submetê-la à experiência.

Antes, porém, de iniciarmos alguém no exercício da psicografia ou de qualquer outra mediunidade, convém que ele seja colocado no curso básico de iniciação espírita. É importante que o candidato à médium já tenha noções fundamentais acerca do que é o Espiritismo.

No Brasil, acostumou-se em demasia à mediunidade de psicofonia. Talvez o motivo disso esteja ligado ao natural comodismo que cerca as atividades mediúnicas. Entre nós não existe o salutar e necessário hábito de avaliar as comunicações, conforme instruía Kardec. Os Espíritos manifestam-se e quase sempre não portam qualquer mensagem de significativo conteúdo filosófico ou doutrinário.

Comunicam-se, às vezes, simplesmente para dizer: “Boa noite. Estou aqui para trazer paz e conforto!”. Este tipo de mensagem se repete por sessões seguidas, sem que o Espírito comunicante apresente qualquer ideia mais elevada. Mas as pessoas se habituaram a isso e continuaram batendo na mesma tecla durante anos. É cômodo e dá a impressão de que o médium está participando do trabalho mediúnico, quando na verdade não está produzindo nada de útil. Allan Kardec recomendou que se desse preferência ao desenvolvimento da psicografia, mas infelizmente não foi ouvido.

Como começar
Não há qualquer mistério para se dar início ao trabalho de psicografia.Basta que se tome um lápis e se coloque na posição de escrever. De preferência, que este trabalho seja desenvolvido no centro espírita onde a pessoa frequenta. O ambiente residencial nem sempre oferece as condições de recolhimento suficientes para esse tipo de trabalho. Essas atividades mediúnicas devem ter uma regularidade, pois de outro modo não haverá o processo de aprendizado, seguido do aperfeiçoamento.

A seguir, vamos comentar algumas recomendações do Codificador, quanto ao exercício da psicografia, que precisam ser observadas pelos grupos mediúnicos, mormente quando estão iniciando.

Em primeiro lugar, é preciso se desembaraçar de tudo o que se constitua em impedimento para a movimentação das mãos. A ponta do lápis deve manter-se apoiada no papel, mas sem oferecer resistência aos movimentos. Mesmo a mão não deve se apoiar inteiramente no papel. Para a escrita mediúnica é indiferente que se use caneta ou lápis, sendo livre a escolha.

Kardec recomenda que no início o treinamento seja realizado diariamente. Porém, como temos hoje uma vida muito atribulada, convém que a freqüência seja diminuída para um período de uma a duas vezes na semana.

O tempo de tentativa para se obter a escrita mediúnica psicográfica não deverá ultrapassar seis meses. Depois dessa fase de experimentos, se a pessoa nada conseguir, ou se as mensagens vindas através dela não apresentar utilidade maior, convém abandonar o exercício da escrita e dedicar-se a outras tarefas na casa espírita.

Que a prece de abertura seja sempre feita em nome de Deus e dos bons Espíritos. É bom que o médium em exercício comece seu trabalho dessa forma: “Rogo a Deus todo poderoso permitir a um bom Espírito vir comunicar-se conosco, transmitindo-nos seus pensamentos. Rogo também a meu anjo guardião que me assista e que afaste de mim os Espíritos mal intencionados”.

A partir desse momento, aguarda-se que um Espírito se manifeste. Nos médiuns intuitivos, surgem idéias bruscamente, que podem ser passadas para o papel com facilidade. Nos semi-mecânicos, observa-se alguns pequenos movimentos involuntários das mãos, acompanhados ou não das idéias a serem transcritas. Há casos em que o Espírito desenha rabiscos sem sentido, ou escrevem palavras sem qualquer significado porém, tais coisas costumam cessar com o desenvolvimento progressivo da faculdade. Com o tempo, aparecerão escritos mais consistentes e que poderão ser analisados dentro da razão e do bom senso.

Quando formular as primeiras perguntas aos Espíritos, que elas sejam feitas de forma simples, de modo que a entidade comunicante possa respondê-las com um Sim ou Não. É importante que as perguntas sejam objetivas e respeitosas, demonstrando carinho ao Espírito que vem cuidar do exercício da faculdade. À medida que progride a mediunidade, as respostas serão mais objetivas e completas. Porém, sugere-se que esta prática seja feita depois de um certo tempo de treino, com cautela para que não seja porta aberta aos Espíritos brincalhões.

