Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

25/02/2015

Aruanda


 Aruanda por Ednay Melo


Na mitologia afro-brasileira e na umbanda, Aruanda (originalmente, o porto principal de Angola) é um lugar utópico — o paraíso da liberdade perdida, uma cidadela de luz etérica que orbitaria a ionosfera do planeta Terra, em uma dimensão espiritual de transição.

Para a Umbanda tradicional (fundada em 1908 pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas), os habitantes de Aruanda são espíritos trabalhadores do bem e da caridade, sejam recém-desencarnados em aprendizagem, sejam espíritos de luz que há muito não retornam à esfera física pela reencarnação. 

Estes guias espirituais, apesar de sua evolução espiritual, permanecem na dimensão vibratória de Aruanda para continuar auxiliando encarnados e desencarnados, se manifestando na Terra sob a roupagem fluídica (em tipologia espiritual) de pretos-velhos, caboclos e crianças. Suas verdadeiras formas, no entanto, transcendem raça, credo ou etnia, sendo possível sua manifestação em qualquer congregação que pratique o binômio amor-caridade e que admita a comunicação espiritual.

Para o Espiritismo (codificado por Allan Kardec), Aruanda seria a denominação de uma colônia espiritual, assemelhada à colônia Nosso Lar, descrita no livro Nosso Lar, de André Luiz (espírito), psicografado pelo médium Chico Xavier. Em Aruanda, porém, estariam presentes elementos magísticos da cultura africana, em sincretismo com simbolismos da cultura judaico-cristã.

Aruanda, enquanto cidadela espiritual, é mencionada nos livros "Tambores de Angola", "Aruanda" e "Cidade dos Espíritos" - livros do espírito Ângelo Inácio, psicografados pelo médium Robson Pinheiro. Neles, a religião da Umbanda é situada como integrante de um panorama espírita maior (Espiritualismo universalista), sendo explicada a importância de seus rituais magísticos e simbologias, enquanto formas de manipulação das forças elementais da natureza.


Breve descrição do termo Aruanda no livro "Cidade dos Espíritos" de Robson Pinheiro:

Para quem não sabe, Aruanda é tida como a cidade espiritual onde vivem os Guias da Umbanda. Existem diversos pontos cantados de Umbanda que falam sobre Aruanda.
Trata-se de uma metrópole com cerca de 10 milhões de habitantes, repleta da mais alta e refinada tecnologia, com vasta vegetação e habitada por espíritos com uma visão universalista, já livres de certos dogmas religiosos.

"Cada uma das cidades espirituais têm objetivos semelhantes, os quais se reúnem em coletividades como a nossa. (..) Em nosso caso, aqui, na Aruanda, temos uma especialidade. Recebemos aqueles que têm gosto e potencial para estudar e ajudar a humanidade, cuja mentalidade já tenha se elevado sobre as preferências e os debates, disputas e os apadrinhamentos denominacionais, religiosos ou de cunho nacionalista".

Em Aruanda existe total respeito às diversidades culturais, de credo e de orientação sexual. Nas páginas de 192 à 198, em um passeio com Pai João, Ângelo observa a presença de vários casais, inclusive casais do mesmo sexo.


Descrição de Aruanda segundo o livro "Tambores de Angola" de Robson Pinheiro:

"Era uma cidade de flores. Rios e cachoeiras estavam convivendo perfeitamente com as construções singelas, enfeitadas por trepadeiras e flores perfumosas. Era um vale profundo, rodeado de montanhas altaneiras e verdejantes. O ar trazia o perfume de rosas e alfazemas, balsamizando o ambiente espiritual, que estava cintilando com os reflexos de formoso arco-íris, que enfeitava o céu de um azul intenso. Tudo era harmonia. Tudo era belo! As construções pareciam haver sido estruturadas em material semelhante a cristal. E as cachoeiras e rios e lagos pareciam refletir a beleza do Éden. Mas não era o Éden.
Crianças de todas as raças corriam pelo vale em alegria indizível. Espíritos operosos pareciam se ocupar com atividades as mais diversas, e caravanas chegavam e partiam em direção à Crosta, levando bálsamo e consolo, lenitivo e esperança". 

