Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca: Livros de Umbanda

19/06/2018

Diferenças Mediúnicas Entre Umbanda e Kardecismo

Diferenças mediúnicas entre Umbanda e Kardecismo

 
No livro “Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de Um Preto-Velho” – W. W. da Matta e Silva, há um relato de Pai Ernesto de Moçambique sobre a diferença entre a mediunidade da “mesa kardecista” e a mediunidade de Umbanda :

“Pergunta : Existe alguma diferença entre a mediunidade da mesa kardecista e a mediunidade de Umbanda?

Resposta : “Sim! A mediunidade no chamado espiritismo de mesa é acentuadamente mental, as comunicações são quase telepáticas, predominantemente inspirativas, isto e’, os espíritos atuam mais sobre a mente dos médiuns, pois a atividade do espiritismo se processa mais no plano mental. Espiritismo de mesa não tem a missão de atuar no baixo astral contra os elementos de magia negra, como acontece com a Umbanda. Ele é quase exclusivamente doutrinário, mostrando aos homens o caminho a ser seguido a fim de se elevarem verticalmente a Deus. Sua doutrina fundamenta-se principalmente na reencarnação e na Lei de Causa e Efeito. Abre a porta, mostra o caminho iluminado e aconselha o homem a percorre-lo a fim de alcançar a sua libertação dos renascimentos dolorosos em mundos de sofrimentos, como é o nosso atualmente, candidatando-se à vivência em mundos melhores. Em virtude disso, a defesa do médium kardecista reside quase exclusivamente na sua conduta moral e elevação dos sentimentos, portanto os espíritos da mesa kardecista, após cumprirem suas tarefas benfeitoras, devem atender outras obrigações inadiáveis.

É da tradição espirita kardecista que os espíritos manifestem-se pelo pensamento, cabendo aos médiuns transmitirem as ideia com o seu próprio vocabulário e não as configurações dos espíritos comunicantes.

Em face do habitual cerceamento mediúnico junto às mesas kardecistas, os espíritos tem de se limitar ao intercâmbio mais mental e menos fenomênico, isto é, mais idéias e menos personalidade. Qualquer coação ou advertência contraria no exercício da mediunidade reduz-lhe a passividade mediúnica e desperta a condição anímica. Por esta razão há muito animismo na corrente kardecista.

A faculdade mediúnica do médium ou cavalo de Umbanda é muito diferente da do médium kardecista, considerando-se que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar no baixo astral, submundo das energias degradantes e fonte primaria da vida.

Os médiuns de Umbanda lidam com toda a sorte de tropeços, ciladas, mistificações, magias e demandas contra espíritos sumamente poderosos e cruéis, que manipulam as forcas ocultas negativas com sabedoria. Em consequência o seu desenvolvimento obedece a uma técnica especifica diferente da dos médiuns kardecistas. Para se resguardar das vibrações e ataques das chamadas falanges negras, ele tem de valer-se dos elementos da natureza, como seja: banhos de ervas, perfumes, defumações, oferendas nos diversos reinos da natureza, fonte original dos Orixás ,Guias e Protetores, como meios de defesa e limpeza da aura física e psíquica, para poder estar em condições de desempenhar a sua tarefa, sem embargo da indispensável proteção dos seus Guias e Protetores espirituais, em virtude de participarem de trabalhos mediúnicos que ferem profundamente a ação dos espíritos das falanges negras, isto e’, do mal que os perseguem, sempre procurando tirar uma desforra.

Por isso a proteção dos filhos de Terreiro é constituída por verdadeiras tropas de choque comandadas pelos experimentados Orixás, conhecedores das “manhas e astúcias” dos magos negros. Sua atuação é permanente na crosta da Terra e vigiam atentamente os médiuns contra investidas adversas, certos de que ainda é muito precária a defesa guarnecida pela evocação de pensamentos ou de conduta moral superior, ainda bastante rara entre as melhores criaturas. Os Chefes de Legião, Falanges, Sub-falanges, Grupamentos e Protetores, também assumem pesados deveres e responsabilidade de segurança e proteção de seus médiuns. É um compromisso de serviço de fidelidade mutua, porem, de maior responsabilidades dos Chefes de Terreiro.

Daí as descargas fluídicas que se processam nos Terreiros, após certos trabalhos, com a colaboração das falanges do mar e da cachoeira, defumação dos médiuns e do ambiente e dando de beber a todos água fluidificada. Espirito que encarna com o compromisso de mediunidade de Umbanda, recebe no espaço, na preparação de sua reencarnação, nos seus plexos nervosos ou chacras, um acréscimo de energia vital eletromagnética necessária para que ele possa suportar a pesada tarefa que irá desempenhar.

Na corrente kardecista, isto não acontece, em virtude de não ter de enfrentar trabalhos de magia negra, como acontece na Umbanda, e mesmo permitir aos guias atuarem-lhe mais fortemente nas regiões dos plexos, assumindo o domínio do corpo físico e plastificando suas principais características.

Caboclos e Pretos Velhos revelarem-se nos Terreiros com linguagem simples para melhor compreensão da massa humilde, assim como as crianças, encarnando suas maneiras infantis para melhor aceitação das mesmas.


Fonte: Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de Um Preto-Velho – W. W. da Matta e Silva


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22/08/2017

Livro: O Anfitrião do Campo Santo

Livro: O Anfitrião do Campo Santo

O Anfitrião do Campo-Santo
Autor: André Cozta

Sinopse 


Esta obra pretende mostrar aos umbandistas, e a todos que se interessarem, que os Exus Guardiões, as Pombagiras e demais entidades da Esquerda em geral são trabalhadores da Luz, que promovem benfeitorias aos consulentes, reequilibram e ordenam os trabalhos espirituais e os templos umbandistas. O Anfitrião do Campo-Santo vem para mostrar que o trabalho realizado por esses amigos e amigas espirituais do ser humano é primoroso e fundamental. Traz, em quatro relatos, ensinamentos que nos levarão a uma profunda reflexão e, em alguns casos, a mudanças de conceitos e paralisação de preconceitos. Atentem para os mínimos detalhes desta obra, como, por exemplo, a visão de uma gira de Umbanda a partir do "lado de lá", trazida a nós por este Mestre da Luz, o Senhor Exu Caveira. (Madras Editora)


***

Já tinha ouvido falar sobre o autor André Cozta e suas entidades. Resolvi conhecer seu trabalho e comecei pelo livro “O Anfitrião do Campo-Santo”, pelo espírito Exu Caveira.

O guardião e amigo Sr. Exu Caveira traz quatro relatos com a perspectiva da espiritualidade, dando a oportunidade da reflexão, mudança de conceitos e derrubando alguns preconceitos, de forma direta e sucinta, não deixando dúvidas para nós, leitores.

Um dos relatos, mostra os acontecimentos em uma gira de Umbanda, mostrando o trabalho magnífico dos guias da esquerda, neutralizando espíritos que querem a desordem e o ataque aos médiuns trabalhadores. Sr. Exu Caveira, um dos trabalhadores mais conhecidos por ter uma grande falange de espíritos percursores desse mistério, mostra de forma clara toda movimentação energética no astral, o bloqueio de ataques do embaixo e as conversas com esses seres das trevas que querem atrasar a evolução de todos.

Um dos pontos mais interessantes do livro, são os comentários após os relatos, pelo próprio Sr. Caveira, onde sentimos como se estivéssemos falando diretamente com ele.

Vemos também, de forma indireta mas não menos importante, o trabalho das Sras. Pombagiras, mostrando a importância e revelando toda beleza e magia das moças.

Um dos relatos que me chamou bastante a atenção, trazido por esse ser de luz, é sobre um caso amoroso irresponsável dentro de um terreiro e suas causas para todos da tenda. Ele busca a conscientização de todos nós, uma vez que temos que entender que dentro do ambiente religioso devemos ver uns aos outros como espíritos em constante evolução, irmãos em fraternidade, deixando de lado as diferenças ou as intenções do instinto, para que não prejudique os trabalhos espirituais.

Abaixo, coloco alguns trechos com grandes ensinamentos para aguçar a curiosidade sobre essa obra.

"Do lado de cá, nós, espíritos trabalhadores de Lei no Ritual de Umbanda, acabamos sendo cooptados por Mistérios que nos identificam como aptos para os trabalhos.

As falanges de Exus, Pombagiras, Pretos-Velhos, Caboclos e todas as outras que se manifestam na Umbanda e Quimbanda, são designadas pelos Sagrados Orixás aos médiuns, quando vão reencarnar, conforme a vontade do Alto.

Então, nesse momento, os carmas do médium e a missão a ele incumbida são colocados na balança, para que os Divinos Senhores do Alto (os Orixás) decidam quais Mistérios o acompanharão durante etapa evolutiva. […]" O Anfitrião do Campo-Santo, pág. 27 e 28


Como em muitos momentos, Sr. Exu Caveira traz informações valiosas para nosso aprendizado.

"Já amanhecia e eu estava sentado à pedra no campo-santo, meditando. Olhei para o sol, que nascia. Senti que precisava banhar-me nos raios da fé. Coloquei-me em posição de lótus, com as mãos sobre os joelhos com as palmas elevadas para o Alto, e fiz a seguinte oração:

“Divino Pai Oxalá, peço que me banhe com seus Raios Divinos, para que eu possa me reabastecer com suas chamas douradas de Fé e Justiça, para prosseguir na minha caminhada de Soldado da Criação de Deus, em prol da Lei Maior e da Justiça Divina. E que eu tenha sempre o seu amparo e direcionamento, meu Senhor da Fé.” O Anfitrião do Campo-Santo, pág. 41


Após uma missão difícil e delicada, ele nos presenteia com essa linda oração, mostrando principalmente que os Exus e Pombagiras são espíritos em constante evolução dotados de fé e amor.