A reunião mediúnica de psicografia deverá ter o recolhimento necessário, atendendo todas as normas para o exercício da psicofonia, no que diz respeito à admissão de médiuns para a tarefa.

Normalmente, entre dez pessoas, três escrevem facilmente sob a influência espiritual. O desenvolvimento em grupo é muito mais rápido do que o individual. Isso acontece porque a corrente magnética formada pelas individualidades facilita as atividades mediúnicas e oferece aos Espíritos comunicantes uma grande variedade de elementos, apropriados ao sucesso do intento.

Que o iniciante seja informado que deve desenvolver o texto como uma espécie de redação sobre um assunto que julgar útil e que lhe surgir na mente naquele momento. Que ele não se preocupe tanto com a forma, nem com o que está escrevendo. O conteúdo dos trabalhos será examinado e revisado mais tarde pelo médium e pelo responsável da sessão.

A publicação de mensagens precisa de cuidados extras. Só se publicará textos, seja em forma de mensagens ou livros, quando eles forem considerados idôneos e úteis às pessoas em geral. A ortografia deverá ser corrigida, de modo que fique inteligível, cuidando-se, no entanto, para que não sejam modificados os pensamentos do Espírito.

É importante recordar que na fase primária de exercícios, os Espíritos comunicantes são de uma ordem menos elevada. Portanto, não se deve pedir a eles que deem qualquer tipo de informação que não esteja a seu alcance. Todo Espírito que nas comunicações de iniciantes se enfeite com nome venerado é de origem suspeita. O capítulo XVII de O Livro dos Médiuns deverá ser estudado minuciosamente para se evitar o domínio dos maus Espíritos nas sessões de iniciação.

Importante observar que todo aquele que inicia seu treinamento de escrita com o preconcebido conceito de que tem uma missão nessa área ou então de que os Espíritos vão dirigir sua mão para escrever, terá grande possibilidade de ter sua tarefa fracassada, quer seja pela não evolução do processo, quer seja pela contaminação por Espíritos malfazejos e mentirosos. Os bons Espíritos agirão no campo mental do médium e levarão em conta sua boa disposição em servir, aliada à sua condição de moralidade. Dedicação, sinceridade, humildade, altruísmo e acima de tudo amor ao trabalho de Jesus são as marcas.


Nos casos de mediunidade semi-mecânica ou intuitiva, o médium tem consciência do que escreve. A princípio, é levado naturalmente a duvidar de sua faculdade. Não sabe se a escrita é dele ou do Espírito que comunica. Mas ele não deve absolutamente inquietar-se com isso e deve prosseguir, apesar da dúvida. Observando seus escritos, vai notar que muitas idéias que estão neles, não são suas. Com o tempo, ganhará confiança e a mediunidade triunfará.

Nas primeiras sessões, quando o médium hesitar frente a um pensamento, sem saber se é dele ou do Espírito, ele deverá escrevê-lo. A experiência mais tarde lhe ensinará a fazer a distinção. Há situações em que é desnecessário saber se o pensamento é do médium ou do Espírito. Desde que produza boas obras, que é o que importa, deve agradecer seu guia oculto, que lhe sugerirá outras idéias.

Os médiuns novatos, durante sua fase de aprendizado, não podem dispensar a assistência de dirigentes ou médiuns mais experientes. Espíritos inferiores costumam armar ciladas para prejudicar o desenvolvimento das faculdades mediúnicas dos interessados. Um médium presunçoso não demorará muito a ser enganado por entidades mentirosas que, no começo da tarefa mediúnica, costumam ficar à sua volta.

Uma vez desenvolvida a faculdade mediúnica, aconselha-se que o médium não abuse dela. Que discipline seu trabalho e que ele seja sustentado pela ação no serviço ao próximo, pelo estudo, pela meditação e por preces constantes. A psicografia, assim como outras formas de prática mediúnica, deve ser utilizada somente em momentos oportunos e nunca por simples curiosidade ou interesse particular. O entusiasmo que toma conta de alguns novatos pode levá-los a ficar sob a influência de Espíritos mistificadores.

