O que eu Faço no Terreiro - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

O que eu Faço no Terreiro

Publicado em 04/04/2022

O que Eu Faço no Terreiro


O TRABALHADOR UMBANDISTA chega ao terreiro, cumprimenta o Exu da tronqueira e o da porteira bate cabeça no gongá, arruma suas coisas no seu devido lugar e vai ver se tem alguma coisa para ser feita. Procurar ver se está tudo em ordem, se falta papel ou sabão nos lavatórios, verifica se tem água nos bebedouros, se é necessário passar uma vassoura ou passar um pano com água e rodo para deixar limpo o local de trabalho, ou seja, se coloca à disposição de sua casa. Afinal, ela deve estar limpa e dignamente firmada, pois neste dia receberá a visita dos Orixás e Guias. Os enviados de Olodumaré (Zambi, Deus) virão à terra para aplacar as nossas dores, abrir nos nossos caminhos, curar as nossas doenças, retirar um pouco do nosso carma negativo.

Mas, para que isso ocorra, nós temos que estar em sintonia, não somente nosso corpo deve estar limpo, nossa alma deve estar satisfeita, pois seremos a ponte entre o sagrado e o profano, ou seja, os enviados de Olodumaré utilizarão de nosso corpo para fazer a comunicação com nós e nossos irmãos que se socorrem da espiritualidade em busca de uma resposta para as suas dores e problemas.

Mas, ao contrário do que foi dito acima, muitos médiuns chegam ao terreiro cumprimentam o Exu, bate cabeça no gongá e, imediatamente, vão fofocar com outras pessoas, falando e reparando roupas, cabelos, pessoas que estão no terreiro. Falam sobre a vida alheia, até o momento em que o chefe de terreiro os chama para a gira. Ele, o médium, simplesmente entra na fila e pronto: “Agora, estou apto a fazer a minha parte na caridade da umbanda”.

Era melhor que essa pessoa tivesse ficado em sua casa assistindo à novela ou fosse passear no shopping, pois a sua participação nos trabalhos será nula. Tudo de bom que ela poderia proporcionar foi sobreposto pela maledicência da fofoca, pela maldade dos comentários pejorativos sobre seus irmãos ou frequentadores do terreiro.

O pior (tem coisa pior sim) é que essa pessoa é a primeira a falar que a umbanda é ingrata, pois ela sai de sua casa para fazer a caridade e nada mudou na sua vida. Suas dificuldades financeiras, amorosas familiares somente aumentaram a partir do momento que entrou para a macumba.
Como explicar para uma pessoa assim o tempo que ela perdeu vivendo ou reparando a vida dos outros?

Como explicar que esse tempo ela deveria ter gasto com ela, se sentado no solo e pedido ao seu orixá, ou ao orixá do terreiro, que olhasse com carinho as suas dificuldades, que abrisse seus caminhos, que lhe trouxesse um amor de verdade, pois estava cansada de viver sozinho (a)?

Como dizer à pessoa que o momento que antecede os trabalhos é quando mais recebemos cargas positivas de energias de nossos guias e protetores? São nesses momentos que nossos chacras ou centros de forças são alimentados com o melhor que eles podem nos proporcionar. Mas se estamos dispersos ou em baixa sintonia essa energia não nos será ofertada, porque haverá uma barreira natural que se interpõe entre nós e nossos protetores.

Geralmente, os dirigentes espirituais pedem para os médiuns chegarem cedo ao trabalho, em média, uma hora antes do início marcado para a sessão, justamente para que o corpo esfrie e nossos centros de forças se tornem aptos a receber as cargas positivas que nos serão ofertadas.

Senhores e senhoras que trabalham na umbanda, deem a oportunidade para que seus guias e orixás cuidem de vocês. Acalmem seus espíritos, eleve seus pensamentos, feche a sua boca e controle a sua língua. Garanto que muita coisa boa começará a acontecer quando, simplesmente, você fizer a sua parte ao chegar no terreiro, sentar e pedir ao seu guia que lhe ampare e abra seus caminhos.

Orixá ajuda de verdade, acredite, somos trabalhadores da luz, merecemos caminhos melhores, mas para que isso ocorra temos que começar a mudar de verdade.

Salve cada um dos senhores que trabalham na umbanda, meu sincero saravá.


Roberley Meirelles








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