Ednay Melo
Fontes:
Blog do Livro Espírita
Wikipédia






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Toques Espirituais do Preto Velho


Mensagem de Preto Velho


TOQUES ESPIRITUAIS DO PRETO-VELHO AMIGO 
(Toques Luminosos Para os Estudantes e Trabalhadores Espirituais)

Meus filhos, os processos obsessivos sempre começam naquilo que os homens acalentam em seus pensamentos, emoções e intenções.
Quando os irmãozinhos das trevas encontram campo fértil na mente dos homens, eles logo tratam de plantar todo tipo de ignomínias e sandices.
Eles são mestres em todo tipo de enganações e sedições dos corações.
Por isso, é bom não compactuar com nada que venha deles.
Quem é da Luz e do Bem e trilha o caminho da Fé, sabe que o canto das trevas é melífluo e cheio de malícias. É canto de destruição!
Os falangeiros sombrios se gabam dos muitos incautos que caíram em suas artimanhas ao longo do tempo. Eles se locupletam com as más intenções que encontram aninhadas no bojo dos pensamentos de muitos homens sem razão e sem dignidade.
Urge que os filhos que transitam nas trilhas do Bem e da Luz fortaleçam sua Fé e seus propósitos e não se deixem emaranhar nos tentáculos da arrogância e do mal.
O Canto da Luz não engana ninguém! É Canto de crescimento e renovação.
É Canto de Consciência! E só os filhos responsáveis compreendem isso.

* * *

Nada pode separar o tarefeiro da Luz de seus propósitos espirituais.
É questão de honra e caráter pleno, forjados no fogo do trabalho verdadeiro.
É valor perene consagrado no sacrifício de servir à Luz, e não ao próprio ego.
É compromisso sadio com seus guias extrafísicos, que nunca enganam a ninguém.
Os bons filhos espirituais não pisam em quem sabe menos, pois seria covardia.
Eles aprenderam arduamente que quem não respeita os outros é gente doente.
Aqueles que se gabam do seu saber são os mais necessitados de compreensão...
Os pés que caminham pela senda da Luz não são feitos para pisar nos outros!
As mãos que aplicam passes jamais poderão agredir (mãos de Luz não ferem).
Isso é muito importante! Gente de Fé não desonra o seu serviço com tolices.
E os meninos e meninas que se dizem do Bem, que façam por onde e cresçam!
A Canção da Luz não é para os fracos de espírito. É Canção de Despertar!

* * *

Nosso Senhor sabe quem é quem nas lides espirituais (ninguém O engana).
Ele sabe quem tem quinhão de Luz, pois lê a verdade de cada um, em seu coração.
Ele sabe que ninguém é perfeito. E só pede que cada um dê o seu melhor...
Muitas vezes, um pequeno Bem (na Força da Luz) elimina um grande mal!
Ele se alegra e vibra junto com cada pequena vitória dos seus trabalhadores.
Portanto, jamais troquem as benesses do Senhor pelas artimanhas das trevas.
Orem. Façam a caridade. E sintam-se felizes por terem encontrado a Luz.
O tarefeiro espiritual é feliz. Porque nada pode separá-lo do Amor do Senhor.


P.S.:
Ouçam a Canção da Luz!
Ela vem das Esferas Espirituais Elevadas...
Lá da Colônia Extrafísica de Aruanda.
É Canção de Amor, cheia de Benesses.
Ouçam, em seus corações, na Fé!
(E que Nosso Senhor os abençoe, sempre).

Na Luz. Na Fé. No Amor.
Com Lucidez e Serenidade na senda.

