Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca: Umbanda

06/09/2024

A Umbanda tem História

Foto de Zilmeia umbandista
Zilméia de Moraes

Precisamos considerar que estamos perdendo a essência da Umbanda, infelizmente nossos valores e características lenta e progressivamente estão sendo apagados.

O pior de tudo é que os médiuns antigos estão aceitando essas modificações e passando a seguir essas novas orientações que fogem completamente do que é a doutrina Umbandista.

A primeira coisa que um médium precisa entender é que o trabalho dele é servir e não usar o terreiro como uma plataforma de projeção pessoal.

Com o advento das redes sociais, alguns buscam atenção, deixam suas opiniões ou inserem informações sobre a Umbanda nas redes sociais que nunca sequer se ouviu falar.

Aprendi muito cedo e com quem sabia, que não devemos participar de um ritual que está fora das leis de Umbanda deixadas pela espiritualidade.

Tudo é muito sagrado, nada é inútil ou ultrapassado.

Hoje vejo médiuns cegos que estão apoiados no cajado da VAIDADE , incompreensão e da fantasia, caminhando e conduzindo várias pessoas ao precipício.

Essa "nova" "Umbanda" tem feito muitos adeptos, e segue distorcendo os valores deixados pela espiritualidade e pela Umbanda original.

Não precisamos de uma "nova Umbanda", precisamos somente voltar e viver a Umbanda que nos foi deixada.

Humildade e Amor são os pilares da Umbanda, porém, onde o respeito não existe, toda a estrutura declina!

Deste legado quem tem conhecimento, preserva, quem não tem inventa, onde a criatividade humana passa, o que é espiritual simplesmente se ausenta.

Talvez ainda haja tempo pra tudo se corrigir, e retomar o compromisso original.

Não temos mais tempo para brincar, Nós poderemos enganar aos outros mas nunca a nós.

É preciso primeiramente começarmos a respeitar e valorizar a missão da Umbanda.

Peço que façam uma reflexão sobre como estamos nos comportando, se você não gosta de ser corrigido sem ficar ofendido você nunca crescerá!

Se você negocia a palavra espiritualidade para manter as pessoas no terreiro, então você não trabalha para a espiritualidade, você trabalha para os homens.

Longe de mim ter a pretensão de ensinar algo aos que há tantos anos caminham dentro daquilo que acreditam.

Mesmo assim deixo aqui este pensamento, que seja refletido ou ignorado, criticado ou questionado, mas que seja útil para aqueles que de alguma forma com este texto se identificam.

UMBANDA É A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO PARA A CARIDADE, NÃO PARA A MANIFESTAÇÃO DO EGO, VAIDADE, LUXÚRIA, INTERESSES PRÓPRIOS, PALCO, CIRCO E TEATRO.

A Umbanda tem história e é preciso RESPEITAR!

Não nascemos ONTEM!

Na foto Zilméia de Moraes, dedicou sua vida à prática da verdadeira caridade.

É preciso preservar as tradições

A.D.



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03/09/2024

Umbanda Hoje

Bandeira branca de Oxalá


Umbanda na Atualidade: Uma Religião em Expansão e Transformação

A Umbanda é uma religião brasileira que, ao longo dos anos, tem se adaptado e evoluído para se manter relevante. Anunciada oficialmente em 1908, a Umbanda mistura elementos do catolicismo, espiritismo, religiões afro-brasileiras e indígenas, criando um sincretismo único. Hoje, a Umbanda está mais viva do que nunca, adaptando-se aos desafios da modernidade e conquistando um espaço importante no cenário religioso nacional e internacional.

A Expansão da Umbanda no Século XXI

Nos últimos anos, a Umbanda tem experimentado um crescimento significativo, não só no Brasil, mas também em outros países. Esse movimento de expansão se dá, em parte, pela facilidade de acesso à informação, com livros, sites e redes sociais que promovem o conhecimento sobre a religião. Além disso, o respeito às diferenças e a busca pela espiritualidade têm atraído cada vez mais pessoas para a Umbanda, que encontram nela uma forma de conexão com o sagrado.

A Importância do Sincretismo na Atualidade

O sincretismo religioso é uma das características mais marcantes da Umbanda. Essa mistura de crenças é um reflexo da diversidade cultural do Brasil e faz com que a Umbanda seja uma religião inclusiva e aberta ao diálogo com outras tradições. Na atualidade, essa flexibilidade é um dos fatores que mais contribuem para o aumento do número de adeptos, pois permite que as pessoas se sintam acolhidas, independentemente de sua origem ou religião de base.

Umbanda e a Tecnologia: A Era Digital

A tecnologia desempenha um papel fundamental na Umbanda contemporânea. Plataformas como YouTube, Instagram e TikTok têm sido utilizadas para compartilhar ensinamentos e histórias de vida, aproximando ainda mais a religião do público jovem. Terreiros e centros de Umbanda também têm usado essas plataformas para divulgar seus trabalhos.

Desafios da Umbanda na Atualidade

Apesar de seu crescimento, a Umbanda ainda enfrenta desafios, como a intolerância religiosa e a desinformação. É comum que as práticas umbandistas sejam mal interpretadas ou estigmatizadas por falta de conhecimento sobre seus fundamentos. Para combater isso, é essencial que os praticantes e simpatizantes da religião busquem divulgar informações corretas e esclarecer o público sobre os princípios da Umbanda, que são baseados no amor, caridade e respeito ao próximo.

A Umbanda e o Futuro


O futuro da Umbanda parece promissor, com uma tendência de se fortalecer ainda mais à medida que novos adeptos se unem à religião. A prática da caridade, a busca pelo equilíbrio espiritual e o respeito às tradições são pilares que continuarão a guiar os umbandistas nas próximas décadas. Com a tecnologia a seu favor e um espírito de renovação constante, a Umbanda está preparada para continuar seu legado e inspirar futuras gerações.

A Importância da Experiência de Terreiro: Preservando a Essência da Umbanda na Era Digital

Apesar do avanço da tecnologia e da facilidade de acesso às informações sobre a Umbanda, a experiência de terreiro permanece insubstituível e é essencial para a vivência completa da religião. O terreiro é mais do que um espaço físico; ele é o coração da Umbanda, onde se manifesta o contato direto com os guias espirituais, a energia dos orixás e a comunidade de fé. Na atualidade, em que a era digital facilita o acesso a ensinamentos à distância, a vivência em um terreiro continua sendo uma experiência primordial.

Terreiro: O Espaço Sagrado da Vivência Espiritual

Os terreiros são os locais onde os rituais acontecem, e é nele onde se conecta de maneira mais profunda com as entidades espirituais. A vivência no terreiro proporciona um aprendizado prático que vai além do que pode ser transmitido por vídeos ou textos na internet. É nesse espaço que se aprende a sentir e manipular as energias, a desenvolver a mediunidade e a experimentar a comunhão com os guias de forma direta e pessoal.

A Vivência Coletiva e a Força do Axé

A energia do terreiro é amplificada por toda a coletividade. Estar fisicamente presente em um ritual, compartilhar o mesmo espaço com outros médiuns e frequentadores, sentir a vibração dos pontos cantados, da defumação, etc, são experiências que fortalecem o axé (energia espiritual) do local e de cada um dos presentes. Esse senso de comunidade e de pertencimento é fundamental na Umbanda e não pode ser substituído por interações virtuais.

O Desenvolvimento Mediúnico no Terreiro

O desenvolvimento mediúnico é um processo contínuo e pessoal que ocorre de forma mais efetiva dentro do terreiro. Sob a orientação dos guias e dos dirigentes, os médiuns aprendem a trabalhar suas capacidades, a lidar com suas próprias energias e a compreender o processo de incorporação. Esse aprendizado prático é essencial para que o médium possa evoluir de forma segura e equilibrada, algo que as plataformas digitais, por mais úteis que sejam, não conseguem replicar de forma completa. Na Tulca, o desenvolvimento mediúnico ocorre de forma integral, respeitando os tipos de mediunidade individuais, ou seja, incorporação, vidência, clarividência, audiência, clariaudiência, psicofonia, psicografia e pictografia.

O Terreiro como Espaço de Cura e Caridade


Um dos pilares da Umbanda é a prática da caridade, e é no terreiro que essa missão se manifesta de maneira mais intensa. Os atendimentos espirituais realizados no terreiro, como passes, consultas e tratamentos energéticos, são fundamentais para a cura física, emocional e espiritual dos consulentes. Esses atendimentos dependem da energia coletiva e do trabalho conjunto dos médiuns e guias, algo que vai além da tela de um computador ou celular.

Mantendo a Tradição na Modernidade

Enquanto a tecnologia pode ser uma excelente ferramenta de divulgação e ensino, é fundamental que os umbandistas valorizem a experiência de terreiro. O digital pode complementar, mas nunca substituir, a vivência presencial, que é onde se encontram as raízes e a verdadeira força da religião. O respeito à tradição e a preservação dos rituais de terreiro garantem que a Umbanda continue a ser uma religião viva e poderosa, conectada com suas origens e preparada para o futuro.

O Perigo da Incorporação em Casa: Riscos e Advertências para os Praticantes de Umbanda

Na era digital, é comum encontrar vídeos e tutoriais ensinando práticas espirituais de Umbanda para serem realizadas em casa, incluindo a incorporação de guias e entidades. No entanto, é preciso alertar sobre os graves riscos envolvidos nessa prática fora de um ambiente adequado como o terreiro. Diferente dos terreiros, que são espaços consagrados e preparados energeticamente para o contato com o plano espiritual, a residência não oferece a mesma proteção, podendo se tornar um campo perigoso para o médium e para toda a sua família.

Por Que Incorporar em Casa é Perigoso?


A incorporação em casa é extremamente arriscada porque a energia de um lar é muito diferente da de um terreiro. Em casa, há uma mistura de energias provenientes dos moradores, visitantes, brigas, preocupações e problemas cotidianos. Esses fatores criam um ambiente energeticamente instável, propenso à interferência de espíritos negativos, que podem se aproveitar dessas vulnerabilidades.

Além disso, a falta de preparação e proteção espiritual adequada pode atrair espíritos obsessores que se passam por guias de Umbanda, enganando o médium e causando sérios danos espirituais e emocionais. Esses espíritos trevosos podem manipular as energias do ambiente e do próprio médium, levando a um processo de obsessão espiritual, que pode se manifestar como cansaço extremo, pensamentos negativos, doenças físicas e emocionais.

A Falta de Proteção Energética na Residência

Diferente dos terreiros, que são espaços consagrados e protegidos por guias e orixás, as residências não possuem as mesmas defesas espirituais. No terreiro, os médiuns trabalham sob a orientação dos dirigentes espirituais, que zelam pela segurança energética do local, realizando firmezas e limpezas que garantem a proteção contra entidades trevosas. Em casa, essas proteções não existem, o que deixa o médium exposto e vulnerável a influências espirituais negativas. 