É conveniente que o médium ou a equipe de médiuns tenham dias e horários especificados para realizar seus trabalhos mediúnicos. Isso facilitará o recolhimento e proporcionará aos Espíritos comunicantes melhores disposições para as manifestações.

As mensagens destinadas ao grupo ou que sejam de interesse geral devem ser divulgadas para que os ensinamentos dos Espíritos tornem-se conhecidos. Os Espíritos amigos costumam afastar-se dos médiuns que não revelam as lições por eles transmitidas e os deixam entregues a entidades mistificadoras.

Texto de Allan Kardec – Revista Espírita, abril, 1864
“Sabe-se que os Espíritos, por força da diferença existente em suas capacidades, estão longe de estar individualmente na posse de toda a verdade; que nem a todos é dado penetrar certos mistérios; que seu saber é proporcional à sua depuração; que os Espíritos vulgares não sabem mais que os homens e até menos que certos homens; que entre eles, como entre estes, há presunçosos e pseudo-sábios, que creem saber o que não sabem, sistemáticos que tomam suas idéias como verdades; enfim, que os Espíritos de ordem mais elevada, os que estão completamente desmaterializados, são os únicos despojados das idéias e preconceitos terrenos. Mas sabe-se, também, que os Espíritos enganadores não têm escrúpulos em esconder-se sob nomes de empréstimo, para fazerem aceitas suas utopias. Disso resulta que, para tudo o quanto esteja fora do ensino exclusivamente moral, as revelações que cada um pode obter têm um caráter individual, sem autenticidade; que devem ser consideradas como opiniões pessoais de tal ou”. qual Espírito, e que seria imprudente aceitá-las e promulgá-las levianamente como verdades absolutas”.

“O primeiro controle é, sem contradita, o da razão, ao qual é necessário submeter, sem exceção, tudo o que vem dos Espíritos. Toda teoria em contradição manifesta com o bom senso, com uma lógica rigorosa, e com os dados positivos que possuímos, por mais respeitável que seja o nome que a assine, deve ser rejeitada”.

Batuira Net



***




PSICOGRAFIA DA CANTORA CÁSSIA ELLER
LAR DE FREI LUIZ (2ª FEIRA - 11/05/2015) DEPENDÊNCIA QUÍMICA Mensagem por psicografia do Espírito: Cássia Eller Médium: José Helenio.

