Na Umbanda, os baluartes são figuras de grande relevância, pessoas que dedicaram suas vidas à propagação e preservação da religião. Essas personalidades contribuíram significativamente para o fortalecimento da Umbanda, seja através de seus ensinamentos, fundação de terreiros ou trabalho incansável na divulgação dos princípios e fundamentos da religião.
Os baluartes da Umbanda não se limitam apenas às figuras mais históricas e amplamente conhecidas, mas também incluem pessoas que, de forma regional e em diversas comunidades, dedicaram suas vidas ao fortalecimento e à prática da religião.
Essa pesquisa tem por objetivo apresentar as personalidades mais reconhecidas, cujas contribuições foram mais amplamente divulgadas, mas sabemos que muitos foram e são importantes para o fortalecimento da umbanda, independente da vertente seguida, mas que grandiosamente se mantiveram ou se mantêm no anonimato, preservando um dos pilares da religião que é a prática da caridade desinteressada e divulgação da religião desprovida de ganhos pessoais.
Algumas das figuras mais reconhecidas como baluartes da Umbanda incluem:
1) ZÉLIO FERNANDINO DE MORAES
(São Gonçalo, 10 de abril de 1891 - 3 de outubro de 1975)
Considerado por uns o fundador da umbanda, e por outros o anunciador da umbanda como forma de culto.
Foi o médium que, em 1908, deu início à manifestação organizada da religião, através da incorporação do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Ele fundou a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, sendo um dos pioneiros a definir os princípios e a doutrina da Umbanda.
A história de Zélio de Moraes como precursor da umbanda está sendo revista e muito criticada por pesquisadores contemporâneos, que alegam o fato de tentativa de embranquecimento da religião, quando se nega que a Umbanda já era praticada por negros oriundos da África e seus descendentes em solo brasileiro, entregando a primazia da religião afrobrasileira a um homem branco.
Alguns dos Terreiros precursores da Umbanda de Zélio de Moraes, fundados entre 1888 e 1907:
1. O terreiro do senhor Nicanor (Costa Barros, Rio de Janeiro, RJ, 1890)
2. O terreiro do senhor Olímpio de Melo (Magé, RJ, 1904)
3. O terreiro da senhora Cândida (Neves, São Gonçalo, RJ, em ou antes de 1907)
Porém, é inquestionável a importante contribuição de Zélio de Moraes e do Caboclo das Sete Encruzilhadas, no que se refere à organização e divulgação dos princípios básicos da Umbanda.
1. O terreiro do senhor Nicanor (Costa Barros, Rio de Janeiro, RJ, 1890)
2. O terreiro do senhor Olímpio de Melo (Magé, RJ, 1904)
3. O terreiro da senhora Cândida (Neves, São Gonçalo, RJ, em ou antes de 1907)
Porém, é inquestionável a importante contribuição de Zélio de Moraes e do Caboclo das Sete Encruzilhadas, no que se refere à organização e divulgação dos princípios básicos da Umbanda.
2) LEAL DE SOUZA
Antônio Eliezer Leal de Sousa (Nasceu em Santana do Livramento em 24 de dezembro de 1880 e faleceu no Rio de Janeiro em 01 de novembro de 1948)
Foi um jornalista, poeta, crítico literário e religioso brasileiro. Autor do primeiro livro a abordar em específico a Umbanda.
Lançou em 1925 o primeiro livro sobre umbanda, intitulado No Mundo dos Espíritos, em que relata um inquérito realizado nos centros espíritas e terreiros do Rio de Janeiro, durante um ano, bem como detalhes sobre sua ligação com Zélio de Moraes e a Tenda Nossa Senhora da Piedade. Sua segunda obra, O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda, é no entanto a primeira a detalhar aspectos fundamentais da umbanda, a exemplo das sete linhas brancas e os orixás, numa época em que era uma heresia falar sobre o assunto, pois tudo a respeito era considerado “macumba”. A iniciativa valeu-lhe então o mérito de “precursor de um ensaio de codificação” da umbanda.
Leal de Souza fazia parte do círculo literário de Olavo Bilac, Alcides Maya, Humberto de Campos, e outros baluartes da literatura brasileira. Como espírita, entrou para a história das religiões como o primeiro escritor umbandista.