É ilusão achar que o seu guia vai lhe proteger sempre, porque o tempo dele é precioso demais para perder com uma pessoa que não quer formar egrégora, mas sim solicitar sua intercessão para preparar e interagir mediunicamente em seu ambiente particular, o que denota egoísmo em discordância com a caridade amplamente praticada. Um guia de trabalho não vem ao nosso plano para satisfazer caprichos pessoais.

O Papel dos Dirigentes Espirituais e da Hierarquia do Terreiro


Outro ponto crucial é a ausência de orientação adequada. No terreiro, o desenvolvimento mediúnico é guiado por dirigentes experientes que acompanham e orientam os médiuns durante as incorporações. Esse acompanhamento é essencial para identificar e afastar espíritos zombeteiros ou obsessores que tentam se infiltrar. Sem essa supervisão, o médium corre o risco de ser enganado, acreditando estar incorporando um guia de luz quando, na verdade, está servindo de instrumento para espíritos mal-intencionados.

Consequências da Incorporação Improvisada em Casa


As consequências de incorporar em casa podem ser graves, tanto para o médium quanto para todos os que convivem no mesmo ambiente. Entre os riscos, destacam-se:

1. Obsessão Espiritual: Espíritos trevosos podem se passar por guias de Umbanda e começar um processo de obsessão, prejudicando a vida do médium e de seus familiares.

2. Desgaste Energético: Incorporar sem o suporte e a proteção adequados leva ao desgaste energético, provocando cansaço extremo, desânimo e problemas de saúde.

3. Instabilidade Emocional: O convívio com energias negativas pode gerar conflitos familiares, aumentando as brigas e a desarmonia dentro de casa.

4. Fechamento dos Caminhos: Espíritos trevosos podem atrapalhar as finanças, a saúde e os relacionamentos dos moradores, fechando os caminhos de progresso e felicidade.

A Importância de Respeitar o Espaço do Terreiro

O terreiro é o local adequado para o desenvolvimento espiritual e a prática mediúnica na Umbanda. Ele oferece a proteção necessária e um ambiente seguro para que as incorporações aconteçam de forma harmônica e sem riscos. É fundamental que os médiuns valorizem o espaço do terreiro e sigam as orientações de seus dirigentes espirituais, evitando práticas imprudentes que possam colocar em risco sua saúde espiritual e a de seus entes queridos.

Conclusão

A Umbanda na atualidade é uma religião em constante transformação, que se adapta às novas demandas sociais sem perder sua essência. Seu crescimento e a ampliação de seu alcance demonstram que a Umbanda é uma religião viva, dinâmica e preparada para enfrentar os desafios do presente e do futuro. A conexão com o sagrado, o respeito à diversidade e a busca por um mundo mais justo e equilibrado são valores que fazem da Umbanda uma escolha cada vez mais relevante para aqueles que buscam espiritualidade e propósito.

Na era digital, a experiência de terreiro permanece como o alicerce insubstituível da Umbanda. É nele que se vive a verdadeira essência da religião, onde a energia dos orixás, guias e frequentadores se encontra para formar uma corrente de força, fé e cura. O terreiro é o espaço onde a Umbanda se manifesta de forma plena e onde seus adeptos encontram o verdadeiro sentido da prática religiosa. Por isso, mesmo em tempos de tecnologia avançada, o retorno ao terreiro deve ser sempre incentivado, preservando a tradição e o axé que fazem da Umbanda uma religião única e profundamente transformadora.

Incorporar em casa é um risco que não deve ser subestimado. A falta de proteção, o ambiente energeticamente instável e a ausência de orientação podem abrir portas perigosas para espíritos obsessores, colocando em perigo o médium e sua família. A Umbanda é uma religião de luz e deve ser praticada com respeito, responsabilidade e sob a orientação adequada dentro dos terreiros. Proteger-se espiritualmente é essencial para garantir uma caminhada segura e próspera na religião, respeitando sempre os limites entre o sagrado e o profano.

Mãe Ednay - Dirigente da Tulca 



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12/07/2024

Por Amor à Espiritualidade

Amor ao caboclo de umbanda


Certa vez, em uma reunião em nosso terreiro, perguntou-se:

- Por que você entrou para a Umbanda?

Com 23 médiuns que participavam da casa, cada um deu um motivo para sua entrada na Umbanda, um era porque estava com problemas financeiros, outro era por problemas de relacionamento, outro por doença, outro por que gostou, etc...

Somente dois disseram que era por amor à espiritualidade, a sua espiritualidade, para cuidar de sua espiritualidade.

A grande diferença entre as pessoas, médiuns que entram para a Umbanda, não é tão grande assim, na verdade é simples.

A diferença é simplesmente: o "AMOR".

Sim, aquele que assume seu compromisso espiritual dentro de uma casa de Umbanda por amor, amor à espiritualidade, amor a si próprio, sabe que estará ali para o que der e vier, com comprometimento, humildade e simplicidade.

Porém, aquele que assume seu compromisso espiritual para resolver seus problemas pessoais, para que seu relacionamento melhore, para ter um cargo melhor em seu emprego, etc... podemos ter a certeza que virão problemas, decepções, falta de comprometimento para com a casa, com o dirigente, falta de respeito com os irmãos.

Virá aí, a soberba, o status, o querer ser mais do que o outro, criando discórdia, fofoca, etc...

Aquele que descobre sua espiritualidade e a assume realmente com amor, aquele compromisso espiritual já acordado na espiritualidade, terá comprometimento consigo mesmo, irá buscar conhecer, aprender, evoluir.

Sua dedicação é espontânea, sua participação é assídua, sua disponibilidade para ajudar a todos estará sempre em alta.

Esse sim, podemos ter a certeza que veremos grandes mudanças, veremos EVOLUÇÃO.

É aquela velha história:

- Quantos filhos a sua casa tem?

Façamos uma análise, de nossos comportamentos, atitudes, etc... qual será realmente o motivo que nos levou a assumir um compromisso dentro da religião em que estamos?

- Será que temos o comprometimento conosco?

- Será que evoluímos nesse tempo todo em que tomamos a atitude de realmente trabalhar com a espiritualidade?

Por amor à espiritualidade, a nossa espiritualidade, será que cuidamos de nós primeiramente, buscamos conhecimento, buscamos errar menos, estar preparados um pouco mais, para podermos ajudar o nosso próximo assim como nos ajudamos?

Por amor a espiritualidade, será que abrimos mão de certas regalias da vida cotidiana, das festas, das viagens de férias,etc... para estarmos enfurnados dentro de um terreiro dias e dias a se dedicar aos nossos irmãos, buscando colaborar para o bem de nós mesmos e consequentemente de todos?

Sim, consequentemente de todos, porque se for por amor à espiritualidade, a nossa espiritualidade, faremos o bem primeiramente a nós e consequentemente ao próximo.

Porque o que é bom para mim, é bom para o meu próximo, e muito melhor ainda quando é feito por amor, com amor.

Pensemos nisso,e façamos uma análise até onde vai o nosso AMOR À ESPIRITUALIDADE.

Aurea Oliveira


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15/06/2024

Conheça a Umbanda

Oxalá com pombos brancos


A DOUTRINA DE UMBANDA - Por Ednay Melo

Umbanda é uma religião monoteísta. Seu principal objetivo é despertar a consciência religiosa dos seus fiéis, proporcionando o religamento ao Criador Deus, Olorum, ou ao Sagrado, que é o verdadeiro sentido de todas as religiões. A sua Doutrina é de Amor e Caridade. Uma das características da religião é a simplicidade, a Umbanda não alimenta vaidades nem ostentações de quaisquer espécies, principalmente entre médiuns e dirigentes. Outra característica da religião é a liberdade de escolha, sempre com respeito ao amadurecimento individual e ao livre arbítrio. A Umbanda não é proselitista.

A Umbanda incentiva o cultivo da autoestima e promove o autoconhecimento do ser humano como ser agente ativo da sua própria vida, capaz de melhorá-la sempre que desejar, e para isto a Umbanda o ampara e o estimula, fornecendo meios para alcançar os seus objetivos. É preciso saber que a Umbanda ajuda a quem quer ser ajudado e a quem se propõe em ajudar-se a si próprio.

O médium de Umbanda é preparado para o trabalho assistencial se utilizando dos meios energéticos da natureza a fim de estar em constante processo de limpeza e fortalecimento dos seus chakras. Porém, o imprescindível para o fortalecimento do médium umbandista é manter uma vida regrada, é ser humilde e ao mesmo tempo perseverante em vencer os seus próprios desafios, com respeito às Leis Divinas e às leis dos homens.

Os princípios básicos da Umbanda são:

A crença em um único Deus, Olorum, crença nos Orixás que são vibrações energéticas de Olorum em toda a natureza, a fim de proporcionar o equilíbrio e a harmonia do planeta e seus habitantes. É religião naturista, considera a natureza o seu altar natural e o seu campo de ação sagrado.

Como religião espiritualista, considera o espírito além do corpo físico, o mundo espiritual e a reencarnação. A Umbanda acolhe a todos os espíritos, encarnados e desencarnados, que tenham o desejo de ascensão espiritual.

Os Orixás como potências energéticas não participam do mediunismo de Terreiro, é impossível incorporar a vibração do mar e das matas, por exemplo. O que os médiuns incorporam no Terreiro são os Falangeiros dos Orixás, espíritos evoluídos que vêm trazer o axé dos Orixás que representam.

O triângulo espiritual constituído pelos Caboclos, Pretos Velhos e Crianças forma a Linha de Trabalho da Umbanda. As demais entidades, todas elas detentoras de luz e saber, formam as Linhas Auxiliares de Trabalho da Umbanda; todos são espíritos em evolução.

A Umbanda lida diretamente com as energias sutis dos seus Orixás e Guias, como também com energias deletérias oriundas de espíritos trevosos, proporcionando a estes o encaminhamento a esferas iluminadas e libertando quem a eles estavam ligados em processos obsessivos.

A Umbanda é religião magística, utiliza-se de elementos materiais para fins espirituais, como as ervas constituídas de folhas, flores e frutos, uso das velas, da água, dos cristais e demais elementos que, impulsionados pela força do pensamento e aliados à força espiritual, direcionam seus princípios energéticos em benefício do fiel.

É regida por leis universais, como a Lei do Merecimento e a Lei de Causa e Efeito, dessa forma, incute nas consciências a necessidade de fazer por merecer as graças pretendidas, através da reforma íntima, burilando constantemente as suas ações, que devem ser pautadas na luz dos ensinamentos do Cristo Jesus.

A religião de Umbanda não pratica a imolação de animais; não promove trabalhos de baixa magia objetivando o mal; não suja a natureza e vias públicas; não cobra pelos seus trabalhos e por nenhuma de suas atividades; não alimenta vícios de nenhuma espécie e não faz apologia à vaidade nem à ostentação.

É na simplicidade e na discrição, no sentimento de fraternidade, no respeito ao seu próximo e à natureza, na prática da caridade incondicional, que se fundamenta a Umbanda.



COMO NOS BENEFICIAR DA UMBANDA - Por Ednay Melo

Partindo da premissa de que só se podem obter os benefícios quando se sabe usar as ferramentas adequadas para todo e qualquer empreendimento, resolvemos escrever este texto sobre como nos beneficiar da nossa amada religião de Umbanda.

