Teu filho gestado por tuas mãos, do barro que Nanã ofertou para que dele o homem fosse animado, pelo teu hálito que nos envolve qual manto sagrado, veste sem mancha de um rei ornado de prata, inclino-me na terra e saúdo o ventre de minha origem, o Orum onde moras.
Senhor da brancura que nos guia com teu Opaxorô – teu cajado que como uma lança quebra os tropeços do caminho. Tu que olhas pelo fado do homem antes mesmo dele na terra os pés firmar, animai meu espírito com a tua sabedoria.
Vendo Airá o tomar em seus ombros, alquebrado por tua velhice e tuas dores, choro em silêncio quando os atabaques tocam em tua honra, tudo se faz lento e quebra nossa vã pressa, ao toque Igbin em que vens sobre a terra ouvir os teus; sinto como se vencesses o tempo em minhas necessidades, sendo Velho, dentro de ti o amparo me vem como de um guerreiro, diante de tua palavra forte como uma espada tremem meus inimigos; sendo Moço me aconselhas como um sábio, e me restaura como barro novo em tua paz.
Como a terra árida germina sob a chuva, minha mente brota um canto em que se enraíza uma prece humilde, sob tua presença e teu olhar do qual furtar-me não posso.
Senhor da colina, que como tu meus pensamentos sejam elevados, que como tuas alvas vestes sejam meus atos, limpos de qualquer mácula de orgulho ou falsidade.
Tu que crias com autonomia e tens teus juízos ocultos aos olhos dos viventes, olhai por minha pequenez para que em tua face busque sempre a justiça enquanto sobre mim repousar teu manto aberto.
Epa, epa, Babá!
A.D.
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