3) BENJAMIN FIGUEIREDO
(26 de dezembro de 1902 - 3 de dezembro de 1986)
Benjamin Figueiredo foi um dos principais expoentes no movimento pela evolução do culto da Umbanda e pelo reconhecimento das casas umbandistas junto às autoridades de seu tempo.
Começou a se preparar como médium umbandista a partir de 1920 na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade pelas mãos de Zélio Fernandino de Moraes, médium do Caboclo das Sete Encruzilhadas, espírito anunciador da Umbanda no plano terreno.
No dia 13 de março de 1924, fundou a Tenda Espírita Mirim, que trouxe uma ritualística e liturgia própria para a Umbanda, a chamada Escola da Vida, fonte de inspiração seguida por diversas tendas por todo o país.
Durante a década de 1930, assim como ocorrido com outros líderes umbandistas, acabou sendo preso algumas vezes, devido à repressão religiosa daquela época. Trabalhou então pela legalização e reconhecimento da religião umbandista. Em 1939, foi um dos fundadores da Federação Espírita de Umbanda.
Ajudou a organizar, em 1941, o Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, onde foram apresentadas várias teses sobre o movimento religioso, incluindo aquela que deu origem ao tão difundido conceito da "Aumbandhã".
Posteriormente, foi também o fundador, em 03 de outubro de 1952, do Primado de Umbanda. Ainda foi incentivador da criação de outras entidades, tais como o Colegiado Espiritualista do Cruzeiro do Sul, o Círculo de Escritores e Jornalistas de Umbanda. Foi também o principal fundador da Escola Superior Iniciática de Umbanda do Brasil, escola esta onde foi Conselheiro Nato.
4) MATTA E SILVA ou Mestre Yapacani -
(Nasceu em Garanhuns-PE - 28 de julho de 1916 e faleceu no Rio de Janeiro em 17 de abril de 1988)Um dos líderes espirituais contemporâneos, é reconhecido por ter fundado a Tenda de Umbanda Oriental, em Itacuruçá, Rio de Janeiro, que se tornou a primeira Escola de Umbanda Esotérica do Brasil.
Em 1956, Matta e Silva publicou a sua obra “Umbanda de Todos Nós (A lei revelada)” que causou grande repercussão no meio umbandista.
Durante sua vida escreveu diversas obras mediúnicas de caráter doutrinário a respeito do que ele mesmo gostava de denominar como Umbanda Esotérica. Seus livros expunham conceitos hermenêuticos e filosófico-científicos sobre sua religião, incluindo críticas ao movimento Umbandista de sua época. Opunha-se a rituais de "magia negra" com animais, bebidas alcoólicas em excesso nos terreiros, práticas diversas de dirigentes e pais de santo, rejeitando a falta de metodologia do movimento Umbandista. Mostrava em suas obras os bastidores dos terreiros e dos portentosos "médiuns magistas" que figuravam na religião, mesmo não sendo esse o seu principal objetivo ao escrever os livros.
Em 1967, assumiu a presidência da União de Tendas Espírita de Umbanda e, em 1973, encontrou-se com o Papa Paulo VI, no Vaticano. De 1970 a 1973, levou a mensagem da Umbanda brasileira além das fronteiras sul-americanas, indo ao Oriente Médio, África, Inglaterra, Península Ibérica e Itália. Durante os anos 1976 e 1977, assumiu a presidência do Superior Órgão de Umbanda.
Jamil Rachid representou a Umbanda e as religiões afro-brasileiras na Conferência de Cúpula da Paz Mundial para o Milênio, realizada em 28 de agosto de 2000, na sede da ONU, em Nova York. Fundou, ainda, o Vale dos Orixás, em Juquitiba/SP.
Em 1956, Matta e Silva publicou a sua obra “Umbanda de Todos Nós (A lei revelada)” que causou grande repercussão no meio umbandista.
Durante sua vida escreveu diversas obras mediúnicas de caráter doutrinário a respeito do que ele mesmo gostava de denominar como Umbanda Esotérica. Seus livros expunham conceitos hermenêuticos e filosófico-científicos sobre sua religião, incluindo críticas ao movimento Umbandista de sua época. Opunha-se a rituais de "magia negra" com animais, bebidas alcoólicas em excesso nos terreiros, práticas diversas de dirigentes e pais de santo, rejeitando a falta de metodologia do movimento Umbandista. Mostrava em suas obras os bastidores dos terreiros e dos portentosos "médiuns magistas" que figuravam na religião, mesmo não sendo esse o seu principal objetivo ao escrever os livros.