Em primeiro lugar, devemos estabelecer claramente para nós mesmos o que esperamos da religião. Resolver um problema mundano, por exemplo, adquirir um emprego, um amor, saúde ou resolver problemas familiares, requer acima de tudo o cumprimento da Lei de nosso Pai Maior que é a Lei do Merecimento. Mas que Lei é esta?

A Lei do Merecimento está ligada a Lei de Causa e Efeito, lei natural de que todo efeito tem uma causa, fato incontestável em todos os segmentos da ciência, filosofia e religião.

Partindo deste princípio, nada nem ninguém pode mudar uma situação que nós mesmos criamos. Só cabe a nós a mudança. Podemos nos perguntar: "Mas eu não criei a doença!" Sim tem casos em que se cria a doença. Nós criamos as doenças do nosso corpo através dos pensamentos e sentimentos, que geram as doenças chamadas psicossomáticas e exceto estas, as doenças são provocadas por ações indevidas ou pelo processo natural de desgaste orgânico, e se são naturais, são imprescindíveis.

A religião de Umbanda nos oferece meios para resolver os nossos problemas, mas não da forma a qual desejamos que é sempre a forma mais cômoda: ir ao terreiro e passivamente esperar os resultados. Devemos ter fé em Deus e em nós mesmos e estarmos dispostos à mudança, à reforma íntima. Com o coração puro e o sincero desejo de se melhorar os nossos Mentores e Guias com certeza mostrarão o caminho, auxiliarão no que for possível no universo mágico da Umbanda. E se o problema for cármico, que precisa ser vivenciado em respeito à Lei Maior, receberemos o conforto necessário para viver esta fase com paz e equilíbrio.

Ainda têm aquelas pessoas que querem resolver um problema de desmanche de magia negativa que supõem serem vítimas. Voltamos a salientar que tudo depende primeiramente de nós. Neste caso, reflitamos sobre os conceitos da ciência espírita e física: tudo é sintonia! Assim, não somos tão vítimas quanto pensamos e se está havendo influência negativa espiritual é porque existe algum pensamento ou atitude nossa que está abrindo a porta para este espírito menos esclarecido nos influenciar. Mas se temos consciência que tentamos nos melhorar sempre, cultivando as virtudes, o primeiro passo é não dar poder a esta influência negativa e através da nossa Umbanda iremos desmanchar a magia negativa com a magia do amor, auxiliando estes irmãos equivocados que se comprazem no mal e com isto sofrem, após este primeiro e fundamental procedimento, a Umbanda também se utiliza de elementos magísticos para promover o reequilíbrio das partes envolvidas neste processo.

E as pessoas que procuram a nossa Umbanda em busca de uma religião que lhes despertem o sagrado no íntimo do seu ser, que querem participar desta família para somar e dividir a luz e a caridade em prol da sua evolução espiritual, a estas pessoas sugerimos, primeiramente, que encontrem uma Casa cuja doutrina esteja próxima de suas convicções e princípios, nunca faça comparação entre uma e outra Casa, porque dentro da diversidade umbandista cada Casa tem sempre algo novo a nos oferecer e muitas vezes precisamos reformular conceitos aprendidos, enfim, precisamos "desapegar" para estar aberto ao novo. No mais, é ter paciência e aguardar a sua resposta vir naturalmente, com a nossa vivência em Terreiro podemos observar que os nossos próprios Guias nos sinalizam quando o caminho é o certo, podemos sentir uma enorme emoção aos primeiros contatos com este Terreiro, este sentimento surge em diversas pessoas bem-intencionadas, que têm a boa vontade de se dedicar à prática da caridade.

Esperamos que este texto possa trazer um pouco de esclarecimento e benefício às pessoas que procuram a nossa Umbanda para resolverem os seus problemas imediatos, e às pessoas que buscam nela o crescimento espiritual, lembrando que teremos um maior benefício dos ensinamentos quando o nosso coração estiver aberto para recebermos as mensagens dos nossos Guias, através da nossa própria consciência.




ORIXÁS NA UMBANDA - Por Ednay Melo

A natureza, criada por Deus, representa a supremacia do todo sobre as partes. Todo ser vivo sobrevive nela e com ela, e por ser parte viva da natureza o ser humano interage movido por sua energia cósmica e dinâmica, a energia do Criador, que vibra em todo o planeta originando-se em reinos específicos da natureza.

Como reinos da natureza, podemos citar os rios e cachoeiras, mares, formações rochosas, matas e camadas internas e externas do globo. À energia que vibra em cada um desses reinos dá-se o nome de Orixá, porém Orixá não é só isso, seu conceito vai muito além do que os nossos poucos sentidos podem alcançar. Existem Orixás que não têm reino específico, mas dominam determinados fenômenos e são marcados por determinados simbolismos, como Iansã que domina os ventos e as tempestades, e Ogum que domina os caminhos e percursos existentes sobre a terra, que representam o dinamismo natural da vida.

Nós, seres humanos, não temos maturidade espiritual, ainda, para definir Orixá, da mesma forma como não podemos definir Deus. O que os nossos poucos sentidos percebem é que Orixá é um ser imaterial, dotado da Essência Divina, que se propaga no planeta a fim de direcionar os seres da Criação. Orixá é Deus em nós, é Deus em toda natureza, é a oportunidade de encontrar Deus através da Sua Obra.

Na Umbanda, damos nomes aos Orixás através da mitologia africana.

A nível de Terreiro, nos referimos à Umbanda que praticamos na Tenda de Umbanda Luz e Caridade, consideramos sete Orixás como básicos: Iansã, Omulu, Ogum, Oxum, Xangô, Iemanjá e Oxossi. E por que sete? Porque existem centenas de Orixás e não podemos cultuar a todos, mas todos interagem entre si; o fato de cultuarmos sete não significa que os outros não atuem, eles se relacionam harmoniosamente entre si, tal como é toda a natureza Divina. Nas Giras de Umbanda, incorporamos os enviados dos Orixás ou Falangeiros, que são espíritos evoluídos que vêm nos trazer os axés dos Orixás os quais representam, geralmente não falam, porque a sua função não é falar e sim trazer o axé do Orixá, axé daquele reino que atuam. Quem tem a função de falar na Umbanda são os Guias espirituais, como são nossos Caboclos, Pretos Velhos e tantos outros que se aproximam mais particularmente do filho de fé para trazer sua palavra de conforto e muitos ensinamentos.

O ser humano, enquanto encarnado na terra, recebe influência de todos os Orixás, porém, apenas um casal o direciona em todas as encarnações, fazendo parte constante dos seus corpos sutis e influenciando diretamente a sua persona no meio onde vive, a estes damos o nome de Orixás Regentes do nosso Ori (cabeça) ou Orixás Ancestrais. Estes Orixás influenciam na personalidade dando características próprias e universais aos seus filhos. Dentre eles, o primeiro é o dominante e o denominamos de Orixá Regente. O segundo denominamos Co-regente, que influencia o filho em um segundo plano, não menos importante.

Geralmente, esses Orixás principais que nos regem formam um casal, isto é, o masculino e o feminino para respeitar a dualidade sexual da personalidade humana, constituída a partir de sua essência espiritual assexuada. O que isto quer dizer? Quer dizer que o espírito desencarnado não tem sexo, este é determinado no momento da sua encarnação. Daí pode-se encarnar em um corpo de homem ou de mulher, diante da necessidade do espírito. O inconsciente, que é a memória espiritual, guarda os registros das experiências do corpo masculino e feminino, desta forma, todo ser humano tem um lado feminino e um lado masculino, daí, justifica-se a atuação do casal de Orixás Regentes na coroa dos seus filhos, bom frisar que Orixá como energia não tem sexo, ele representa o arquétipo masculino ou feminino.

O sincretismo dos Orixás com os Santos Católicos se deu, inicialmente, pela necessidade dos escravos negros africanos burlarem as exigências dos seus senhores, no período da escravatura, que proibiam o culto aos seus Deuses Africanos (Orixás). Este sincretismo perdura até hoje, talvez pela necessidade do homem em ter sempre ao seu alcance uma referência material, ao alcance dos seus sentidos físicos.

Orixá é energia sublime em nós! O culto aos Orixás na Umbanda remete ao encontro do Eu Interior com o Eu Divino. As oferendas aos Orixás são um canal para a sintonia com essas Energias, porém, lembremos que mais eficaz do que o elo material das oferendas, é o elo espiritual do amor verdadeiro, da fé, da gratidão e do esforço constante na busca da perfeição moral, que nos aproxima, indubitavelmente, das Virtudes Divinas dos nossos Orixás.


ORIXÁ ANCESTRAL E DE FRENTE

Ouvimos sempre perguntas a respeito do que seja Orixá Ancestral, de Cabeça, de Frente, Adjunto. São muitas as denominações e explicações, muitas vezes, de difícil entendimento.

O lema da Umbanda que praticamos é sempre a simplicidade, não confundir com o simplório, mas entender de forma simplificada o que, talvez, não estejamos ainda preparados para entender em sua plenitude e essência.

O que a espiritualidade que nos assiste nos informa e que somos capazes de entender é o seguinte, para que principalmente os médiuns da nossa Casa, da Tenda de Umbanda Luz e Caridade – Tulca, tenham um conceito sobre Orixás Regentes de Coroa mais próximo da nossa doutrina:

Os Orixás Ancestrais são os que chamamos de Pai e Mãe de Cabeça, ou Pai e Mãe Orixás. É o casal Orixá cuja essência, qualidade divina, herdamos em alguns traços da nossa personalidade, que nos direcionam e sustentam em toda a nossa existência como ser encarnado e desencarnado. É como a marca do DNA no corpo biológico, sendo uma característica interna de toda a existência espiritual. Fique bem claro que as características negativas de personalidade nunca são dos Orixás e sim do encarnado que usa o seu livre arbítrio.

Entendemos Orixás de Cabeça porque eles regem o nosso campo mental, campo das ideias e pensamentos. Exemplo: O encarnado que tem o Orixá Ogum como seu Orixá de Cabeça ou Ancestral, terá sempre a Centelha Divina da Lei e da Ordem em seu inconsciente. E por que inconsciente? Porque o inconsciente é a instância psíquica onde reside todo o arquivo mental, de todas as vidas, sendo o condutor mestre de todas as ações e reações do indivíduo.

Então, a essência Orixá está lá bem guardadinha no inconsciente. Acontece que a pessoa pode seguir fielmente as virtudes dos seus Orixás, no caso do nosso exemplo do Orixá Ogum e pode também não seguir e se tornar uma pessoa contrária à Lei e à Ordem, ser em ações contrária à sua essência divina e isto causará um grande desequilíbrio em sua estrutura emocional, por exemplo: uma pessoa corrupta filha de Ogum, estará sempre com um "peso na consciência", porque estará contrária à sua essência, aos seus reais valores internos. Este é apenas um exemplo, grosso modo, para que possamos entender.

