O Amor e o Dissabor de um “Filho de Santo” - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

O Amor e o Dissabor de um “Filho de Santo”

Publicado em 12/03/2019


O amor e o dissabor de um filho de santo


Você conhece um Terreiro, começa a frequentar, ver as diferentes giras, é sempre bem recebido, vê que todos irmãos da casa têm sempre um sorriso no rosto, e num passe de mágica, sente aquela vontade incontrolável de vestir o branco. Faz tudo certinho, conversa com o dirigente, prepara sua roupa branca, faz aquele banho de ervas, segue todos os passos indicados pelo dirigente (afinal, ele deve estar acima do bem e do mal, uma vez que comanda esta casa tão maravilhosa, você pensa).

Você inicia com todo gás, quer ajudar em tudo e a todos, e pensa que não existe nada melhor do que estar naquela casa tão abençoada. O tempo vai passando, e daí começam a te colocar em algumas funções que você nem sabia que existiam... VARRER RECOLHER LIXO ?? LIMPAR O TERREIRO??.
Ir em dias que não são de gira para arregaçar as mangas e fazer o que for preciso?

MENSALIDADE ?? COMO ASSIM?!? CONTRIBUIÇÃO DA COMIDA ??? Preciso pagar para trabalhar na Umbanda? Esquecendo que depois da caridade feita primeiramente a si próprio, e aos demais irmãos, tem a conta de luz, de água para pagar, Federação, sem contar outras diversas despesas que a casa tem....

Então você começa a perceber que seus irmãos de fé também tem problemas pessoais, incluindo o dirigente (lembra? Aquele que estava acima do bem e do mal) mas que no momento da sessão, por pura caridade e amor ao próximo, eles deixam todos seus problemas de lado para ajudar a quem precisa, nem que seja com aquele sorriso no rosto (lembra?). Você se questiona como pode aquelas pessoas terem problemas pessoais, uma vez que já são desenvolvidas, algumas vezes com graus hierárquicos altos na casa...

Você então começa a desenvolver sua mediunidade... Momento mágico dentro da religião... E você adora estar desenvolvendo, porém questiona pois a casa só desenvolve com ORIXÁS, e você viu que na outra casa desenvolvem com caboclos, Preto Velho e exu, e afinal, em um médium super "PODEROSO" como você não tem sentido te “privar” de desenvolver com outras linhas, com certeza estão atrapalhando seu desenvolvimento...

Você então, já desenvolvido porém no início de sua caminhada espiritual, tem a licença para ir para a linha de trabalho, incorporando junto aos demais ao início dos trabalhos, porém por muitas vezes o corpo mediúnico não está completo, você acaba sem conseguir ficar incorporado em algumas giras pois tem que ajudar em outras funções... na sua cabeça vem “coloca fulano, coloca ciclano, por que eu? Que saco viu?”

Então um dia, você pede um conselho para aquela entidade que você “ama de paixão”, e a entidade te diz o que você precisa ouvir, e não o que você quer ouvir... Daquele momento em diante, você ao invés de se questionar o porquê a entidade disse aquilo, e buscar através de uma sincera reforma íntima uma melhora, resolve achar que aquele médium está “fraco”, “passando na frente da entidade”, pois JAMAIS uma entidade te diria aquilo... Daí você, que já julgou aquele irmão e aquela entidade, resolve “contar tudo” pro dirigente, afinal, onde já se viu, o Caboclo, Preto Velho, Exu te falar aquilo. E para seu espanto, o dirigente pede pra que você faça uma auto analise, entenda o significado do que a entidade te falou e busque melhorar com isso... Indignação é o sentimento que te toma neste momento... Como pode o dirigente ainda dar razão e pedir para eu melhorar... “QUEM ELE PENSA QUE É?”

A partir daí a coisa complica... A casa já não presta mais, você com toda sua experiência e vivência dentro da religião julga como ninguém quem está ou não incorporado (com uma relação bem simples – Se disse o que você queria ouvir – ESSE É FORTE; Se disse o que você PRECISA ouvir – ESSE NÃO PRESTA), já acha que não precisa mais ajudar em nada na casa, mensalidade já parou tem um tempo de pagar...

Todo aquele amor do início da a vez para uma total aversão pela casa e seus irmãos, e daí começa a faltar e como se não devesse nada a ninguém, se retira sem dar nenhuma explicação ou satisfação, querendo de imediato trocar de dirigente, muitas vezes sai da casa e ainda falando mal ...

Então esse médium, mas que se julga melhor que esta casa, começa a rodar por outros terreiros, imponente pensando “Vamos ver qual casa terá a sorte de ter meu Caboclo, meu Preto - velho e ao iniciar esta peregrinação, começa a ver (tomara) que talvez, somente talvez, o problema seja ele e não a casa onde ele estava, e daí, mais dia menos dia, ele resolve aparecer na assistência daquela primeira casa, aquela que em suas palavras não prestava mais, pra tomar um passe e ouvir novamente aquilo que ele precisa, e não o que ele queria ouvir.

Com certeza você conhece alguém (sem citar nomes) que tenha passado ou feito isso, então meu irmão, minha irmã, você tem o livre arbítrio para decidir onde quer trabalhar, mas sempre o faça de forma racional, pois da mesma forma como você pediu para entrar, peça para sair, exponha seus motivos.

Pare e pense como o mundo seria se tudo fosse a favor de todos. Saber ouvir e aprender o que se tem a ensinar é fundamental para o nosso crescimento, sendo ele formado por erros e/ou acertos, são só nossos e só nós podemos tirar a experiência disso... Então veja como só você faz a vida ficar mais complicada.
Reflita, evolua, ninguém é perfeito, mas todos podemos alcançar nossa própria perfeição.

Pai Claudinei Rodrigues









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