Pai Joaquim de Aruanda / Wagner Borges 

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22/02/2015

A Ética do Filho-de-santo


Este texto trata de algumas reflexões particulares que tenho feito sobre a ética que deve existir na relação mestre-discípulo, pai/mãe-de-santo e filho-de-santo, dentro da religião Umbandista.

“Difícil não é ser mestre. Difícil é ser discípulo”. Porque "mestre"muitos acham que são ou podem ser.

O Sacerdote ou a Sacerdotisa dentro da religião de Umbanda (pai ou mãe-de-santo) detém as chaves e os conhecimentos fundamentais da raiz e da tradição umbandista que cada terreiro possui.

Como pessoas mais velhas dentro da tradição religiosa, que construíram o seu caminho antes de nós, o pai e a mãe-de-santo são reconhecidos como sendo capazes e capacitados para exercer sua função de líderes espirituais de uma comunidade de terreiro. Isso porque nosso pai/mãe-de-santo foram também filhos-de-santo daqueles que os precederam e passaram por um longo período de formação e aprendizado para estarem onde estão.

Na minha visão, quando uma pessoa escolhe uma casa de umbanda para frequentar, principalmente se na condição de médium, ela deve tomar essa decisão verificando se aquele templo dispõe de princípios de trabalho que se entendam como sendo ricos e coerentes com as expectativas que esta pessoa possui em sua busca espiritual.

Com mais destaque, quando falamos daquele que será nosso pai/mãe espiritual. Devemos reconhecer essa pessoa como sendo portadora de valores ético-morais com os quais nos identificamos e como alguém de grande experiência na vivência umbandista, sendo ela quem irá guiar o discípulo pela estrada da iniciação, em cuja imagem e exemplo devemos nos inspirar.

Não quero dizer que tenhamos que cultuar, idolatrar e, muito menos, bajular a pessoa de nossa mãe/pai de santo. Tão pouco devemos procurar nela a imagem de um santo ou anjo perfeito e infalível, que está a nossa disposição para resolver todo e qualquer problema de nossas vidas, coisa que está muito distante da realidade de qualquer ser humano. Contudo, nosso mestre deve ser tido como alguém merecedor de grande estima e respeito de nossa parte.

Uma vez que escolhi aquela determinada pessoa para ser minha mãe-de-santo ou pai-de-santo, a ponto de dar a ela a minha coroa, a minha cabeça para ser “feita” e, consequentemente, comprometi-me com ela e com a minha comunidade de santo em ligações espirituais de profundidade, é porque reconheço-a como sendo plenamente capacitada para me guiar e orientar em minha vivência religiosa/espiritual dentro das Leis de Umbanda.

O filho-de-santo deve compreender que desrespeitar o seu Mestre Espiritual é desrespeitar o terreiro que frequenta, os Guias e Mentores da Casa e os irmãos-de-santo que lhe compartilham da vivência religiosa. Fazer piadas e debochar do Mestre demonstra uma personalidade infantil e ególatra, que se pretende ser auto-suficiente e substituir a figura do pai/mãe-de-santo pela sua própria. Mostrar despeito e desconsideração para com os ensinamentos e/ou advertências do líder religioso é achar-se melhor capacitado e mais experiente do que seu próprio mestre.

Na condição de filho-de-santo, gostaria também de colocar que essas situações são muito do gosto daqueles seres espirituais que habitam as trevas do mundo espiritual, os quais se valem destas aberturas que damos em nossos pensamentos mal conduzidos para insuflar essas atitudes infelizes, minando nossas resistências morais, provocando a dúvida e o desrespeito para com a Mãe ou o Pai-de-Santo, numa tentativa de desvirtuar e fazer falir as atividades benéficas e de auxílio que o templo religioso desenvolve.