Importante salientar, que a Energia Primeira do Criador representada na Umbanda por Pai Oxalá, também está presente na coroa de todos os filhos, ao "lado" da vibração dos Pais Ancestrais. Imaginemos, grosso modo, sobre a nossa cabeça e onde reside o chakra coronário a nível perispiritual, imaginemos três feixes de luzes, uma na cor branca que vem de Pai Oxalá e as outras duas nas cores do nosso casal de Orixás Ancestrais ou Pai e Mãe de Cabeça. Acontece que o filho pode ter, por afinidade que ainda não sabemos definir, pode ter mais presente o feixe de luz branca em seu Ori, a energia de Pai Oxalá se sobrepõe aos seus dois Orixás Ancestrais, mas isto não quer dizer que ele seja filho apenas de Pai Oxalá. Então, na nossa Casa, todos são filhos de Pai Oxalá.

Para simplificar, usamos o termo Força Orixá. Temos na nossa Casa sete forças Orixás que formam a Coroa Espiritual dos filhos: Oxalá é a primeira força, o casal de Orixás Ancestrais é a segunda força e da terceira à sétima força são os Orixás de Frente e Adjuntos.

E o que seriam então Orixás de Frente e Adjuntos? É um par de Orixás, não necessariamente um casal, sendo que estes direcionam apenas a encarnação presente. O Orixá de Frente está mais presente e evidente do que o Adjunto, que o auxilia em um segundo plano, sempre com o principal objetivo de fornecer o equilíbrio energético, a fim de harmonizar ao máximo o indivíduo, considerando o ser humano em sua forma holística. Ressaltamos que o Orixá de Frente pode ser também um dos Orixás Ancestrais ou ambos. Ressaltamos também que por serem cinco os Orixás de Frente e Adjuntos, pois como vimos acima, Oxalá e os Ancestrais ocupam as primeiras e segundas Forças Orixás respectivamente e estamos nos referindo às sete Forças Orixás, então ressaltamos que o Orixá de Frente que está na “última” posição, ou a quinta, faz par com o Adjunto anterior. Se você entendeu o nosso raciocínio, deve estar se perguntando: “Então eu tenho três Orixás de Frente?” Ao que te respondemos: Sim, você tem! Só que apenas um é o dominante, o mais evidente, de acordo com a sua maior necessidade atual.

Basicamente à frente do indivíduo estão todos os Orixás, que harmoniosamente interagem e se completam para auxiliá-lo em determinados momentos da sua vida. Exemplo: uma pessoa reprimida em suas emoções estará à sua frente, pela misericórdia Divina, a Orixá Iansã para proporcionar o dinamismo e o extravasamento destas emoções contidas.

É por isto que costumam dizer, erradamente apenas na denominação, que os Orixás “brigam” pela coroa do filho, termo este inconcebível a um Orixá. Eles não brigam, apenas estão ali porque o filho está precisando das suas vibrações energéticas naquele momento, em outro momento o filho poderá estar precisando de outro tipo de energia para restabelecimento do seu equilíbrio, daí a constatação pelo sensitivo de mais de um Orixá de Frente. Ou então em um momento visualizar um Orixá e em outro momento visualizar outro. O dinamismo entre as vibrações Orixás a frente do indivíduo se faz necessário para o equilíbrio energético, físico e emocional do encarnado.

Enfim, Orixás Ancestrais estão na nossa essência energética, são a nossa característica básica de personalidade que nos acompanham pela eternidade, um é mais dominante a quem chamamos de Orixá Regente da nossa Coroa, o outro menos dominante, mas igualmente importante, a quem chamamos de Orixá Co-regente da nossa Coroa; em contrapartida, os Orixás de Frente ao “lado” dos seus Adjuntos se fazem presentes diante da necessidade momentânea do filho, estão presentes também de acordo com o seu compromisso reencarnatório.

Daí a importância de não se ter preferência nem fanatismo por nenhum Orixá, todos são importantes e essenciais na nossa vida. Devemos agradecer sempre a todos eles, com muita fé, amor e respeito.




GUIAS OU ENTIDADES DE UMBANDA - Por Ednay Melo

Guias de Umbanda são espíritos em evolução, que trabalham pela caridade nos Terreiros através dos seus médiuns ou na contraparte astral, dando sustentação aos trabalhos realizados. Dentre eles podemos citar os Caboclos, Pretos Velhos, Crianças ou Ibejis, Exus, Povo Cigano, Marinheiros, Boiadeiros, etc.

A Umbanda acolhe todos os espíritos encarnados e desencarnados que desejem ou necessitem trabalhar na terra pela caridade, dando oportunidade de ascensão espiritual a todos. O Caboclo das Sete Encruzilhadas, quando da anunciação da Umbanda em 1908, estabeleceu que: "Com os espíritos mais evoluídos aprenderemos, aos menos esclarecidos ensinaremos e a nenhum renegaremos." Desta afirmação, fácil concluímos que a Umbanda arregimenta os mais evoluídos do que nós, que são os nossos Guias; estão também entre nós os espíritos menos esclarecidos, que muitas vezes acompanham as falanges dos Guias para aprenderem com eles; estão também irmãos desencarnados que nos obsediam e aqueles que são enviados para tratamento no grande hospital que existe na contraparte astral do Terreiro.

Então, o médium que trabalha na Umbanda tem a oportunidade de prática da caridade não apenas para os consulentes encarnados, mas também para a grande maioria desencarnada e necessitada. Como assim? Como o médium auxilia os espíritos desencarnados?

O médium auxilia os desencarnados primeiramente quando auxilia a si próprio, cuidando da sua saúde espiritual e emocional, seguindo os ensinamentos da sua Casa espiritual com disciplina, cuidando do aspecto moral que molda o seu caráter, tentando praticar os ensinamentos do Evangelho em sua vida. Durante os trabalhos em seu Templo e também fora dele, deverá emitir pensamentos positivos sempre para todos, reprimir os sentimentos de inveja, raiva, rancor e melindres, treinando a humildade e sentimento de fraternidade. Desta forma, ele contribui para promover uma atmosfera fluídica salutar em benefício de todos, desta forma estará apto a doar ectoplasma para auxiliar no tratamento dos desencarnados e também estará apto a ensinar, através do bom exemplo, acolhendo a esses irmãos com amor.

Até aqui, já sabemos que existem na Umbanda espíritos Guias, espíritos menos esclarecidos, espíritos obsessores dos encarnados, espíritos sofredores e doentes e também espíritos trevosos que insistem em lutar contra a luz. São estes últimos, os que se comprazem nas trevas, que iremos nos deter neste texto a fim de sabermos identificá-los, pois muitas vezes eles se passam por Guias, ludibriando médiuns invigilantes e o estrago é bem maior quando se passam por Guias Chefe de um Terreiro, através da mediunidade de um dirigente tão negativado quanto ele próprio.

Uma regrinha básica: se tudo é sintonia, o médium atrai para si espíritos semelhantes a ele próprio. Então se quer conhecer a natureza de um espírito, observe a natureza do médium que lhe serve de instrumento. Ninguém é perfeito, claro. Mas é certeza que os bons espíritos, os nossos Guias, estão sempre próximo do médium que se esforça em melhorar-se. Porém, aqueles cujo objetivo é a satisfação pessoal, seja material ou que acaricie o seu ego através da vaidade e orgulho, aqueles que passam por cima do seu irmão e semelhante para se promover e se sobressair, aqueles que semeiam a mentira, a discórdia, a fofoca e toda vibração incoerente com o trabalho de um Guia, com certeza, destes os Guias estarão afastados e permitindo que aprendam com as consequências dos seus erros.

Outra forma de identificar um espírito trevoso, já nos dizia Kardec, é observar a sua linguagem. Alguns até conseguem enganar por um momento com uma suposta sabedoria, mas em algum momento eles se denunciam. No nosso grupo de estudos na Tulca, foi dado um bom exemplo para ilustrar este fato: Pede-se gentilmente que um espírito desincorpore do seu médium para que os trabalhos continuem com outra falange e ele, sentindo-se ofendido, rebate: "ainda não terminei de falar, sou um Guia e preciso continuar..." Ou então: "você sabe com quem está falando?" Um Guia, mesmo da mais alta elevação, sempre é humilde e jamais constrangerá quem quer que seja.

Outro exemplo a nível de Terreiro: os trabalhos se encerram e depois, em um canto, um Guia baixa para falar sobre suas adivinhações da vida de uma pessoa e o cuidado que ela tem que tomar. É óbvio que o Guia respeita acima de tudo a disciplina do Terreiro e, uma vez os trabalhos encerrados pelo dirigente, jamais ele irá manifestar-se em hora imprópria e ser o mau exemplo com tamanha indisciplina. Sem falar que os trevosos podem ter acesso aos nossos segredos e os colocar para impressionar e passar por Guia.

Com relação ao uso da mediunidade na própria residência do médium, o Guia pode até vir em um caso extremamente necessário, raras vezes, por permissão e merecimento, mas nunca como hábito. Por isto, um médium ostensivo que queira realmente ajudar um irmão que procura a sua mediunidade deve aconselhá-lo a ir a seu Terreiro ou a qualquer outro, mas nunca deve dar passividade para os seus Guias em um local sem preparo e segurança, com risco de ser atendido por espíritos trevosos e oportunistas.

Esperamos com este texto poder contribuir um pouco para o reconhecimento de um verdadeiro Guia de Umbanda e consequentemente de uma boa Casa de Umbanda, a fim de evitar consequências desastrosas ao psiquismo de muitos irmãos de fé. Rogamos a Olorum que um dia todos estejam aptos a separar o joio do trigo e fazer a nossa Umbanda resplandecer límpida e cristalina aos olhos de todos.


CONSULTA COM UM GUIA DE UMBANDA

A Umbanda merece respeito, principalmente com os Guias que vêm nos acolher em uma consulta! Não os subestime, achando que são fracos porque não satisfez a sua curiosidade. O objetivo do Guia e de toda Umbanda é te ajudar a viver melhor, a ter paz e equilíbrio e, sobretudo, te ajudar a subir um degrau na tua evolução! A Umbanda te ajuda a angariar conquistas para o espírito e não para a matéria, pelo simples fato que um é eterno e a outra perecível. Satisfazer só uma curiosidade, que não acrescenta nada de real utilidade para a evolução, não é papel de um verdadeiro Guia de Umbanda.

Então, não procure uma consulta com um verdadeiro Guia de Umbanda somente para perguntar, por pura curiosidade apenas: se o seu marido tem outra; se vai obter um emprego; quem fez demanda contra ti; o que quer dizer aquele sonho que tiveste; com qual dos dois amores deve ficar; qual imóvel deve comprar; se pode confiar em determinada pessoa; se deve mudar de emprego, etc... O verdadeiro Guia pode até saber a resposta, mas não irá lhe dizer, porque este não é o papel da Umbanda. Pode até dar a resposta que você quer ouvir, se isto for de real utilidade. O trabalho de um verdadeiro Guia de Umbanda é muito mais profundo e sério. Respeite!

