Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

04/05/2013

As Sete Lágrimas de um Preto Velho

as sete lágrimas de um preto velho

Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste Preto Velho chorava. De seus olhos molhados, lágrimas lhes desciam pela face e não sei por que as contei. Foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei: 

- Fala meu Preto Velho, diz a este teu filho, por que externa assim, esta tão visível dor?

- Está vendo, filho, estas pessoas que entram e saem do terreiro? As lágrimas que você contou, estão distribuídas a cada uma delas.

- A primeira lágrima foi dada aos indiferentes, que aqui vem em busca de distração. Que saem ironizando e criticando, por aquilo que suas mentes ofuscadas não puderam compreender.

- A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando. Sempre na expectativa de um milagre, que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos lhes negam.

- A terceira, aos maus. A aqueles que procuram a Umbanda em busca de vinganças, desejando prejudicar a um seu semelhante.

- A quarta, aos frios, aos calculistas. Aos que, ao saberem da existência de uma força espiritual, procuram beneficiar-se dela, a qualquer preço, mas não conhecem a palavra gratidão e nem a Caridade.

- A quinta lágrima, vê como chega suave? Ela tem o riso, do elogio e da flor dos lábios. Mas se olhares bem, no seu semblante, verá escrito: 'Creio na Umbanda. Creio nos teus Caboclos, nos teus Velhos, e no teu Zambi, mas somente se vencerem no meu caso ou me curarem disso ou daquilo'.

- A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Terreiro em Terreiro, sem acreditar em nada, buscando aconchegos e conchavos. Mas em seus olhos revelam um interesse diferente.

- A sétima, filho, notas como foi grande? Notou como deslizou pesada? Foi a última lágrima. Aquela que vive nos Olhos de todos os Orixás e de todas as entidades. Fiz doação desta aos Médiuns. Aos que só aparecem no Terreiro em dia de festa. Aos que se esquecem de suas obrigações. Aos que esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade, tantas 'crianças' precisando de amparo. Da mesma caridade e do mesmo apoio que eles próprios, um dia aqui vieram buscar. Assim, filho meu, foi para esses todos que vistes cair, uma a uma, AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO.

Do livro: Umbanda de Todos Nós / W.W.da Matta e Silva (Mestre Yapacany)








Leia mais

02/05/2013

Quem Procura Caridade, Esquece de Fazer Caridade

Quem Procura Caridade, Esquece de Fazer Caridade


Acredito que seja um fato que ocorre na maioria dos terreiros, de se fazer a "campanha do quilo", no intuito de ajudar a alguma instituição ou comunidade, pedindo a assistência e aos médiuns que contribuam com um quilo de alimento não perecível.

Não é nada de mais, até porque, não se cobra a caridade prestada pelas entidades, e ainda tem casas que oferecem um café quentinho e até um lanche aos assistidos.

O que é estranho é o fato de, mesmo pedindo, muitos assistidos não ajudam e até médiuns, e olha que tem gente que vem toda semana: seja para tomar um passe, seja para conversar com um guia, seja para fazer um descarrego..., mas não se dá ao trabalho de lembrar em retribuir a caridade que lhe é prestada, para àqueles que mais necessitam.

Não digo que muitos fazem por maldade ou indiferença. Uma parte faz porque esquece ou está tão ligada aos seus problemas, que não tem olhos nem ouvidos para para escutar sobre as campanhas ou ler os avisos de "Traga um quilo de alimento para nossa campanha".

É interessante que muitos recebem a caridade dentro de uma casa de Umbanda, seja ela de que ramificação for, mas poucos entendem o princípio de dar e receber, de ajudar a quem precisa, do que realmente significa ser caridoso.

Só que, se a casa começa a cobrar, seja que valor for, para reverter em cestas básicas ou em outras coisas para ajudar no serviço assistencial que têm, as mesmas pessoas que não contribuem, não participam, mas que recebem a caridade feita pela casa, são as primeiras a reclamar e dizer: "mas casa de Umbanda não cobra $ nada!"; outros acabam dando uma desculpa quando são confrontados quando, em sua frente, vê um ou outro oferecendo um quilo de alimento.

É muito estranho, mas ainda falta muito para nos identificarmos como um conjunto religioso com uma identidade que vislumbra o respeito ao outro, a caridade, a solidariedade, o bem sem olhar a quem ...

Espero que um dia isso aconteça, mas sei que não estarei mais por aqui (reclamando desse lado ruim da Umbanda e fomentando as suas partes boas).

Pai Etiene Sales



Leia mais

01/05/2013

Umbanda - Aspectos Gerais


Tenho observado dentro de minha prática de Umbanda, e nessa prática lá se vão mais de 36 anos, que as pessoas que buscam a Umbanda o fazem, em sua maioria, para resolverem problemas de ordem material exigindo um resultado imediato, que quando não encontram, creditam ao terreiro ou ao dirigente, quando não a própria Umbanda, o motivo do seu fracasso. Por que isto acontece? Acreditamos que a culpa disto seja dos próprios umbandistas que ao invés de esclarecerem que a Umbanda não é para "resolver" problemas, mas sim é uma religião digna e nobre, como qualquer outra, se omitem ou então são os primeiros a viverem "dando oferendas" para obterem "favores" materiais dos Orixás. Isto não é Umbanda.

Por outro lado, por a Umbanda lidar com elementos e uma variedade enorme de espíritos, temos a possibilidade de penetração nos mais variados estágios de evolução do astral, conseqüentemente, havendo merecimento e empenho muitos problemas acabam tendo realmente solução rápida. Mas isto não se aplica a todos, mas somente aos que merecem e fazem por merecer. E quem determina isto? O Pai Maior... Zambi. 

Sabemos ser muito mais fácil acreditar em fórmulas mágicas quando estamos desesperados, com alguém gravemente doente em nossa família, desempregados, etc, entretanto, não podemos nos deixar seduzir pelas falsas promessas de falsos umbandistas, que chegam ao cúmulo de se auto intitularem "Pais no Santo" ou "Mães no Santo". Não meu irmão! Desconfie. Não existe mistério nisto. E o raciocínio é simples. Por que Deus daria, a uma pessoa, que geralmente cobra por seus serviços, o poder de curar o seu parente, ou de lhe arrumar um excelente emprego? Pare e pense. Isso tem lógica? Isso tem a ver com Deus? Certamente não. São charlatões, pessoas desonestas, que fingem, ou então que estão intimamente ligadas ao Astral Inferior, mas que invariavelmente vivem da desgraça alheia. E que denigrem o nome da Umbanda e dos seus seguidores. 

Qual o mistério da Umbanda? Amor e Caridade. Pura e simplesmente. A ritualística que cada terreiro de Umbanda segue, serve como um leque de possibilidades para os diversos anseios de culto de cada um, entretanto o que deve ser a preocupação de quem busca uma Casa de Umbanda é se ela é séria, não cobra consultas, trabalhos, nem nada, se faz algum tipo de trabalho social, e se tem como objetivo principal a Caridade e o Amor incondicional ao próximo. Isto é a Umbanda! Simplesmente Umbanda!

Tornando coerente o título deste livro com o conteúdo, passarei agora a uma parte dedicada exclusivamente a perguntas e respostas. São perguntas que escutei de várias pessoas, consulentes ou médiuns, nas palestras que proferi em meu Terreiro, elas variam em grau de profundidade e de objetivos. Procurarei dar respostas simples porque simples é a Umbanda. Não devemos também julgar a qualidade das perguntas, pois se para você determinada pergunta é boba ou simples demais, para outro poderá não ser. E se a pergunta está aqui, é porque alguém, algum dia perguntou e é nossa obrigação responder. Tornou-se um hábito para mim buscar saber o "porque" das coisas, então não estarei respondendo com um simples "é porque é" ou "isto é mistério da fé", mas também não estarei sendo irresponsável a ponto de estar revelando ritos que são destinados apenas aos iniciados na Umbanda e que fora dela não teriam o menor sentido.

1. Pode, duas ou mais pessoas, receberem entidades com o mesmo nome?

Certamente que sim. Aliás isso é bastante comum de acontecer, da mesma maneira que encontramos várias pessoas com o mesmo nome. Vide explicação do gráfico na página 88. Exemplo: o Caboclo Tupy incorpora no médium A, B e C ao mesmo tempo, numa mesma gira. Mas não é o mesmo espírito. São espíritos diferentes que assumiram o mesmo nome em função de haverem se filiado à falange de Caboclos chamada Tupy, de características ou especialidades ou missões parecidas. Na verdade, se pararmos para pensar direitinho, o nome é o que menos deve interessar, mas sim o grau de compromisso com a Caridade.

2. É verdade que a pessoa que entra para trabalhar na Umbanda não pode mais sair, porque senão atrasa a vida?

Não, não é verdade, assim como não é verdade que a vida da pessoa vai para frente se ela entrar para a Umbanda. O que ocorre é que ao entrar para a corrente de um terreiro de Umbanda a pessoa passa a dar vazão e a desenvolver sua mediunidade, assume compromissos e responsabilidades, se tranquiliza, se harmoniza, melhora vibrátil e evolucionalmente (ou pelo menos deveria). O "atraso na vida" da pessoa pode ocorrer porque ela deixa de poder se equilibrar, cuidar, evoluir e fazer caridade; conseqüentemente deixa de ter tranqüilidade para resolver inúmeras questões, inclusive as mais simples. E isto ocorre porque a pessoa deixa o terreiro, mas não deixa de ser médium, então continuará recebendo influências do Astral, entretanto, se não tiver uma vida regrada, reta, de conduta ilibada e não fizer caridade, o Astral que a estará influenciando será o inferior. Que fique claro também que não é o ingresso ou a permanência num terreiro de Umbanda que fará com que a vida da pessoa "ande pra frente" ou que todos os problemas materiais dela se resolverão. O mais importante é a conduta moral da pessoa, o seu desejo de fazer caridade, de ajudar o próximo, de evoluir. Isso sim será determinante do quanto essa pessoa irá melhorar. A Umbanda através do terreiro dará a oportunidade, o meio e o método, cabe a pessoa abraçar essa oportunidade ou não.

3. Uma vez eu ouvi um médium dizendo que tinha que trabalhar porque senão o Caboclo batia nele. Porque o Caboclo dele faria isso?

