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24/02/2023

História de um Obsessor

História de um Obsessor


Estou nessa Colônia faz muitos anos. Desencarnei com vinte e oito anos. Um amor não correspondido me levou à depressão. Eu não me conformava que Aline tivesse terminado o noivado de anos sem uma aparente razão.

Antes de conhecê-la, sempre fui muito esforçado. Comecei a trabalhar cedo, tinha respeito pelos meus pais, por que Aline me deixou? O que foi que eu fiz de errado? Eu a amava muito e ela simplesmente disse: não quero mais me casar com você, não insista. E foi embora.

Chorei feito criança. Mamãe me consolava e me aconselhava.

- Por quê mãe ela me deixou? O que eu fiz?

- Meu filho, as pessoas tem o direito de escolher o caminho que querem trilhar. Não desanime!

Eu até tentei, mas perdi o ânimo, não me alimentava direito e uma anemia muito forte me levou ao desencarne.

Quando me vi fora do corpo pensei:

- Que experiência incrível! Posso ir para onde eu quiser!

Meu padrinho Geraldo veio para me auxiliar e eu não aceitei. Disse a ele:

- Tenho assuntos a resolver, não posso ir com você.

Ele me aconselhou mas eu não quis ouvi-lo. Me sentia fraco e mesmo assim comecei a procurar Aline desesperadamente. Fui na casa de todos os parentes e conhecidos que conheci quando noivei com ela. Quando entrei na casa que era da mãe de Aline, estava me sentindo fraco e fui ficando por ali.

Me deitei no sofá pra descansar, não sabia direito como agir sem o corpo físico. Precisava ver Aline, onde ela está?

Um dia ensolarado, a casa estava cheia de visitas e ela, Aline, chegou. Linda e sorridente com o seu novo amor. Todos na casa o receberam muito bem. Ninguém mais lembrava de mim, que fui noivo por seis anos e trabalhei muito guardando as economias para casar, mas não deu tempo.

Chorei quando a vi, estava maravilhosa. Por quê Aline? Por quê?

Fui ficando próximo de Aline e segui o casal até a casa onde moravam, me instalei e dali não sai.

Observava tudo o que ela fazia e com o tempo, fui aprendendo com outros desencarnados, que vagavam como eu e não aceitaram ajuda dos Irmãos de Luz.

Eu não queria o mal de Aline, só queria ficar perto dela. Ela não conseguia me ver mas eu queria que ela me visse. Como posso fazer isso?

Fui para as ruas observar os outros desencarnados, como eles faziam. Fiz amizade com um garoto, ele era esperto e me ensinava:

- Você tem que usar a mente.

- Como assim?

- Me leve até ela que vou te ensinar.

Entramos na casa de Aline, ela estava lavando a louça. O garoto se aproximou e falou na mente dela:

- Aline, você está linda! Lembra de mim? Sou Tobias.

Ela se arrepiou:

- Meu Deus, o que foi isso? Tobias já morreu.

E o garoto foi me ensinando. Depois que aprendi os truques, falava tudo o que queria na mente dela. Fazia ela se lembrar dos nossos momentos juntos e ela lembrava dos abraços e eu sentia toda a emoção e assim fui ficando na casa.

Quando via o marido se aproximar dela eu sentia raiva:

- Ela é minha, você não vai tocar nela!

Eu que sempre fui um homem bom, fui me tornando um Espírito malvado e vingativo.

Para impedir que o marido se aproximasse dela, eu falava na mente dela:

- Ele chegou tarde do trabalho hoje, deve estar com outra mulher mais bonita que você.

E fui fazendo ela ter ciúmes e eles brigarem e assim eu fazia e me sentia vitorioso. Quando ela chorava, eu a consolava, ela não me via mas sentia e eu a envolvia na minha energia de tal forma que com as técnicas que aprendi eu a hipnotizava, criava ilusões em sua mente e isso aprendi com os desencarnados mais experientes, que estavam a mais tempo vagando.

Eu queria que Aline me visse, mas não a minha aparência atual, pois eu estava magro, pálido e feio, então copiei de uma revista o rosto bonito de uma foto e me materializei naquele rosto e apareci para Aline quando ela saía para o almoço.

Quando Aline saía do trabalho para o almoço, eu estava sempre olhando pra ela, só ela me via, os demais que estavam com ela não me viam.

Aos poucos envolvi ela na minha energia a ponto dela acreditar que eu era encarnado. O comportamento de Aline chamou a atenção, estava distante, depressiva, só pensava naquele homem que ela acreditava ser encarnado mas tudo era ilusão da mente.

Eu fiz ela acreditar naquela imagem, pois as sensações que eu provocava em seu corpo físico me faziam feliz. Eu não me dei conta de que se passou anos e eu ali perto dela. Ela estava ficando doente e ela e o marido já não se entendiam mais. Ela passou por psicólogos, psiquiatras, os remédios eram fortes.