É muito fácil saber se estas perguntas são mera curiosidade, ou não! Quando o consulente segue com fé o tratamento que o Guia receitou. Muitas vezes o tratamento é para curar algo que o consulente nem vê, nem sabe que está se passando com ele e que o Guia enxerga de longe a verdadeira causa dos tormentos daquela pessoa, nem precisa falar para ele, para o consulente, muitas vezes nem deve por motivos vários, mas o tratamento para a real ajuda é exatamente o que ele prescreve. Para os Guias o que importa é se curar, é resolver os conflitos, é ajudar a se sentir feliz consigo próprio, dizer ao consulente qual pessoa fez demanda, magia negra para ele, por exemplo, não vai ajudá-lo em nada, pelo contrário, vai estimular o processo obsessivo, despertando nele sentimentos antagônicos a paz e ao amor, como a revolta e desejo de vingança. Pena que muitos não dão valor ao tratamento que o Guia prescreve, porque simplesmente não satisfez a sua curiosidade tão mesquinha.

Também não faça da Umbanda um balcão de negócios, porque vai perder o seu tempo. "Dai-me uma graça que te darei uma oferenda ou um presente!" Pagar por trabalhos ou consultas? Nem pensar! Isto não é e nunca foi Umbanda. A Umbanda ensina que as conquistas são por merecimento e por permissão Divina. Seja humilde para aceitar o resultado de suas investidas para conseguir algo na vida, entenda que para você pode ser muito bom, mas Deus pode ter outros planos para você, sabe melhor o que é melhor para você. Então lute para obter e seja humilde para aceitar se não chegou a hora, mas seja sempre grato a Deus e a sua religião, que te dá o verdadeiro suporte para viver bem e feliz, só lhe resta descobrir como.

Um verdadeiro Guia de Umbanda também não lhe carrega nos braços! Pare de se identificar com padrões de vitimização e pleitear compaixão! Você é criação divina e como tal é munido de possibilidades para ser feliz, Deus o fez forte e capaz e um Guia jamais vai lhe tirar isto, fazendo por você. Ele sabe o seu valor e jamais o subestima, lhe ajuda a encontrar os meios e nunca lhe dará um final, isto só compete a você. Acredite, você pode.

Então, meu irmão, antes de procurar a Umbanda certifique-se se entende o verdadeiro objetivo da religião, que é a prática da caridade, mas a caridade pode estar onde seus olhos não veem e onde seu ego não está.

Você que não conhece a Umbanda, não sabe o valor que a Umbanda tem! Estude, questione, pergunte, aprenda e acima de tudo, respeite os seus representantes na forma dos Orixás, Guias Espirituais e dirigentes espirituais encarnados, pois estes últimos são orientados pelos primeiros, são seus porta vozes em terra. E os Guias que vêm te acolher através de seus médiuns nos momentos das consultas de Terreiro esquecem-se de si mesmos, por você, deixam cair sua vibração tão sublime para estar em terra, com você, querem o seu melhor sempre. Se não sabe respeitar, não se consulte com um verdadeiro Guia de Umbanda. Talvez outras religiões sejam melhores para você!

E aos filhos de fé, agradecidos sempre em nome da Umbanda, pelo amor e dedicação, perseverança e entendimento, humildade e respeito em levar adiante a Bandeira de Oxalá, enaltecendo sempre a nossa religião. Aos que amam a Umbanda fica o apelo de promover o esclarecimento da religião, divulgando o seu real valor. Saravá!

Do livro "Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo" 



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06/06/2024

Umbanda Antiga

Médiuns de antigamente

Sempre digo que tenho saudades da Umbanda de antigamente. A minha saudade é daqueles terreiros que eram nos fundos de um quintal.

Os dirigentes espirituais não eram vaidosos, os médiuns não eram vaidosos. Existia respeito de ambas as partes. Tudo era sagrado e muito respeitado. O terreiro era simples, firme e humilde.

Ao passar pela simples casa de Exu feita de tijolos e telha, você se arrepiava. As firmezas eram vela e copo de água. Nada de ferros e bugigangas.

Aquele teto com telhas cheio de bandeirinhas. O defumador era de lata de leite em pó e tinha um cheirinho ótimo pois o defumador era feito com ervas pelo dirigente.

Aquele terreiro que cantava ponto de raiz, que acreditava na magia das ervas, nas força da natureza. Aquele terreiro pé no chão. Aquele terreiro aonde a roupa dos médiuns era branca e simples feito algodão.

Saudades das rezas de Preto Velho com galho de arruda ou aroeira. Da vidência no copo da água. Da reza de quebranto, vento virado, espinhela caída.

Saudades daqueles quadros de preto velho, Iemanjá e Jurema já desbotados na parede.

Saudades do brado do caboclo que arrepiava até o cabelo do dedo mindinho. Saudades de quando o Exu pedia pra você acender um charuto e você tremia. Saudades de quando você via uma Pombogira e ficava com os olhos brilhando pelo mistério de sua gargalhada.

Saudades de quando o preto velho pedia para você acender uma vela com fé, que tudo iria se resolver. E se resolvia.

Saudades de quando uma ibejada chegava de surpresa e fazia todos sorrirem com suas peripécias. Saudades, saudades de uma Umbanda limpa, correta e muito verdadeira e firme.

Saudades dessa simples Umbanda, aonde tinha respeito, verdade, humildade, segurança, disciplina, caridade e união. Não havia disputas entre terreiros, fofocas, maldades, luxo, ganância, teoria da prosperidade.

Essa é a Umbanda que tenho saudades.

Agora quase não se vê mais isso.

Mas é por esta Umbanda que eu luto e faço de tudo para que não caia no esquecimento do tempo.

Diego de Oxóssi 



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25/04/2024

Erros dos Consulentes

Consulta na Umbanda



OS PRINCIPAIS ERROS DOS CONSULENTES DURANTE O ATENDIMENTO

Após anos atuando como médium de incorporação nas giras de Umbanda, observamos algumas atitudes que infelizmente se repetem em quase todos os trabalhos. Hoje vamos falar de algumas delas, para que não cometam os mesmos erros, e possam aproveitar o máximo a oportunidade de conversar com um guia espiritual.



1) Sair do atendimento com dúvidas

Este é um dos mais comuns e graves erros que encontramos. Em especial para os que recém passaram a frequentar os terreiros, podem apresentar dificuldades de entender o sotaque das entidades. Terminam a consulta sem entender corretamente como realizar o banho, firmeza, oferenda, orientação, entre outros, receitados pelo guia. E pior: buscam depois nas redes sociais as respostas para suas dúvidas. Fique atento: caso não esteja compreendendo, ou alguma informação não tenha ficado clara, basta pedir educadamente para repetir, ou mesmo chamar uma cambone para auxiliar.



2) Não fazer tudo o que a entidade orientou

Esta é a continuação natural do tópico anterior, ou simplesmente não quer fazer. Se lhe foi pedido para tomar um banho de ervas, tome um banho de ervas. O mesmo vale para qualquer recomendação recebida – a não ser, é claro, que fuja do bom senso. O guia, quando olha para você, analisa toda a sua energia, sua aura e seus chakras. Sabe exatamente o que você precisa no momento. E o que ela lhe orientar a realizar atua como um complemento do passe e qualquer trabalho realizado. Não adianta tomar o remédio pela metade e, posteriormente, reclamar que não fez efeito. Além disso, não demore. O que serve hoje, no futuro, se sua energia já está diferente, não terá mesma efetividade.



3) Esperar que a entidade adivinhe toda a sua vida

Ela não está lá para provar nada. Não sente necessidade de mostrar que realmente está presente ou exibir algum tipo de poder. Gira de Umbanda não é adivinhação, mas aconselhamento, tratamento e desenvolvimento espiritual. Embora em alguns momentos os guias revelam algo que somente você sabia, ou preveja algum acontecimento, isto sempre parte deles, quando entendem que esta informação te ajudará no seu processo de alguma forma. Saiba, quanto mais “provas” do plano espiritual você testemunhar, mais será cobrado pelas suas ações.



4) Não expressar o que precisa e deseja

Complementando o ponto anterior, diga exatamente o que necessita da entidade. Não queira que ela adivinhe tudo o que acontece contigo, não use disso para preencher uma falta de fé. Quando externaliza seus problemas, você dá direção ao atendimento e permissão para o guia atuar em sua vida. E quem não sabe o que quer, dificilmente conseguirá pedir ajuda. Portanto, se as coisas não estão bem na sua vida, não diga que apenas deseja um passe. Conte tudo o que tem vivenciado. Só o fato de por para fora aliviará sua dor, abrindo seu coração para boas vibrações, e ajudará a olhar para suas dificuldades de forma mais objetiva.



5) Julgar a entidade que não possui tantos trejeitos

Cada médium e cada guia espiritual são únicos. Algumas manifestações são mais ostensivas, cheias de movimentos típicos de cada linha, e outras são mais sutis. Entretanto, nenhuma é melhor do que outra, todas podem te ajudar enormemente e mudar sua vida. O mais importante é sua fé e disposição para se transformar. Não há necessidade de rodopios, brados, assobios, estalar de dedos, paramentos, se a entidade não trabalha com estes elementos. O mesmo acontece durante o passe: há aqueles cheios de gestos, e outros mais simples. O axé será transmitido igualmente. Há pretos velhos que ficam em pé, caboclos que falam um português normal, erês que sabem ler e escrever, baianos que entendem muito bem o que é um computador e celular.



6) Não aceitar o que a entidade falou

Ela não está ali para dizer palavras bonitas, para acariciar o seu ego, para falar apenas o que você deseja ouvir. Há momentos da vida que o mais precisamos é de uma bronca bem dada. E quantos não têm consciência que estão agindo errado, mas precisam de uma figura externa que aponte o erro? Os guias precisam ser duros conosco muitas vezes. Não se incomode com isto, ao contrário, aprenda a apreciar e agradecer estas lições. Eles são nossos mestres espirituais e estão ali para nos orientar. Melhor levar hoje um “esporro” do que colher amanhã as consequências de nossas péssimas escolhas.



7) Querer saber mais do que a entidade

Poucos comportamentos, ao longo da experiência umbandística, são piores do que a falta de humildade. Infelizmente, nas diferentes giras, sempre aparece um indivíduo que acredita possuir mais conhecimento do que os outros. Ainda que você tenha anos dentro da religião, não sabe tudo. Por mais que tenha vindo de outro terreiro, ali tudo pode ser feito diferente. Se está encarnado na Terra, é porque há muito para aprender. E são os guias espirituais as fontes primárias do saber espiritual, e não nós. Por esta razão, escute-as mais.



8) Ir no terreiro só para incorporar

Muitos tratam os guias espirituais como se fossem bucha e sabão. Poluem seus campos astrais com todo tipo de excesso e desequilíbrio e depois buscam os terreiros para uma limpeza. Outros aspiram novamente às sensações agradáveis do transe mediúnico. O que, de início, pode não parecer uma atitude equivocada, torna-se quando são ignorados todos os conselhos recebidos. A gira tem que, em algum grau, trazer-te amadurecimento espiritual. Se sai de lá sem aprender nada, para logo em seguida se encher de cargas negativas, pouco está aproveitando a Umbanda.