Por João Paulo Francisco





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15/08/2017

Mediunidade e Ansiedade

Mediunidade e Ansiedade


A maioria dos médiuns tem sua iniciação mediúnica – momento em que suas faculdades mediúnicas já despertadas passam a ser utilizadas de modo sistemático e mais intenso, dentro dos rituais e trabalhos existentes numa casa umbandista – marcada pela difícil fase da ansiedade e da adaptabilidade que esse começo representa. Ansiedade no médium iniciante pode trazer algumas situações desconcertantes como :

Ficar pensando de modo intenso nas coisas ligadas à espiritualidade; 

Ficar com os pontos cantados ecoando na mente; 

Ficar cantando a qualquer momento e lugar os pontos cantados; 

Conversar somente sobre o assunto espiritualidade a qualquer oportunidade em que hajam mais pessoas que pertençam à mesma religião ou casa;

Ler muitos livros sobre o assunto, querendo esgotar todos os pontos de dúvidas;

Querer conhecer tudo sobre a Umbanda num espaço de tempo curto;

Ter sonhos constantes com rituais, entidades, trabalhos;

Ficar vendo em qualquer situação algum tipo de ligação com a espiritualidade;

Não parar de preocupar-se em manter-se dentro das condutas que sua casa pede;

Querer incorporar logo;

Ficar muito preocupado se está mesmo incorporando uma entidade ou se está apenas imitando uma entidade;

Desejar ardentemente que tenha a inconsciência durante as incorporações;

Querer aprender tudo sobre os rituais que sua casa pratica, chegando ao ponto de perguntar de tudo a todos os demais médiuns mais experimentados;

Querer saber tudo, através de relatos de outros médiuns, o que ele fez quando estava incorporado, o que a entidade falou, deixou de fazer;

Passar a realizar em seu próprio lar, uma verdadeira transformação de hábitos, querendo que todos tomem banhos de defesa, defumem-se, orem, cantem, entre outras coisas;

Querer erigir algum tipo de altar ou espaço sagrado em seu lar, tentando imitar o mais perfeito possível a quantidade de imagens, a disposição dos santos que há em seu templo umbandista;

Querer que suas entidades receitem rapidamente a confecção ou aquisição das guias (colares) e quanto maior o número de guias melhor;

Desejar ardentemente que tenha incorporações “fortes”, isto é, que as entidades já venham de modo com que não gerem dúvida a ninguém;

Que suas entidades já risquem seus pontos e que seja algo bem impressionável;

Que suas entidades deem logo seus nomes e torce para que sejam nomes “fortes” e conhecidos;

Querem decifrar todos os símbolos que suas entidades desenharam em pontos riscados;

Querem saber da história, vida, ponto cantado e tudo o mais sobre suas entidades;

Essas situações e mais outras não citadas são consideradas até normais e encaradas por aqueles outros médiuns mais tarimbados como coisa comum de se acontecer. E de fato é.

O que o dirigente e os médiuns mais experientes devem fazer é aconselhar esses neófitos, direcioná-los em atividades que os tirarão um pouco desta fixação, é ouvi-los e explicar cada uma das dúvidas e dificuldades existentes.Toda essa ansiedade é temporária e assim que o novo médium for tendo mais e mais experiências, ele passa a lidar de modo mais natural, menos ansioso e aflito com essas situações.

O tema deve ser abordado de modo atencioso, respeitoso, prático e esclarecedor para poder dar melhor formação espiritual e criar uma estrutura mediúnica mais eficaz à própria casa, uma vez que estes novos médiuns passam a compor o já formado corpo mediúnico da casa, fazendo número e qualidade na força da corrente da casa umbandista. 

Desperdiçar a chance de esclarecimento quando esses médiuns estão ávidos por conhecimento e abertos para serem direcionados é deixar ao acaso a responsabilidade da formação destes médiuns, podendo levá-los a vícios, “cacoetes” e maus hábitos mediúnicos que nunca mais poderão ser retirados.

Do livro Mediunidade na Umbanda - Richael Izolino Rocha




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28/06/2017

Livro: Os Dragões


Livro: OS DRAGÕES
Autores: Maria Modesto Cravo / Wanderley Oliveira


Livro: Os Dragões
Entrevista realizada com o médium Wanderley Oliveira, sobre o livro Os dragões – O diamante no lodo não deixa de ser diamante, pelo espírito Maria Modesto.

Qual é o tema central da obra? O livro, publicado pela Editora Dufaux, é um romance cujo tema central é a história de Matias, uma alma atormentada que serviu durante séculos à comunidade dos dragões.

A autora espiritual tece um enredo leve e comovente no qual Matias, após o arrependimento, reencarna como médium sob orientação do espiritismo.

A cronologia do romance revela fatos ocorridos no movimento espírita brasileiro entre os anos de 1936 a 1964, período em que ocorreu o clímax de uma ação organizada pelos benfeitores no mundo espiritual para reencarnar milhões de corações que foram libertados de um dos mais tristes locais de maldade na erraticidade: o Vale do Poder.

O tema central do livro nos levará a perceber que, a maioria dos seguidores da mensagem do Evangelho, nos mais diversos segmentos cristãos, guardam algum tipo de laço com os dragões.

Quem são os dragões?

É a mais antiga comunidade da maldade que se organizou socialmente nas regiões chamadas subcrostais ou submundo astral. Segundo o romance, ela existe há 10 mil anos.

Essa comunidade, administrada por inteligências do mal, criou a Cidade do Poder e sua hierarquia é composta pelos “dragões” legionários, justiceiros e conselheiros. São espíritos que fazem o mal intencionalmente.

Os dragões podem reencarnar?

Muitos desses espíritos não conseguirão mais reencarnar na Terra devido à sua condição mental desequilibrada. Não haveria como manter uma gestação em tal nível de vibração. Serão deportados para outros mundos onde reiniciarão o seu progresso.

Contudo, muitos deles, quando tomados pelo arrependimento, reencarnam aqui no planeta e se melhoram.

No livro é abordado um modelo de psicologia usado pelas trevas. Que modelo é este?

Os dragões já utilizam um modelo de psicologia há mais de 300 anos para dominar e explorar.

Esse modelo pode ser compreendido da seguinte forma: imagine três círculos, um dentro do outro. No primeiro círculo de dentro escreva baixa autoestima. No círculo a seguir está a idealização. E no último círculo estão o melindre, o perfeccionismo e a intolerância.

Os dragões sabem que a doença psicológica básica em um planeta como a Terra é a escassez de estima pessoal, como um resultado de milênios no egoísmo. Quem tem baixa autoestima, idealiza a vida, as relações, as metas. Vive uma vida muito imaginária e distante do que é real. E quem idealiza em excesso torna-se muito melindroso, perfeccionista e intolerante.

Claro que, colocando de forma tão sintética, talvez surjam muitas dúvidas, mas o livro tece muitas abordagens sobre o assunto.

Costumo dizer que Os Dragões é um romance de autoconhecimento, porque, na verdade, a autora espiritual faz estudos muito profundos e fáceis de entender sobre o psiquismo humano.

Então, a baixa autoestima é o núcleo deste modelo?

Sim. Sob o enfoque espiritual, essa doença não é apenas o resultado de traumas e limitações sofridas na infância. Além disso, Maria Modesto Cravo explica, no livro, que esse estado psicológico caracteriza a maioria esmagadora dos habitantes terrenos, em maior ou menor escala, conforme os compromissos assumidos por cada criatura em sua consciência.

Qual o ponto de maior fragilidade nos centros espíritas que é explorado pelos dragões?

A convivência.

Os dragões sabem muito bem que não lidamos bem com nosso mundo interior e, consequentemente, projetamos isso nos relacionamentos.

As condutas mais exploradas para gerar conflitos na convivência são: maledicência, culpa, mágoa, rigidez, preconceito, irritação, julgamento, entre outras.

Quais os laços entre a comunidade espírita e os dragões?

A obra nos informa que muitos dragões reencarnaram nas religiões cristãs, e deixa claro que inúmeros regressaram ao solo brasileiro, inclusive, no seio do movimento espírita. Reencarnaram arrependidos e ansiosos pelo recomeço. Retornaram e foram iluminados pelo conhecimento espírita para sua remição consciencial.

Depois deste retorno de multidões ao movimento espírita brasileiro, a comunidade dos dragões passou a uma perseguição implacável aos espíritas, no intuito de inviabilizar as noções sobre como o mal organizado pretende dominar as sociedades e impedir o esclarecimento espiritual dos povos.

Fique à vontade para nos dar uma mensagem final sobre o livro Os Dragões.

Gostaria de reproduzir uma pergunta que fiz à autora espiritual, Maria Modesto Cravo, e a sua resposta repleta de sabedoria:

“Vemos muitas pessoas que não conseguem ler livros cujo conteúdo versa sobre as trevas. Nesse sentido, a senhora teria algo a dizer sobre Os Dragões, o trabalho que terminamos há pouco tempo?”

“Nossa reflexão nesta obra é apenas uma pequena fresta para que o homem, iluminado com o conhecimento espírita, perceba a natureza de nossos desafios e compromissos com as esferas subcrostais.

Falamos menos das trevas de fora que daquelas que trazemos por dentro.

Para quem deseja implantar a luz e o bem, é, no mínimo, uma obrigação conhecer nossos laços com as comunidades dos dragões”.

(Revista Cristã de Espiritismo)



Desobsessão no Centro de Umbanda


Disponibilizamos um trecho do livro Os Dragões, que mostra um trabalho de desobsessão realizado pelos espíritos que se apresentam na falange do Sr. Exu Marabô:


Sem se opor à minha presença, partimos em direção às furnas do mal. Clarisse, eu, Cornelius e mais um grupo de defesa do Hospital Esperança.

Chegando ao local, presenciei algo inusitado. O ciclope da mitologia grega não era pura imaginação. Indaguei de chofre:

— Quem são os ciclopes, Clarisse?

— Espíritos rudes a serviço do mal. Estamos na região subcrostal chamada Pântano das Escórias, subúrbio enfermiço do Vale do Poder. Aqui são feitos prisioneiros os servidores da maldade organizada que não obtiveram êxito em seus planos nefandos. Castigos e sevícias de todo o porte são levados a efeito nestas plagas.

— Por que viemos aqui?

— Venha! Vamos encontrar nossa equipe.