Não, o Caboclo dele não faria isto. Certamente era o próprio médium, dentro de suas limitações de conhecimento que entendia assim. Na realidade, o que muito provavelmente o Caboclo faria é alertar o médium para os perigos que ele estaria sujeito ao abandonar a Banda. Guia ou protetor não bate. Ele respeita a nossa opção, o nosso livre arbítrio que nos foi outorgado por Deus. Eles não têm ingerência sobre isso. Como dito anteriormente, o médium ao se afastar da Banda, não deixa de ser médium, mas sabe-se lá o que passa a fazer de sua vida. Se forem coisas boas, continuará recebendo boas influências, mas se começar a levar uma vida destrambelhada, receberá influências negativas ou ruins. A Umbanda, e por conseqüência os nossos guias, não tem a função de nos "punir", mas de nos orientar e amparar.

4. Qual a função dos banhos de ervas?

Tem ervas que são para descarrego, outras para energização, outras com ambas as funções, outras preparatórias para algum tipo de trabalho. Dependendo da necessidade, o médium tomará o seu banho de ervas objetivando sempre uma melhor harmonização com as forças da natureza, para a consecução dos objetivos propostos. Os banhos de ervas envolvem uma ritualística preparatória e não devem ser tomados indiscriminadamente, mas com orientação do Dirigente do Terreiro ou de pessoas a sua ordem, pois sem o conhecimento específico do problema ou objetivo, o banho pode ter efeito contrário. Exemplo disto: se a pessoa estiver agitada demais não deverá tomar banho com uma erva de Ogum ou Iansã, pois poderá ficar mais agitada ainda.

5. O médium quando está incorporado sabe tudo que está acontecendo e o que a pessoa está conversando com o guia?

Normalmente sim. A grande maioria dos médiuns é consciente ou semi-consciente (como alguns falam), ou seja, sabe o que está acontecendo mas não têm ingerência sobre as atitudes da Entidade. Normalmente logo após a consulta ainda lembram algumas coisas, que vem como forma de "flash", mas logo depois vão se esquecendo. Após um determinado tempo só lembram que atenderam com suas entidades, uma ou outra pessoa. Somente os médiuns totalmente inconscientes é que não sabem o que está se passando durante a consulta, mas esses médiuns são cada vez mais raros. Mas se a sua preocupação com essa pergunta é se você pode conversar sobre qualquer assunto com a Entidade que o médium não vai contar pra ninguém, isso dependerá da índole do médium e da Casa, mas o princípio básico de todas as Casas de Umbanda sérias, é o sigilo das consultas e o respeito pelo problema da cada um.

6. Se uma pessoa tem que trabalhar e se a mesma não entrar para o Centro, ela pode receber algum guia na rua, no trabalho ou em qualquer lugar?

Não! Um guia, protetor ou entidade de luz não irá jamais expor uma pessoa ao ridículo ou a situações constrangedoras incorporando em lugares públicos.

O fato é que a pessoa sendo médium e não desenvolvendo a mediunidade não faz com que deixe de ser médium. O que ocorre é que a sua mediunidade ficará "embrutecida" e desamparada expondo-a a ação de espíritos trevosos, que, esses sim, podem se manifestar em lugares públicos expondo a pessoa a situações embaraçosas. Importante ressaltar é que ser médium é uma oportunidade que recebemos de Zambi (Deus) para expurgar parte de nosso karma. Negar ou fugir disso não ajuda em nada. O importante é aprender a lidar com isso. E a melhor maneira é desenvolvendo. A religião ou a Umbanda deve entrar em nossas vidas para nosso crescimento enquanto pessoas. Nunca deve ser imposta. Não concordo com fórmulas impostas, entretanto sabemos que existem pessoas e pessoas. Cada um com seu karma, merecimento, missão e vontade. Claro que todo ato nosso tem conseqüências, resta saber se estamos dispostos a arcar com elas. É óbvio também que se acreditamos que antes de encarnar assumimos alguns compromissos com o objetivo de resgatarmos o nosso karma, e nesses compromissos assumidos estão envolvidas entidades de Umbanda que nos auxiliarão nesse processo, ao nos recusarmos a trabalhar num terreiro de Umbanda, ao nos recusarmos a ouvir os convites feitos pelas nossas entidades para obrarmos o bem, estaremos nos expondo a não cumprirmos com o prometido. É claro que existem outras formas de fazermos caridade. É bem verdade que com o concurso de um terreiro, de uma corrente essa tarefa fica facilitada, já que era isso que estava "combinado". Fazer parte de uma corrente facilita a nossa comunhão com Deus e com os espíritos do bem, mas não adiantará de nada o médium estar dentro de uma corrente contrariado. Ser umbandista deve ser uma opção e não uma imposição. Como dissemos anteriormente, nossos atos geram conseqüências, resta saber se estamos dispostos a arcar com elas.

7.Todo mundo é médium?

Todos somos sensitivos. Alguns mais do que outros. Esses diferentes níveis de sensibilidade podem ser compreendidos como diferentes tipos de mediunidade. Todo ser humano possui um nível de sensibilidade que estará diretamente ligado a missão do mesmo na terra. Alguns possuem a sensibilidade ou mediunidade de incorporação, audiência, clarividência, vidência, psicofonia, psicografia, etc. Todas cabíveis de serem desenvolvidas e despertadas de acordo com o livre-arbítrio de cada um.

8. Afinal, há a necessidade de todos os médiuns se desenvolverem?

É conveniente que sim, ou pelo menos manterem-se harmonizados com o Alto de alguma maneira. Maneira essa através de orações, pensamentos elevados, vida equilibrada e conduta correta, ou freqüentando alguma religião. Tudo isso para evitarem a manifestação de obsessores que utilizarão sem cerimônia a mediunidade da pessoa. Nem todos são médiuns de incorporação. Existem inúmeras formas de mediunidade.

9. Como descobrir se sou mesmo médium?

Prestando atenção a o que está a sua volta, visível e invisível, aos convites abertos e velados da espiritualidade. Estudando-se como ser humano e o que está fazendo aqui na terra. Entendendo que somos pessoas encarnadas com um karma a resgatar e absorver os ensinamentos que recebemos todos os dias das pessoas que nos rodeiam. Não deixar a vida passar achando-se muito novo para desenvolver ou descobrir a espiritualidade e não temendo o compromisso.

10. Qual é a importância ou a necessidade do uso das roupas brancas?

A cor branca representa a pureza, é a cor de Oxalá, sincretizado na Umbanda com Jesus Cristo. São roupas de importância ritualística, devem ser tratadas de maneira especial, não devem ser lavadas misturadas com as roupas do dia-a-dia, e são usadas exclusivamente para este fim. Além do branco ser uma cor que absorve as vibrações mas não as retém.

11. E os colares na Umbanda?

Quanto aos "colares", os quais chamamos de guias, são pontos que auxiliam a fixar a energia da vibração do Orixá ou entidade. Têm a função de atração e proteção. Quanto a quantidade de contas, quanto o tipo variam de terreiro para terreiro conforme a orientação do Guia Chefe do terreiro ou do Dirigente (Pai ou Mãe no Santo). As guias são preparadas seguindo os preceitos de cada Casa, não devem ser compradas prontas, pois antes das contas serem enfiadas, elas são submetidas a um preparado de ervas que também variará de terreiro para terreiro.

12. Devo considerar os Orixás como uma entidade em si, ou um conjunto de entidades com a mesma percepção e missão?

Nem uma coisa, nem outra. Orixá é um complexo energético-vibratório que, ao nível de terra, ou seja de incorporação, agrega entidades (espíritos) afins em energia, missão, ou por características que facilitem a evolução do espírito. A agregação de espíritos não forma o Complexo Orixá, mas o Complexo Orixá é que provoca essa agregação de espíritos.

13. Qual a posição da Umbanda sobre o aborto?

A Umbanda não condena ninguém, entretanto, orienta que recebemos ao longo de nossa vida inúmeras oportunidades de fazer o bem e resgatarmos assim um pouco do nosso carma. Fazer um aborto, com certeza não contribuirá positivamente para isso. Mesmo pensando em caso de saber-se antecipadamente que o seu bebê terá hidrocefalia, por exemplo, e desejar interromper a gravidez. É claro que você tem o seu livre arbítrio, e já que o bebê não irá sobreviver, você tem todo o direito outorgado pela Lei do Livre-Arbítrio de interromper essa gravidez. Por outro lado, se a gravidez for levada a termo, você poderá, por exemplo, estar ajudando outro bebê, tornando o seu bebê um doador de órgãos. Com isso quero dizer que a gravidez é dádiva divina, inclusive a originada por estupro (não nos esqueçamos as encarnações compulsórias), por representar oportunidade de crescimento moral e espiritual. Mas como em tudo na vida, a resposta será: "a opção é sua". Ainda lembro que para cada ação existe uma reação em igual proporção, resta saber se estamos dispostos a arcar com as conseqüências de nossos atos. Com isso acredito que deixei claro que a Umbanda não estimula o aborto, pois é uma religião que prega que através das reencarnações estaremos obtendo nossa oportunidade de cumprirmos o nosso karma, e sendo assim ela não fecha as portas a quem quer que seja, pois o seu objetivo é orientar e esclarecer todo aquele que procura nela alívio para suas dores.

14. Por que alguns terreiros de Umbanda não trabalham com Exus e Pomba Giras?

Como já dissemos, a Umbanda, na sua formação, recebeu influências africanista, ameríndia, católica e espírita. Geralmente são terreiros que tem mais influência espírita (Kardecista), ou seja, trata-se apenas de uma questão de opção do dirigente.

15. E Nanã? E quem trabalha com (incorpora) Nanã? Como é isso já que vocês disseram que ela não é Regente de Coroa mediúnica, por estar acima dos demais Orixás...

A nossa experiência dentro da Umbanda é que nos indicou isto. E quem trabalha com Nanã na realidade está incorporando uma entidade da Linha das Águas, ou seja, uma das três Iabás (Iansã, Oxum ou Iemanjá) em vibração mais velha. Embora esse assunto em si já daria um livro, é importante ressaltar a diferença entre vibração de terra (terreiro, ou seja, vibração de incorporação) para irradiação de Astral Superior. A irradiação de Nanã é a original ou primordial da Linha das Águas, superior, a qual utiliza as vibrações derivadas dessa linha para se manifestar no nível de terra. Nanã representa para nós "as águas originais" ou primeiras águas.

16. Pode uma pessoa praticar o mal, influenciada por espíritos?

Sim pode, tanto quanto pode praticar o bem, também, influenciada por espíritos. Tudo depende de como esta pessoa vibra, vive, busca a vida e da moral dela.