Se eu disser para vocês que o inferno existe, acreditem, pois eu estava mergulhado nele, de corpo e alma, num espaço sombrio e frio, bem interno do ser, dos pés à cabeça, sem tempo, sem luz, nem descanso e afogava-me, a cada segundo, num oceano de matéria viscosa que roubava até minha ilusória alegria… 
Naquele lugar não havia luz, somente nuvens cinza e chuvas com raios e trovões, gritos estridentes e desesperados, gemidos surdos, pedidos de socorro, lágrimas, desalento, tristeza e revolta… 
Preciso descrever mais as cenas dantescas de animais que nos mastigavam e, em seguida, nos devoravam sem consumir nossos corpos; se é que posso dizer que aquilo, que sobrou de mim, era um corpo humano. queria fugir para bem longe dali, mas tudo em vão, quanto mais me debatia no fluido grudento, mais me afundava e, quando alcançava, de novo, a superfície apavorante, mãos e garras afiadas faziam-me submergir naquele líquido pastoso e mal cheiroso. Dragões lançavam chamas de suas bocas sujas e nos queimavam, machucando e estilhaçando a pouca consciência que me restava da lembrança de minha estada no corpo físico, neste planeta azul. Guardiões das trevas olhavam atentos seus presos e vigiavam todos os movimentos realizados naquele imenso espaço de sofrimentos, dores, lamentos, depressões, angústias e arrependimentos tardios…O ar era ácido e provocava convulsões diversas.
Perguntava-me porque ali estava se nada fizera por merecer tão infeliz destino, depois de ser expulsa do corpo de carne através do uso maciço de drogas. A dúvida assaltava-me os raros momentos de raciocínio menos desequilibrado e as crises de abstinência trancavam todas as portas que dariam acesso à saída daquele campo de penitência de espíritos rebeldes e viciados com eu. 
Os filmes de horror que assisti, quando encarnada, estariam ainda muito distantes dos padecimentos, pânicos, pavores e temores que ficariam para sempre registrados na minha memória mental, os piores dias que vivi até hoje, como joguete e marionete de forças que me escravizavam o ser, debilitado, fraco, desprovido de energias, suja, carente e chorosa. Não me lembrava do que acontecera comigo… Quando o medo é maior que as necessidades básicas, a mente fica encarcerada num labirinto hipnótico e “torporizante” de emoções truncadas e desconectadas da realidade…Assemelha-se a um pesadelo sem fim, sempre com final trágico e apavorante. 
Quando conseguia conciliar um pequeno tempo de sono; era imediatamente desperta por seres que me insultavam e xingavam, acusavam-me de suicida maldita e jogavam-me lama misturada com pedras… Insetos e anfíbios ajudavam a traçar o perfil horrendo dos anos que passei no umbral. 
Preciso escrever estas palavras para nunca mais me esquecer:“Com o fenômeno da morte, nós não vamos para o umbral, nós já estamos no umbral quando tentamos forjar as leis maiores da criação com nossas más intenções e tendências viciantes”. Tudo fica registrado num diário mental que traça nosso destino futuro, no bem ou no mal. 
O umbral não fora criado por Deus; ele é de autoria dos espíritos que necessitam de um autêntico e genuíno estágio educativo em zonas inferiores, onde poderão se depurar de suas construções aleijadas no campo dos sentimentos e dos pensamentos disformes, mal estruturados e mal conduzidos por nossa irresponsabilidade, de mãos dadas com a imensa ignorância que nos faz seres infelizes e distantes da tão sonhada paz de consciência. 
Após alguns anos umbralinos…Despertei numa tarde serena, num campo verdejante e calmo. Não acreditava no que via, pois tudo, agora, parecia um sonho…Percebi, ao longe, o canto de uma ave que insistia em acordar-me daquele pesadelo no qual já me acostumava a viver; a morrer todos os dias…Seu canto era uma música que apaziguava meu coração e aguçava meus pensamentos na lembrança de como fui parar ali naquele campo gramado e repleto de árvores. Consegui sentar-me na relva e ao olhar todo aquele espaço natural, deparei-me com milhares de outros seres como eu, nas mesmas condições de debilidade moral, usufruindo, agora, de um bem que não merecia, mas vivia! 
Todos nós dormíamos e fomos despertos com música e preces em favor de todos os presentes…A maioria era de jovens e adultos, poucos idosos e centenas de enfermeiros que olhavam atentos para nossos movimentos no gramado. Com seus olhos serenos, projetavam em nós a mansidão e a paz tão esperadas por nossos corações enfermos, débeis e carentes de atenção, de afeto e carinho. 
Alguém me tocava, de leve, os ombros e chamava-me pelo nome, como se me conhecesse há muito tempo. Eu identifiquei aquela voz e “temia” olhar para trás e confirmar minha impressão auditiva – era Cazuza todo de branco, como lindo enfermeiro, de cabelos cortados bem curtos e estendia suas mãos para que eu levantasse, caminhasse e conversasse um pouco em sua companhia. 
Não consegui me levantar, porque uma enxurrada de lágrimas vertia dos meus olhos, como nascente de rio descendo a montanha das dores que trazia no peito. Meu ídolo ali estava resgatando e cuidando de sua fã, debilitada e muito carente. Ele cantou pequena canção e tive a capacidade de avaliar o que Deus havia reservado para aqueles que feriam suas leis e buscavam consolo entre erros escabrosos e desconcertantes. 
A misericórdia divina sempre conspira a nosso favor, nós desdenhamos do amor divino com nossas desatenções e desequilíbrios das emoções comprometedoras, que arranham e esmagam as mais puras sementes depositadas no ser imortal. aprendi palavras boas! 
Somente agora enxergo que sou espírito e que a vida continua e precisa seguir o curso natural das existências, como na roda-gigante: hora estamos aqui no alto; hora estamos aí embaixo encarnados. Daqui de cima, parece ser mais fácil compreender porque temos de respeitar as leis e descer num corpo físico – para, igualmente, quando aí estivermos, conquistarmos, pelo trabalho no bem, a lucidez que explica porque há a reencarnação, filha da justiça divina.
Após um tempo no campo reconfortante, fui reconduzida para um hospital onde me recupero até hoje dos traumas e cicatrizes que criei no corpo do perispírito. As lesões que provoquei foram muito graves, passei por várias cirurgias espirituais e soube que minha próxima encarnação será dolorosa e expiarei asma, deficiência mental e tuberculose. Mesmo assim, estou reunindo forças para estudar, pois sempre guardamos, no inconsciente, todos os aprendizados conquistados. Reencarnarei numa comunidade carente no interior do Brasil e passarei por muitos reveses, para despertar em mim o valor da vida do espírito na pobreza e na doença crônica. 
Peço orações e a caridade dos corações que já sabem o que fazem e para onde desejam chegar. Invistam suas forças e energias espirituais em trabalhos de auxílio ao próximo e serão, naturalmente, felizes. Obrigado por me aceitarem como necessitada que sou! 
Cássia Eller