Logo adiante estava Eurípedes com uma equipe de vinte a trinta defensores. Tinha o braço ferido. Quem imagina os espíritos isentos dessa contingência, não concebe com exatidão os mecanismos fisiológicos e anatômicos do corpo espiritual, sujeito, nas proximidades vibratórias da Terra, às mesmas injunções de saúde e doença, dor e prazer. Um corte de dez centímetros na altura do ombro do benfeitor era cuidado com carinho por uma diligente enfermeira da equipe. A diferença ficava por conta do domínio mental. Enquanto era tratado, conversava atentamente com os presentes sem demonstrar uma nesga de sofrimento. Os ciclopes o feriram com seus chicotes impiedosos. Tive ensejo, ali mesmo, de manifestar meu carinho ao amigo querido. Embora minha surpresa, o tempo e a experiência foram me mostrando que tudo era possível ocorrer em tais tarefas socorristas. Incêndios, tiroteios, ciladas, guerras armadas e outras tantas manifestações de violência já conhecidas da humanidade. Não cheguei a ver os ciclopes naquela ocasião, mas só a onda de crueldade deixada no ambiente já me apavorava. Clarisse não regateava esclarecimentos a mim.

— Estamos no inferno de Dante, dona Modesta.

— Parece-me ser até pior do que ele descreveu.

— Sem dúvida.

— O que faremos agora?

— A tarefa por aqui já está cumprida. As entidades que necessitavam de socorro já foram levadas para onde prosseguirá o trabalho.

— Eram almas arrependidas?

— Não. Eram escravos da perversidade. Servidores inconscientes das sombras. Foram necessárias mais de quatro horas de intensas iniciativas para alcançar resultados no amparo. Ainda assim, veja o estado de nossos companheiros. Eurípedes ferido, os defensores exaustos e tudo isso apenas para que seis entidades pudessem ter acesso à manifestação mediúnica.

— Vão se comunicar a essa hora da noite? Que centro abriria suas portas? – expressei sabendo que já passava da meia-noite no relógio terreno.

— Os verdadeiros servidores cristãos só se utilizam do relógio com intuito disciplinar. Não condicionam o ato de servir aos ponteiros limitantes do tempo. Visitaremos o Centro Umbandista Pai Guiné, nos arredores de Uberaba.

— O pai-de-santo Ovídio?

— Ele mesmo.

Tive de confessar, em um primeiro momento, meu preconceito. Guardava respeito pelas demais religiões, entretanto, nunca havia refletido sobre quem seriam e onde estariam as cartas vivas do Cristo. Por uma tendência natural asilei o despeito. Ainda bem que foi algo muito passageiro em meu coração, porque as experiências fora e dentro da vida corporal, cada dia mais, apresentavam-me uma realidade distante das ilusões que adulamos sob o fascínio impiedoso do orgulho na sociedade terrena dos mortais.

Após as despedidas, a equipe de Eurípedes regressou ao hospital. O pedido de socorro foi uma medida preventiva. Apesar dos feridos e exaustos, todos guardavam o clima da paz.

Por nossa vez, partimos para o Centro Pai Guiné. Era um ambiente agradável em ambos os planos. Ao som dos atabaques, eram cantados os pontos em ritmo vibratório de alta intensidade. Cada canto era como uma verdadeira queima de fogos de artifício. Uma bomba energética explodia no ar em multicores.

Em uma das várias dependências astrais da casa havia uma enfermaria com oitenta leitos bem alinhados. Tudo nesse salão era limpeza e calmaria. Lá não se ouviam mais os cantos, e a conexão com o plano físico limitava-se ao trânsito de enfermeiros pelos vários portais interdimensionais. Regressamos ao ponto de intersecção vibratória com o plano físico.

Seis macas estavam dispostas no canzuá (terreiro). Em cada qual havia uma entidade de aspecto horripilante. Olhos que quase saíam das órbitas oculares, pele murcha, enrugada e suja, garras enormes no lugar das unhas, com dez centímetros, nas mãos e nos pés, todas retorcidas como as de águia. Magérrimos e nus. Causavam náuseas pelo odor. Olhavam para nós deixando claro que nos viam e, literalmente, grunhiam como porcos com a boca semi-aberta. Alguns deles estavam muitos inquietos nas macas. Retorciam-se como se estivessem com dor, sem manifestar nenhum som. Vários hematomas estavam expostos em todos eles, devido aos castigos impostos nos paredões de penitência.

— As garras são colocadas para impedir a fuga. Não andam nem têm grande habilidade manual – informou Clarisse, com manifesto sentimento de piedade.

— Como serão socorridos?

— Pela incorporação profunda ou vampirismo assistido.

— Nos médiuns umbandistas?

Mal terminei a pergunta e vi uma cena nada convencional. Um dos enfermeiros da casa pegou uma das entidades no colo e jogou-a no corpo do médium.

Demonstrando câimbras na panturrilha, o médium, incontinenti, absorveu mental e fisicamente o comunicante que se ajeitou no corpo do medianeiro como se deitasse em um colchão, buscando a melhor posição. Os atabaques aceleraram o ritmo, criando um frenesi de energia no ambiente. Formavam-se pequenos redemoinhos de cor violeta e prata, que se desfaziam e refaziam em vários cantos do terreiro. Modulavam conforme a nota musical dos hinos cantados.

O médium estrebuchou no chão. Convulsões e grunhidos seguidos de gritos de dor. Ovídio, o pai-de-santo aproximou-se e disse:

— Oxalá proteja seus caminhos, filho de Zambi (Deus).

— Eu sou filho do capeta. Quem és tu para falar comigo? – redargüiu a entidade, que agora falava com facilidade por intermédio do médium.

— Sou um tarefeiro da luz.

— Eu sou uma escória da sombra.

— Engano, criatura!

— Não vê minhas garras? Sabe o que isso?

— Conheço essa técnica. São ferrolhos do mal.

— Vejo que estais acostumados ao mal.

— Vim desses vales da sombra e da morte – falava Ovídio com firmeza na voz.

— Mas andas e és livre. Estais no corpo, enquanto eu... Eu sou um verme roedor... Ou quem sabe uma águia que não voa... Nem sequer consigo andar graças a essa maldição que colocaram em meus pés... Nem comer mais... Veja minhas mãos... Eu tenho fome e sede.

— Em que te posso ser útil irmão? – indagou Ovídio debaixo de uma forte vibração.

— Quero bebida e comida. Quero que cortem minhas garras.

— Laroyê! Laroyê – gritou Ovídio já incorporado por um de seus guias que entoava o canto: "Eu sou Marabô, rei da mandinga. Eu sou Marabô, Exu de nosso Senhô. Laroyê!"

Uma energia colossal movimentou-se com a chegada do Exu Marabô. Os filhos-de-santo o saudavam com palmas rítmicas e pontos próprios da entidade. Muitos deles iam até Marabô, baixavam a cabeça em sinal de reverência à sua frente e batiam três palmas rítmicas na altura do abdômen do médium.

— Que tu qué homem esfarrapado. Bebida pra mode se arrebentá mais?

— Não, senhor Marabô. Não é isso não.

— Não mente pra Marabô. Marabô sabe ler os ói (olhos). Nos ói tá a visão, mas tá também a verdade e a mentira.

— Eu não minto, senhor. Quero liberdade.

— Pra fazer o que dá na cabeça? Home tu preso é um perigo, livre é um desastre.

— O que o senhor vai fazer por mim? Não pedi a ninguém pra sair daquela joça de lugar fedorento. Por que me trouxe aqui?

— Não fui eu quem trouxe home. O véio Bezerra da luz é teu protetor. Sirvo a ele na graça de Oxalá, Pai de poder e misericórdia.

— Que queres comigo?

— Está feliz na matéria do cavalo (médium)?

— Sei que não é minha. Quero uma só pra mim.

— Está gostando do contato?

— Só fartô bebida e comida.

— Olha suas garras.

— Não pode ser! O que aconteceu?

– O cavalo (médium) ta dissolvendo suas algemas.

– Pra sempre?

– Pra sempre!

– Quanto vai me custar?

– Nada. É serviço de Pai Oxalá. É de graça. Pedido do veio Bezerra de Menezes. Se voltar pro inferno, elas crescem de novo. Se subir com Bezerra da luz, vai ser cuidado no hospital da sabedoria, onde reina os filhos de Gandhi.

– Filhos de Gandhi? Por que se interessaria por escórias como nós. Veja lá nas macas os amigos estropiados – e apontou para a sala ao lado.

– Nada retira do ser humano a condição de Filho do Altíssimo...


Laroyê Exu.
Exu é Mojubá.





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10/06/2017

Livro Umbanda Luz e Caridade


Apresentação


O objetivo desta obra é colaborar para o entendimento da Umbanda em seus aspectos de Religião de Luz e Caridade.

Luz porque oferece meios para que a fé seja desenvolvida na base da razão e da compreensão, sem mitos ou crendices, e caridade é o objetivo máximo da religião, com o semelhante e consigo próprio.

Este livro aborda os principais temas, como a definição e as características da Umbanda; Orixás e Guias Espirituais; ritualísticas e organização de um Terreiro; mediunidade; obsessões; sacramentos e outros temas pertinentes ao bom entendimento da Religião de Umbanda.

É um pequeno manual doutrinário e prático para todos os médiuns da Tenda de Umbanda Luz e Caridade e para todos os simpatizantes da Umbanda, bem como é obra indicada aos neófitos por conter fundamentos básicos da religião.

Pronunciamento de uma filha de santo da nossa Casa:

“Umbanda tem fundamento como escutamos e cantamos, mas eu sinto falta de uma obra que explique o porquê desses fundamentos, e a senhora faz isso conosco...”


Para ser direcionado para a compra, clique no link abaixo:
https://www.clubedeautores.com.br/book/235841--Umbanda#.WTx6M-vyu1s









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01/05/2017

Livro: O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda

Antônio Eliezer Leal de Souza foi jornalista, poeta, ensaísta, militar… e escreveu os primeiros livros sobre a Umbanda. O primeiro é de 1925: “No Mundo dos Espíritos”.  Em 1933, escreveu a primeira edição de “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”. Tratava-se de um livro extremamente raro, até que, em 2008, foi editado pela segunda vez, por iniciativa altamente louvável da Editora do Conhecimento.

No início do século XX, imperava uma profusão de cultos e rituais estranhos e voltados ao baixo espiritismo. Era necessário esclarecer a opinião pública e as autoridades sobre a real natureza da doutrina umbandista, para evitar a discriminação de seus adeptos e até a prisão de seus dirigentes. Apesar de jornalista, Leal de Souza nunca usou de sua profissão para promover proselitismo religioso, passando a escrever sobre o assunto por iniciativa de jornais como o “Diário de Notícias” e “A Noite”, interessados na repercussão que o assunto tomava à época.