Portanto, minha postura deve ser pautada em uma ética de respeito ao meu sacerdote/sacerdotisa. Suas palavras e ensinamentos devem ser sempre ouvidos em silêncio, mesmo que no momento não compreendidos, para serem posteriormente meditados pelo filho-de-santo para entender o sentido de suas lições. Caso determinadas colocações ou atitudes do babalorixá/yalorixá tenham causado dúvidas, discordâncias ou qualquer sentido de contrariedade para o filho-de-santo, este deve pedir uma conversa particular e direta com seu pai/mãe espiritual. Jamais colocar sua contrariedade como objeto de discussão pública dentro do terreiro. Porque muitas vezes, as razões que levaram o líder religioso a tomar determinadas posturas e medidas estão de acordo com a visão que este possui na sua condição de líder e de pessoa mais experiente, e que ainda escapa ao filho-de-santo uma compreensão integral a respeito, justamente por sua inexperiência. Sendo assim, na ética imposta ao filho-de-santo, jamais este deve fazer da figura, das atitudes e das palavras de seu pai/mãe-de-santo um motivo de piadas, de deboches e de despeito, denotando completo desrespeito para com seu líder religioso, assim como para com a comunidade que o rodeia.

Agora, cumprir obrigação para com a comunidade de santo não significa, somente, estar presente nas giras e nas datas festivas, uma vez que isso é algo que o filho-de-santo irá fazer dentro da sua disponibilidade de tempo dada pelo seu momento de vida e das atribuições de responsabilidades a que esteja vinculado ou de acordo com a regra de cada casa. Cumprir obrigações para com a comunidade de santo é ter uma postura respeitosa para com as regras disciplinares do templo, desde o vestuário recomendado até o comportamento ético que se exige do filho-de-santo dentro e fora do templo, para que sua casa, sua religião, os Guias Espirituais, e seu babalorixá/ialorixá sejam honrados pela sua conduta e seus exemplos.

O filho-de-santo deve procurar ter uma visão “horizontal” do seu templo religioso. Olhar ao redor e perceber que para além da sua contribuição pecuniária mensal, indispensável para o custeio mínimo das despesas do templo religioso, existem atividades necessárias para o bom andamento da casa e que demandam trabalhadores voluntários para a sua realização, podendo o filho-de-santo integrar-se as equipes de limpeza e organização da casa. Pois, quanto mais pessoas interessadas e dispostas a ajudar, menos sobra para um pequeno grupo de irmãos-de-terreiro que acabam ficando sobrecarregados, apesar de sua boa-vontade em ajudar sem enfado, nem reclamação.

Falando de irmãos-de-santo, a postura ética com respeito aos irmãos de terreiro. Irmão de santo ou de terreiro é, primeiro e antes de tudo, nosso parceiro de vivência espiritual e religiosa. Não deve ser visto como colega de bar. Naturalmente, o terreiro não deixa de ser um local próprio para uma experiência de cunho social e é completamente aceitável e saudável que as pessoas criem laços de amizade e de afeição umas pelas outras. Entretanto, isso não deve servir para que os irmãos-de-santo se vejam, dentro do ambiente do terreiro, como estando em um churrasco em casa familiar, na qual se vai falando todo o tipo de assunto, piadas, provocações, brincadeiras, etc.

As conversações devem ser colocadas em um nível coerente ao lugar onde estão. E o terreiro é um templo religioso para onde vão pessoas buscando encontrar sentidos maiores para a sua vida, capazes de fazê-las suportar as provações pelas quais estão passando.

Da mesma maneira, olhar ao redor e perceber o público que busca a sua casa. Pessoas com problemas de saúde, com dificuldades no lar, desempregadas, vivendo dramas os mais variados e inimagináveis. Elas merecem um ambiente sereno e silencioso, onde podem orar e encontrar paz interior, contando com pessoas (filhos-de-santo) educadas, respeitosas e atenciosas? Ou merecem ver pessoas como se estivessem num clube social, em conversações despreocupadas, barulhentas, sobre coisas que nada tem a ver com o ambiente religioso onde estão?

Quem constrói um ambiente de paz ou de balburdia são os próprios filhos-de-santo da casa, uma vez que são os seus trabalhadores.

