Esse desencontro sempre me incomodou. Afinal, estamos todos no mesmo barco nessa trajetória terrena. Hoje, como no passado, navegamos em águas turbulentas ante a intolerância religiosa e o racismo dos neopentecostais, que satanizam a nossa fé, ou seja, mais um ponto de convergência entre umbandistas e candomblecistas. Ainda assim, falta união e não temos compreensão dos fenômenos distintos que ocorrem nas duas práticas: umbanda e candomblé.
Há algum tempo, busco um texto que ofereça algum esclarecimento sobre a diferença no fenômeno da incorporação que acontece nas duas práticas. Não vejo o artigo abaixo como definitivo, mas ele é um bom começo para explicar a diferença que existe entre umbanda e candomblé. Isso não muda nada nos trabalhos espirituais de um ou outro, mas é mais uma gotinha de conhecimento que podemos adquirir e peça de ferramenta para a compreensão que deve haver entre todas as práticas religiosas de matriz africana. Abaixo o artigo:
Diferença entre incorporação de Guias e transe de orixá:
Na Umbanda ocorre o transe mediúnico. O mesmo é fonte de profundos estudos desde os tempos mais remotos, mas a partir do século 19 muitos pesquisadores da área médica se envolveram com o termo fenomenologia, que surgiu a partir das análises de Franz Brentano sobre a intencionalidade da consciência humana. Vários filósofos fizeram parte dessas pesquisas.
Na psicologia e psiquiatria, estudado por Sigmund Freud com a psicanálise, através dos estudos sobre a histeria, Carl G. Jung e outros o seguiram, Karl Jaspers com a psicopatologia. E a parapsicologia o estudo de alegações de origem supostamente sobrenatural associados à experiência humana.
O pioneiro nos estudos das crenças religiosas dos afrodescendentes no Brasil, Nina Rodrigues, legista e psiquiatra, fez um estudo sobre possessão e histeria nas religiões afro-brasileira. Quero lembrar que Allan Kardec perguntou aos Espíritos se os médiuns, na hora das manifestações, permaneciam num estado especial. Os Espíritos responderam que estavam numa espécie de "crise", tanto que isto gerou o termo "crisíaco".
Mas naquele tempo, a psicologia ainda não usava o termo "transe", que é uma corruptela de uma situação "transacional", que passa de um estado para outro, no caso, de um estado mental. Hoje se sabe que o chamado "transe" é um estado alterado da consciência, onde há dissociação psíquica, que pode ser superficial (consciente), hipnogógico (semiconsciente) e profunda (inconsciente).
TRANSE MEDIÚNICO: Estado alterado de consciência caracterizado por uma dissolução parcial dos limites do ego, concomitantemente a uma profunda identificação com outra consciência (extracorpórea), a qual irá se manifestar através do corpo físico do médium. (Segundo GROF – 1994). O transe mediúnico seria um entre os muitos tipos de estado alterado de consciência, onde duas consciências (uma corpórea e uma extracorpórea) se fundem numa só, de comum acordo e com finalidades específicas.
JÁ NO TRANSE PARA ORIXÁ: Os olhos se abrem, mas não suportam a luz forte, as pupilas estão anormalmente dilatas ou contraídas. O uso da palavra é limitado a alguns sons indistintos, a expressão do rosto é ausente, atônita. O pulso e o ritmo cardíaco podem estar acelerados ou lentos demais; a respiração é instável, a deglutição é muito difícil e a diurese é suspensa. A sensibilidade tátil não desaparece, mas a sensação de dor está ausente. Esse é o conjunto de sensações e reações característico de uma pessoa, a quem o Orixá tomou posse do corpo. A duração do transe é sem tempo determinado, pois há modificação das condições fisiológicas, inibindo funções essenciais como a deglutição e a diurese, gera um desgaste físico intenso, que não permite um transe de longa duração.
O transe para com o Orixá é diferenciado do transe da incorporação de Entidades da Umbanda, pela definição de cada um podemos perceber a diferença. O Orixá no Candomblé não é santo cristão, Ogum não é São Jorge, Iemanjá não é sereia. Não é Espírito, nem Entidade. Na África, o culto a Orixá é regional, sendo que cada cidade cultua fortemente um Orixá e todos daquela cidade são iniciados para aquele mesmo Orixá, sejam homens ou mulheres.