5) JAMIL RACHID
(Nasceu em 12 de janeiro de 1933, em Nova Granada/SP)
Em 1967, assumiu a presidência da União de Tendas Espírita de Umbanda e, em 1973, encontrou-se com o Papa Paulo VI, no Vaticano. De 1970 a 1973, levou a mensagem da Umbanda brasileira além das fronteiras sul-americanas, indo ao Oriente Médio, África, Inglaterra, Península Ibérica e Itália. Durante os anos 1976 e 1977, assumiu a presidência do Superior Órgão de Umbanda.
Jamil Rachid representou a Umbanda e as religiões afro-brasileiras na Conferência de Cúpula da Paz Mundial para o Milênio, realizada em 28 de agosto de 2000, na sede da ONU, em Nova York. Fundou, ainda, o Vale dos Orixás, em Juquitiba/SP.
6) RONALDO LINARES
(São Paulo - novembro de 1935)
Ronaldo Linares é presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, idealizador e criador do primeiro curso de Formação Sacerdotal de Umbanda do país, fundador do Santuário Nacional da Umbanda. Tem atuante papel na comunicação e difusão da Umbanda em todo Brasil.
Como pesquisador, publicou dezenas de artigos em jornais e revistas, concedeu inúmeras entrevistas para TVs e rádios sobre o tema Umbanda e Candomblé e publicou três livros: Jogo de Búzios (Madras, 2008); Memórias da Umbanda do Brasil (Ícone, 2011) e Iniciação à Umbanda (Madras, 2017) estes dois últimos em parcerias com outros escritores.
7) J. B. DE CARVALHO
(Rio de Janeiro - 26 de abril de 1901 - 24 de agosto de 1979)
José Bispo de Carvalho, mais conhecido como J. B. de Carvalho, foi um cantor, compositor e divulgador das tradições afro-brasileiras, especialmente da Umbanda. Na década de 1930.
J. B. de Carvalho fundou o grupo musical "Conjunto Tupi", que se dedicava a cantar pontos de Umbanda, além de músicas tradicionais afro-brasileiras. Seu trabalho foi pioneiro ao trazer a música umbandista e os pontos cantados para um público mais amplo, promovendo a cultura religiosa e espiritual da Umbanda através da arte. Com uma carreira de sucesso, ele contribuiu significativamente para a popularização dos cânticos e rituais da Umbanda, ajudando a legitimar a prática em um momento em que a discriminação contra as religiões de matriz africana era intensa.
Muitos dos pontos mais conhecidos e cantados em terreiros pelo país inteiro são de sua autoria. Para se ter uma ideia, são mais de 150 músicas como autor e aproximadamente 220 como intérprete.
8) TANCREDO DA SILVA PINTO
(Cantagalo, 10 de agosto de 1904 - 1 de setembro de 1979)
Foi um dos principais nomes da Umbanda no século XX.
Em 1950, fundou a Federação Umbandista de Cultos Afro-Brasileiros para resistir às grandes perseguições que a Umbanda sofria em diversos Estados brasileiros. Fundou Federações nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco, entre outras, objetivando organizar e dar maior respeitabilidade e personalidade aos cultos afro-brasileiros.
Recebeu em Sessão Solene na Câmara Estadual do antigo Estado da Guanabara e também da Câmara Municipal de Itaguaí, o título de Cidadão Carioca, pelos serviços prestados em favor do povo umbandista. Tancredo escreveu mais de trinta obras literárias divulgando a Umbanda.
Fundou a Confederação Umbandista do Brasil, usando parte do pagamento recebido pelo direito autoral do samba “General da Banda”, gravado por Blecaute e ajudou a fundar em outros estados outras federações umbandistas para defender os direitos dos cultos afrobrasileiros.
Segundo Tancredo da Silva Pinto, a primeira sociedade umbandista criada para defender os direitos dos umbandistas no Rio de Janeiro e no Brasil foi a União Espiritista de Umbanda do Brasil, fundada em 1941. Segundo ele, naquela época, devido às perseguições policiais, os cultos eram acompanhados por bandolim, cavaquinho e órgão, por que não era permitido tocar tambor (atabaques).