Um dia a família dela foi visitá-la e uma mulher me viu no quarto, se arrepiou e correu pra cozinha e disse:

- Tem um Espírito lá no quarto. Eu vi!

Eu me escondi:

- Não vão me tirar daqui de perto de Aline!

Depois desse dia faziam muitas orações para Aline e ela foi se fortalecendo, mas ainda estava depressiva. Pensei:

- Devo agir rápido antes que Irmãos de Luz venham me buscar. Continuava a falar na mente de Aline:

- Veja, você está cansada. Esses remédios não resolvem nada. O seu marido não te ama mais e você está doente. Que graça tem de viver assim?

Eu queria trazer Aline para o mundo onde eu estava vivendo. As orações eram constantes e eu não conseguia mais atuar, precisava da ajuda dos outros desencarnados como eu.

Um dos desencarnados me ensinou a fazer conexão na mente dela, então eu e mais dois outros desencarnados conectamos na mente dela fios de energia que saíam da nossa mente e se ligavam na mente dela, assim ela iria ficar cada vez mais confusa e cada desencarnado enviava mensagens malucas na mente dela.

O marido de Aline, preocupado com o estado físico e mental dela, buscou ajuda espiritual, pois os remédios não faziam mais efeito e ela não falava coisas concretas, não conseguia se concentrar no trabalho, seu olhar era parado e ela chorava constantemente.

Veio até a casa de Aline um padre que orou por ela. Eu só ouvia, depois que o padre foi embora, pensei:

- Venci mais esse!

Muitos outros vieram orar por ela até eu ver o Espírito de minha mãe. Ela me olhou e disse:

- Venha com sua mãe! A sua presença aqui está perturbando todos na casa.

- Não quero ir, Aline é minha! Vá embora daqui!

- Filho, você sempre foi bom e amável, o que está fazendo da sua vida espiritual?

- Não vou embora.

Um dia Aline foi levada para uma clínica e eu fui junto. Lá, várias mulheres passavam nas camas aplicando passes energéticos. Quando chegou em Aline, a mulher me viu, eu me escondi, então ela colocou a mão na cabeça de Aline e foi limpando todas as conexões, fios que ligavam a minha mente doente e desequilibrada e dos dois desencarnados que eu pedia para me ajudarem. A Luz entrava na mente e as conexões foram se desligando da mente dela. O corpo Espiritual de Aline envolvido pela minha energia foi limpando e aquela energia me puxou e também os dois amigos desencarnados e ficamos diante daquela mulher junto com mais Irmãos de Luz. Não podíamos nos mover, tão forte era a energia da Luz.

A mulher que aplicava o passe se desligou do corpo físico e me perguntou:

- O que você sente por Aline?

Respondi:

- Amor!

Ela respondeu:

- Amor não maltrata. Veja o estado de saúde mental que você tem deixado ela! Aceite ajuda e quando terminar o tempo dela na Terra vocês vão se encontrar nas Colônias Espirituais e vão se entender.

Ela estendeu a mão para mim, eu apaguei e acordei em um posto de socorro, eu e os meus comparsas.

Fiquei meses sendo tratado com muita atenção e carinho, me recuperei e fui transferido para a Colônia Rosa Branca.

Quando recobrei os sentidos, o Orientador me chamou para conversar sobre a minha conduta como desencarnado e o que causei para Aline. Depois que eu fui resgatado lá da Terra, da casa de Aline, ela se recuperou totalmente, teve filhos e estava vivendo bem com o marido. Eu estava cego de raiva por não aceitar o término do noivado e o Orientador me explicou porque Aline terminou o noivado comigo: Eu e Aline escolhemos antes de reencarnarmos passar seis anos de noivado e esse ciclo iria se fechar para eu aprender a superar os desafios que trazia no Espírito. A não aceitação dos fatos foi onde caí novamente nas fraquezas. Como é difícil evoluir as nossas fraquezas! Só a Misericórdia Divina para ter tanta paciência e compaixão e permitir que reencarnemos para aprender.

Não sei ainda quando vou reencarnar. Aline já retornou para o Lar Espiritual e já me perdoou. Estou feliz e aliviado com o perdão dela. Só agora entendi o Amor Infinito do Criador e sou muito grato.

Ensinamentos da História de Tobias:

Essa psicografia nos ensina os efeitos negativos da não aceitação de fatos que ocorrem na vida de todos nós.

Por mais desafiante que seja a situação, se pergunte: o que posso aprender com isso? E orar muito para que a energia da oração seja eficaz e para que não sejamos envolvidos pela raiva ou pelo desânimo.

As fraquezas que enfrentamos na vida atual, trazemos no arquivo do Espírito de outras vivências, para curar na vida presente.

Tudo o que vivenciamos é aprendizado para a Evolução do Espírito.

Busque primeiro os recursos divinos para acalmar a alma e seguir na jornada que nós mesmos escolhemos.

Sônia Lopes



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