Na cultura popular, corpo e espírito não se separam, tampouco desliga-se o homem do cosmos, ou a vida da religião. Para todos os males que atingem o corpo e a alma do homem sempre há uma reza para curar. É por isso que, apesar do tempo e dos avanços da medicina, a tradição dos benzedores ainda persiste na nossa moderna sociedade capitalista.
Acreditando ou não no poder da reza, tem sempre aqueles que procuram, nas rezas e nas benzeções, uma cura para a sua doença ou um alívio para a sua dor.
O que é o benzimento?
Benzer significa tornar Bento ou Santo. Benzer uma pessoa é o ato de rezá-la, pedindo que dela se afastem todos os males ou o mal específico que lhe esteja afligindo.
Faz-se o “sinal da cruz” sobre a pessoa, animal ou objeto, recitando orações diversas com o objetivo de consagrá-la ao divino e pedir para o favor do céu, abençoando.
A bênção é um veículo que possibilita ao seu executor estabelecer relações de solidariedade e de aliança com os santos, de um lado, com os homens de outro e entre ambos, simultaneamente (Oliveira, 1985).
É uma prática muito antiga a muitas culturas, mas aqui no Brasil ganhou força no período da colonização junto aos imigrantes que chegaram.
Vale lembrar que os próprios Índios aqui já estabelecidos praticavam seus rituais de cura dentro de um conjunto de orações no seu próprio dialeto.
A maioria das benzedeiras são idosas, católicas, com pouca escolaridade e baixa renda.
Elas encaram seu ofício como um serviço assumido por tradição e em resposta a necessidades, da comunidade. Não cobram pelos benzimentos, mas geralmente os que procuram seus serviços, levam presentes como forma de agradecimento.
No quadro dos colonos tínhamos duas classes predominantes no Benzimento:
As parteiras e os benzedeiros.
O benzimento é uma técnica simples, independente de crença ou religião, de dia, lua, horário ou local para ser praticado.
Quem pode benzer?
Alguns dizem que o benzimento só pode ser praticado quando se aprende dentro de uma tradição ou quando se é passado por alguém da própria família.
A maioria das antigas benzedeiras relatam que aprenderam com alguém da família ou que foram apadrinhadas por outra benzedeira pois tinham o dom. Algumas relatam que receberam as orações e a missão de benzer durante um sonho.
Atualmente muitas pessoas defendem que para praticar o benzimento não é preciso ser médium, possuir dons espirituais, nem ter nenhum tipo de pré-requisito além da vontade de ajudar ao próximo. Sendo assim o Benzimento é livre a qualquer pessoa que queira aprender.
Qualquer pessoa pode fazê-lo desde que tenha fé na força que vem de Deus e que habita em cada um de nós.
Através da vontade no bem, criamos um campo fluidico cheio de magnetismo benéfico, repleto de agentes restauradores de forças e energias gastas, que ao serem repostas, atuam na reparação dos males que se instalaram.
O que pode ser benzido?
As enfermidades curadas pelas benzedeiras se configuram como perturbações que atingem não apenas o corpo, a esfera física, mas estão relacionadas a questões sociais, psicológicas e/ou espirituais que afetam o cotidiano.
Enquanto a Medicina científica se concentra nos aspectos biológicos do processo saúde-doença, a benzeção ocupa-se de perturbações que desequilibram a vida das pessoas e que podem ser causadas por um amplo leque de fatores, aproximando-se mais da forma subjetiva como as pessoas vivenciam o processo saúde-doença. Além disso, a eficácia do benzimento está estreitamente relacionada ao modo como as pessoas percebem a saúde e a doença.
A BENZEDURA COMO PRÁTICA TERAPÊUTICA
Negócios, mal no corpo, doenças físicas, psicológicas ou espirituais, sapinho na boca, quebranto, mau olhado, etc. Algumas benzedeiras se especializam em determinadas rezas. Por exemplo: geralmente as mulheres benzem crianças e os homens picadas de cobra.
Elementos no benzimento
O dom ou a faculdade de curativa é inerente ao benzedor, a preferência por certo objeto, erva, ou certa gesticulação, serve-lhe de catalizador do próprio benzimento.
Os elementos utilizados são diversos, tais como:
Vela, tesoura, faca, carvão, ervas, água, ramos, sal, Bíblia, rosários, fios de linha, etc.
O elemento mais popular é o ramo. Algumas benzedeiras dizem que quando não usam o ramo o mal “vira prá elas”; após a reza, se a pessoa estiver carregada, as folhas ficam “murchas”. Pode-se usar qualquer tipo ramos de plantas para realizar o benzimento.
Dentre as ervas podemos citar a arruda, o alecrim, o alevante, o guiné. Pelas propriedades de cada uma delas, de limpar a energia negativa. Ou ainda alguma erva que a benzedeira use somente para esse fim.
Também são utilizados elementos em rezas específicas, como por exemplo uma faca para cortar o mau olhado ou o ramo de oliveira para a “vermelhidão”. No entanto é importante que aqueles que queiram iniciar a prática do benzimento saibam que os elementos não são necessários.
Quando mencionamos o uso de objetos dentro do benzimento, notamos que na realidade se vincula aos mesmos no plano etéreo suas atuações idênticas no plano físico.
Quando utilizamos facas para se benzer, nem sempre esta prática é bem aceita pois a associação que se faz com este elemento esta sempre ligada ao negativo. Olhando por um prisma espiritual verificaremos que a faca tem uma única função “CORTAR" e não se dever ser associado a ela a AÇÃO que o ser vivente toma com a mesma, sendo esta segunda de total responsabilidade de quem o faz.
Ao benzermos uma pessoa com o uso de uma faca, pouco importa sua forma ou alegoria que nela seja colocada, nem tão pouco se tenha corte ou não, pois em momento algum há o contato dela e de seu fio de corte com a pessoa que esta sendo benzida, ficando a atuação somente no campo ritualístico.
Os movimentos neste benzimento devem ser lentos para não assustar o assistido e vale lembrar que a fé é elemento propulsor de energia e sem a mesma nada se realiza.
Géro Maita
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