Não existe isso de que a pessoa sempre foi "boazinha" e de uma hora pra outra, estupra, rouba, mata alguém sob a influência de espíritos trevosos ou demoníacos. O que pode acontecer é que, desta vez a pessoa cedeu as influências, ou ainda que sempre teve "vontade" (desejo oculto, inconfessado) de cometer esses atos, e aí passou a atrair uma gama de espíritos que também querem a mesma coisa. Mas estejam certos de que para que as influências negativas, tanto quanto as positivas, atuem em nossas vidas é fundamental haver sintonia. Lembrem-se irmãos, o corpo é seu, a mente é sua, portanto nenhuma força tomará conta de você se você não o permitir ou sintonizar com ela. Às vezes as pessoas fazem pequenas concessões a maldades, "pequenas" maldades do tipo: atirar uma pedra na vidraça do prédio que trabalha (revolta com relação ao chefe ou emprego), chutar um animal doente (ciúme da atenção que o animal está recebendo), riscar com prego um carro estacionado na rua (inveja)... aos poucos essas pequenas maldades vão se avolumando, porque são sentimentos menores e mesquinhos que estão sendo alimentados pela pessoa, e a pessoa não reage a elas. Imediatamente, começa a atrair para si, uma categoria de espíritos que se sintonizam com estes sentimentos, deixa-se envolver, deixa-se dominar, e faz isso porque não quer tentar reagir, não aceita ajuda de ninguém, não busca melhorar ou ainda porque simplesmente até sente um certo prazer com as companhias que lhes são afins e o que é pior, não acha que esteja errada, ou seja, completamente cega. Então ao ouvirmos dizer que alguém cometeu determinado ato porque estava sofrendo a atuação de espíritos, mesmo que isto seja verdade, não a exime de forma alguma da culpa integral por tal ato, porque o espírito só atuou porque encontrou ali respaldo para as suas intenções maléficas, porque encontrou sintonia. A pessoa pode dizer que não percebeu a influência dos espíritos, incitando-a ao crime. Se ela disser isto o quadro é mais grave ainda, porque a sintonia é tão perfeita que chegou a haver uma simbiose, onde a troca de sentimentos, de energias e de intenções íntimas ou reveladas, é tão símile que não houve resistência alguma. Portanto cuidado! Orai e Vigiai! Você tem o seu livre arbítrio e é o único responsável pelas companhias invisíveis que atrair e que permitir atuar.

17. Então não é verdade que uma mulher pode se tornar prostituta influenciada pela Pomba Gira dela?

Não existe absurdo maior do que esta crença. Coitada da Pomba Gira, Ela não merece isto! Em primeiro lugar nem toda Pomba Gira foi prostituta, e as que foram, já atingiram grau de evolução suficiente para estarem atuando como Pomba Giras, portanto com as funções de defesa e proteção, já tendo superado as mazelas de qualquer encarnação pouco louvável que tenham tido. Em segundo lugar Pomba Gira tem mais o que fazer. Em terceiro lugar arrumar desculpa para ser libertino é o que todo ser desviado deseja. Em quarto lugar a Umbanda é Sagrada, e jamais, por questões lógicas, poderia ser conivente com um absurdo escatológico como este. Em resumo, qualquer um que afirme um absurdo desses tem total desconhecimento do que seja esta linha de trabalho chamada Pomba Gira. Não tem coisa mais incoerente e absurda do que uma mulher dizer que vai mentalizar com a Pomba Gira dela para fazer o homem dela ter uma noite inesquecível. Além de passar um atestado público de incompetência, essa criatura vai mentalizar na realidade com algum espírito tão dementado quanto ela, e nunca com uma Pomba Gira de Lei!

18. Como é o trabalho da Pomba Gira?

Tudo na vida tem o positivo e o negativo, masculino e feminino, energias que, embora antagônicas, são complementares, que visam o equilíbrio e eficácia. O mesmo se dá com o papel de defesa da dupla energética chamada Exu/Pomba Gira. Sendo ela o elemento feminino complementar de Exu, atua em nossa defesa e proteção. Atua nas regiões umbralinas, ou onde a sua presença se faça necessária, junto com o elemento masculino (Exu), envolvendo os trabalhos de defesa com sua energia irradiada equilibradora.

19. Vocês sempre falam que na Umbanda não existe o sacrifício de animais, mas já fui em terreiros de Umbanda onde isto acontece. E aí? Não são terreiros de Umbanda?

Não. Não são terreiros de Umbanda. O que sempre afirmamos é que a Umbanda anunciada e fundada como culto pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas, não tem sacrifício de animais, e é com esta corrente de pensamento que nos afinamos e seguimos.

O que precisa ficar claro é que terreiro que tem em seu fundamento o sacrifício de animal, seja para iniciações, seja para descarrego, seja para oferendas, seja para qualquer outra coisa, não é terreiro de Umbanda, mas sim de outra forma de culto, que não me cabe aqui discorrer sobre.

O que deve servir de norte ao estudarmos a Umbanda e freqüentarmos um terreiro é a seriedade da Casa e o quanto somos afim com seus preceitos e formas de culto.

Não estou criticando quem faz sacrifícios de animais, estou apenas estabelecendo limites e premissas básicas, aliás, já estabelecidas pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas.

20. Mas afinal... a Senhora é contra ou a favor do sacrifício de animais?

O sacrifício de animais não faz parte do fundamento da Umbanda. Não é elemento de rito e muito menos de iniciação, conseqüentemente sou contra a sua utilização dentro da Umbanda, pois esta é a minha religião. O sacrifício dentro de outras religiões não me diz respeito.

21. E esses despachos que vemos nas ruas, encruzilhadas, com bichos mortos?

Certamente não são pessoas que respeitem a Umbanda, nem o Candomblé, ou o Omolocô, aliás são pessoas que não respeitam nada. Pessoas ignorantes são encontradas em todos os segmentos religiosos. Não aceitamos isso assim como não aceitamos oferendas que sujem os reinos da natureza, pois como já tivemos oportunidade de dizer, isto é uma incoerência além de ser uma tremenda falta de educação e civilidade.

22. É verdade que homem que trabalha com entidade feminina é homossexual ou pode se tornar um?

Este é outro absurdo escatológico! O que determina a homossexualidade de uma pessoa é ela mesma e não a entidade, aliás ninguém tem ingerência sobre este assunto. Isto é um pensamento machista e absurdo. Novamente afirmo que a Umbanda não coaduna com um pensamento retrógrado e estapafúrdio como este. Então agora me responda, a mulher não pode trabalhar com entidade masculina senão "vira" homossexual? Ninguém "vira" homossexual a pessoa é ou não é. Isto é uma opção dela que deve ser respeitada e compreendida. O que deve interessar não é com quem se deita, mas o quanto de caridade e amor a pessoa tem para fazer e dar; o quão dedicada a espiritualidade a pessoa é; o quão envolvido com o Astral Superior a pessoa está. Então quem trabalha com Ogum vira guerreiro? E quem trabalha com todas as linhas? Tem personalidade múltipla? Médium é um medianeiro, um aparelho para a espiritualidade superior trabalhar pela expansão da Caridade, sendo assim não há interferência na personalidade dos médiuns. Esta mentalidade tem que mudar. A Umbanda tem lógica e coerência. Não é uma palhaçada e muito menos os terreiros de Umbanda são circos.

23. Como é o desenvolvimento do médium umbandista?

Embora essa questão seja bastante específica e a resposta varie de terreiro para terreiro, aliás como a maioria das questões, explanarei algum pontos que julgo importantes. Em primeiro lugar é fundamental uma avaliação do médium com relação a Umbanda e suas próprias aspirações. É fundamental que o médium esteja absolutamente certo de que é isso que deseja para si, para sua vida. Que entende a Umbanda como uma forma de evoluir e não de resolver seus problemas. segundo lugar vem a Casa que ele escolhe para realizar esse empreendimento. A Casa deve estar o mais próximo possível do que o médium entende, acredita e deseja para si. É fundamental que seja uma Casa séria e comprometida com a Caridade, ou seja, que seja realmente de Umbanda. As diferentes ritualísticas da Umbanda servem exatamente para atingir as diversas aspirações. O médium deve, portanto, escolher com muito cuidado a Casa que irá tornar sua, pois ela deverá ser o sustentáculo físico, a provedora de oportunidades para a consecução dos objetivos de caridade, fraternidade e evolução, pois o sustentáculo espiritual é a própria Umbanda. Frequentar a assistência assiduamente, observar, envolver-se, estudar... até ter certeza de que ali é o seu lugar. Cada Casa tem um critério para ingresso na corrente mediúnica, procure saber qual é. Ao ingressar para corrente, deverá seguir as orientações recebidas pelo dirigente ou pessoas a sua ordem. Entender que não será apenas umbandista dos portões para dentro do terreiro, mas sim de coração, corpo e alma. Deverá dedicar-se, educar-se, doutrinar-se sempre segundo as orientações recebidas pelo dirigente. A sua conduta moral deverá ser constantemente vigiada, deverá lembrar-se que ao apresentar-se como umbandista fora do terreiro, terá a obrigação de honrar esse nome. Participar de todas a sessões abertas aos médiuns novos, estudar com afinco e buscar sempre melhorar seus pensamentos, desejos e vontades. Buscar constantemente evoluir, para assim poder preparar o seu corpo e mente para ser um bom instrumento de entidades e guias que estão num patamar evolutivo muito superior ao nosso. Buscar tudo isso irá facilitar a incorporação das entidades. Entregar-se de corpo e alma verdadeiramente. Não sentir medo, não querer correr. É fundamental lembrar que é um momento de adaptação, onde tanto médium quanto entidade estarão se adaptando. Não pode haver pressa, pois "A pressa é inimiga da compreensão". Agora, se você deseja saber em quanto tempo você estará incorporando, dando passes e consultas, eu respondo que só dependerá de você, da sua dedicação, empenho e preparo, seguindo sempre as orientações do dirigente da sua Casa, ou seja, da Casa que você escolheu.

24. Se Oxalá é sincretizado com Jesus Cristo na Umbanda, como alguém pode ser filho de Oxalá?


Não entendemos, dentro da Umbanda que seguimos e praticamos isso ser possível. Entretanto respeitamos as diferentes visões e entendimentos. Novamente dizemos que isso faz parte da diversidade da Umbanda em função da interpretação de cada dirigente. Cabe a você escolher a visão que mais lhe cala a alma.

25.Qual a função e importância dos atabaques?