Nota: 
Cada espírito, encarnado ou desencarnado, tem o seu padrão vibratório. O Espiritismo confirma que os semelhantes se atraem. O uso de álcool e outras drogas produz um atrativo irresistível para os espíritos que desencarnaram na condição de viciados nessas substâncias. Os desencarnados passam a acompanhar seus “amigos” encarnados quando estes fazem uso de drogas. Estimulam, neles, o uso cada vez mais contínuo e em maiores doses. 

Ciência Mental





Leia mais

27/05/2015

Terreiros - Unidades Autônomas e Livres


Autonomia dos terreiros de umbanda

"A Umbanda é uma gigantesca rede de pescador das almas jogada pelo Pai, no imenso oceano da existência dos espíritos humanizados retidos na Terra." Ramatís. 


A Umbanda, pelo fato dos milhares de terreiros existentes que a compõem serem independentes entre si, se comportando como unidades religiosas autônomas e livres, não é doutrinariamente padronizada na Terra e cremos que nunca o será por vontade do Pai.

Mas porque será que está é a vontade do Pai?

Lembremos que, desde o surgimento da Umbanda, o espiritismo codificado proíbe as manifestações de muitas entidades, que são tratadas como seres inferiores, menos esclarecidos, sofredores, obsessores, não encontrando médiuns nesta seara na Terra para trabalhar do Astral. Na verdade, o surgimento da Umbanda foi intensificado pela proibição da manifestação de africanos, índios, pretos(a) velhos(as) e caboclos(as) - vigente no início do século passado -, que infelizmente permanece até os dias atuais.

Com certeza, a Umbanda foi arquitetada pelo Alto, para democratizar o acesso à mediunidade dos dois lados da vida. Do lado de cá, dá oportunidade aos médiuns que precisam trabalhar independente do seu grau de instrução, especialmente os menos favorecidos, os analfabetos e pobres, incluindo-os igualmente no mediunismo, dado que no espiritismo ortodoxo vigente, médium que não sabe ler não consegue freqüentar as suas escolas. Do lado de lá, abre as portas aos espíritos julgados “marginais”; bandidos, malandros, feiticeiros, bruxos, magos, curandeiros,..., dado o pensamento etnocêntrico judaico-católico predominante ainda em nosso inconsciente coletivo, que reflete-se inegavelmente na "pureza" e exclusão dos centros espiritistas.

Esta "democratização" da mediunidade, para todos sem olhar a quem, alivia nosso carma coletivo acumulado de opressão pelas doutrinasreveladas, codificadas, codificadores, religiões de um só profeta, crenças em um único livro sagrado...

Podemos dizer que a essência da Umbanda é a seguinte:


"Todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos àqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai". 

Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Triângulo da Fraternidade


Leia mais

15/05/2015

Crescendo e Matando o Ego

Crescendo e Matando o Ego
Ser umbandista é um ato de coragem ou não, pois muitos por covardia negam que praticam ou frequentam a Umbanda. Assumir-se Umbandista com Orgulho é um ato de rebeldia. Então, quando estudamos a história das religiões descobrimos que os maiores avatares e iluminados foram rebeldes e corajosos como Jesus Cristo, Mohamed, Moisés, Abraão, Buda Sidharta Gautama, Shankara, Ramakrishna, Gandhi, Osho e outros líderes espirituais.

Ter uma proposta real de crescimento espiritual implica em comprometimento, e quantos estão realmente comprometidos com o crescimento espiritual de si mesmos?

O Caboclo das Sete Encruzilhadas criou a religião de Umbanda com estas palavras: “Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade.” Fazer a caridade pura e simplesmente não implica em ser uma pessoa melhor, pois, para se tornar melhor, é preciso o autoconhecimento.

Podemos até dizer que muitos fazem a caridade por desencargo de consciência e outros ainda a fazem por vaidade. A partir do momento que se diz que a melhor pessoa é a que faz mais caridade, muitos passam a fazê-la para ser melhor que os outros, e assim tornam-se objetos do Ego e da Vaidade. Qualquer movimento no sentido de ser melhor do que os outros, é um movimento do ego. O único crescimento está em ser melhor do que eu mesmo. Isto implica numa análise profunda de autoconhecimento.

Bem, ainda sobre o Caboclo das Sete Encruzilhadas, ele também disse que: “Aprenderemos com quem sabe mais e ensinaremos a quem souber menos, a ninguém voltaremos as costas.” Aqui o caboclo coloca uma direção importante para a religião de Umbanda, ele mostra que é fundamental o crescimento e aprendizado.

Agora digo eu:

Se, podemos aprender com todos, também podemos aprender de todas as doutrinas, filosofias e religiões. Só não podemos perder o propósito de aprender, de sermos melhores. Fazer o Bem e não fazer o mal é algo muito simples. Devemos aproveitar a religião para um propósito maior, como nos autoconhecer.

No nosso modelo de trabalho espiritual é possível ser um bom médium, que tem um dom de incorporação bem apurado, dar boas comunicações e no entanto ser um ser humano desequilibrado.

Me parece que temos super valorizado o dom em detrimento do ser humano que somos, não nos interessa se tal pessoa é boa ou não, para trabalhar na Umbanda só interessa se é bom médium.

Assim, nós os umbandistas nos acomodamos na posição de ir ao terreiro incorporar os guias para trabalhar e voltar para casa, dessa forma, não precisamos ter nenhum comprometimento com nosso crescimento interior.

A maioria das pessoas acredita que ter crescimento interior consiste em ler alguns livros e fazer alguns cursos. O crescimento começa com o identificar dos nossos defeitos e procurar caminhos para corrigi-los, quanto mais comprometidos e sinceros, mais vamos identificá-los e lutar por uma transformação interior.

Esquecemos ou ninguém nos ensinou que Céu não existe fora de nós. Não adianta fazer toneladas de caridade, se estivermos desequilibrados internamente, não alcançaremos um lugar bom.

Sendo tempo e espaço uma ilusão comprovada pela física, o único lugar que podemos ir é para dentro de nós mesmos e o único tempo real é agora, logo caridade não leva a lugar nenhum se antes você não for a este lugar internamente. A caridade também deve ser uma consequência e não o objeto ou a senha para entrar no céu.

Tenho Orgulho de Ser Umbandista ! ! !

Alexandre Cumino



Leia mais

03/05/2015

Preto Velho Fala com Kardec! Será???


Preto Velho Fala com Kardec! Será???