Orixás são vibrações de magnetismo energético que atuam mais fortemente em certos ambientes da natureza (cada Orixá representa uma força da natureza). Orixá é a própria natureza. São as Divindades que influenciam, através de suas irradiações, a vida de todos os seres. Influencia esta que se percebe através da glândula Pineal, que adquire uma nova função de interconexão com estes campos energéticos mais ativos. Quando nos interconectamos com Eles (Orixás), não só sentimos mais proximidade, como também, mais gradualmente, teremos mais conexão entre todos os nossos sentidos, incluindo nossas memórias e esclarecimentos de vida, propósitos e caminhos de experiência.
Diferente da entidade de Umbanda, Orixá não é um espirito que teve uma passagem conosco em outras vidas, hoje não reencarna mais e nos usa através dos pontos de força para a comunicação e a prática da caridade, auxiliando aqueles que lhe pedem ajuda. Não se incorpora Orixá, porque ele não vem de outras dimensões e se agrega ao nosso corpo, Orixá é seu princípio de existência, portanto não é algo externo que chega, e sim algo interno que com o processo da iniciação desabrocha.
Logo podemos sintetizar dizendo que o transe com entidades de Umbanda é mediúnico e acontece para que exista uma comunicação oral efetiva entre os espíritos manifestados e as pessoas que ali estão. Trata-se da tradicional incorporação, aonde o corpo astral da entidade interpenetra o corpo astral do médium. Como a palavra mesmo define, soma-se ao médium o conhecimento e habilidades da entidade, enquanto no transe existe uma ocupação onde Orixá usa o corpo e os sentidos do médium (Elegum).
Trata-se de um fenômeno da natureza sem nada de sobrenatural. De suma importância ressaltar que a mediunidade não é propriedade dos espíritas, ou seja, não foi inventada por Allan Kardec — os Decodificadores do Espiritismo como muitos ainda creem. Seria como afirmar perante a ciência que o inconsciente é propriedade dos psicanalistas, dado ao fato de Sigmund Freud — O Pioneiro da Psicanálise, ter estudado o inconsciente, assim como o Ego (centro da consciência) e o Self (si mesmo) não são propriedade exclusiva de Carl Gustav Jung.
Autor desconhecido
Fonte pesquisa:
» UMBANDA – Apostila Comunidade da Pedra Branca
» Umbanda e Neurociências: a influência dos estímulos sensoriais do ritual
na indução do transe mediúnico, Carlos Augusto Trinca Morini, PUC-SP
» O LIVRO DOS ESPÍRITOS - por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires Índice Geral outubro 13, 2007 por Liz Bittar
» MECANISMOS DA MEDIUNIDADE - Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. 11º livro da Coleção. “A Vida no Mundo Espiritual”. Ditado pelo Espírito. André Luiz
Na Umbanda ocorre o transe mediúnico. O mesmo é fonte de profundos estudos desde os tempos mais remotos, mas a partir do século 19 muitos pesquisadores da área médica se envolveram com o termo fenomenologia, que surgiu a partir das análises de Franz Brentano sobre a intencionalidade da consciência humana. Vários filósofos fizeram parte dessas pesquisas.
Na psicologia e psiquiatria, estudado por Sigmund Freud com a psicanálise, através dos estudos sobre a histeria, Carl G. Jung e outros o seguiram, Karl Jaspers com a psicopatologia. E a parapsicologia o estudo de alegações de origem supostamente sobrenatural associados à experiência humana.
O pioneiro nos estudos das crenças religiosas dos afrodescendentes no Brasil, Nina Rodrigues, legista e psiquiatra, fez um estudo sobre possessão e histeria nas religiões afro-brasileira. Quero lembrar que Allan Kardec perguntou aos Espíritos se os médiuns, na hora das manifestações, permaneciam num estado especial. Os Espíritos responderam que estavam numa espécie de "crise", tanto que isto gerou o termo "crisíaco".
Mas naquele tempo, a psicologia ainda não usava o termo "transe", que é uma corruptela de uma situação "transacional", que passa de um estado para outro, no caso, de um estado mental. Hoje se sabe que o chamado "transe" é um estado alterado da consciência, onde há dissociação psíquica, que pode ser superficial (consciente), hipnogógico (semiconsciente) e profunda (inconsciente).