Tendo em mente que, nem todos os terreiros de Umbanda tem atabaques, e que nem por isso são mais ou menos de Umbanda, podemos falar do que temos como experiência dentro do Centro Espiritualista Caboclo Pery. Em nosso terreiro vemos como um elemento agregador de energias de louvação e invocação dos Orixás e seus enviados (representantes ou falangeiros), importante, porém não é indispensável. Por determinação do mentor de nossa Casa, o Caboclo Pery, os atabaques devem ser manuseados e cuidados pelos responsáveis pelos toques, que são os curimbeiros, que devem ser filhos da Casa. nosso terreiro não há qualquer tipo de destaque para os curimbeiros, como se fosse algum "cargo especial", ou seja, são trabalhadores como qualquer outro, com a função específica de auxiliar na invocação e louvação dos Orixás. Função importante? Sem dúvida, mas tão importante quanto qualquer outra. Aliás julgo importante lembrar esse aspecto: ao estabelecermos graus de importância variando de médium para médium, de servidor para servidor, corremos o sério risco de estimularmos a vaidade, a disputa e a inveja, sentimentos que devem ser sempre repudiados por todo e qualquer umbandista.

26. Então, o que há de mito e de realidade quando ouvimos falar que um ogã pode levantar ou derrubar uma gira?

Como em tudo na vida isso dependerá do dirigente do terreiro, de quem ele coloca para bater o tambor de sua Casa. Se o dirigente for omisso, inexperiente, displicente ou até mesmo inocente, permitirá que isso aconteça. É claro que o tambor atuando num terreiro de Umbanda como auxiliar na invocação e louvação de entidades e Orixás, se for conduzido por alguém que tenha ingerido bebida alcoólica, ou não tenha seguido os preceitos determinados pelo mentor ou dirigente da Casa, irá ter a sua vibração alterada. Cabe ao dirigente coibir veementemente esse tipo de situação. Ou por acaso você pensa que quem dirige o terreiro é o ogã ou o curimbeiro? Quem dirige é o dirigente (Pai ou Mãe no Santo) e o mentor da Casa. O que não consigo conceber é uma pessoa que se dispõe a ter a honra de bater (tocar) o tambor para salvar e louvar Orixá, se prestar a um papel desses. Com toda certeza, no terreiro em que isso ocorre, só posso lamentar profundamente e afirmar que é uma bagunça, uma esculhambação, e ter ogã, curimbeiro ou tabaqueiro (dê o nome que quiser) assim, eu prefiro não ter, em respeito as entidades, guias e mentores de nossa Casa.

27. O que é "guia de frente"?

Entidade que traz as principais ordens e orientações dos Orixás regentes do médium. Pode ser um Caboclo ou Preto Velho, também chamado de Mentor.

28. Na Umbanda existem obras sociais ou assistenciais?

Existem alguns terreiros que têm, mas infelizmente isso ainda não é uma atividade constante. Hoje em dia, os umbandistas de verdade, ou seja, aqueles que entendem que ser umbandista não é só ir para o terreiro e "espritar", estão despertando para essa necessidade. A desunião das pessoas ainda é muito grande, e o jogo de interesses também, entretanto cremos que um dia veremos essa situação minimizada, onde os terreiros que tenham poucos recursos financeiros, se unirão a outros e poderão executar obras sociais e/ou assistenciais.

29. Qual a utilidade e porque fazem firmeza para Exu e Pomba Gira?

Exu e Pomba Gira são nossos guardiões e defensores dos ataques do astral inferior. Ao fazermos firmeza para eles, estamos fornecendo pontos de energização e fixação de energias que visam facilitar esse trabalho.

30. Qual a importância de uma gira de Exu?

Expurgar, descarregar, encaminhar, limpar o terreiro e os médiuns de todos os trabalhos de desobsessão realizados durante o mês. Oportunizar, através da incorporação, a evolução de Exu e Pomba Gira, nos aconselhando com eles sobre questões mais terra-a-terra. Não podemos nos esquecer que é Exu e Pomba Gira que dão o primeiro combate contra as forças trevosas, são eles que nos defendem, são eles que representam e trazem as ordens dos enviados de Orixá para os níveis mais baixos da crostra. São eles que executam o carma. Que limpam e descarregam. São eles que atuam como elementos magísticos para o desmanche de trabalhos de magia negra. Enfim, sempre respeitando quem pensa diferente, é assim que trabalhamos com Exu e Pomba Gira na Umbanda.

31. Por que e qual a importância da toalha que médiuns utilizam na Umbanda?

A toalha serve para o médium deitar sobre ela quando "bate cabeça" para a coroa regente da Casa a qual está filiado, para Orixá, ou enviado de Orixá, em agradecimento ou reverência. O "bater a cabeça" é mais do que um gestual que demonstra humildade, é um ato de oferecimento de seu ori (coroa), de pedido de benção, de entrega de pedidos. Essa toalha também seca o suor do médium que está prestando caridade. Suor esse que está impregnado de energia, de ectoplasma. Deve ser tratada com o mesmo respeito e carinho como todo o resto de sua vestimenta.

32. O que vem a ser Yori e Yorimá?

É uma nomenclatura específica da Umbanda Esotérica que representa a linha das crianças e dos pretos velhos respectivamente.

33. Por que alguns Caboclos de Oxoce gritam e outros assobiam quando incorporam ou quando estão trabalhando?

O brado do Caboclo e o assovio são representações, ao nível de terra, ou seja, de incorporação, dos sons da natureza. Têm a função de espargir fluidos para a facilitação dos trabalhos que estão para serem realizados, utilizando o ectoplasma do médium e o aparelho fonador do mesmo. O médium vidente poderá facilmente observar sair da boca do médium incorporado, enquanto o Caboclo brada, a energia na cor verde (que é a cor de Oxoce, orixá da saúde e da energia vital) espalhando-se pelo ambiente, o energizando e purificando. Assim como os defumadores, charutos e cachimbos utilizados nas giras de Umbanda têm a mesma função, ou seja, preparar o ambiente para os trabalhos, através da queima de ervas.

Do Livro "Umbanda - Mitos e Realidade" de Iassan Ayporê Pery.




Leia mais

26/04/2013

Linha do Oriente

Linha do Oriente

MAGOS BRANCOS DO ORIENTE 

A Linha dos Magos Brancos do Oriente é a mesma que comumente é chamada de “Linha do Oriente”, e vieram para a Umbanda, na sua implantação, a fim de incrementarem com suas sabedorias e seus conhecimentos, o nascer de uma religiosidade que iria atender a todas as necessidades humanas e espirituais.

Grande parte das doenças tem sua origem no psiquismo e a orientação segura para o desenvolvimento das faculdades mediúnicas se fazia necessária, a fim de atuar com eficiência no atendimento às pessoas aflitas. Para isto, a Linha Excelsa de Trabalhos Espirituais dos Magos Brancos do Oriente, dirigida pela Veneranda Kuan Yin e pelo Venerando Mahababa, tendo como patrono para a Umbanda, São João Batista, trouxeram consigo milhares de trabalhadores, capazes de auxiliar nesse desenvolvimento, fortalecendo o psiquismo dos médiuns, a fim de guardar-lhes o equilíbrio.

Atualmente, buscam as casas que se dedicam à Espiritualidade Maior, calcadas na observância do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, no amor, caridade, fé e fraternidade, para a vigilância e o atendimento às vitimas que se encontram nas garras do baixo astral. São trabalhadores fortes e enérgicos, sempre prontos ao auxílio fraterno. Dedicam-se e em muito à aculturação evangélica e, através dos conhecimentos milenares, vem despertando o mundo para a simplicidade da vivência cristã. Além disso, buscam, por meio da ciência, despertar nas consciências o conhecimento das vidas sucessivas.

São experientes em socorrer e reeducar Espíritos de carrascos e supliciadores; violentados e violentadores, que, abandonando a carne em tão difícil situação, permaneciam na Crosta da Terra, influenciando a humanidade, para que provocassem outros desmandos. Encaminham esses Espíritos para o tratamento adequado para as suas angústias; assim, eles se preparam para novas reencarnações, nas quais procurarão aprender a amar uns aos outros em grupos familiares ou de ideal fraterno. Especializarem-se na desvinculação dos complexos processos obsessivos mentais, onde a gravidade dessas obsessões fica gravada nas matrizes profundas dos corpos espirituais.

Trouxeram todos os conhecimentos milenares, que capacitaria à humanidade no desenvolvimento de suas faculdades interiores, mostrando-nos que a mediunidade é a faculdade que ajuda as criaturas que andam em busca do Divino Criador e só poderão encontrá-lo, quando desenvolverem o sentimento da compreensão e do entendimento, conquistando a paz para os próprios corações, nos orientando na prática e na execução dos dons divinos. São especialistas na prática da espiritualidade superior, bem como no desmanche de magias negras, feitiçarias e atuações espirituais negativas que atinge a nossa mais sublime contextura espiritual.

É uma Linha de Trabalhos Espirituais de atuação muito caridosa, amorosa e trabalhadora, envidando todos os esforços no crescimento dos filhos de fé e de todos que a eles recorrem. A Linha Excelsa de Trabalhos Espirituais dos Magos Brancos do Oriente, na Umbanda, atua em processos curativos físicos, atuando grandemente também na cura do nosso Espírito. Portanto, todo o trabalho de cura na Umbanda é supervisionado pela Linha Excelsa de Trabalhos Espirituais dos Magos Brancos do Oriente.

A Linha Excelsa de Trabalhos Espirituais dos Magos Brancos do Oriente pela sua bondade e misericórdia, durante todo esse processo de amadurecimento necessário aos umbandistas, encontraram guarida em algumas casas, pautadas na evangelização e no amor, onde se fazem presentes na “cura”, até o dia que se abrisse o precedente para que pudessem atuar de forma completa, servindo-se de médiuns maduros e conscientes. Enquanto a “permissão” do Alto não acontecia e enquanto os médiuns não dessem condições de amadurecimento espiritual/mediúnico, ainda assim, sempre se fizeram presentes de modo silencioso, delicado e reservado. Quando os nossos irmãos Magos do Oriente se fazem presentes na fase da incorporação, utilizando a sua própria roupagem fluídica nos dão mensagens de cunho religioso e filosófico dentro de uma pureza e de uma sabedoria impressionantes, usando um linguajar catedrático. Assim o fazem para que os filhos de fé observem que a Umbanda também tem fundamentos, e que não é somente dirigida por Espíritos que não possuem cultura, como muitos pensam. Pela simplicidade no linguajar dos nossos irmãos Guias da Umbanda, muitos filhos de fé, por desconhecimento, não dão a devida atenção aos ensinamentos das nossas entidades, procurando incrementar nos filhos de fé a responsabilidade da reforma íntima.