9) Não dar valor aos conselhos recebidos

O atendimento não serve apenas para resolver os problemas da sua vida. Os guias espirituais não são gênios da lâmpada mágica para satisfazerem os seus desejos. Tão importante ou mais quanto pedir ajuda do astral para nossas dificuldades, é estar receptivo às suas palavras. Eles conhecem profundamente nossa alma e psiquismo, imantam suas falas com axé, e dizem exatamente o que precisamos ouvir. Sábio é quem permite ser transformado pelas entidades. E sabedoria é o que não está ausente nos seus aconselhamentos. Portanto, repito, escute-as mais, e leve à sério o que ouvir.



10) Acreditar que a entidade é obrigada a satisfazer todos os seus desejos

O guia não fará tudo o que você quer, mas o que precisa, ainda que vá na contramão do seu desejo. Ele não é o seu serviçal. Em alguns momentos, o que creiamos que nos será um bem, seria, em realidade, um grande mal para nós se realizado. Confie na espiritualidade, ela sabe o que é melhor para você. Mais grave é quem pensa que pode barganhar com a entidade. Isto demonstra uma falta de conhecimento muito grande. Eles não precisam de nenhum elemento material; quando o pedem, é para beneficiar a quem foi solicitado.

Diego Paiva Pimentel 



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26/03/2024

Postura no Terreiro

Médiuns de umbanda


Você já deve ter conhecido um médium que entra na corrente já se sacudindo, que na primeira oportunidade incorpora antes mesmo do dirigente da casa; ainda durante a salva, já está cambaleando dizendo que não consegue segurar a energia e que precisa dar passagem à Entidade... Isso tem nome, e se chama INDISCIPLINA! Um Médium sério, que respeita suas Entidades, a Hierarquia e principalmente o comando de sua casa, sabe que suas Entidades estão ali e não necessariamente precisam estar em terra para trabalhar.

Outro comportamento muito típico de Médiuns indisciplinados, é entrar para a gira cheios de guias no pescoço, apetrechos para as Entidades, charuto na boca, mas na hora do louvor não sabem cantar um único ponto ou mesmo simplesmente decidem não cantar; esquecem que o ponto é uma oração, portanto cantar, bater palma, firmar cabeça, faz parte do trabalho.

Muito diferente são aqueles Médiuns que zelam e respeitam a sua casa, sabem valorizar o chão que pisam, e isso no sentido literal mesmo!!! Médium comprometido não chega no terreiro em cima da hora, sem preocupar-se em saber quem foram os irmãos que prepararam o espaço antecipadamente para receber você, os trabalhadores e consulentes da casa. Um Médium realmente comprometido se preocupa em participar da limpeza do espaço, tira o lixo, atende a assistência, ajuda no que for preciso, porque entende que está ali aprendendo a exercitar sua humilde e, principalmente, demonstrando seu amor pela casa.

Médium que chega em dia de função e pensa que "trabalhar" é só incorporar, e ainda por cima, acha que está fazendo muito, não sabe o que é Umbanda, e nem sequer chegou no primeiro degrau da sua longa e vagarosa escada chamada evolução

Vamos juntos fazer uma reflexão, lhe pergunto: você realmente ama e tem se dedicado a sua Casa, ou pelo menos tem demonstrado seu respeito por esse chão sagrado? Tudo faz parte do seu crescimento e evolução, e isso não só espiritual, mas como pessoa que tem entendimento e sabe de sua responsabilidade junto ao acordo feito quando expressou seu desejo de fazer parte desta corrente mediúnica.

E ainda sobre a corrente, não se preocupe, os Guias sabem e conhecem as necessidades não só da casa, mas de cada filho, e dos trabalho ali prestados, Eles nos ouvem, logo, não existe essa de "meu Guia tem que trabalhar" ou "eu não consigo segurar", porque quando você decide faltar a gira pra ir a uma festinha, pra fazer uma viagem, ou mesmo pela sua total falta de comprometimento, seus Guias não precisam trabalhar não é mesmo? ENTIDADE NÃO É TIRANA, nem tão pouco vai transformar seu aparelho num escravo.

O que muitos precisam, é tomar cuidado com sua presunção, é achar que não estão sendo observados; mas lhes digo, sua evolução e crescimento espiritual também dependem do quanto você se doa à caridade e à sua casa. Disciplina e respeito são a chave do negócio, portanto, ao chegar em seu Terreiro, peça benção aos mais velhos, procure algo que possa fazer para ser útil, durante as giras cante, bata palmas, ajude no que você puder, após o término cumpra sua obrigação que é entregar o terreiro limpo, e principalmente respeite seus irmãos, respeite a casa que lhe acolheu com tanto amor e confiou em você.

A.D.



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12/09/2023

A Umbanda Através dos Tempos

A Umbanda Através dos Tempos

A Umbanda passou por várias transformações ao longo das décadas de 1900 a 2000. No início do século XX, a Umbanda ainda não era formalizada e estava em processo de consolidação como uma religião independente. Nessa época, influências do espiritismo e de religiões afro-brasileiras como o candomblé eram evidentes.

Historicamente, muitas pessoas que praticavam a Umbanda, assim como outras religiões de matriz africana, costumavam se esconder ou praticar suas crenças de forma discreta devido à perseguição e ao preconceito enfrentados em alguns momentos da história. 

Durante períodos de discriminação e intolerância religiosa, as comunidades de Umbanda frequentemente mantinham suas práticas em segredo para evitar perseguições e represálias. Felizmente, ao longo dos anos, houve avanços na proteção da liberdade religiosa e no combate ao preconceito, o que permitiu que muitas pessoas praticassem a Umbanda de forma mais aberta e sem medo.

A perseguição às religiões de matriz africana, estava enraizada em uma série de fatores históricos e culturais. Aqui estão algumas das razões principais:

1. Escravidão: Durante o período da escravidão, muitos africanos foram trazidos para as Américas, incluindo o Brasil, onde essas religiões foram preservadas e adaptadas. Os colonizadores europeus muitas vezes viam essas práticas religiosas como uma ameaça à conversão ao cristianismo e, portanto, tentaram suprimi-las.

2. Racismo e preconceito: A perseguição também estava enraizada em preconceitos raciais, pois as religiões de matriz africana eram predominantemente praticadas por pessoas negras. Isso levou a estereótipos negativos e à discriminação.

3. Sincretismo religioso: Para sobreviver à perseguição, as religiões de matriz africana muitas vezes incorporaram elementos do cristianismo, um fenômeno conhecido como sincretismo religioso. Isso permitiu que continuassem a existir, mas também as tornou menos visíveis.

4. Medo do desconhecido: A falta de compreensão e conhecimento sobre essas religiões contribuiu para a perseguição. Muitos colonizadores e autoridades locais viam as práticas e rituais como supersticiosos e "selvagens".

É importante observar que, ao longo do tempo, houve um aumento no reconhecimento e respeito pelas religiões de matriz africana, e muitos esforços foram feitos para preservar e proteger sua prática como parte importante da herança cultural.

Ações que foram tomadas para combater a perseguição religiosa:

1. Leis Antidiscriminação: O Brasil promulgou leis que proíbem a discriminação religiosa, tornando ilegal perseguir ou discriminar pessoas com base em sua fé.

2. Reconhecimento Legal: O reconhecimento oficial do Candomblé e da Umbanda como religiões legítimas contribuiu para sua proteção.

3. Educação e Conscientização: Foram realizados esforços para educar a sociedade sobre as religiões de matriz africana, combatendo estereótipos e preconceitos.

4. Apoio de Organizações: Diversas organizações, como o Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro-Brasileira (INTECAB), têm trabalhado para proteger e promover essas religiões.

5. Políticas Públicas: Políticas públicas têm sido implementadas para garantir a preservação das tradições religiosas afro-brasileiras e a proteção de seus praticantes.

Embora essas medidas tenham contribuído para reduzir a perseguição às religiões de matriz africana, ainda existem desafios, e a conscientização contínua é fundamental para promover a tolerância religiosa e combater a discriminação.

A Umbanda Através dos Tempos

Na literatura umbandista há referência a Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas como fundadores da Umbanda, em 1908. Porém, outros pesquisadores atribuem a eles a anunciação da Umbanda em forma de culto sistematicamente estabelecido, o que é diferente do termo fundação.

Entre as décadas de 1920 e 1940, ocorreram o reconhecimento legal e a institucionalização da Umbanda no Brasil. Nesse período, a influência do candomblé era cada vez menor, e a Umbanda passou a buscar sua própria identidade. Havia uma miscigenação de elementos do espiritismo, do catolicismo e de religiões africanas.

A partir da década de 1950, a Umbanda começou a se organizar em diferentes linhas ou vertentes, como Umbanda branca, Umbanda esotérica, Umbanda popular, entre outras. Cada vertente possuía suas particularidades, como rituais, entidades espirituais reverenciadas e crenças específicas.

Na década de 1970, a Umbanda passou por um período de reavaliação e questionamento de suas prática, na busca de uma reformulação dos rituais e uma aproximação maior com a sociedade.

Já nas décadas de 1980, 1990 e 2000, a Umbanda passou a ser mais aceita e respeitada pela sociedade brasileira, embora ainda enfrentasse preconceito e discriminação em alguns casos. O crescimento do acesso à informação e à religião proporcionou um maior entendimento sobre a Umbanda.

Em resumo, ao longo das décadas de 1900 a 2000, a Umbanda evoluiu como uma religião independente, com uma diversidade de práticas e crenças. A influência do espiritismo, do catolicismo e das religiões afro-brasileiras foi importante para a formação e consolidação da Umbanda, que continua se adaptando e se transformando até os dias atuais.

Os rituais na Umbanda de antigamente variavam de acordo com a região e com as diferentes vertentes dentro da religião. No entanto, alguns elementos eram comuns na maioria das práticas umbandistas da época, como o uso de velas, defumadores, banhos de ervas, roupa branca, ato de tomar benção, de bater cabeça, uso de guias (colares), cânticos em português, etc.

Geralmente, os rituais eram realizados nos espaços dos terreiros. Eles envolviam uma estrutura, como um altar, onde eram colocadas imagens de entidades espirituais, santos católicos, velas, flores e outros objetos simbólicos.

A principal atividade nos rituais era através da mediunidade de incorporação de caboclos, pretos velhos, crianças, exus, entre outros, que eram cultuados e considerados Guias de Umbanda, intermediários entre o plano terrestre e o mundo espiritual. Eles realizavam aconselhamentos, curas, transmitiam mensagens através dos médiuns.

Os rituais eram acompanhados por pontos cantados com palmas, rezas, em alguns terreiros se utilizava atabaques. Além disso, as oferendas eram em forma de alimentos e bebidas como água, café, cachaça, frutas, pipoca, flores, entre outros, como forma de agradecimento, de conseguir uma graça e de estabelecer uma relação de troca e respeito.

A umbanda é, pois, uma religião que se estruturou com o tempo como forma de culto e mantém a diversidade até os dias atuais.