Assim, provocar situações que demonstrem desrespeito para com a pessoa do Líder Espiritual, seja fazendo piadas, debochando de suas advertências e lições, com pouco caso e despeito, desconsiderar o ambiente ao seu redor e entregar-se a condutas e conversas relaxadas em igual desrespeito para com os irmãos-de-terreiro e, principalmente, para com aqueles que buscam a sua casa de Umbanda em busca de amparo e consolo, é lançar sobre si mesmo o peso das Leis de Umbanda e, por mais que tais atitudes infelizes possam passar despercebidas ou mesmo serem fechadas ao conhecimento de seu Mestre Espiritual, jamais elas estarão desconhecidas dos Guias e Mentores do Templo, os quais tudo vêem e tudo sabem a respeito de cada um dos filhos-de-santo ligados à sua tradição.

Concluindo, quero enfatizar que é imprescindível uma postura ética e de estima para com a Mãe e o Pai-de-santo do terreiro. São eles os sustentáculos humanos dentro de cada tradição umbandista, são eles que detém as chaves da iniciação e a experiência construída antes de nós, capazes de nos ligar ao Sagrado e nos orientar na jornada espiritual dentro das Leis de Umbanda que escolhemos seguir, por vontade própria, os quais devemos honrar a todo momento, com nossa atitude de respeito, carinho e, acima de tudo, com nossos exemplos de retidão de conduta e melhoria como seres humanos dentro e fora do terreiro.

Gregorio Lucio









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15/02/2015

As Muitas Interpretações no Universo da Umbanda

As Muitas Interpretações no Universo da Umbanda - Por Ednay Melo


A interpretação dá margem à imaginação!

Nós, seres humanos, recebemos constantemente estímulos através dos nossos sentidos e o estímulo que necessita ser compreendido é interpretado por nós de acordo com o nosso arquivo mental e capacidade intelectual.

A linguagem é a nossa ferramenta mais preciosa de comunicação. Existem a verbal, com palavras escritas ou faladas e a não verbal, que são sinais, gestos, posturas e tudo que seja transmitido sem o auxílio direto das palavras.

Os espíritos convivem conosco a toda hora e estão sempre nos enviando informações. A informação espiritual é previamente adequada à capacidade de entendimento de quem se destina. Pode ser verbal, utilizando a mediunidade de psicofonia, audiência e psicografia, e não verbal utilizando-se a mediunidade mais abrangente que é a intuitiva. A língua pode ser culta ou formal e pode ser coloquial ou informal.

Logo, se os espíritos querem transmitir uma mensagem a um simples homem do campo, jamais se utilizarão da língua culta e sim da coloquial informal com um mínimo de variantes para o seu fácil entendimento.

E quando os espíritos transmitem uma mensagem para várias pessoas, com variados graus intelectivos? É o que justamente vemos nos terreiros de Umbanda, pessoas de diversas classes sociais e nível de instrução, porque a Umbanda veio para todos, sem distinção.

Com certeza eles têm o cuidado de adequação das palavras que sirvam para todos.

E por que nós, médiuns umbandistas, também não temos esse cuidado ao transmitir o que interpretamos deste intercâmbio com os espíritos?

O fato é que existem interpretações várias, pois variadas são as pessoas. Será que existe apenas uma verdadeira? Ou serão todas verdadeiras e apenas diferentes? Como chegar a um consenso de ideias na Umbanda? Enquanto não houver o respeito pelo limite do outro, nunca haverá consenso. Lembro sempre da colocação do espírito André Luiz: "Cada um está na religião que é capaz de entender!", levando esta frase para o nosso tema: Cada um interpreta a mensagem espiritual da forma que é capaz de entender, não é errada, pode ser diferente da do outro, mas é o que ele naquele momento entende.