Muitos Templos Umbandistas não trabalham diretamente com os Povos do Oriente, devido ao total desconhecimento do tipo de atuação desses Guias Espirituais e estes permanecem no campo mediúnico de forma passiva, aguardando o amadurecimento necessário para que possam atuar de modo ativo. A Linha Excelsa de Trabalhos Espirituais dos Magos Brancos do Oriente somente atuará de forma incisiva na mediunidade nos Templos Umbandistas, quando seus filhos de fé começarem a absorver a espiritualidade maior, aplicando-a em sua vida material e espiritual, através da Evangelização, Reforma Íntima, Moral, Fé, Amor e Devoção, pois só assim encontrarão guarida mediúnica/espiritual para atuarem de forma luminosa na vida de todos.

Atentem bem para o fato de que os Guias Espirituais pertencentes a Linha Excelsa de Trabalhos Espirituais dos Magos Brancos do Oriente manifestam-se na fase de incorporação para os casos especiais já citados em linhas acima (trabalhos de cura e palestras elucidativas); esses Guias Espirituais não realizam atendimentos corriqueiros, como o fazem os Caboclos, os Pretos-Velhos, etc. Se fazem muito presentes através da mediunidade intuitiva, curativa, psicográfica e principalmente através do Araporã (a cura pelo amor) um sistema de imposição de mãos da Umbanda, coordenado pela Confraria dos Magos Brancos do Oriente.

Agora, para os trabalhos de atendimento corriqueiro, a Linha Excelsa de Trabalhos Espirituais dos Magos Brancos do Oriente tem a “Linha Auxiliar de Trabalhos Espirituais dos Ciganos” – que atuam nos assuntos terrenos com grande maestria, pois estão muito próximos aos humanos encarnados.

Vejam, que nas aplicações do Araporã não há a necessidade de incorporação mediúnica, pois seus aplicadores estão intimamente ligados a Confraria dos Magos Brancos do Oriente, que atuarão delicadamente e incisivamente nos plexos mediúnicos, mas de forma passiva, canalizando suas energias e suas bênçãos.

Onde houver o Araporã, ali estará à atuação direta dos Magos Brancos do Oriente. Toda Casa Umbandista devotada ao Araporã, contará com a presença de Guias Espirituais da Linha do Oriente que presidirão e darão assistência espiritual nas aplicações. Todos os médiuns pertencentes àquela Casa Umbandista contarão com a presença de Guias Espirituais da Linha do Oriente atuando em sua mediunidade, a fim de se manifestar à presença do amor Divino nas aplicações do Araporã. Lembrem-se que os Guias militantes na Linha Excelsa não apreciam consultas corriqueiras, mas atuam nas aplicações do Araporã, e, incorporados em trabalhos caritativos de cura, que são suas manifestações diretas.

A Linha Excelsa de Trabalhos Espirituais dos Magos Brancos do Oriente também tem como agregado, a Linha Auxiliar de Trabalhos Espirituais dos Curadores. Todos os Espíritos militantes em trabalhos caritativos de cura, sejam quais forem ou de onde vieram, pertencem à Linha Auxiliar de Trabalhos Espirituais dos Curadores. São os especialistas em curas.

Lembrem-se: tanto os arquétipos Curadores quanto os arquétipos Ciganos, tratam-se de Linhas Auxiliares de Trabalhos Espirituais; portanto, não são Linhas de Trabalhos Raciais e nem Étnicas.

Não pensem que os Guias atuantes na Linha do Oriente são Espíritos que viveram tão somente em terras orientais, mas sim, Espíritos ligados em grau, atividades, moral e trabalho; então, estarão presentes nas aplicações do Araporã, e em trabalhos de cura, Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, Baianos, Médicos, Enfermeiras, Sacerdotes, Curandeiros, Pajés, etc., e mais Guias Orientais mesmo, todos interligados nos mesmo ideais. Não nos esqueçamos que Linha de Trabalho Espiritual é uma postura e não agrupamento racial ou étnico regional.

Temos grandes Magos do Oriente como nossos Guias Espirituais, a incrementar nossa espiritualidade como: Maharajah, Mestre Zartú, Pai Jacob, Kuan Shi Yin, Mahababa, Samara, Orí do Oriente, Rabi Kyamansu, Jimbaruê de Aruanda, Mestre Luiz, Inhoarairi, Itaraiaci, Marcos I, Chang Foi Lang, Ling Fo, Maria de Magdala, Swami Hia, Krisna, Hilarion, El Morya, Sêmulo, Razin, Maria de Magdala, Ghandi, Ramatis, Akenaton, Pai Emmanuel do Oriente, Pai João do Tibet, Pai Ramim do Oriente, Pai Samuel dos Himalaias, entre outros.

Daí, vamos entender, que muitos irmãos, Espíritos superiores pertencentes em algumas de suas encarnações a povos do Oriente, ou mesmos usando roupagem fluídica oriental, pertencem a uma Linha específica de trabalho na Umbanda. Esta Linha trouxe para a Umbanda, o auxílio dos Espíritos, que quando encarnados, muitos pertenceram a raças provindas do Oriente, com toda a sua bagagem cultural e religiosa, ou seja, Marroquinos, Caldeus, Beduínos, Assírios, Babilônios, Hindus, Árabes, Japoneses, Chineses, Mongóis, Muçulmanos, Judeus, Tibetanos, Fenícios, etc.

AS CONFRARIAS DA UMBANDA

Aruanda para os Umbandistas é o local de morada dos Espíritos, ou seja, o mesmo Céu dos católicos, dos judeus, dos islâmicos, etc.

Sabemos que cada agremiação religiosa existente no mundo tem sua origem e localização em alguma parte do grande astral, e conseqüentemente tem os Espíritos que a dirigem, controlando, auxiliando, magnetizando, irradiando forcas benéficas, para que essa religião possa se efetivar positivamente no plano terrestre, como via ascensional para Deus.

Portanto estamos intimamente ligados com a religião que professamos (desde que a tenhamos de alma e coração), e estamos ligados a toda espiritualidade regente dessa religião.

Então, como todas as religiões, a Umbanda também têm seu assentamento na espiritualidade e possui locais específicos para o seu trabalho, tendo como moradores Espíritos afins aos seus postulados, todos vivendo harmoniosamente, disciplinados e com o mesmo Espírito de iniciativas e metas.

Aqui trataremos especificamente da Umbanda.

O plano espiritual ostenta-se por toda à parte, em redor de nós ou de espaço delimitado.

Tudo o que existe nas Confrarias espirituais é produto do poder mental de seus habitantes, que moldam a paisagem espiritual pelo pensamento e vontade criadora, moldando vestes etéreas que os cobrem, bem como as habitações e tudo o que existe em que lhe apraz viver.

Existem inúmeras Colônias espirituais no plano astral da Terra. Colônias são cidades espirituais que abrigam os desencarnados temporariamente.

As Colônias podem ser pequenas, medias ou grandes, dependendo do trabalho efetuado perante a espiritualidade.

As Confrarias, por localizarem-se em Camadas Concêntricas Superiores, não são assediadas por Espíritos trevosos, portanto não tem nenhum sistema de defesa a não ser a fé, o amor e a luz de Deus por proteção. Lembre-se que os Espíritos trevosos não adentram de maneira nenhuma as Camadas Superiores de Luz, devido a sua baixa espiritualidade. Se adentrassem, seus corpos mentais não agüentariam a superioridade do local.

Nas Confrarias existem moradias, praças, grandes hospitais, escolas, bibliotecas, jardins, casas de repouso, locais para reuniões e palestras.

Já, as Irmandades são fechadas; têm portões, sistemas de defesa, sentinelas, guardiões, moradias, praças, hospitais, manicômios, biblioteca, casas de repouso, jardins, locais para reuniões e palestras.

As Irmandades sofrem constantemente o assédio dos Espíritos inferiores, devido às constantes mudanças que efetuam, indo de um local para o outro, e podem se locomover desde as Camadas Concêntricas Superiores, até as Camadas Concêntricas Inferiores, menos nas Zonas Sub-Crostais Inferiores.

As Confrarias ligadas a Umbanda são dirigidas por Templos dedicados as Irradiações de Deus, tendo intercambio uma com as outras e com os postos de socorro a elas subordinadas.

Existem as Fraternidades, também comandadas por Templos, que perfazem o conjunto que denominamos de Confraria.

Todas as Fraternidades possuem as “Escolas de Regeneração”, organizadas e dedicadas às varias atividades pertinentes à questão individual do necessitado e geralmente são utilizadas para a recuperação de irmãos mentalmente escravizados no mal, mas já desligados deste mesmo mal.

As Irmandades, subordinadas as Fraternidades, são postos de socorro móveis (transitórios ou rotativos) e são locais em que os Espíritos socorridos têm permanência transitória, sendo amparados e orientados tendo a liberdade de escolher o caminho a seguir.

Somente na “Confraria dos Cavaleiros da Luz Divina”, os Espíritos mais trevosos e renitentes, ficam alojados obrigatoriamente em celas prisionais e/ou manicômios especializados, recebendo tratamento adequado para que seus mentais conturbados sejam apaziguados e possam se libertar de suas viciações, pois se deixassem livres, iriam atormentar os humanos novamente.

A “Confraria dos Cavaleiros da Luz Divina” está localizada nas zonas purgatoriais, ou mais comumente conhecida como Umbral. O Umbral é uma região dolorosa, criada, erguida e cultivada pela mente rebelde e viciosa humana. No Umbral não existe um comando; é cada um por si. É uma espécie de zona purgatorial.

Na espiritualidade, a Umbanda esta ligada às seguintes organizações: Confrarias; Fraternidades Irmandades; Fortalezas; e, Reformatórios.

As Fortalezas e os Reformatórios serão explanados no livro: “Os Guardiões Exús e as Guardiãs Pombas Gira na Umbanda – Seu Simbolismo e Função”.

O QUE SÃO AS CONFRARIAS

As Confrarias são os agrupamentos direcionadores e delas surgem as Fraternidades, que são “agrupamentos” especializados em diversos tipos de atividades. Os dirigentes das Confrarias são conhecidos como “Venerandos”. As Confrarias ligadas a Umbanda, dão apoio e sustentação a todas as Casas Espiritualistas Cristãs, com base no Evangelho, no Amor e no Perdão.

As Confrarias, para se ter uma idéia do tamanho, se parecem com imensas cidades, algumas chegando até o tamanho aproximado de um estado brasileiro. Dentro das Confrarias existem Templos, fora às habitações, escolas, hospitais, pronto socorros, manicômios, praças, centro de estudos, bibliotecas, centro de palestras, locais para reuniões, etc. Existe toda uma complexidade de habitações necessárias ao trabalho ali realizado.