TRANSE MEDIÚNICO: Estado alterado de consciência caracterizado por uma dissolução parcial dos limites do ego, concomitantemente a uma profunda identificação com outra consciência (extracorpórea), a qual irá se manifestar através do corpo físico do médium. (Segundo GROF – 1994). O transe mediúnico seria um entre os muitos tipos de estado alterado de consciência, onde duas consciências (uma corpórea e uma extracorpórea) se fundem numa só, de comum acordo e com finalidades específicas.
JÁ NO TRANSE PARA ORIXÁ: Os olhos se abrem, mas não suportam a luz forte, as pupilas estão anormalmente dilatas ou contraídas. O uso da palavra é limitado a alguns sons indistintos, a expressão do rosto é ausente, atônita. O pulso e o ritmo cardíaco podem estar acelerados ou lentos demais; a respiração é instável, a deglutição é muito difícil e a diurese é suspensa. A sensibilidade tátil não desaparece, mas a sensação de dor está ausente. Esse é o conjunto de sensações e reações característico de uma pessoa, a quem o Orixá tomou posse do corpo. A duração do transe é sem tempo determinado, pois há modificação das condições fisiológicas, inibindo funções essenciais como a deglutição e a diurese, gera um desgaste físico intenso, que não permite um transe de longa duração.
O transe para com o Orixá é diferenciado do transe da incorporação de Entidades da Umbanda, pela definição de cada um podemos perceber a diferença. O Orixá no Candomblé não é santo cristão, Ogum não é São Jorge, Iemanjá não é sereia. Não é Espírito, nem Entidade. Na África, o culto a Orixá é regional, sendo que cada cidade cultua fortemente um Orixá e todos daquela cidade são iniciados para aquele mesmo Orixá, sejam homens ou mulheres.
Orixás são vibrações de magnetismo energético que atuam mais fortemente em certos ambientes da natureza (cada Orixá representa uma força da natureza). Orixá é a própria natureza. São as Divindades que influenciam, através de suas irradiações, a vida de todos os seres. Influencia esta que se percebe através da glândula Pineal, que adquire uma nova função de interconexão com estes campos energéticos mais ativos. Quando nos interconectamos com Eles (Orixás), não só sentimos mais proximidade, como também, mais gradualmente, teremos mais conexão entre todos os nossos sentidos, incluindo nossas memórias e esclarecimentos de vida, propósitos e caminhos de experiência.
Diferente da entidade de Umbanda, Orixá não é um espirito que teve uma passagem conosco em outras vidas, hoje não reencarna mais e nos usa através dos pontos de força para a comunicação e a prática da caridade, auxiliando aqueles que lhe pedem ajuda. Não se incorpora Orixá, porque ele não vem de outras dimensões e se agrega ao nosso corpo, Orixá é seu princípio de existência, portanto não é algo externo que chega, e sim algo interno que com o processo da iniciação desabrocha.
Logo podemos sintetizar dizendo que o transe com entidades de Umbanda é mediúnico e acontece para que exista uma comunicação oral efetiva entre os espíritos manifestados e as pessoas que ali estão. Trata-se da tradicional incorporação, aonde o corpo astral da entidade interpenetra o corpo astral do médium. Como a palavra mesmo define, soma-se ao médium o conhecimento e habilidades da entidade, enquanto no transe existe uma ocupação onde Orixá usa o corpo e os sentidos do médium (Elegum).
Trata-se de um fenômeno da natureza sem nada de sobrenatural. De suma importância ressaltar que a mediunidade não é propriedade dos espíritas, ou seja, não foi inventada por Allan Kardec — os Decodificadores do Espiritismo como muitos ainda creem. Seria como afirmar perante a ciência que o inconsciente é propriedade dos psicanalistas, dado ao fato de Sigmund Freud — O Pioneiro da Psicanálise, ter estudado o inconsciente, assim como o Ego (centro da consciência) e o Self (si mesmo) não são propriedade exclusiva de Carl Gustav Jung.
Autor desconhecido
Fonte pesquisa:
» UMBANDA – Apostila Comunidade da Pedra Branca
» Umbanda e Neurociências: a influência dos estímulos sensoriais do ritual
na indução do transe mediúnico, Carlos Augusto Trinca Morini, PUC-SP
» O LIVRO DOS ESPÍRITOS - por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires Índice Geral outubro 13, 2007 por Liz Bittar
» MECANISMOS DA MEDIUNIDADE - Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. 11º livro da Coleção. “A Vida no Mundo Espiritual”. Ditado pelo Espírito. André Luiz
Adorei com conhecimentos excelente!
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