Não há um registro específico que possa ser considerado o "primeiro" registro de uma reunião de Umbanda, pois a religião se originou a partir da sincretização de diversas tradições espirituais africanas, indígenas e espíritas. 

A Umbanda Através dos Tempos

Acredita-se que a Umbanda era praticada desde os primórdios da humanidade, de diversas formas os guias de luz intercediam pelas pessoas, com muita frequência na residência delas, através de reuniões familiares. 

Desta forma, impossível ter um registro da primeira reunião de Umbanda. O registro do advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas em nada prova que foi a primeira reunião de Umbanda, apesar dos esforços de uma minoria para fazer acreditar. 

Então, não se sabe quando e como a religião de Umbanda foi fundada. Sabe-se que em 1908 ela foi anunciada como uma forma de culto, previamente estabelecido e seguido por algumas tendas, que também surgiram naquela época.

O que importa saber é que ao longo do tempo, a Umbanda se transformou numa religião estruturada e com muito fundamento, só que vai depender do amparo e orientações espirituais de cada Templo, isto é, quem faz a Umbanda são os espíritos compromissados com aquele terreiro e com aquela comunidade religiosa. 

A doutrina e rituais de cada casa são repassados pelos guias espirituais aos dirigentes que têm outorga espiritual para ser sacerdote e para estar a frente daquela casa. 

Acontece que muitos não têm permissão nem amparo espiritual e abrem casa apenas pelo desejo pessoal ou pela falsa ideia do animismo, ou pior, para fazer da religião meio de vida. 

Outros acreditam que a aquisição do título de sacerdote por herança familiar ou por indicação de outro sacerdote são suficientes, sem considerar a permissão espiritual. 

Talvez esse o motivo de tantos desalinhos, desencontros e confusões em torno do nome da Umbanda.

Por Mãe Ednay - Dirigente da Tulca




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27/08/2023

Influências para a Constituição da Umbanda

Influências para a Constituição da Umbanda


A Umbanda se propagou no Brasil mesclando elementos do espiritismo, do catolicismo, dos indígenas e principalmente do candomblé, que é uma religião de matriz africana. 


INFLUÊNCIA AFRICANA

A influência africana na Umbanda é fundamental, uma vez que a religião tem suas raízes nas tradições religiosas africanas trazidas pelos escravos que foram trazidos para o Brasil durante o período colonial.

A Umbanda incorpora elementos das religiões africanas, como o Candomblé, por exemplo.

A influência do candomblé na Umbanda é bastante significativa. A Umbanda é considerada uma religião sincrética, ou seja, ela incorpora elementos de várias tradições religiosas, sendo o candomblé uma delas.

Essas influências africanas são percebidas principalmente nas práticas rituais, no culto aos orixás e nos ritmos musicais e danças presentes nos terreiros de Umbanda.

Os orixás, divindades da religião africana, são cultuados na Umbanda como energias da natureza que estão ligadas a qualidades específicas. Eles são reverenciados nas giras de terreiro através dos pontos cantados e preces, as incorporações dos seus falangeiros, espíritos que representam os Orixás, são marcadas pela distribuição do axé da natureza, para o reequilíbrio energético dos encarnados.

Existem diferenças significativas nestas duas religiões, por exemplo, os Pretos Velhos, que são espíritos com roupagens ancestrais africanos muito reverenciados na Umbanda, podem ser relacionados aos voduns e aos antepassados cultuados no candomblé.

A música são os pontos cantados de cada linha ou falange espiritual da Umbanda, pode ser acompanhada ou não pelo som de atabaques, mas predomina o uso de palmas, que intensifica o alcance a nível astral. No candomblé, as músicas são na maioria em língua iorubá, na Umbanda em português.

A Umbanda é uma religião que abraça e valoriza as suas origens africanas.

No entanto, é importante destacar que a Umbanda não é simplesmente uma continuação do candomblé. Embora haja essa influência e semelhanças, a Umbanda é uma religião independente, com sua própria doutrina e filosofia. A Umbanda possui um caráter inclusivo, aberto a pessoas de diferentes origens étnicas e religiosas, o que a diferencia do candomblé, que é uma religião específica das tradições africanas.


INFLUÊNCIA INDÍGENA

A influência indígena na Umbanda varia de acordo com a região geográfica e o contexto histórico em que se desenvolve a prática religiosa. A Umbanda é uma religião afro-brasileira que mescla elementos das culturas africanas, indígenas e europeias.

Na Umbanda, a influência indígena é percebida principalmente em relação aos elementos da natureza, na relação com os espíritos da natureza e na incorporação de entidades espirituais que representam  os indígenas, que são  os Guias Caboclos, guias espirituais que oferecem orientação e cura. Eles têm uma conexão profunda com a natureza e são conhecidos por transmitir sabedoria, proteção e força.

Além disso, algumas práticas rituais na Umbanda envolvem o uso de plantas medicinais e rituais de purificação, como a utilização de banhos de ervas e defumadores, que também têm influência indígena. A relação com a natureza é fundamental na Umbanda, assim como na cosmovisão indígena, e isso se reflete nas crenças e práticas religiosas.

Em resumo, a influência indígena na Umbanda é significativa e se manifesta através da incorporação de entidades espirituais indígenas ou que os representam, do uso de elementos da natureza, da valorização da sabedoria ancestral indígena e das práticas de cura baseadas nas plantas medicinais.


INFLUÊNCIA EUROPEIA

A influência europeia na Umbanda é menos proeminente em comparação à influência africana e indígena. No entanto, é possível identificar algumas contribuições europeias na religião.

Durante o processo de colonização do Brasil, os europeus trouxeram consigo suas próprias crenças e práticas religiosas, como o catolicismo. Na Umbanda, pode-se observar elementos sincréticos do catolicismo, como a utilização de imagens de santos. Muitos terreiros de Umbanda possuem um altar com imagens de santos católicos, que são cultuados como Orixás e Guias.

Além disso, alguns aspectos das práticas rituais na Umbanda, como o uso de velas e incensos, podem ter influência das tradições europeias. O uso da água também é comum nos rituais, sendo uma prática tipicamente católica incorporada à Umbanda.

É importante ressaltar que a Umbanda é uma religião sincrética, que integra diferentes influências e tradições religiosas. Portanto, a influência europeia na Umbanda é mais sutil e variada, se mesclando com outras influências, como a africana e indígena, formando uma religião única e rica em diversidade cultural.


INFLUÊNCIA DA DOUTRINA ESPÍRITA

A influência da doutrina espírita na Umbanda é significativa e está presente na sua estrutura e filosofia. A Umbanda é considerada uma religião espiritualista, que acredita na comunicação com os espíritos e na continuidade da vida após a morte, conceitos que são centrais na doutrina espírita.

Allan Kardec, o fundador do espiritismo, é frequentemente citado e respeitado na Umbanda. Muitos umbandistas veem a Umbanda como uma manifestação religiosa que mantém conexões com o espiritismo, especialmente em relação à prática da mediunidade.

Na Umbanda, a mediunidade é considerada um dom divino, instrumento  de evolução espiritual. Os médiuns atuam como intermediários entre o mundo espiritual e o mundo terreno, recebendo mensagens, orientações e ajudando na cura espiritual. Essa prática mediúnica é ensinada na doutrina espírita, que enfatiza a mediunidade como condição de comunicação com os espíritos desencarnados.

A maior influência do espiritismo se refere ao entendimento da reforma íntima e da prática da caridade para a evolução espiritual. Bem como a crença na reencarnação e na lei do retorno, ou seja, o mal ou bem que se pratica retorna para si mesmo nesta vida ou em próximas.

No entanto, é importante ressaltar que a Umbanda é uma religião independente e possui suas próprias características e rituais, diferentes do espiritismo. Embora existam influências do espiritismo na Umbanda, cada religião tem sua própria individualidade e identidade. A Umbanda é marcada pela sua diversidade cultural e influências de outras tradições religiosas, como o candomblé africano e as religiões indígenas.

Por Mãe Ednay - Dirigente da Tulca 




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06/08/2023

A Diversidade na Umbanda

A Diversidade na Umbanda

A diversidade na Umbanda refere-se à variedade de práticas, crenças, rituais, linhas de trabalho, tradições regionais e culturais presentes dentro da religião. É importante ressaltar que a diversidade é um componente central da Umbanda, que promove a inclusão e a aceitação de diferentes perspectivas e vivências religiosas.

A diversidade na Umbanda pode ser vista, por exemplo, nas diferentes linhas de trabalho que existem, como a linha dos pretos velhos (arquétipo de sabedoria e humildade), a linha das crianças (que trabalha com espíritos infantis), entre outras; ou nos diferentes Orixás cultuados em cada Templo, em outros não cultuam Orixás, apenas os Guias ou entidades de Umbanda.

Há também variações regionais na Umbanda, com práticas e conceitos específicos de diferentes partes do país. Por exemplo, no Sudeste, a Orixá Iemanjá é sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes, cujo dia comemorativo é 02 de fevereiro; já no Nordeste é sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, cujo dia comemorativo é 08 de dezembro. Outros vários fatores variam de acordo com a Região, como as cores atribuídas a cada Orixá e Linhas de trabalho.

Além disso, cada centro de Umbanda pode ter suas próprias peculiaridades e tradições, que são influenciadas pelas experiências individuais dos membros e pelos guias espirituais que atuam no local.

Em suma, a diversidade na Umbanda se manifesta na pluralidade de formas de praticar, cultuar e entender a religião, abraçando a riqueza das diferentes expressões espirituais e culturais dos seus praticantes.

A diversidade na Umbanda existe por várias razões.

Primeiro, a Umbanda é uma religião sincrética que se originou no Brasil, combinando elementos do catolicismo, espiritismo, candomblé e cultos indígenas. Cada um desses elementos contribui para a diversidade de práticas, rituais e crenças dentro da Umbanda.

Além disso, a Umbanda é uma religião inclusiva, que acolhe pessoas de diferentes origens étnicas, sociais e culturais. Isso resulta em uma diversidade de adeptos que trazem suas próprias perspectivas, experiências e tradições para a prática da Umbanda.

Outro fator que contribui para a diversidade na Umbanda é o fato de ser uma religião que permite a comunicação com os espíritos, o que significa que os médiuns e praticantes podem ter diferentes conexões espirituais e experiências individuais. Isso leva a uma variedade de crenças e práticas relacionadas aos espíritos e guias espirituais.

Em resumo, a diversidade na Umbanda surge da combinação de diferentes influências religiosas, da inclusão de pessoas de diferentes origens e experiências, e da comunicação individual com os espíritos. Essa diversidade enriquece a religião e permite que ela se adapte às necessidades e crenças de seus praticantes.

A diversidade na Umbanda pode trazer numerosos fatores positivos e negativos. Alguns exemplos destes são mencionados abaixo:

Fatores positivos da diversidade na Umbanda:

1. Pluralidade cultural: A diversidade na Umbanda permite a incorporação de diferentes elementos e influências de culturas africanas, indígenas e europeias. Isso enriquece a religião, promovendo uma maior compreensão e aceitação entre distintos grupos.

