Um estudo inovador conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) identificou possíveis alterações genéticas em médiuns, sugerindo que a mediunidade pode ter uma base biológica. A pesquisa, publicada no Brazilian Journal of Psychiatry, foi liderada pelo professor Wagner Farid Gattaz, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e realizada entre 2020 e 2021.
Os pesquisadores analisaram o perfil genético de 54 médiuns e compararam com o de 53 familiares de primeiro grau que não apresentavam habilidades mediúnicas. Todos os participantes pertenciam a tradições ligadas à umbanda ou ao espiritismo. Os resultados revelaram a presença de milhares de variações genéticas exclusivas nos médiuns, com destaque para genes associados ao sistema imunológico e inflamatório, além de um gene relacionado à glândula pineal, frequentemente mencionada em estudos sobre consciência e espiritualidade.
Para garantir que os achados não fossem apenas fruto de influências sociais ou culturais, a equipe comparou os médiuns diretamente com seus parentes. A análise focou no exoma, a parte do DNA responsável pela codificação de proteínas. A pesquisa também investigou a saúde mental dos participantes, concluindo que não havia diferenças significativas na prevalência de transtornos psicológicos entre médiuns e não médiuns, embora os primeiros apresentassem maior sensibilidade perceptiva.
O estudo não determina que a mediunidade seja exclusivamente genética, mas sugere um caminho promissor para futuras pesquisas. Os cientistas esperam que essas descobertas incentivem novas investigações sobre os aspectos biológicos e neurológicos envolvidos na mediunidade, ampliando o entendimento científico sobre o fenômeno.
O estudo não se concentrou em um único tipo de mediunidade, mas analisou médiuns que praticavam regularmente e eram reconhecidos por sua precisão. No entanto, os pesquisadores destacaram que os participantes pertenciam a tradições como umbanda e espiritismo, onde a mediunidade se manifesta de diversas formas, como incorporação, psicografia e clarividência. A pesquisa não especifica se um tipo de mediunidade foi mais prevalente entre os voluntários, mas buscou identificar padrões genéticos comuns entre eles.
Pesquisado por Ednay Melo
Fontes:
- Brazilian Journal of Psychiatry – Periódico onde o estudo foi publicado.
- Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) – Instituição responsável pela pesquisa.
- Pesquisadores citados – Wagner Farid Gattaz (coordenador do estudo) e Alexander Moreira-Almeida (pesquisador da UFJF, coautor).
- Site oficial do IPq-HC
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