As palestras realizadas nas Confrarias são disputadíssimas, tendo recursos audio/visuais e seguem um padrão de harmonia impressionante. Quando o Venerando ou a Veneranda vai realizar alguma palestra doutrinaria, falta lugar para se acomodar, pois são esmerados no trato Evangélico e dos assuntos tratados com carinho e amor.

No centro de cada Confraria, existe um grande Templo dedicado ao Poder Reinante do Divino Criador (Orixás) respectivo, e de lá partem as Irmandades que dividem a agremiação em seis partes, tendo outras em oito ou nove partes.

Nos momentos de orações diárias, toda a Confraria se recolhe em preces fervorosas, onde vemos a luz de Deus se irradiar em tudo e em todos. São momentos preciosos.

As Bibliotecas das Confrarias são verdadeiras bênçãos de conhecimentos, todas com imensos volumes maravilhosos na encadernação e no conteúdo espiritual.

O Bosque da Harmonização é de uma beleza sem igual. Todo rodeado por árvores delicadas e flores de um perfume inigualável. Todo Bosque das Confrarias é cortado por um imenso rio de águas caudalosas, serenas, que parte, de uma imensa cachoeira ladeada por pedras esverdeadas e toda cercada por roseiras multicoloridas. A música por lá é constante e não se consegue saber de onde parte. Por todos os lados que se vá ouve-se aquela música inebriante, calmante, que leva nossas almas até os páramos da Luz.

A impressão que se têm é que a qualquer momento, um ser do mais alto padrão espiritual irá entrar em contato visual com todos. A música penetra em nosso ser de uma maneira tal, que somos levados a viagens interiores de onde nunca gostaríamos de sair. Fontes luminosas grassam por toda parte. É indescritível.

O Templo Sede é um Santuário de Bênçãos, onde mentores iluminados, habitantes de regiões mais puras e mais felizes, se fazem presentes, a trazer o amor, o carinho e a palavra amiga.

Assim as agremiações estão divididas em seis, sete, oitos ou nove partes, cada uma delas partindo do Templo Central, configurando-se em centro administrativo.

Em toda a volta do Templo central está à grande praça, de maravilhosos contornos, ostentando imensos jardins e que, para que se avalie o tamanho, está apta para receber, comodamente cerca de um milhão de pessoas. Nesta praça, esta o ponto de convergência das Fraternidades. Nos Templos Sedes vivem os abnegados Venerandos trabalhadores incansáveis.

As Fraternidades também possuem uma praça que as circunda, recebendo também comodamente cerca de 200 mil pessoas cada uma. Todas as construções e pavimentações são simples, mas ricamente elaboradas, contendo bancos ao seu redor, todos sob a sombra de árvores frondosas. Graça por toda a volta jardins, contendo inúmeras espécies de flores delicadas, graciosas e multicoloridas, perfumando todo o local.

Além da praça temos núcleos habitacionais (que são aos milhares), destinados aos trabalhadores de cada Irmandade, sendo que os mais graduados, geralmente moram mais perto do grande Templo.

Existem grandes parques arborizados, onde se erguem grandes construções destinadas ao lazer dos habitantes. São salas de música, relaxamento, etc.

Existe também lagos, cachoeiras, mar, campinas, bosques, ou seja, tudo o que temos na Natureza terrena, lá também existe, só que de forma melhorada. A fauna e a flora são exuberantes e todos vivem harmonicamente. Os bosques são riquíssimos em vegetais floridos, perfumados e toda a fauna é exuberante, com pássaros voando graciosamente, enquanto outros animais se achegam para receberem um afagar carinhoso. São imensamente dóceis e amigos. Existem rios bordados por imensos tapetes de grama viçosa, onde se vislumbram cisnes, patos, peixes, todos em harmonia ambiental. Os rios correm tranquilamente, refletindo em suas águas todo o firmamento.

Em todas as Confrarias reinam o amor incondicional e em certos ambientes propícios, onde a Natureza parece nos abraçar, constituem locais excelentes para encontros de almas gêmeas, onde fazem juras eternas de amor.

Os móveis existentes em todas as habitações são muito parecidos com os terrenos. Todas as residências são cortadas por amplas avenidas arborizadas, todas indo em direção do grande Templo. Em volta das casas existem grandes jardins floridos e árvores frondosas com sombras abençoadas. O ar é puro e a atmosfera de profunda tranqüilidade espiritual. Nas Confrarias não existe nenhum sinal de inércia ou de ociosidade. Os edifícios são simples, mas de uma beleza sem igual. Em tudo reina a simplicidade, a ordem, a limpeza, a igualdade e a harmonia. Os núcleos residências, destinados aos Espíritos, são adquiridos por méritos caritativos, que como um “salário” é pago ao trabalhador por hora de trabalho prestado a comunidades espiritual ou material. São adquiridas pelo trabalho perseverante, no auxilio ao próximo.

Em toda a Confraria existem campos de cultivo, destinados a alimentação de seus habitantes. À tardinha, quando o sol se põe, ouve-se um leve bater de sinos e os trabalhadores se recolhem em seus lares, enquanto outros continuam suas tarefas. É o momento do reencontro familiar, orações, bênçãos, alimentação e repouso necessário. A disciplina hierárquica e os horários são regiamente cumpridos. Não existem confrontos, dúvidas e questionamentos infelizes. O amor é tudo nas Confrarias.

Dentro da Confraria existem as Fraternidades, que são grupos específicos de trabalho, cada uma com suas atividades e trabalhadores especializados. Os dirigentes das Fraternidades são conhecidos como Mestres. Das Fraternidades surgem as Irmandades, que são “casas da luz” que tem por finalidade o socorro imediato, e se locomovem (toda Irmandade – São como casas transitórias) de um lado para o outro, segundo as necessidades; os dirigentes das Irmandades são conhecidos como Pais e Mães. Cada uma dessas colônias tem trabalhos específicos perante Deus a toda à humanidade. Vale lembrar, que cada uma delas irradiam forças de Deus, e dependendo dos Orixás que a regem, saberemos que tipo de irradiação seria. Isso vale para as Confrarias, Fraternidades e Irmandades. Cada um dos Templos tem um trabalho especifico, dependendo do Orixá regente.

No plano terreno surgem as humanizações das Irmandades, as quais denominamos de “Templos Umbandistas e/ou agremiações religiosas e espiritualistas” e seus trabalhadores são denominados de “Servidores” (médiuns de Umbanda) e são a concretização e o trabalho das Confrarias no plano terreno.

Em todas as Confrarias existem os complexos habitacionais, hospitalares, casas de repouso, bibliotecas, centros de estudos, escolas de conhecimento, casas de recepção e bosques de harmonização, somente modificando os trabalhos realizados, dependendo do tipo de atividade a que se destina a agremiação.

Vamos agora, sucintamente, vislumbrar como é a Confraria dos Magos Brancos do Oriente. Num dia de “arrebatamento”, foi-nos mostrado com detalhes, a grandeza dessa Confraria Espiritual.

Esmiuçaremos todas as Confrarias ligadas à Umbanda no livro: “Os Guias Espirituais Militantes da Umbanda – Seus Simbolismos e Funções” de nossa autoria, no prelo.


CONFRARIA DOS MAGOS BRANCO DO ORIENTE

Na Confraria dos Magos Brancos do Oriente, o Templo central é o “Templo da Irmandade do Grande Oriente”, dedicado ao Senhor da Vida, e a aculturação evangélica e, através dos conhecimentos milenares, vem despertando o mundo para a simplicidade da vivência cristã. Além disso, buscam, por meio da ciência, despertar nas consciências o conhecimento das vidas sucessivas, bem como a benção da mediunidade.

Este Templo é todo confeccionado de um material muito parecido com madrepérola, tal o seu brilho e a sua irradiação. Todas as paredes externas são desenhadas com arabescos, traduzindo trechos espirituais de alto quilate em uma linguagem muito antiga, desconhecido por nós humanos. É todo ladeado por jardins e fontes de extrema beleza.

Muitos animais por ali passeiam livres, e o que mais chama atenção, são belos pavões multicoloridos que dão um toque todo especial ao local. Só para se ter uma idéia, ele é muito parecido com o Taj Mahal da Índia. Como em todas as Confrarias, ali também existem moradias e a disciplina é esmerada. Todo o ar em volta da Confraria tem um leve perfume de sândalo e rosas, que inebria nossa alma e eleva o nosso Espírito. A roupagem de muitos Espíritos ali residentes em muito se assemelha a mesma que tiveram na vida terrena, ou seja, vestes indianas, egípcias, marroquinas, beduínas, chinesas, etc. Existem sete alamedas que partem simetricamente do Templo Central, em linha reta, cada uma terminando numa Fraternidade. Daremos agora o nome da cada Fraternidade e o dirigente de cada uma.

Não daremos os pormenores das atividades das Fraternidades aqui expostas para não criar expectativas, e muito menos desenvolver conceitos fixos para o grandioso trabalho desenvolvido pelos nossos irmãos do Oriente; só passaremos uma breve pincelada de suas atividades. Só podemos dizer que todas, em uníssono, trabalham para o bem geral, nos incitando diuturnamente o bem, o amor, a paz, a fraternidade, a reforma íntima e a caridade.


Fraternidade do Sol Nascente – Mestra Amaterasu Omikami

Esta Fraternidade tem como tarefa a harmonização na Terra. Mostra-nos que a diferença racial desaparece quando os homens, conscientizando-se de suas atribuições como filhos do Criador, aprendem a respeitar-se mutuamente, através de um ideal superior. Seus trabalhadores cuidam das mulheres desvalidas, sem família, prejudicadas, que peregrinaram sem lar na Terra, mas encontraram no Espaço alguém que lhes ofereceu condições para reconquistarem a dignidade feminina, tornando-se as enfermeiras de quantos vagam por este Vale de Lágrimas, vitimas da obsessão. Libertando as mentes escravizadas no vicio e no erro, elevam-nas, para que, se reencontrado a si mesmas, reencontrem o Criador.


Fraternidade da Paz Celestial – Mestre Lao Tzú

Dedica-se à aculturação evangélica e, através dos conhecimentos milenares, vem despertando o mundo para a simplicidade da vivencia Cristã. Nessa Fraternidade existe uma biblioteca de grandes proporções, possuidora de documentos raros e obras de suma importância, reveladoras de todo o conhecimento humano, supervisionada pelo próprio Lao Tzú

Esta Fraternidade nos ensina que nenhuma tarefa deveria ser apressada, bastante, e que tudo deve acontecer no seu devido tempo. Que a “simplicidade” é a chave para a verdade e a liberdade. Encorajam-nos para observarmos mais a Natureza do que os acontecimentos de mestres; a observarem e entenderem as leis da Natureza, a desenvolverem a intuição e a construir um poder pessoal a ser usado para se conduzir na vida com carinho e sem imposição da força.