Assim, o livro é uma compilação desses artigos. São textos sintéticos, mas estruturados brilhantemente: acabamos vislumbrando um panorama das práticas espirituais da época, mediante um contraponto entre a Umbanda e as práticas de magia negra. O autor também discorre sobre a importância de Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas; as “sete linhas brancas”; os orixás, guias e protetores.

Vários outros temas, muito interessantes, estão nesse livro singelo, mas fundamental para quem quiser saber mais sobre a Umbanda, em suas raízes: Leal de Souza foi frequentador da Tenda Nossa Senhora da Piedade durante anos, e dela só se afastou para atender às instruções do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que o incumbiu de dirigir, pessoalmente, a Tenda Nossa Senhora da Conceição.

Desvendando a Umbanda




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07/04/2017

Livro: A Saga de uma Sinhá



A SAGA DE UMA SINHÁ
Pelo Espírito Luís Fernando - Pai Miguel de Angola
Médium: Maria Nazareth Dória

É sempre muito emocionante termos a oportunidade de apreciar uma obra que narra sobre os tempos da escravidão no Brasil. Tempos de irracionalidade humana, a tratar seres humanos como diferentes somente porque nasceram com outra cor de pele. Pessoas, humanas, irmãos que sofreram a perda da própria identidade, a perda de suas origens, a perda de liberdade, a perda de sentido para a vida, submetendo-se humildemente aos caprichos insanos de tantas almas involuídas a lhes trilharem caminhos tortuosos de muitas dores e incertezas. Mas tudo o que acontece entre o céu e a terra tem a sabedoria de Deus a iluminar as consciências de que há sempre um propósito, um alerta, de que todo sofrimento pode ser modificado pela ação do próprio homem. Esta grande obra, através da história de Pai Miguel, é obra considerada romance espírita, mas para nós umbandistas temos mais uma oportunidade de sentir as bem-aventuranças de um valoroso Preto Velho a nos presentear com a sua sabedoria e amor. Sem proselitismos, pois sabemos que o espírito imortal está em toda parte, em todas as religiões, vestido perispiritualmente com a aparência que queira ou necessite. Segue abaixo um trecho do livro, em que ele nos deixa a sua mensagem, para a nossa reflexão. Saravá! (Ednay Melo)

Trecho do livro:

(...) Morri sem sofrimento nenhum; pelo contrário, foi em um dia de festa que meu espírito se apartou do velho corpo. Naquele dia eu cheguei a ver uma estrela cruzando o céu e um vaga-lume passando perto da janela... Bem que desconfiei que era o último presente que Deus me dava na terra.

Hoje, totalmente consciente de que os meus deveres continuam, procuro me envolver em trabalhos de ajuda a outros irmãos. A minha contribuição é pequena, mas pode auxiliar muitos filhos que necessitam se sustentar na mão de um velho amigo.

Meus amados filhos, tudo o que vocês enxergam existe! E muitas coisas que os seus olhos não enxergam também existem, e como existem!

Muitas vezes presenciamos correntes de sofrimento tão pesadas que são bem piores que as correntes usadas nos antigos negros escravizados. Aquelas correntes prendiam o corpo físico, doíam na carne, mas a alma era livre e sadia. E isso atinge a todas as famílias, seja de brancos, seja de negros. Os carrascos chamados drogas, corrupção, violência e tantas novas doenças, tantos novos sofrimentos que naqueles tempos não nos atingiam, hoje aprisionam tantos jovens, mutilando seus corpos físicos e enlouquecendo suas almas!

Desde aqueles tempos, já pressentíamos que o descaso e o abuso no tratamento com a mãe Terra iriam trazer consequências dolorosas para os viventes do planeta. Começaram com as derrubadas, e as matas foram desaparecendo; o fogo queimava a terra e matava os animais. Os rios secavam; os peixes morriam envenenados. A pesca nos mares não só matou enormes quantidades de peixes como poluiu as águas.

A ganância ultrapassou os limites; os homens esqueceram suas diferenças de cor, mas começaram a enxergar outra coisa bem pior: a moeda! Se tiver dinheiro, tanto faz ser branco ou preto, o que vale mesmo é a quantia que se tem no bolso.

Vieram as guerras pelo poder, inventaram armas e mais armas, gastaram quantias enormes em invenções que não vão levar o homem a lugar nenhum. Enquanto isso, as doenças se alastram, e a pior fome que existe para o homem, que é a falta de amor, toma conta dos lares.

E nas novas previsões que tenho ouvido por aí, tanto dos estudiosos encarnados na Terra quanto dos amigos aqui de muitas esferas espirituais, se não houver um movimento mais rigoroso que o da libertação da escravatura, o planeta não terá condições de se sustentar em sua rotação.

Filhos do Brasil, filhos do planeta Terra, juntem-se a este movimento de libertação! Libertem o sofrimento da mãe Terra. Plantem e replantem o que arrancaram dela.

Este espírito velho que agora lhes fala já viveu nesse mesmo mundo em que você se encontra agora. Já vi muitas coisas acontecerem. Ouçam bem o que direi, meus filhos: muita coisa boa foi trazida e colocada nas mãos de vocês. Infelizmente, estes benefícios de Deus foram usados de forma errada, e eis aí os resultados: um planeta pendurado por um fio de cabelo!

Com muita consideração e respeito, deixo a cada um de vocês o meu abraço e a minha benção. Continuo do mesmo jeitinho! Confesso que não sinto falta do meu antigo corpo físico; sinto saudade, isso eu não posso negar! Ele muito me ajudou a atravessar as barreiras, e é por isso que sinto saudade. Meu corpo físico foi um instrumento amigo na minha escalada, e através dele conquistei amigos e mais amigos.

Irmãos, nunca é tarde para recomeçar um novo empreendimento. Que tal nos unirmos para fortalecer este movimento de fé? Não estou falando de religião, estou falando de Deus. Eu, por exemplo, pelo bem do nosso Deus entraria em qualquer lugar sem hesitar.

Separados, não somos ninguém; juntos, somos um povo! Deixo a minha mensagem de amor e fé a todos vocês, e espero que tenham gostado dessa minha história: uma história mais real do que possa parecer.

Paz!

Luis Fernando (Pai Miguel de Angola)





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03/04/2017

Livro: Umbanda na Umbanda

Livro: Umbanda na Umbanda

A manifestação da espiritualidade em uma religião é a tradução da grandiosidade de Deus sobre todos os aspectos. Interpretar Sua Criação é o que nos fascina; doravante, sempre direcionado pelos mentores que regem a espiritualidade de Umbanda, abordamos assuntos dos mais interessantes. Indicando o caminho sublime e ordenado que só o nosso Pai Maior Olorum assim nos presenteou.

A obra "Umbanda na Umbanda" foca a formação do indivíduo sobre seu posicionamento interpretativo enquanto médium dentro de sua doutrina religiosa. O médium e sua formação são pontos fundamentais para a devida interpretação da manifestação religiosa , pois o medianeiro, devidamente preparado, é o próprio alicerce das manifestações que acontecem nos ritos litúrgicos existentes dentro dos vários Templos de Umbanda.

Em razão de existir uma pluralidade de formas de cultos e fundamentos, é necessário que os sacerdotes, dirigentes espirituais, bem como os médiuns e assistidos em geral, procurem compreender a religião de Umbanda a partir de nosso Pai Oxalá, sincretizado com o Mestre dos Mestres, Jesus Cristo, reforçando a colocação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que afirmou que a religião de Umbanda seria fundamentada nos ensinamentos de Jesus Cristo. Aqui enfatizo que focarei neste trabalho o conceito Crístico, servindo como base o mistério absorvido através do Orixá Maior, Pai Oxalá. É um verdadeiro chamado religioso!

Entre algumas colocações singelas, enfatizo que todo tipo de estudo, bem como todo livro que traz explicações sobre uma religião, deve ser respeitado exatamente pelo fato de que cada templo religioso tem um mentor, e este, por sua vez, passa sua particularidade espiritual. Nenhum curso, bem como nenhum livro existe para modificar esta particularidade, e sim, dar ao médium e leitores, uma visão aberta, sem cerceamentos da diversidade de Deus que se manifesta na Umbanda pelo mundo!

O Autor


Trecho do livro:

Para o verdadeiro médium não existe o temor, existe apenas o acreditar na luz; jamais tenha em mente o "será". Por mais que a vida lhe pregue peças, por mais que haja adversidades, sempre creia. A dúvida é alimento do negativismo, é a porta de entrada de forças que não pertencem às Esferas Luminosas da Criação. (...) O medo e a insegurança, na verdade, são compatibilizadas com a falta de fé, ou o não acreditar em si mesmo.






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22/03/2017

Por que os Desencarnados Procuram os Terreiros

Por que os Desencarnados Procuram os Terreiros


No plano invisível, Piraju chegou com Leonel e Martha. A atividade no astral já era intensa, com os Guias empenhados com a imantação do ambiente. Martha notou vários espíritos ali, muito embora o centro estivesse praticamente vazio de pessoas encarnadas.

-Quem são esses espíritos? - indagou ela curiosa, referindo-se a uma porção de criaturas nitidamente pouco evoluídas.

- São almas necessitadas de auxílio - esclareceu Piraju. - Vê como se acomodam no fundo do salão? Estão aguardando a chegada de Eleonora e Sérgio, para ouvir-lhes a palestra e ganharem algum conhecimento.

- Mas por quê? No nosso mundo não há espíritos sábios o suficiente para ensinar-lhes?

- Muitos desencarnados se recusam a frequentar reuniões no mundo astral. Sentem-se mal e, às vezes, intimidados com a presença de espíritos mais iluminados. Todavia, um lugar como este, onde a vibração, apesar de elevada, está ainda ligada à matéria, faz com que eles se sintam mais à vontade. É a presença dos encarnados, sobretudo, que lhes traz a sensação de familiaridade, pois vários desses espíritos encontram-se ainda afinizados com a vida física que, muito a contragosto, tiveram que deixar.