Tancredo da Silva Pinto foi um dos maiores líderes do Omoloko, uma das vertentes religiosas afro-brasileiras, mas também trabalhou incansavelmente pelo reconhecimento da Umbanda. Ele foi responsável por promover a união entre as diferentes tradições afro-brasileiras, sempre com o foco na preservação das raízes africanas e no combate ao preconceito e à intolerância religiosa.
9) PAULO NEWTON DE ALMEIDA
(Rio de Janeiro - 14 de novembro de 1939 - julho 2018)
Advogado, médium, estudioso de filosofias da espiritualidade, espiritualista, Babalorixá de Umbanda, radialista, redator, escritor, idealizador, fundador e presidente do templo umbandista A Caminho da Luz.
Da década de 1970 até seu falecimento em julho 2018, apresentou na Rádio Guanabara, emissora pertencente à Rede Bandeirantes do Rio de Janeiro, o programa "A Caminho da Luz", dedicado ao espiritualismo em geral, à Umbanda e à Umbanda esotérica em particular.
Também atuou nas Rádios Copacabana e Manchete. Ainda na década de 70, trabalhou como redator responsável pela revista "A Caminho da Luz", voltada aos mesmos temas e que se podia encontrar em bancas de jornal.
10) DIAMANTINO FERNANDES TRINDADE
11) PAI JURUÁ
Paulo Rogério Segatto (06 de setembro de 1956 - maio 2020)
Seu valor foi reconhecido através dos sentimentos de admiração que despertou e no exemplo daquilo que fez em contribuição aos anseios da Espiritualidade: divulgação da doutrina; auxílio aos necessitados e transformação íntima das pessoas.
Em 2011, fundou oficialmente a Umbanda Crística, doutrina adotada pelo Templo da Estrela Azul e outras casas que também a aplicam. Nesta doutrina, implantou todos os ensinamentos recebidos desde a infância e resgatou todos os preceitos da Umbanda anunciada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, incluindo tudo o que é crístico, pautado na razão e no bom senso.
12) RIVAS NETO
Francisco Rivas Neto (São Paulo, julho de 1950 - Itanhaém, 25 de maio de 2018)
Foi um médico e religioso brasileiro. Fundou a Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino (OICD), instituição que dirigiu de 1970 a 2018.
Era conhecido como babalorixá Rivas Ty Ògìyàn no candomblé e Mestre Arhapiagha na umbanda e na encantaria.
Teólogo afro-brasileiro, teve várias obras publicadas, com reedições e reimpressões, principalmente sobre a umbanda. Foi também o fundador da primeira faculdade de teologia com ênfase em religiões afro-brasileiras, a Faculdade de Teologia Umbandista (FTU) - um marco para a sociedade acadêmica e o povo afro-brasileiro, além de organizador do "Congresso Brasileiro de Umbanda do Século XXI", evento anual que ocorreu durante cinco anos consecutivos (2008-2012).
***
Essas personalidades, com suas contribuições distintas e dedicadas, ajudaram a moldar o reconhecimento, a prática e a preservação da Umbanda no Brasil, enfrentando desafios e promovendo o respeito por essas tradições em um contexto de discriminação e intolerância. Cada uma, à sua maneira, deixou um legado que continua a influenciar e inspirar as futuras gerações.
Essas figuras, cada uma com sua trajetória, representam a diversidade e a riqueza da Umbanda em suas diferentes manifestações e regiões. Seus exemplos de vida e dedicação são fundamentais para o entendimento da Umbanda moderna, que continua a se expandir e a ser praticada em todo o Brasil. Ao celebrar essas personalidades, valoriza-se também o papel de cada médium, dirigente e praticante que, de forma individual, contribui para a força e a continuidade da religião.
Por Mãe Ednay - Dirigente da Tulca
Referências:
- Wikipédia
- Ordem iniciática do tríplice caminho
- A gazeta news
- Templo Estrela Azul
- Santuário Nacional da Umbanda
- Espiritualidade e Sociedade
- A Força Mágica da Mediunidade na Umbanda - Jamil Rachid - Masdras
- Antônio Eliezer Leal de Souza - Diamantino Trindade - Editora do Conhecimento
- Registros de Umbanda
- Imagens da internet
P.S. A personalidade aqui mencionada que não concordar com o artigo, entre em contato através do e-mail tulcarecife@gmail.com, para retificação ou retirada imediata do seu nome.
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