Fraternidade dos Discípulos do Himalaia – Mestre Siddhartha Gautama

Se fosse preciso reeducar as criaturas encarnadas, necessário também seria socorrer carrascos e supliciados, violentados e violentadores, que, abandonando a carne em tão difícil situação, permaneciam na Crosta da Terra, influenciando a Humanidade, para que provocasse outros desmandos.

Procuram as entidades chamar esses Espíritos desviados para o caminho da verdade e do Amor Cristão, encaminhando-os ao lugar onde recebem o tratamento adequado para as suas angustias; assim, eles se preparam para novas reencarnações, nas quais procurarão aprender a amar uns aos outros em grupos familiares ou de ideal fraterno.

Essa Fraternidade nos auxilia a entendermos e praticarmos as “Quatro Nobres Verdades”:

1. A Natureza do Sofrimento: Esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimentos; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento.

2. Origem do Sofrimento: Esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir.

3. Cessação do Sofrimento: Esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele.

4. O Caminho para a Cessação do Sofrimento: Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.


Fraternidade dos Discípulos do Deserto – Mestre João Batista
São João Batista é o patrono espiritual, e tem o comando terreno da Linha do Oriente para a Umbanda.
Data Comemorativa : 24 de Junho (é o dia que comemoramos toda a Linha do Oriente)

A relevância do papel de São João Batista reside no fato de ter sido o “precursor” de Cristo, a voz que clamava no deserto e anunciava a chegada do Messias, insistindo para que os judeus se preparassem, pela penitência, para essa vinda. Já no Antigo Testamento encontramos passagens que se referem a João Batista. Ele é anunciado por Malaquias e principalmente por Isaías. Os outros profetas são um prenúncio do Batista e é com ele que a missão profética atingiu sua plenitude. Ele é assim, um dos elos de ligação entre o Antigo e o Novo Testamento. Segundo o Evangelho de Lucas, João, mais tarde chamado o Batista, nasceu numa cidade do reino de Judá, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, parenta próxima de Maria, mãe de Jesus. São João Batista era valoroso pregador, amigo da justiça e da verdade. Operário, é ele o símbolo rude da verdade. Exprimindo a austera disciplina que antecede a espontaneidade. João é o primeiro sinal do cristão ativo, em guerra com as próprias imperfeições do seu mundo interior, a fim de estabelecer com Jesus, o santuário de sua realização. Chamado o Batista porque, por ele, o povo era batizado no rio Jordão, confessando os seus pecados.

Lucas narra as circunstâncias sobrenaturais que precederam o nascimento do menino. Isabel, estéril e já idosa, viu sua vontade de ter filhos satisfeita, quando o anjo Gabriel anunciou a Zacarias que a esposa lhe daria um filho, que devia se chamar João.

Depois disso, Maria foi visitar Isabel. “Ora quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?”(Lc 1:41-43). Todas essas circunstâncias realçam o papel que se atribui a João Batista como precursor de Cristo.

Ao atingir a maturidade, o Batista se encaminhou para o deserto e, nesse ambiente, preparou-se, através da oração e da penitência – que significa mudança de atitude, para cumprir sua missão. Através de uma vida extremamente coerente, não cessava jamais de chamar os homens à conversão, advertindo: “Arrependei-vos e convertei-vos, pois o reino de Deus está próximo”. João Batista passou a ser conhecido como profeta. Alertava o povo para a proximidade da vinda do Messias e praticava um ritual de purificação corporal por meio de imersão dos fiéis na água, para simbolizar uma mudança interior de vida. A vaidade, o orgulho, ou até mesmo, a soberba, jamais estiveram presentes em São João Batista e podemos comprová-lo pelos relatos evangélicos. Por sua austeridade e fidelidade cristã, ele é confundido com o próprio Cristo, mas, imediatamente, retruca: “Eu não sou o Cristo” (Jo 3, 28) e “não sou digno de desatar a correia de sua sandália”. (Jo 1,27).

Quando seus discípulos hesitavam, sem saber a quem seguir, ele apontava em direção ao único caminho, demonstrando o Rumo Certo, ao exclamar: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo 1,29). João batizou Jesus, embora não quisesse fazê-lo, dizendo: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?” (Mt 3:14). Mais tarde, João foi preso e degolado por Herodes Antipas, por denunciar a vida imoral do governante. Marcos relata, em seu evangelho (6:14-29), a execução: Salomé, filha de Herodíades, mulher de Herodes, pediu a este, por ordem da mãe, a cabeça do profeta, que lhe foi servida numa bandeja. O corpo de João foi segundo Marcos, enterrado por seus discípulos. São João Batista era primo de Jesus em segundo grau, porque Isabel, sua mãe, era prima/irmã da Mãe Maria Santíssima. Conforme se tem conhecimento Jesus e João eram muito amigos e companheiros, com pouco diferença de idade entre eles. Na verdade João Batista veio como precursor e um dos Espíritos destinados a preparar o ambiente terreno para a reencarnação do mestre Jesus.

Com a implantação do catolicismo, a igreja passou a incentivar seus fieis a acenderam a fogueira para os seus Santos (São João, São Pedro. Santo Antonio) e não mais para suas crenças e rituais pagãos para a comemoração dos solstícios, no continente europeu, surgindo daí a ligação de São João Batista com Xangô, e também por seu temperamento aguerrido e de extrema firmeza.

Observem que João Batista iniciou suas pregações antes de Jesus, portanto, não participou ativamente ou passivamente dos ensinamentos do Mestre. Daí, na acepção da palavra, João Batista não foi um “cristão” converso, mas foi aceito e incorporado pelo catolicismo como Santo Cristão.

É uma das Fraternidades mais dedicadas ao acompanhamento das servidoras da Mãe Maria Santíssima e à proteção daqueles que buscam socorro, vitimas da aflição. Atualmente, buscam nas Casas Cristãs as vibrações condensadas de paz, emitidas pelos corações cristãos, para a vigilância e ao atendimento às vitimas dos desacertos do Oriente. São servidores fortes, enérgicos, sempre prontos ao auxilio fraterno. Deslocam-se com facilidade de um continente ao outro, sempre como mensageiros da ordem e cumpridores de seus deveres.


Fraternidade dos Discípulos da Índia – Mestre Shri Ram

Veio oferecer sua colaboração no desenvolvimento mediúnico, de modo a auxiliar os sofredores, mostrando-lhes que a mediunidade é a faculdade que ajuda as criaturas que andam em busca do Criador e só poderão encontrá-lo, quando desenvolverem o sentimento da compreensão e do entendimento, conquistando a paz para os próprios corações. Esta Fraternidade nos ensina a meditarmos e orarmos a fim de viajarmos pelos reinos da consciência cósmica, a fim de brilhar o nosso consciencial, permitindo sermos tocados pelo Poder Supremo que a tudo permeia.


Fraternidade dos Discípulos do Nilo – Mestre Akenaton

Sabendo-se que grande parte das doenças tem origem no psiquismo, não poderia faltar à orientação segura para o desenvolvimento das faculdades mediúnicas, a fim de atuar com eficiência no atendimento às pessoas aflitas. Para isto, apresentou-se a Fraternidade dos Egípcios tem trabalhadores capazes de auxiliar nesse desenvolvimento, fortalecendo o psiquismo dos médiuns, a fim de guardar-lhes o equilíbrio. Akanaton foi faraó egípcio e, desde então, veio se dedicando ao encaminhamento dos médiuns, para que não lhes faltassem ajuda e equilíbrio nas tarefas, bem como a fé inabalável no Divino Criador. Os trabalhadores desta Fraternidade nos auxiliam a entender que todos devemos coexistir em harmonia sem nos destruir e procurando viver em harmonia; que na realidade, não existe nenhuma ruptura entre o aparente e o oculto. Que todos os homens são iguais perante Deus, e que devemos, juntos, nos auxiliar a nos aproximar da fonte divina.


Fraternidade da Cruz e do Triângulo – Mestre Ramatis

Existe no plano espiritual, uma congregação denominada: “Fraternidade do Triângulo e da Cruz”, que faz parte da Confraria dos Magos Brancos do Oriente. Um de seus dirigentes, Ramatis, é um dos instrutores da Umbanda.

Na dimensão espiritual, Ramatís exerce uma forte atuação junto à Fraternidade da Cruz e do Triângulo e se empenha em divulgar os ensinamentos de Jesus Cristo. Paralelamente, ensina a atuar segundo a antiga tradição espiritualista do Oriente, estabelecendo assim um intercâmbio entre as correntes espiritualistas do Ocidente e do Oriente.

Segundo relatos de vários espiritualistas, no final do século XIX, no Oriente, houve uma fusão entre duas importantes fraternidades. Tratava-se da Fraternidade da Cruz, que divulga os ensinamentos de Jesus, e a Fraternidade do Triângulo, ligada à tradição espiritual oriental.

Após essa união, as duas fraternidades – consideradas Fraternidades Brancas – consolidaram uma série de práticas e trabalhos espirituais que resultaram na formação da Fraternidade da Cruz e do Triângulo. Seus membros usam vestes brancas com cintos e emblemas de tonalidade azul-clara esverdeada.

Sobre o peito, trazem suspensa uma corrente com um triângulo luminoso, no qual se encontra uma cruz, símbolo que exalta a obra de Jesus e da mística oriental. O que os mentores informam é que todos os discípulos da Fraternidade que se encontram reencarnados na Terra são profundamente devotados às duas correntes espiritualistas.

Os discípulos dessa ordem cultuam os ensinamentos de Jesus, que foi o elo definitivo entre todos os instrutores terráqueos, assim como a sabedoria e o trabalho espiritual dos grandes Mestres do Oriente. Esse é um dos motivos pelos quais os seguidores de Ramatís na Terra – embora profundamente devotados ao pensamento cristão – também têm profundo respeito pela espiritualidade do Oriente.

Para entendermos bem o trabalho dos nossos irmãos da Linha do Oriente, leiam com atenção o que nos diz o Guia Espiritual Jimbaruê de Aruanda:

“Para se atenuar à miséria humana é necessário reconhecer e sanar a saúde moral, antes de ser atacado e enigma doloroso e transcendental das enfermidades físicas do homem.

Assim, irmãos, usai a moral com esforço e estofo, para melhores jornadas.

O Pai ensina-vos no progresso espiritual, trilhando este caminhar deixado, pelo grande luminar deste planeta, o Mestre Jesus”.