Lembremos da simplicidade em todas as coisas que a Umbanda nos ensina. A título de exemplo, existe algo mais fatigante do que estudar as sete linhas dentro da literatura umbandista? Cada um transmite a salada de ideias que entende e assim, mais desinformadas ficam as pessoas que querem aprender. Será que os espíritos concordam com as ideias que confundem mais do que esclarecem? Sinceramente, acho que não.

Observamos com frequência a tentativa de explicação de tudo o que acontece no universo da umbanda. Recentemente tive a oportunidade de conhecer a interpretação de um irmão de fé de alguns pontos cantados e eu não consegui interpretar da mesma forma... Logo me veio o pensamento e a intuição para escrever este texto: A interpretação dá margem à imaginação!!!

Humildade e simplicidade sempre na nossa Umbanda! Por favor!

Ednay Melo




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Pontos de Força de um Terreiro

Pontos de Força de um Terreiro


Os assentamentos são pontos de forças distribuídos pelo espaço físico do Terreiro, carregados de energias espirituais e compostos por elementos magísticos como imagens, água, cristais, pembas, velas, ervas, flores e demais elementos característicos do trabalho do Orixá ou Guia a quem pertence o assentamento. Sua função é receber e expandir a energia espiritual, bem como ser ponto de proteção e também de descarrego. Serve também como ponto de concentração e vibração dos pensamentos, direcionando a fé e facilitando o transe mediúnico. Para consagrar os elementos do assentamento é preciso direcionar o objetivo com rituais próprios de cada Casa, o ideal é que estes elementos sejam consagrados nos Reinos da Natureza.

As firmezas são as forças que mantém a vibratória energética dos assentamentos, como a alimentação e a iluminação, tendo a força do pensamento como princípio fundamental para toda e qualquer dinâmica espiritual.

Os pontos de força de um Terreiro devem ser respeitados por todos os que adentram o solo sagrado, deve-se reverenciar às forças espirituais que ali vibram, pedindo licença, proteção e a permissão para ali permanecer.


Congá ou Altar

É o assentamento de todos os Orixás e Guias, que pode ter imagens ou não, vai depender da orientação espiritual dada ao Sacerdote, geralmente são usados os elementos água, ervas, flores, velas, cristais, pembas e material específico das entidades daquela casa.


Pode-se fazer Altar na residência?

            Não, não pode. Exceto sob orientação e supervisão do Sacerdote, que por sua vez deve saber o que faz. A princípio, não é nada demais ter altar em casa, traz benefícios servindo como ponto de força de proteção e local onde o fiel pode direcionar as suas preces e entrar em contato com o Sagrado. Mas não é só isto. Quem estuda sobre o mecanismo das obsessões sabe perfeitamente que espíritos oportunistas podem se aproveitar deste local, que não tem as defesas de um Terreiro, para se passar por espíritos de luz que nele estão representados, e a partir daí mantém a pessoa sob o seu domínio. O leitor pode estar se perguntando: “... e os espíritos de luz permitem?” Sim, permitem se for o merecimento, pois quem atrai os obsessores são os próprios obsidiados com seus pensamentos e ações desvirtuados. Ver capítulo 8 sobre obsessões. Na residência, pode-se fazer firmeza para o Anjo da Guarda, também sob a orientação do Sacerdote e, ao lado desta firmeza, pode-se eventualmente fazer firmezas para Orixás e Guias. As firmezas, nestes casos, devem ser feitas, basicamente, com os elementos água e fogo, através da queima de velas.


Tronqueira ou Casa dos Exus Guardiões

É o assentamento dos Exus Guardiões, ponto de força de proteção, defesa e descarrego, onde também são usados os elementos que são pedidos pelas próprias entidades. Geralmente usa-se os tridentes específicos do Exu e da Pomba Gira, bebidas que podem ser o marafo (aguardente) para o Exu e a cerveja ou a champagne para a Pombagira, velas, pembas, charutos, cigarros e qualquer outro elemento indicado pelos Guardiões daquele Terreiro.