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro





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13/02/2017

Livro: Umbanda - O Caminho das Pedras

Livro: Umbanda - O Caminho das Pedras

De autoria de Ademir Barbosa Junior - o mesmo autor de O Livro Essencial de Umbanda - esta obra romanceada trata dos diversos problemas que podem afetar um terreiro de Umbanda, seu dirigentes e médiuns.

Miguel, um sacerdote umbandista, é convidado por seu mentor para acompanhá-lo em desdobramento durante o sono físico a fim de observar situações reais pelas quais passam irmãos de fé que se desequilibram e se afastam de suas missões. Além disso, Miguel irá participar de palestras e conferências no mundo astral a fim de depurar-se como dirigente e líder do movimento umbandista.

O livro é composto de pequenas histórias narradas por Miguel em suas incursões de estudo no mundo espiritual.

Cada narrativa figura como uma pedra no árduo caminho do aprendizado pela dor. Na verdade, o caminho das pedras é o da Lei Divina, sendo cada pedra supervisionada por Pai Xangô. cabe ao indivíduo aprender ou não com as lições que as pedras lhe oferecem. (pg 13)

Trata-se de um livro muito interessante, pois na literatura umbandista ainda é muito raro encontrarmos obras romanceadas, que apresentam a contraparte astral dos trabalhos espirituais.

Iremos conhecer a seguintes histórias:

  • uma mãe de santo que foi traída pelo marido, ogã de seu terreiro e abandonou sua missão;
  • um jovem médium preso a dependência de filmes pornográficos pela internet; 
  • três médiuns dependentes do álcool e suas consequências;
  • giras denominadas de pseudo-esquerda;
  • o caso de uma cambona que fofocava demais;
  • provações e testes de fé para uma futura dirigente;
  • uma irmã que resolve escrever sobre as Iabás e é refutada tanto por umbandistas quanto por candomblecistas
  • e, ao final, Miguel irá assistir uma palestra com o Mestre Zé Pelintra;

Nestes relatos, o autor apresenta um pouco da atuação de Caboclos, Pretos Velhos e Guardiões em nossas vidas, sempre tentando nos ensinar algo e nos proteger de nós mesmos.

O livro possui 140 páginas, com linguagem simples e agradável.

Ademir Barbosa Junior (Dermes) é mestre em Literatura pela USP, Pai Pequeno da Tenda de Umbanda Iansã Matamba e Caboclo Jiboia, terapeuta holístico e mestre em Reiki. Possui diversos livros publicados sobre Umbanda e terapia holística.

Trecho:

Com um sorriso e outro leve toque, meu Mentor fechou a tela etérea.
- Bom trabalho, Miguel. Devagarinho e apesar de tantos séculos de desregramento de ambos os lados, isto é, por parte dos que apresentam o corpo humano como algo pecaminoso e dos que insistem no esgotamento de todas as suas energias por meio de toda sorte de satisfações inconsciente e desequilibrada (...)
- E não apenas da questão sexual, mas em todas as outras, a internet, por exemplo, pode exaurir forças e infelizmente afastar as pessoas dos relacionamentos mais diversos como família, amigos, vizinhos, e etc. (...)
Sorri, com o pensamento em tantos amigos e filhos que vivem com o celular á mão, conectados sabe-se lá com que urgência, inclusive em aberturas de giras.


Blog do Livro Espírita




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01/02/2017

Livro: Umbanda de Almas e Angola

Livro: Umbanda de Almas e Angola


Apresentação do Livro

O livro Umbanda de Almas e Angola – Ritos, Magia e Africanidade é resultado de uma longa pesquisa, envolvendo Terreiros, Pais e Mães de Santo, Organizações não-governamentais e demais pessoas ligadas ao Ritual de Almas e Angola.

Numa linguagem simples e informal, fundamenta-se em depoimentos e entrevistas realizadas durante inúmeras visitas, na maioria das vezes, em horários diferentes dos trabalhos espirituais, possibilitando um contato mais direto com os entrevistados. 

Num primeiro momento, com apoio do Conselho Estadual Cristão de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros de Santa Catarina – CEUCASC, a pesquisa estendeu-se a todo o Brasil, porém, em sua fase conclusiva, restringiu-se aos Terreiros localizados em Santa Catarina, por serem hoje referências para a Umbanda de Almas e Angola. 

Ter minha mãe entre as yalorixás de Almas e Angola e ao mesmo tempo zeladora de uma casa de santo, foi um fator determinante para a execução e conclusão dessa pesquisa, que faz uma retrospectiva do Ritual de Almas e Angola, resgatando suas particularidades e fundamentações filosófico-religiosas. 

O livro está dividido em quatro partes: a primeira tem como foco a Umbanda fazendo uma referência à religião afro-brasileira que norteia Almas e Angola desde o seu surgimento no Rio de Janeiro, até os dias atuais em Santa Catarina; na segunda parte, são abordados temas pertinentes ao Ritual de Almas e Angola, objetivando retratar um pouco de sua história, cotidiano, organização e hierarquia, possibilitando, assim, uma visão de conjunto; a terceira parte é dedicada à Tenda Espírita Caboclo Cobra Verde por ter servido de local onde foi possível aliar teoria e prática; e a quarta e última parte traz a tona questões polêmicas envolvendo os novos paradigmas de Almas e Angola e a formação holística para Pais e Mães de Santo. 

Acredito que o resultado final deste trabalho será de muita utilidade, principalmente para os seguidores de Almas e Angola. Penso também, que servirá de referência para estudiosos interessados na religiosidade afro-brasileira. 

Apesar do uso de uma linguagem coloquial e de sua informalidade, possui importantes registros que estavam se perdendo no tempo e no espaço. Entregar esta obra pronta é ter a sensação de dever cumprido.

Um forte axé! 
O autor





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23/01/2017

Ação dos Guias em uma Gira de Umbanda

Ação dos Guias em uma Gira de Umbanda

Importância de se manter elevados os pensamentos em uma gira 
de Umbanda para facilitar os trabalhos dos guias em seu benefício 
(uma das orientações dadas à assistência durante as reuniões da Tulca). 
(Grifo nosso)


(...) Reunidos os médiuns, Sérgio fez a defumação do ambiente, queimando ervas cujas energias, manipuladas pelos Guias espirituais, iam dissolvendo as impurezas espirituais e atraindo energias mais sutis. Datada do dom da vidência, Eleonora percebia as nuvens cinzentas e as crostas astrais desmanchando-se sob a ação da fumaça impregnada do princípio ativo das ervas que estavam sendo queimadas. Em alguns médiuns, particularmente, a ação era mais forte, devido ao baixo teor vibratório de seus pensamentos.

Com o ambiente assim purificado, os espíritos dos caboclos, que há muito já se encontravam no local, atuando no plano astral correspondente, começaram a espargir glóbulos brancos e minúsculos, parecidos com flocos brilhantes de algodão. Eram milhares de pontinhos, atirados pelas mãos dos caboclos e caboclas, fazendo o efeito de um chuva nívea, refrescante para a alma.

Algumas pessoas, mais receptivas, imediatamente sentiram o bem-estar que aquela torrente de luz causava. Outras, porém, ainda um pouco mais endurecidas, deixavam-na passar despercebida. Eram essas as mais necessitadas, aquelas que mais atraiam a atenção dos Guias, que iam aplicando passes em todos os presentes, demorando-se um pouco mais na energização dos mais enfermos, fosse do corpo ou da alma.

Ação dos Guias em uma Gira de Umbanda
Há, nos Templos de qualquer religião voltada para o crescimento do ser humano, seres iluminados que atuam sobre os encarnados, ajudando-os a reequilibrar as suas forças físicas, mentais e emocionais. Essas entidades, contudo, não agem sozinhas. Necessitam do concurso dos assistentes para um resultado mais eficaz. Cada pessoa está em condições de ajudar a si mesma contribuindo com seus pensamentos, palavras e atitudes. A concentração, o silêncio e a vigília são caminho fáceis para a penetração das energias derramadas pelos Guias.

Em especial nas casas de Umbanda, onde o julgamento e a crítica decorrem da falta de conhecimento acerca dos rituais, essa necessidade se redobra. A curiosidade leva muitos a visitarem os centros espíritas sem que haja, realmente, o envolvimento da fé. Nesses casos, a postura mais adequada é a observação sem julgamentos. Todos são livres para frequentar qualquer lugar de culto, desde que o façam com respeito. Pois é do pensamento das pessoas, sobretudo aqueles de crítica, deboche e arrogância, que os espíritos mais empedernidos retiram forças para tumultuar e atrapalhar o desenvolvimento dos trabalhos, dificultando a atuação dos Guias dedicados ao trabalho sério.

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro






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04/01/2017

Sobre o Linguajar das Entidades de Umbanda

Caboclos e Pretos Velhos adotaram a forma simples de falar em sinal de humildade, numa simbologia clara de que a Umbanda estaria voltada para os simples e humildes de coração. Atualmente, além desse motivo, existe a questão cultural, pois muitos são aqueles que, acostumados a esse linguajar, teriam dificuldades em crer na força de espíritos de Umbanda que falassem como pessoas cultas e letradas. Sendo a religião dos humildes, ainda hoje subsiste a crença  nessa característica peculiar de humildade. As entidades de Umbanda, todavia, podem conversar naturalmente e possuem conhecimentos muito mais avançados do que se pode supor.

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro





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29/12/2016

Livro: A História de Pai Arruda

A História de Pai Arruda

A HISTÓRIA DE PAI ARRUDA
Autores: Pai Arruda / Jennifer Dhursaille


TRECHO DO LIVRO:

(...) Ninguém cai num Terreiro, de sua própria vontade ou herdado compulsoriamente, como foi meu caso, sem dever à Lei Maior Amor e Caridade para com os povos deste planeta.

É o Templo, Casa ou Tenda um imenso buril, onde se aquilatam valores morais e se limpam as vestes espirituais manchadas pelos erros e máculas do passado. E onde se aprende a pensar com o coração e a deixar o espírito comandar a intuição, a fim de, com branco coração e brancas vestes, apresentar-se um dia, como um filho inteiro, digno do olhar do nosso Pai Criador.