Autor desconhecido







Leia mais

23/04/2013

Oooooogunhê meu Pai! Salve o Seu Dia!


Salve o dia 23 de abril
Patacori Ogum! Ogunhê meu Pai!


ogum umbanda

Que os nossos caminhos sejam abertos e livres de tudo que nos estacione no caminho da nossa evolução!
Que a tua espada iluminada corte a maldade dos nossos inimigos, mas principalmente, a maldade que está em nós, porque a nossa liberdade depende da paz da consciência, da retidão da conduta e da paz que semeamos.
Que o nosso dragão interior seja aplacado pela tua força e pela tua luz, para sermos dignos de pronunciar o teu nome!
Ogunhê meu Pai! Nosso General de Umbanda! Que a vitória do Bem sobre o mal seja a marca da tua bandeira no mundo inteiro!
(Homenagem do TULCA)







Leia mais

21/04/2013

Mestre Malunguinho

malunguinho umbanda

Salve o Mestre Malunguinho, "que a Jurema manda"!



Existe uma toada na Jurema que versa assim: “Malunguinho tá de ronda / Quem mandou foi o Jucá / Malunguinho tá de ronda / Que a Jurema Manda / Ô que a Jurema manda”...



Portanto, sabemos que ele, como uma das divindades centrais desta religiosidade do nordeste do Brasil tem forte fluxo na Cidade do Jucá, um dos sete Reinos encantados espirituais da Jurema. Na verdade Malunguinho está na porta central, como àquele que permite a entrada e também pode não permitir a passagem para dentro das Cidades, ou para dentro dos Reinos da Jurema Sagrada. Também pode não permitir a saída de lá...


Esta característica e prática ritual dessa divindade negro indígena é muito forte na Jurema cultuada principalmente na Mata Norte pernambucana, onde o Malunguinho, personagem histórico que atuou como liderança quilombola do Catucá na primeira metade do século XIX no Estado teve grande atividade e reconhecimento. Suas práticas como homem guerreiro, protetor, guardião das matas, chefe da mata, Rei Nagô, Rei das matas, organizador de seu povo, militante aguerrido das causas dos desprovidos de proteção e também como homem violento e implacável, se recriaram dentro da prática da Jurema, que é uma religião de matrizes indígenas que tem como principal característica teológica a xenofilia e a transcendência do estado mental através da ingestão do ajucá ou vinho da Jurema, bebida que pode proporcionar um estado de transcendência da mente e da espiritualidade humana.


Malunguinho tem forte representação nas nossas terras. Ele é muito mais que uma divindade da Jurema, vai bem além, adentrando também a prática do culto aos Orixás, como por exemplo, a prática de Xangô, o Rei Nagô...


Falar de Malunguinho é bem mais que citar bibliografias, que mesmo estas sendo importantes, sem dúvida, não podem dimensionar o que esta divindade representa para seu povo ainda. Falar dele é falar da experiência e memória oral de centenas de terreiros de todo Nordeste que dedicam culto a este forte protetor espiritual que mantém ao longo de todos estes anos, mais de 176 (18 de setembro de 1835 - data provável da morte do último Líder Malunguinho, o João Batista), sua marca na vida de milhares de homens e mulheres que tem fé nos milagres, na fumaça e gira deste Mestre, Caboclo e Trunqueiro/Exú.



Estatueta representativa na Jurema do Malunuginho Caboclo. VI Kipupa. Foto de Joannah Mendonça.



Poderemos aqui, neste pequeno artigo, explorar um pouco da cor, dos cheiros, da alma deste guerreiro protetor dos malungos e “malunga(s)” (como se auto afirmou na assinatura de oferecimento de seu livro para mim, a professora Yeda Pessoa de Castro) que tem história na religiosidade da Jurema... Seus rituais e forma de culto são complexos e serão revelados em futuras publicações nossas... Mas vamos falar de alguns aspectos já citados apontados agora:
Primeiro podemos chamar a atenção para o sentimento que Malunguinho causa em seus discípulos. Mãe Terezinha Bulhões, juremeira das mais antigas vivas ainda hoje em Pernambuco, e, discípula do Mestre Malunguinho, concedeu em entrevista este relato: “Estar ao lado dele, é ter a certeza da proteção e da boa energia que vibra de sua presença (...). Antes de ter ele em minha vida, morria de medo de entrar em uma mata, para mim era horrível só pensar em ir a uma. Depois que ele se revelou e me guiou na Jurema, perdi todo medo de lá. Pois sei que nada poderá me acontecer, já que ele é o Reis das Matas. Ele é o dono de lá (...), ele é meu pai”.


Malunguinho é verdadeiramente amigo dos juremeiros e juremeiras, assim como já avisa seu nome – Malungo, que é uma palavra da língua Kimbundo de Angola, na África e, significa amigo, companheiro, parceiro de bordo e de lutas... Mesmo sendo também considerado uma divindade arisca e de difícil contato, sua função demanda muita cautela e atenção, por isso talvez seja um pouco bravo... Pois ele tem que manter a moral nos portais das cidades da Jurema Sagrada, ele é responsável pelo equilíbrio do fluxo espiritual entre discípulos e o mundo sagrado... Mas ele é amigo leal, como relatam todos os seus discípulos e cultuadores. O juremeiro e babalorixá Zeca de Odé, que tem terreiro no bairro de Peixinhos – Olinda/PE, diz: “Na minha casa ninguém recebe ele, mas esse Preto nos dá muita força em tudo aqui. Malunguinho sempre está presente e quebrando todas as demandas dos nossos inimigos, eu confio a ele nossa proteção na gira da Jurema”, revela.


Sua saudação é "Sobô Nirê, Reis Malunguinho". E a palavra Reis é escrita assim mesmo, no plural, pois ele não é só apenas um Rei, mas sim vários, representados em uma única divindade polissêmica e multi-funcional. Uma questão importe é podermos perceber que sua saudação é uma forma de resgate da memória linguística negra africana no Brasil, pois é aclamado em uma mistura de língua fon com yorùbá.


“Toda casa de Jurema deve manter culto à Malunguinho”. Mesmo não havendo discípulo que o receba, seus cânticos e rituais devem ser realizados, pois ele é fundamental na liturgia interna desta prática, é um elemento básico para o funcionamento dos rituais.


Suas cores são o verde, o vermelho e o preto, ou ainda o preto e branco, ou o vermelho e preto. Suas guias, indumentárias que adornam os pescoços dos juremeiros sempre vão ter as sementes de ave-maria unidas a estas cores, simbolizando-o e o sinalizando. As cores, vermelho e preto, acreditamos que remonta as cores do Orixá Exú no culto dos yorùbá. Malunguinho também é sincretizado com esta divindade africana por ter funções muito parecidas em suas liturgias e práticas.


Um de seus símbolos mais usados e importantes é a estrela de sete pontas que simboliza o domínio sobre as sete Cidades da Jurema (este símbolo também é usado por juremeiros e juremeiras de ciência no culto, é um símbolo de força). Também a preaca (arco-e-flexa) e o bodoque compõem seus símbolos. Chapéu de palha destorcido ou virado ao contrário, chibata, facão, dentes de animais e couros de cobra são também utilizados. Existem outros símbolos, como o chapéu de couro de vaqueiro ou cangaceiro, o rebengue, espécie de chicote usado pra tanger boi no Sertão e, até mesmo espingardas podem ser encontradas em seus assentamentos sagrados.


O cheiro que emana da prática religiosa de Malunguinho é de fumo de rolo e de cachaça ou cana de cabeça. Muito fumo e fumaça... “Ele gosta da fumaça pesada”. Fumo preto, daqueles que ao fumar causam até torpor, são apreciados. Vinho e Jurema são ingeridos em grandes quantidades nos momentos de incorporação... O cheiro e o sabor do dendê estão em todos os momentos em suas obrigações. Muito dendê, pimenta, frutas tropicais, em especial a macaíba, sementes, raízes e folhas. “Ele gosta de comer bem. Muito bode, galos e pintos pretos e vermelhos, os pedrezes também entram... tudo recheado de farinha de mandioca e pimenta com dendê”, explica o pai Zeca de Odé.


As velas pretas, vermelhas, verdes e brancas são acesas para o firmamento de seus votos de fé. São os “pontos firmados”, em sua linha de catimbó.


Podemos avaliar de forma muito preliminar que o culto à Malunguinho se organizou de forma bem estruturada na cosmovisão da Jurema. A ele tudo é tal qual podemos observar como são para os Orixás, por exemplo. Sua prática vai bem mais além, mas não é nosso objetivo aqui destrinchar todos seus rituais e oferendas, rituais e cerimônias secretas. “Malunguinho é dono de muitos segredos na Jurema”, afirma mãe Terezinha Bulhões.


Hoje, após mais de 9 anos do trabalho do Quilombo Cultural Malunguinho na internet e em diversos espaços de discussão e de luta por direitos, Malunguinho vem sendo reconhecido como herói pernambucano, tendo até uma Lei Estadual proposta por este grupo em 2007, a Lei da Semana da Vivência e Prática da Cultura Afro Pernambucana, a Lei Malunguinho de número 13.298/07. Com tudo isso, aos poucos o Rei das Matas vai retomando seu lugar no meio do povo brasileiro, como é merecido, já que ele é a representação legítima do herói negro e indígena que o povo elegeu como divindade de sua religião, como Rei da Jurema e seu herói por derradeiro.


Após conhecer uma pequena partícula do que é esta divindade, ou divindades da Jurema, podemos agora mergulhar um pouco em seus sabores e cores através também do ritmo que o acompanhou durante toda esta leitura.


O coco, ritmo nordestino de grande variedade de estilos em diversas regiões brasileiras vem com muito catimbó e ciência na musicalidade do Grupo Bojo da Macaíba. A ciência de fé deste grupo fica evidente ao percebermos as rimas ricas de significados e mensagens subliminares que quase são recados de mestres e caboclos da Jurema Sagrada. O coco “Malunguinho” foi composto por Nino Souza, o cantor e compositor da banda para homenagear esta importante divindade da Jurema que é patrona do grupo, e, também fortalecer a luta pelo reconhecimento da história deste líder quilombola. Saboreie esta linda homenagem deste grupo de jovens juremeiros e juremeiras que nos dão o prazer de curtir uma música autenticamente da terra, sem faltar nada para nos reconhecermos.


Sobô Nirê Reis Malunguinho! Que a luta pelo resgate da história e memória dos nossos antepassados nos promova mais cidadania, "que a Jurema manda"!

A.D.






Leia mais
Topo