2. Respeito à diferença: A Umbanda promove a valorização das diferenças e a aceitação de cada indivíduo como único, independentemente de suas origens étnicas, sociais ou religiosas. Essa valorização da diversidade contribui para a formação de uma sociedade mais inclusiva e tolerante.

3. Acesso a diferentes conhecimentos espirituais: A diversidade de tradições religiosas presentes na Umbanda proporciona uma variedade de conhecimentos e práticas espirituais, permitindo que cada pessoa encontre uma conexão com o divino que mais se identifica e lhe traga benefícios.

Fatores negativos da diversidade na Umbanda:

1. Conflitos entre grupos: A diversidade também pode gerar tensões e conflitos entre diferentes grupos dentro da Umbanda, especialmente quando há divergências de crenças, práticas e rituais. Esses desentendimentos podem prejudicar a união e a harmonia entre os praticantes.

2. Preconceito e discriminação: Infelizmente, algumas pessoas podem alimentar preconceitos e discriminação contra determinadas práticas, linhas espirituais ou tradições presentes dentro da Umbanda. Esses comportamentos podem gerar exclusão e marginalização de determinados grupos, limitando a plena participação e expressão religiosa dos seus membros.

3. Dificuldade em definir uma identidade unificada: Devido à sua diversidade, a Umbanda pode enfrentar dificuldades em definir uma identidade religiosa unificada, o que pode impactar a sua representação e aceitação na sociedade em geral.

É importante lembrar que essas são apenas algumas possibilidades, e que a diversidade dentro da Umbanda pode se manifestar de diversas outras maneiras, tanto positivas quanto negativas.

É possível que a Umbanda tenha algum tipo de órgão regulador no futuro, para torná-la homogênea, assim como várias outras religiões possuem. No entanto, isso depende de vários fatores, como a vontade e o consenso dos praticantes da Umbanda, bem como questões legais e sociais. A Umbanda é uma religião que tem várias tradições e vertentes, e a diversidade é parte da sua natureza. A possibilidade de se tornar uma religião homogênea vai depender do desenvolvimento e das escolhas feitas pela comunidade umbandista ao longo do tempo.

Mãe Ednay - Dirigente da Tulca 



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05/06/2023

Consulta e Consultas

Consulta e Consultas


Era dia de festa e o terreiro estava todo arrumado. Um lugar amplo, bonito, aconchegante. Espíritos das mais diversas falanges desdobravam-se nos trabalhos de socorro espiritual. Tudo corria de forma extremamente organizada e harmoniosa...


Porém, e sempre existe um porém, pelos cantos do terreiro algumas consultas e “consultas” podiam ser observadas. Infelizmente...


- Salve meu pai! Qual o seu nome?


- Valei-me meu pai Ogum! Era com você mesmo que eu precisava falar, seu Peito de Aço. É que eu to demandado, fui numa cartomante e ela “viu” isso nas cartas. Preciso de trabalho forte, pra acabar com esse feitiço que tá atrasando minha vida...


Seu Peito de Aço, antigo de serviço que era, logo entendeu que aquele era mais um dos muitos casos de não assumir a própria responsabilidade pela vida, usando de uma suposta demanda para justificar o atraso dela...


- ... ganho pouco no emprego, não consegui ainda comprar minha casa, e minha mulher? Não aguento mais...


O caboclo, até que tentou conversar tranqüilamente com o consulente, tentando mudar essa ideia de demanda para uma perspectiva pessoal, onde ele, o consulente, é quem realmente estava atrasando a própria vida. Mas...


- Eu sou o responsável? Como? Sempre fui trabalhador, honesto, piedoso, humilde, como não tenho tudo que quero? Isso é demanda. Não estão querendo que eu cumpra minha missão. To achando que o senhor tá com medo de enfiar a “mão na cumbuca”...


Como até paciência de guia espiritual tem limite, seu Peito de Aço deixou um pouco de lado as delicadezas e falou umas verdades para o nosso “demandado consulente”. É claro que ele não aceitou. Saiu de lá dizendo que ia procurar alguma coisa mais forte...


Esse assunto de demanda é complicado mesmo. Por um lado, a Umbanda sabe lidar muito bem com ela, cortando e ajudando as pessoas magiadas que procuram socorro na religião. Por outro lado, muitas vezes ela toma uma proporção enorme, tirando a responsabilidade das costas da pessoa. Tudo de ruim é demanda, sempre! Isso é uma mentalidade complicada. Principalmente quando incentivada pelos próprios “médiuns” e supostos sacerdotes umbandistas que vivem financeiramente desse mercado...


(Do outro lado do terreiro...)


- Esse salve meu filho! O que ocê tá precisando?


- Salve meu pai. Num tô precisando de nada, vim só tomar um passe...


- Nada? Pode pedir filho, tu veio aqui no terreiro fazê o que então? Pode dizer fio, caboclo tá aqui pra ajudar ocê.


- Ah, pai, eu queria um passe. Hoje trabalhei muito, graças a Deus, e tô um pouco cansado, só isso.


- Ah, tá cansado? Ah... fio tá precisando de caboclo então. Caboclo vai passa um TRABALHO formoso pra fio fazê...


- Trabalho? Não meu pai, eu vim foi agradecer, tá tudo indo bem. Inclusive eu gostaria de freqüentar mais aqui, aprender sobre a religião. Tenho crescido muito como pessoa desde que comecei a freqüentar esse terreiro... O senhor poderia me falar mais sobre o caminho espiritual?


- Não, não, primeiro fio precisa se cuidar! Precisa de trabalho, pra se fortalecer, conseguir mais coisa na vida! Essa dor (que dor?) num é porque ocê tá trabalhando muito não, isso é olho gordo! É fio, o seu patrão, ele num gosta de ocê...


- Patrão? Ué, mas eu sou o dono da empresa...


- Ocê é o chefe? Ah, é por isso fio, as pessoas tão querendo seu lugar. Mas num se preocupa, caboclo vai dá um jeito nisso, caboclo vai cuidar “deles”...


- Meu lugar? Engraçado, eu achava que tudo estava indo tão bem lá... _ respondeu Marcelo, já fechando o semblante de preocupação.


- É meu fio, mas num tá tudo bem não. Caboclo tá vendo, uma demanda, eles estão fazendo um trabalho, com galo preto, lá na empresa. Querem derrubar fio do cargo. Nossa que coisa terrível, trabalho forte, muito forte... Cruzes, tão colocando a sua foto e da sua família! Deus do céu! Mas caboclo aqui vai ajudar! Fio só precisa fazer o que caboclo mandar...


- Meu Deus! Claro meu pai, pode dizer _ Marcelo agora estava afoito, pensando quem de seus funcionários poderiam estar fazendo aquilo.


- A primeira coisa é que ocê precisa tomar um banho de erva, pra fechar o corpo. Pega aí esse bloquinho e anota tudo fio. Coloca assim: Tomar banho com: comigo ninguém pode, pinhão roxo, arrebenta-cavalo, espada de São Jorge, arruda, guiné, tiririca, capim, mato, aroeira, pitanga, bambu...


E o coitado do consulente, que não entendia nada de erva, anotando tudo...


- Já deu 77 ervas fio? Tudo colhida na Lua Cheia, viu?! Se não num faz efeito! Isso é mironga antiga, um dia caboclo ensina pra ocê. Depois ferve tudo, não côa, espera esfriar um pouco e joga da cabeça aos pés. Isso vai fazê uma limpeza forte. Recolhe as ervas e despacha tudo num rio...


- Mas onde eu vou encontrar um rio, meu pai? Não seria melhor no lixo mesmo?


- Não, tem que ser no rio. Isso é mironga antiga também, um dia caboclo ensina pra ocê. Agora, vamos dar um jeito no trabalho que estão fazendo. Filho vai precisar ir até uma encruzilhada, de madrugada...


- Encruzilhada? De noite? Mas onde eu moro é muito perigoso meu pai, como eu vou fazer isso.


- Filho tem que ter fé! Se não tiver fé o trabalho não adianta. Isso é um teste. É mironga antiga, um dia caboclo ensina pra ocê...


- Ah...


- Bem, como eu disse, filho vai até a encruzilhada e vai levar farofa, vela, pinga, moeda, etc, etc...


E lá veio a receita da oferenda. O “médium” em questão tinha entrado em uma onda de receitar trabalhos “a torta e a direita”, tentando passar uma imagem de eficiência. Sem contar sua mania de inventar “visões” sobre supostas demandas e falta de bom senso em relação aos trabalhos receitados. Com tudo isso perdia a sintonia com o guia, o amparo espiritual e a simplicidade do trabalho. E como isso(!), infelizmente, acontece por aí, amigos leitores...


Bem, voltando a nossa trágica consulta, a verdade é que o consulente acabou saindo com mais dor de cabeça do que quando entrou, afinal, agora pensava onde iria arrumar todas aquelas ervas e como faria o tal “trabalho formoso” numa encruzilhada, nas perigosas noites da cidade grande, além de não entender o porquê de um funcionário fazer um trabalho tão terrível contra ele...


Mas, como sempre existe a providência divina, a cabocla chefe da casa percebeu o que estava acontecendo e resolveu dar uma palavrinha para as pessoas. Disse que aquilo que é dito pela boca dos médiuns não é lei nem verdade inquestionável. Que muito médium se atrapalha na hora de passar a mensagem do guia espiritual e por isso é necessário muito discernimento a respeito daquilo que é dito e assimilado. Também falou que mesmo quando o médium é um bom “cavalo” e consegue transmitir razoavelmente o pensamento da entidade, ainda sim é necessário discernir e pensar, pois desencarnado nenhum é dono da verdade. Ora, deve-se aceitar apenas aquilo que passa pelo crivo do bom senso e do discernimento básico. Caso contrário, rejeite!


Falou ainda da simplicidade de um trabalho espiritual. Pois não é com muitos elementos, com muita vela, com muito ponto riscado que se faz um bom trabalho, mas sim com o coração puro, com a mente firme, com confiança na espiritualidade superior. Normalmente aquele que enfeita muito, só demonstra de forma simbólica o quanto o seu interior é confuso, vaidoso e mimado. E sobre demanda, resumiu: “Uma demanda só tem a força que você dá para ela em seu pensamento”. Por fim, disse:


“Umbanda não é o Fim, é a Jornada. Umbanda não é Certeza, é o Caminho. Se você vai ao terreiro buscar força, axé você recebe. Se você vai ao terreiro tirar a responsabilidade da SUA vida para jogar nas costas do outro, você não tem nada.


Lembre-se que uma consulta boa é feita de palavras:


Palavras boas que tocam nosso coração despertando sentimentos e impulsos positivos de transformação.


Palavras boas que nos fazem refletir e pensar sobre nossas posturas.


Palavras boas que não acariciam o ego, mas sim, escancaram nossas falhas.


Palavras boas que nos levam a Deus.


Palavras que não são oráculos e nem previsões. Versam sobre o presente.


Palavras que voam no vento, mas fincam bem os pés no chão."


Fernando Sepe




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