Aprendi com esses espíritos de elevada sabedoria, designados no astral para comandar e coordenar os trabalhos espirituais e de magia na Terra, em suas diferentes e variadas apresentações, que a vida é muito mais do que aquilo que podemos ver, e que sua amplitude pode ser apenas sentida, mas não plenamente compreendida pela imensa maioria; apenas por aqueles que já alcançaram um grau muito elevado de consciência desperta. Falar desses aspectos de abrangência do fenômeno que chamamos de "vida" seria rotulado de loucura e heresia em 1750, e como ficção científica e fantasia em 2005 e suas cercanias. Mas posso vos dizer que a vida não ocorre num só lugar nem tão pouco num só tempo, mas de eventos intercalados nas malhas do tempo, onde linhas de muitas vontades desenvolvem tramas que se perpetuam e se espalham como rendas e marolas na superfície do mar quando toca o solo que estais acostumados a chamar de "meu chão". Mas essa mesma trama repercute em outras praias, em outros lugares, e é vista e interage, por vezes, com pessoas das quais não tendes consciente conhecimento. Não existe, pois, "uma vida" num contexto singular, individual, pois que toda a vida é coletiva, e a solidão, a maior das ilusões.

Alcançar um grau espiritual na Terra é, portanto, dominar a lei que chamam Carma e trabalhar para que as ações benéficas atinjam o maior número possível de pessoas, quando a marola atingir a areia, propagando o Bem Maior de forma generalizada. E o grande mago é aquele que, ao perceber e identificar uma ação negativa potencialmente destrutiva, consiga paralisá-la, anulá-la ou direcioná-la de forma que suas ações se dirijam às pessoas e ao tempo certo durante o trajeto, atingindo pontos específicos que assim a positivem durante o seu percurso.

O mago branco é, portanto, um estrategista-alquimista, transmutador do Bem.


OUTRO TRECHO DO LIVRO:

(...) O fardo é a "verdade", algo para o qual a maioria não está preparada. Muitos falam: "Sou uma pessoa verdadeira", ou "Quero a verdade", mas, ao se depararem com a crueza e nudez, desejam não tê-la mais à sua frente, e sim lidar com ela através de subterfúgios e pelas costas, ou pelos lados, onde o confronto é menor e menos hostil para os sentidos. O médium que ingressa na tarefa e assume sua cruz precisa lidar com o fato de que não mais poderá enganar a si mesmo ou, como de tão bom grado tantas vezes nos permitimos, ser enganado. Perceberá também que, ao contrário do apregoado, a verdade não é popular, causa incômodos e atrapalha os planos da maioria. E quem fala a verdade torna-se frequentemente uma presença indesejada e uma pessoa a ser substituída (...)


MAIS UM TRECHO DO LIVRO:

(...) O nome que mantive no Astral, que me foi inspirado na terra por minha amada, logo teve seguidores que o adotaram em nossa legião de trabalhadores nas fileiras da Umbanda. Usa o nome de Pai Arruda todo aquele que, como eu, tem conhecimento magístico adquirido em encarnação no Oriente e que purgou grande parte de suas ações negativas nessa área em encarnação como escravo na América, tendo como mote, como disse Irene, obviamente inspirada pelo Alto ao batizar-me, a cura do "corpo e do espírito" através da manipulação dos elementos da natureza.

Uma vez mais retornei, literalmente, aos palcos da Terra, junto com Irene, numa encarnação de cura emocional-perispiritual para nós, em que desempenhamos um trabalho na esfera da arte, ligado ao teatro. O desenvolvimento das habilidades artísticas tem profunda ação curativa, sobretudo em almas sujeitas a prolongado período de dor e tortura, em que a regeneração através do belo, a face que revela a perfeição divina, se faz necessária.

Embora obviamente estivéssemos envolvidos com a espiritualidade também nesta vida, ainda que de forma diferenciada, ao término dessa experiência carnal derradeira, atuamos incessantemente no plano astral alicerçando os pilares da Umbanda para o futuro de expansão consistente que se faz tão necessária no estabelecimento de uma nova Terra. Certamente mais feliz, pois será onde os seres se relacionam de forma mais harmoniosa e estão 24 horas por dia conscientes de sua herança divina, não mais se permitindo mergulhar nas trevas da ignorância e da dor.

Blog Tulca







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27/12/2016

O que é Aruanda?

O que é Aruanda?

Aruanda é um lugar onde Caboclos e Pretos Velhos se reúnem após deixarem o Terreiro de Umbanda, mas não é lá, necessariamente, que residem no invisível. Todos nós temos os nossos afazeres no mundo astral e nas diversas cidades espalhadas pelo cosmo acima da terra e, muitas vezes, abaixo dela.

Além disso, nem todos estamos constantemente sob a vestimenta de Caboclos ou Pretos Velhos. Na maioria das vezes, longe do centro, reassumimos alguma aparência que tínhamos em outra vida, voltando à forma que utilizamos na Umbanda quando precisamos, seja para os trabalhos, seja para nos apresentarmos a algum vidente que nos chama ou com quem precisamos nos comunicar. 

Todos nós que trabalhamos na Umbanda estamos ligados por um fio mental que nos coloca em permanente contato, e é através dele que somos acionados sempre que a Umbanda de nós precisar, para nos reunirmos em Aruanda.

-É lá que são traçadas as diretrizes da Umbanda? - questionou Leonel.

-Sim - respondeu Piraju. - Em Aruanda, todos aqueles que trabalham na Umbanda se reúnem para trocar experiências e resolver importantes questões ligadas aos trabalhos que são realizados. Aruanda não é uma cidade cheia de índios e escravos. É um lugar de encontro, de repouso e de estudos voltados à prática da Umbanda aonde qualquer um pode ir. Mas, como disse anteriormente, cada um de nós segue para um local diferente, onde nossa ajuda é solicitada. Quando, por qualquer motivo, precisamos nos reunir, somos imediatamente contatados através desse fio mental que nos une e nos dirigimos para lá.

- Se entendi bem, -prosseguiu Martha-, Aruanda não é um lugar de moradia espiritual que aloja Caboclos e Pretos Velhos, mas um ponto de encontro para todos aqueles ligados pelo mesmo fio mental que os convoca e reúne quando é preciso.

-Pode ser que, eventualmente, haja espíritos morando por lá, mas o que quero dizer é que isso não é um padrão, não é obrigatório. Aruanda é uma cidade astral livre e franqueada a qualquer um que tenha interesse na prática e nos estudos da Umbanda. E estamos todos ligados a ela por um elo mental, pois o que nos une é a mente ligada no propósito comum, não importa onde estivermos.

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro





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09/12/2016

Sobre as Guias: Umbanda x Kardecismo


- As guias não são colares de enfeite. Podem ser bonitas, brilhantes e coloridas, mas sua função não é o embelezamento. Servem de facilitador para a conexão do médium com a entidade que representam. Podem também funcionar como elemento de proteção, atraindo a vibração da entidade para o campo áurico da pessoa.

- As guias são imantadas, não são? - observou Lilian, e Eleonora assentiu. - Podemos dizer então que são uma espécie de amuleto?

- Pode-se dizer que sim.

-Mas, então, como conciliar sua utilização com a doutrina de Kardec, que nós seguimos, quando ele diz que amuletos e talismãs são dispensáveis? Não há aí uma incoerência? Ou a Umbanda contradiz a doutrina de Kardec?

- A Umbanda não veio para segregar, mas para somar aos ensinamentos que levam ao engrandecimento do homem. E nenhuma religião se contradiz. Existem formas de ver. Para uns, há os espíritos de caboclos e pretos velhos. Para outros, tudo é o espírito santo. Que diferença isso faz?

- Nenhuma. Contudo, a contradição ainda persiste.

- Não há contradição. A doutrina de Kardec dispensa o uso de amuletos, mas não os proíbe e nem poderia. Assim como nós dispensamos o uso de roupas coloridas, mas temos que reconhecer a sua eficácia para determinados segmentos religiosos. Assim também as guias e demais elementos, pois a Umbanda trabalha com a manipulação das energias daí provenientes, enquanto Kardec as considera desnecessárias, porque concentra a sua força no poder mental da oração.

- Então, quer dizer que só os elementos bastam para os trabalhos na Umbanda?

- Umbanda é magia, e os elementos nada são sem a vontade e o pensamento. Eles são apenas facilitadores, e há segmentos religiosos que o dispensam.

- Qual é o melhor método? - Perguntou Nádia.

- Não existe o melhor. Existe o ser humano que deve procurar a sua melhora em qualquer religião, culto ou seita.

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro






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07/12/2016

O Orgulho na Visão de Jurema das Matas

De toda a sorte, aprendi com a vida o valor exato do orgulho. É o orgulho que nos dá o reconhecimento do que somos e podemos, desde que não nos deixemos envenenar pela soberba, a presunção e a arrogância. Quando isso acontece, nós decaímos, mais uma vez, pelas veredas da ilusão e nos atribuímos uma importância maior do que qualquer um pode ter nesse mundo de enganos.

Ninguém que habite este planeta está em condições de merecer o título de melhor, supremo ou absoluto. Ninguém. Somos todos partes do Um, que não se fragmenta nem se divide, apenas se irradia em diferentes direções. E todas essas centelhas, um dia, inexoravelmente, tornarão à fonte da qual partiram para resplandecer numa única flama de amor.

Se é assim, então, por que perder tempo alimentando o orgulho que destrói, que invalida e engana? Basta olharmos a natureza para percebermos o tamanho da nossa pequenez. Que arrogância é essa que nos faz pensar que somos absolutos, quando o desconhecido ainda ocupa a maior parte de nossas vidas? Como pode alguém que conhece tão pouco do universo pretender ter a última palavra no sentido da verdade?

E o que é a verdade senão aquilo que nosso coração sente como a resposta indizível ao nossos questionamentos mais profundos?

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro






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01/12/2016

Vestes Brancas e Coloridas na Umbanda


(...) - Por que temos que nos vestir de branco? - Perguntou Jonas.

- Porque o branco, além de representar a paz, a pureza e a perfeição, possui a vibração da luz que contém todas as cores. O branco é luminosidade que penetra até a alma, tornando-nos mais alegres e renovando-nos para a vida. Facilita a nossa relação com o mundo externo, retirando-nos do isolamento de nossos sentimentos. E nada melhor do que igualar a todos nessa vibração de pureza. Vestidos de branco, estamos todos iguais, evitando comparações de quem é melhor ou pior.