Cruzeiro das Almas

É o assentamento do Orixá Omulu, cujos desdobramentos são os Pretos Velhos. Ele é composto basicamente por uma cruz, como a que encontramos nos cemitérios para acender velas.


Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo




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07/02/2015

Caboclos Boiadeiros na Umbanda

Caboclos Boiadeiros na Umbanda

A Linha dos Boiadeiros apresenta-se geminada com a linha dos Caboclos de Oxossi, traz o arquétipo dos homens valentes que tangem e capturam as suas boiadas na força do laço, como também as conduz para os pastos afim de saciar suas fomes e matar suas sedes.

Na Umbanda conduzem os espíritos que não respeitam a Lei e a Ordem para que não interfiram nos trabalhos realizados dentro dos Terreiros, agem como verdadeiros dispersores de energias negativas das pessoas e ambientes. Sua incorporação é forte e a sua dança imita o boiadeiro que gira o braço com o seu chicote para laçar seu alvo.

Esta entidade de luz espiritual, o Boiadeiro, auxilia o médium quando este precisa ser reconduzido em seu caminho evolutivo. Sua energia é de mais fácil sintonia com o médium encarnado, por lidar com dimensões vibratórias e fluídicas mais densas e mais próximas ao mundo material. Portanto, a voz interior que conduz a outros caminhos melhores, muitas vezes, é a voz de um boiadeiro.

São importantes nos trabalhos de desobsessão para encaminhar "a força" os espíritos endurecidos que se negam a colaborar em benefício de si próprio, tendo que serem "tangidos" do ambiente para não prejudicarem outros espíritos e médiuns no Terreiro.

São espíritos que já reencarnaram não necessariamente como boiadeiros e vaqueiros, mas que trazem o arquétipo valente e destemido deste homem rural, forte, leal e justiceiro.

Caboclo Boiadeiro é uma linha auxiliar de trabalho que atua próxima a linha dos Caboclos de Oxossi, e cumpre sua missão com muito compromisso dentro da Umbanda. São duas linhas, Caboclos e Boiadeiros, que se completam, se harmonizam e carregam o arquétipo da coragem, da disciplina, da luta e da bravura.

Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo



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02/02/2015

O que é Axé na Umbanda


Axé na umbanda por Ednay Melo

Axé é energia do astral superior, é o poder vibratório dos Orixás. Tudo o que está em sintonia com Deus tem axé, portanto, axé é vida, é energia condensada (vida material) e fluídica (vida espiritual) que vem de Olorum. Sinteticamente, axé na Umbanda é a energia sagrada que vem de Deus através dos Orixás, isto é, através de toda a natureza.

Na Umbanda o axé é dinamizado, é energia em constante movimento, pois a Umbanda lida mais diretamente com as forças da natureza, os Orixás.

Os Falangeiros dos Orixás que se apresentam nos nossos Terreiros nos trazem axé por meio da dança, do brado, da manipulação energética com os quatro elementos: água, fogo, terra através das ervas e ar através dos fluidos, todos eles presentes no sítio vibracional (mar, rios e cachoeiras, matas, etc) do Orixá que estiver em terra naquele momento da Gira.

Quando se está presente em uma Gira de Umbanda com o coração, isto é, com fé e amor, é possível entrar em um estado de equilíbrio físico, psíquico e energético, porque estas virtudes abrem o canal por onde flui o axé dos Orixás em benefício do fiel.

Arriar uma oferenda na natureza é também um meio eficaz de receber axé dos Orixás, mas também é preciso fé e amor.

Muitas vezes não é preciso nenhuma magia, nenhum tratamento espiritual para o fiel alcançar os propósitos que o levaram a um Terreiro de Umbanda, seja a busca da saúde, do equilíbrio material ou espiritual. Basta sua fé, humildade e amor nas Giras e louvações aos Orixás, atrelados à permissão de Deus e ao seu merecimento, para receber o axé dos Orixás, com tudo o que ele precisa para o seu equilíbrio e crescimento.

Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo

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