Este mês de maio homenageamos nossos queridos Pretos Velhos de Umbanda! Voltando um pouco na história do Espiritismo, temos a notícia de que Allan Kardec, codificador desta Doutrina, comunicou-se com um Preto Velho. Mas será que foi realmente um Preto Velho tal como se apresenta em nossa Umbanda? Sabemos que as falanges se apresentam de acordo com a missão que têm a cumprir, usando todo um código simbólico de identificação. Então os Pretos Velhos são considerados como tais, não porque são velhos ou negros, mas porque o seu arquétipo é dos espíritos humildes e sábios, cujos negros representam bem a humildade e os velhos representam melhor a sabedoria. Daí o nome simbólico dos Pretos Velhos, então nem todo negro idoso, mesmo que o africano, não é propriamente um Preto Velho como conhecemos na Umbanda. Logo, no texto que relata Kardec conversando com um Preto Velho, nós do Blog Tulca, não encontramos semelhança com o Preto Velho de Umbanda, a conclusão a que chegaram os espíritas parece fruto da desinformação somado ao preconceito daquela época, que infelizmente ainda vemos nos dias de hoje.

Vamos ao texto:

Preto Velho Fala com Kardec

"Pouca gente sabe, mas numa das reuniões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec evocou um Espírito que, segundo as terminologias da cultura brasileira, poderia ser classificado como um “preto velho”. Esse encontro, narrado pelo próprio Kardec nas páginas da sua histórica “Revista Espírita” (Revue Spirite), de junho de 1859, aconteceu na reunião do dia 25 de março de 1859.

Pai César – este o nome do Espírito comunicante – havia desencarnado em 8 de fevereiro também de 1859 com 138 anos de idade – segundo davam conta as notícias da época –, fato este que certamente chamou a atenção do Codificador, que logo se interessou em obter, da Espiritualidade, mais informações sobre o falecido, que havia encerrado a sua existência física perto de Covington, nos Estados Unidos.
Pai César havia nascido na África e tinha sido levado para a Louisiana quando tinha apenas 15 anos.
Antes de iniciar a sessão em que se faria presente Pai César, Allan Kardec indagou ao Espírito São Luís, que coordenava o trabalho, se haveria algum impedimento em evocar aquele companheiro recém-chegado ao Plano Espiritual. Ao que respondeu São Luís que não, prontificando-se, inclusive, a prestar auxílio no intercâmbio. E assim se fez. A comunicação, contudo, mal iniciada, já conclamou os participantes do grupo a muitas reflexões. Na sua mensagem, Pai César desabafou, expondo a todos as mágoas guardadas em seu coração, fruto dos sofrimentos por que passara na Terra em função do preconceito que naqueles dias graçava em ainda maior escala do que hoje. E tamanhas eram as feridas que trazia no peito que chegou a dizer a Kardec que não gostaria de voltar à Terra novamente como negro, estaria assim, no seu entendimento, fugindo da maldade, fruto da ignorância humana. Quando indagado também sobre sua idade, se tinha vivido mesmo 138 anos, Pai César disse não ter certeza, fato compreensível, como esclarece o Codificador, visto que os negros não possuíam naqueles tempos registro civil de nascimento, sobretudo os oriundos da África, pelo que só poderiam ter uma noção aproximada da sua idade real.

A comunicação de Pai César certamente ajudou Kardec, em muito, a reforçar as suas teses contra o preconceito, o mesmo preconceito que o levou a fazer, dois anos depois, nas páginas da mesma “Revista Espírita”, em outubro de 1861, a declaração a seguir, na qual deixou patente o papel que o Espiritismo teria no processo evolutivo da Humanidade, ajudando a pôr fim na escuridão que ainda subjuga mentes e corações: “O Espiritismo, restituindo ao espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais só o orgulho fundou as castas e os estúpidos preconceitos de cor.”

Não obstante, é claro verificar o preconceito que existia da sociedade européia de fato na época do fato narrado. Não me surpreende também, o espiritismo, doutrina derivada da sociedade européia vigente daqueles tempos, e codificada por Kardec, a priori, ter qualquer preconceito com relação a espíritos que diferissem dos moldes por eles preconizados pela era européia contemporânea. Ora, não deveria sequer se dar tamanha ênfase nessa comunicação deveras ordinária por Kardec, haja visto que a única diferença, tratava-se pela origem humilde e racial do espírito comunicante. Seria de mesmo modo, como se a Umbanda se maravilhasse quando um espírito de um nobre europeu fizesse comunicação em uma de suas sessões."

Publicado originalmente no boletim “Serviço Espírita de Informações” na edição 2090, do ano 2008.





Leia mais
Topo