- Quer dizer então que os centros que utilizam roupas coloridas estão errados? - indagou Lilian.

- Eu não disse isso. Nada no mundo está errado, e nós não somos ninguém para fazer um julgamento desse tipo. Isso seria leviandade da minha parte. O que eu disse foi que aqui, na nossa casa, a opção foi por igualar a todos na pureza do branco. Existem lugares que prezam as diferenças individuais, porque isso é importante para o tipo de trabalho que desenvolvem, e deve ser respeitado, assim como desejamos que respeitem o nosso culto.

- Mas isso não sugere uma superioridade da nossa casa em relação às demais? - insistiu Lilian.

- Não. Sugere apenas que cada um tem os seus métodos próprios. Essa distinção entre superior e inferior está somente no coração dos orgulhosos.

(...) Mas estas vestes coloridas não despertam a vaidade de certa forma? - perguntou Nádia.

- A vaidade, como tudo mais, habita o coração de cada ser. Quando falo em vaidade, refiro-me àquela que é daninha, que nos faz crer que possuímos algo que nos diferencia dos demais por sermos melhores, diferentes ou especiais. Essa deve ser combatida. Mas há aquela vaidade que brota do reconhecimento dos nossos valores e do nosso desejo de estar bem. Essa é apenas fruto do valor pessoal que cada um deve estimular em si.

- Certo. Mas a utilização de vestes coloridas não faz nascer justamente esse sentimento de que se é melhor do que os outros?

- A utilização de vestes coloridas pode estimular a vaidade de quem a tem, assim como pode despertar o gosto pela beleza naqueles que apreciam o que é belo. Pode também servir de facilitador para a incorporação das entidades não por elas, mas pelo médium, que ainda necessita de artifícios para abrir o seu canal de comunicação com o mundo astral.

- Mas como saber o que vai no coração de cada um? - interessou-se Silmara.

- Não sabemos. Cada um é que sabe de si, quando sabe. Como as vestes coloridas podem representar uma faca de dois gumes, nós da Umbanda preferimos não arriscar. As almas que vêm a nós tentam vencer as suas dificuldades, e a vaidade pode ser uma delas. Então, por que dar a esses a oportunidade de exercitar um sentimento contra o qual estão tentando lutar?

- Para testá-los - sugeriu Gilda.

- A vida não cria armadilhas. E todos os testes só são aplicados depois de aprendida a lição. Ora, se os que aqui estão vieram aprender, por que iríamos testar antes de estarem preparados?

A Umbanda é uma escola que prepara para a vida, e os testes, se é que assim podemos chamá-los, surgem naturalmente na convivência do dia a dia. Não é preciso provocá-los para ver cair aquele que ainda não está firme na sua convicção.

Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro






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30/11/2016

Livro: Jurema das Matas

Livro excelente! Aborda sobre reencarnação, lei do carma, Umbanda, Zélio de Moraes, enfim, grande contribuição para o entendimento dos valores da Umbanda e dos valores da alma, que são aprendidos pelo amor ou pela dor nas constantes oportunidades nos dadas por Deus para o nosso aperfeiçoamento como espíritos eternos. A Tulca se identifica com os ensinamentos aqui contidos, pois quem nos conhece lembrará, aqui, um pouco da nossa Doutrina, que nos foi ensinada pela espiritualidade que sempre nos assiste. Abaixo seguem alguns valiosos detalhes do livro, escritos por quem melhor pode traduzi-los: a própria autora, Mônica de Castro, inspirada pelo espírito Leonel. Em breve postaremos outros trechos do livro. Boa leitura!

Blog Tulca



Livro Jurema das Matas / Leonel - Mônica de Castro


"A visão estreita do mundo ainda faz com que os olhos do homem 
permaneçam fechados, mesmo quando a luz da verdade desponta 
diante dele, quase a ofuscar-lhe a mente nebulosa.


Pouco se sabe a respeito das entidades que se dispõem a trabalhar nos círculos espirituais da Umbanda. Muitas histórias são ouvidas, algumas envoltas em mistérios e superstição. O preconceito e a ignorância ainda pairam sobre esses seres, em sua maioria abnegados instrutores dotados de inteligência extrema e imensurável amor pela humanidade.

Jurema das Matas é assim. Com inigualável simplicidade e franqueza, desvenda quatro de suas encarnações, na tentativa de mostrar como o ser humano se ilude com falsos valores de conquista e poder. Da trajetória sangrenta e sofrida, surge uma criatura dócil e infinitamente sábia, disposta a compensar seus desequilíbrios com o auxílio desinteressado aos irmãos de caminhada que formam a família humana.

É uma lição para todos nós, acostumados a eleger favoritos em função da vestimenta sutil com que se apresentam no mundo da matéria. A escolha do espírito que anima esta história foi a da humildade para, através do exemplo, reafirmar em nós a crença de que somos e seremos sempre iguais.”


Leia um trecho do livro:

“Sem nada dizer, Soriano saiu atrás de Alejandro, seguido por mais alguns marujos. Caminharam o mais silenciosamente possível, atentos a qualquer movimento na selva. Finalmente, encontraram um poço de água potável e puseram-se a encher as vasilhas, em estado de alerta constante, como se esperassem que, de uma hora para outra, uma horda de índios se atirasse sobre eles.

– Estamos muito próximos do povoado deles – comentou Soriano, indicando com o queixo as enormes construções.

– Não se preocupe – tranquilizou Alejandro. – Eles não sabem que estamos aqui e, além do mais, temos as nossas armas.

– Eu não teria tanta certeza.

Havia tremor na voz de Soriano, e Alejandro acompanhou o seu olhar assustado. Parados alguns metros adiante, alguns indígenas os fitavam imóveis. Instintivamente, Alejandro apertou o cabo de seu mosquete. Como da outra vez, os nativos se aproximaram, risonhos e amistosos, puxando os espanhóis pelas mangas das túnicas, rodeando-os como se farejassem a presa antes de devorá-la. Apesar da linguagem incompreensível, os dedos, apontando na direção da cidade, deixavam claro o desejo de que os seguissem até lá. Alejandro, desconfiado, olhou para Francisco, mas este já se havia posto em marcha ao lado dos índios, com o restante dos homens atrás deles.

– O que ele está fazendo? – sussurrou Soriano, apavorado. – Já não basta o que nos aconteceu da outra vez?

– Fique quieto! – censurou Alejandro. – Francisco sabe o que faz.

A cena parecia se repetir. Os espanhóis caminharam pela floresta com os índios ao redor, gesticulando e rindo guturalmente. Ao adentrarem o povoado, os sólidos e já conhecidos edifícios se descortinaram, seguidos de mais e mais ídolos diabólicos.

– Isso me dá calafrios – observou Soriano, acercando-se mais de Alejandro.

– Você ainda não viu nada – retrucou o outro, estacando com ar aterrado.

Surgiu à sua frente uma figura singular. Vestido numa espécie de túnica branca, um homem de cabelos negros e respingando sangue segurava nas mãos um facão igualmente ensanguentado. Atrás dele, sobre um altar de pedra parcialmente visível, jazia inerte, numa poça de sangue, um corpo retalhado e sangrento.

– Jesus Cristo! – exclamaram muitos.

– Mas o que é isso? – horrorizou-se Soriano.

– Parece que o nosso amigo acabou de praticar um sacrifício humano – constatou Alejandro, lutando entre o terror e o pânico.

– Ele está todo ensanguentado!

Todos olhavam para Francisco, esperando que ele tomasse alguma atitude, mas o capitão parecia tentar entender-se com o macabro sacerdote.

– Acho que não está adiantando – constatou Alejandro.

O sacerdote falava estranhas palavras e gesticulava para os muitos guerreiros que acompanhavam o encontro. Mais que depressa, os índios se juntaram, apontando as lanças e fitando o grupo com olhar hostil e ameaçador. Alguém acendeu uma fogueira, e o sacerdote deu prosseguimento ao seu bailado gutural, apontando ora para fogo, ora para os espanhóis, ora para os guerreiros, que emitiram um grito de guerra assombroso.

– O que é isso agora? – horrorizou-se Soriano.

– Acho que ele quer dizer que, se não partirmos até o fogo se extinguir, vai lançar seus guerreiros sobre nós.

– E o que Francisco está fazendo? – desesperou-se. – Por que não vamos logo embora?

– Será que ele enlouqueceu e vai combater esses demônios?

Dessa vez, até Alejandro estava com medo. Enfrentar aqueles guerreiros seria quase suicídio. Os homens começaram a se apavorar, ameaçando dar meia-volta e fugir, mas Francisco permanecia parado, na esperança de fazer-se entender.

– Vamos embora, capitão – falou um dos homens mais próximos. – Por Deus, não podemos mais continuar aqui. Se tem amor a nossas vidas, vamos voltar aos navios!

Ainda defronte ao sacerdote, Francisco ensaiou mais alguns gestos, tentando um entendimento, mas o olhar feroz do outro o convenceu a partir.

– Vamos recuar – ordenou ele, com a voz mais calma que conseguiu entoar.

Sem se virar, os homens foram recuando e, passo a passo, tomaram o caminho de volta. Só quando já se encontravam fora das vistas dos guerreiros foi que se viraram de frente e puseram-se a andar, quase a correr.”



SOBRE O LIVRO JUREMA DAS MATAS

Levar o conhecimento a respeito da Umbanda é um dos objetivos desse livro, mas não o único nem o principal. Jurema, esse espírito iluminado e incansável na propagação do bem, nos mostra como devemos lidar com as nossas encarnações, com o intuito de nos valorizarmos e trazer para nossas vidas momentos de maior felicidade.

O espírito de Jurema, e a falange que ela representa, retira sua força da natureza, das florestas e rios que existem por toda parte no nosso planeta. Tudo é energia, todas as coisas vibram numa intensidade própria, captando e dispersando fluidos na nossa atmosfera. Toda vez que entrarmos em lugares onde a mata impera, ali estará a essência de Jurema e dela poderemos absorver o melhor para nossas vidas. Em qualquer lugar, no Brasil ou não, essa energia está disponível para quem quiser acessá-la. Basta ligar-se a ela através do pensamento, para sentir o bem-estar e a paz de sua iluminação. Jurema é a própria mata em toda sua quietude e vida, guiada pela energia da natureza que ali tem o seu domínio.

A finalidade do livro, além de desmistificar alguns preconceitos que giram em torno da umbanda, tem um objetivo mais profundo, que toca a alma de cada leitor. Umbanda, catolicismo, kardecismo, candomblé… Somos todos um só, e a religião que busca despertar Deus no coração de seus seguidores está agindo conforme Seus princípios. Mas a verdadeira e única religião há de ser a do amor, porque, sem ele, não há esperança para a humanidade nem meio de se alcançar a elevação. Somente chegará ao Alto o ser que já compreendeu isso e que usa de sua existência para cultivar e cativar amor. Esse patamar, alcançaremos através das oportunidades que a reencarnação nos oferece.

E é justamente isso que o livro aborda: o poder regenerador da reencarnação. A reencarnação é a maior chance de renovação que possuímos. A cada final de existência, Deus nos acena com a esperança de refazer nossas atitudes, através de nova existência no planeta. É através da reencarnação que experienciamos a vida, usufruímos das nossas conquistas e tentamos, incansavelmente, modificar o que ainda não se encontra adequado a um mundo de amor. É através dela que sentimos que nada está perdido e que sempre teremos uma nova chance, seja nesse planeta ou em outro. O que precisamos, agora, é aproveitar a última chance que o universo nos concedeu para assegurar o nosso direito de permanecer aqui, neste mundo tão lindo.

Foi por gratidão às inúmeras oportunidades de reencarnar que o espírito de Jurema permitiu ao Leonel que nos trouxesse a sua história, para que servisse de exemplo a todos nós. O exemplo que fica não é o do sofrimento, mas o da persistência, da fé, da humildade, do amor. Jurema não se limitou simplesmente a viver, mas viveu com intensidade cada momento que lhe foi concedido para sua melhora. O que ela pretende nos mostrar com tudo isso? Que devemos sempre buscar no passado a razão para os nossos sofrimentos? Que sofremos porque fizemos algo de ruim no passado? Que passado e sofrimento estão intimamente ligados? Não exatamente.

Não precisamos mais nos prender ao passado para desvendar o presente nem assegurar um futuro melhor. Precisamos, sim, compreender que estamos num processo constante de aprimoramento e, com isso, somos convidados a oferecer o nosso melhor. No atual estágio do espiritismo e do espiritualismo, não há quem não saiba que toda causa gera uma consequência e que estamos todos, inexoravelmente, sujeitos à lei de causa e efeito. Sabemos também que, se passamos por determinada dificuldade no presente é porque, lá atrás, existe uma sucessão de incidentes que nos fez reavaliar nossas ações e tentar imprimir a esta vida um novo rumo. Estamos todos cientes de que o sofrimento de hoje foi originado pelo nosso desequilíbrio de ontem.

Em razão disso, não temos mais a necessidade de tentar descobrir o que fizemos em outra vida, se fomos ruins, levianos, assassinos, traidores… não importa. O que fizemos está feito, não tem como desfazer na nossa dimensão atual. O tempo que ficou para trás somente poderá ser alterado em outro universo, ao qual a nossa essência de agora não tem acesso. Portanto, deixemos o passado onde está e concentremo-nos no presente, com vistas ao nosso futuro. Ao invés de nos preocuparmos com coisas ruins do passado, devemos dar mais importância a tudo o que aprendemos a fazer de bom. Ao mesmo tempo em que cometemos muitos desvarios, conquistamos valores importantes também, e é neles que devemos nos mirar quando buscarmos justificativas para nossa vida atual.

Lembremos que o novo acontece a todo instante, e se nos desapegarmos do que é velho, abriremos espaço na nossa vida para coisas novas que realmente valem a pena. Vamos nos acostumar a pensar positivamente, a imaginar as encarnações passadas como etapas vencidas, superadas, que serviram para construir as coisas boas que conquistamos hoje. É isso que a Jurema tentou nos mostrar, para que nos acostumemos a cultivar os bons momentos, a dar importância aos fatores positivos, a nos espelharmos nos nossos próprios valores. É com eles que ingressaremos no novo mundo que nos aguarda, em uma Terra renovada, onde a paz e o respeito serão recorrentes na vida de todos nós e onde não haverá mais espaço para o mal e suas consequências.

O que é velho merece o nosso respeito porque foi o que nos ajudou a ser o que somos hoje. Mas o novo é sempre belo, traz esperança, leveza e alegria. Provoca sempre um sorriso ou uma lágrima de admiração e gratidão pelo milagre de viver. Ou será que alguém duvida disso?

Mônica de Castro
Blog Movimento e Crescimento



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20/11/2016

Mais um Relato Sobre a Origem da Umbanda no Brasil

Mais um Relato Sobre a Origem da Umbanda no Brasil

No início do século XX, muitos guardiões receberam nova incumbência. Todo o grande Oriente os convocou. As reuniões iriam acontecer por todo o astral do Brasil em auxílio dos guardiões dos panteões africano e indígena no novo ritual do culto à natureza que iria desabrochar por todo o País.

Os indígenas estavam desaparecendo com a supremacia dos brancos, e os negros, oriundos da África, escasseavam, dando lugar aos europeus que aqui aportavam.

Todo o potencial místico acumulado tinha de ser direcionado para um ritual de ligações com a natureza, tanto indígena como africana.

Nós nos envolvemos a fundo no novo ritual do culto à natureza. A espiritualidade era tabu entre as grandes populações que se aglomeravam nas cidades.

Cada guardião entrou com todos os seus auxiliares. Cada um formou uma estrutura de trabalho adaptada não a mestres iniciados, mas a pessoas comuns que já haviam reencarnado aos milhares. Eram espíritos de negros e índios já educados na imortalidade da alma, no mistério das reencarnações e na lei do carma.

Os europeus ainda estavam na pré-história do mundo espiritual. Só alguns tinham contato com o mundo espiritual e ainda da forma científica, não mística. Era um empecilho aos mestres da Luz no derrame de espiritualismo que tinham iniciado com o reencarne maciço de negros e índios em corpo branco.

Milhares de iniciados na origem, espalhados por todo o planeta, uniram-se no novo ritual de culto à natureza, que nada mais era que a união do ritual africano e do indígena adaptados a uma sociedade católica apostólica romana tradicional.

Por que o lançamento do novo ritual de massa? Muito simples! Os europeus que aqui aportaram já há alguns séculos trouxeram consigo legiões de demônios que os tinham como joguetes bem controlados. A ambição, o ódio, a inveja e a crueldade eram as portas das trevas que eles abriam com muita competência, graças ao mental eivado de ligações malígnas.

Aqui aportaram muitos magos reencarnados que se infiltraram em certas irmandades e, após terem certos mistérios das trevas à mão, não impediam que as portas do inferno fossem abertas para usá-lo em seus objetivos obscuros.

Tudo isso, mais o preconceito espírita, impedia que se combatesse o mal no plano terrestre. Muitos negros tentavam como podia, mas tinham o agravante de serem negros e pouco valorizados.

Então veio a ordem do sétimo plano ou sétima esfera. A ordem foi direta e incisiva: Que o dom do oráculo desperte de forma maciça. Não importa como, mas façam-no despertar!

E cada iniciado na origem formou sua falange de auxiliares à direita e à esquerda. O maior combate teria início. Eu entrei com milhares de amigos que havia um dia tirado das trevas e enviado à Luz. Formávamos a falange de luz da Estrela Guia. Onde houvesse alguém com o nome Estrela incluído no seu, lá estava eu. Havia Estrela do Mar, Sete Estrelas, Estrela Matutina ou da Manhã, Estrela da Noite, Estrela Azul, Estrela Dourada, etc. Esta tinha sido a contribuição dos meus amigos ao nascente ritual do culto à natureza: a Umbanda. Era a reunião dos sete pontos de força da natureza sob o comando dos magos, mestres, sábios, iniciados e sacerdotes que ainda se lembravam, sabiam como e ousavam iniciar uma nova religião, tão antiga quanto a própria humanidade.

O ritual do culto à natureza é uma tentativa de reunião dos sete símbolos sagrados em um só movimento religioso. O Grande Oriente Luminoso entrou com o apoio logístico e seus servidores mais aptos ao novo ritual. O panteão africano, com as suas divindades ancestrais já incorporadas ao mental de milhões de espíritos, e os indígenas, com o seu culto puro à natureza e toda a sua mística.

Nós, os iniciados da origem, não a negávamos e combatíamos os magos negros, feiticeiros e todos os outros com nossa tenacidade habitual. Eu não era o ente incorporante. Minha função era dar apoio a todos os meus comandados que atuavam mediante o dom a incorporação oracular.

Neste movimento, eu incorporei todos os meus auxiliares nas trevas agregando-os às falanges de luz, que era uma forma rápida de resgatarem o pesado carma adquirido no passado, tanto longínquo como recente. Tudo caminhava assim, como caminha hoje e caminhará no futuro. O ritual do culto à natureza é eterno, nunca o eliminarão, ainda que o combatam fortemente.

Os negros criaram a sua linha das almas; os iniciados, a linha do oriente; e os indígenas, a linha de caboclos. Tudo era harmônico, como hoje ainda o é.

Eu reencontrava, no novo ritual, velhos amigos do passado. Nós nos uníamos em grandes agrupamentos na crosta terrestre junto aos pequenos e humildes templos de Umbanda.

Não tínhamos como auxiliares, no plano material, grandes mestres iniciados no ritual, mas, sim, seres humanos com uma vontade imensa de trabalhar em benefício da humanidade como um todo e dos seus semelhantes no particular.

Graças a Deus que continuam assim!

Enfim, tudo caminhava como fora planejado na sétima esfera e colocado em andamento pelas outras seis. Em poucas décadas já superava o espiritismo, o ritual africano puro e outros de origem européia, tais como Maçonaria e Rosa-cruz. A Umbanda abria frentes de ação em todos os cantos do país. Só havia pequenas diferenças de origem funcional ou de linha de força que preponderavam nos trabalhos rituais.

Trecho retirado do livro "O Cavaleiro da Estrela Guia - A Saga Continua" inspirado por Pai Benedito de Aruanda a Rubens Saraceni, no ano 2004.




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