No tema de hoje, eu quero trazer uma reflexão, eu acho que todo mundo já se deparou com o perfil do nosso tema de hoje, aquele médium que nenhum terreiro é bom o suficiente para ele.
Vamos chamá-lo de o Médium X, o nosso amigo em questão, ele possui características bem distintas, em todo terreiro que ele vá visitar, ele sempre gosta de frisar, sua mediunidade incrível, sua vidência extraordinária, os feitos inacreditáveis de suas entidades, ele chega no terreiro que está visitando como se estivesse vendendo um produto ou uma marca extraordinária, faz uso de um marketing agressivo, gosta de impressionar a todos.
A gente sabe que há vários tipos de dirigentes, desde os mais espertos até os mais tolos, desde os que tem conhecimento, até aqueles que pensam que o tem, isso é um fato.
Para um dirigente mais crédulo ele irá acreditar piamente no X, e poderá até pensar, nossa que máximo se esse médium entrar na minha corrente, será de suma ajuda, estou precisando de médiuns assim, negligenciando talvez alguns pontos que o nosso irmão X mencionou e destacou em suas próprias palavras.
Já um dirigente um pouco mais astuto e sábio, irá ver nosso irmão X com olhos um pouco mais cautelosos, diria até caritativos, amorosos, suas tão formidáveis qualidades, provavelmente irão ceder espaço e chamaram atenção para a vaidade, a arrogância e o orgulho, características bem problemáticas para qualquer médium.
Em sequência no decorrer de uma boa conversa, o dirigente provavelmente irá perguntar de sua trajetória, e logo nosso irmão X se arma como um pavão de penas coloridas, vejamos algumas falas:
” Na casa do Pai Fulano de tal onde trabalhei é uma bagunça, o tal pai de santo não sabe nem para ele, eu tinha que ficar ali corrigindo, senão coitados dos médiuns, e eu chamava a atenção dele na frente de todo mundo mesmo, para ele passar vergonha, onde já se viu.”
Sabemos e temos plena consciência, que com essa nova moda de virar Pai e Mãe de Santo, que muita gente anda aparecendo completamente despreparado para estar conduzindo uma casa religiosa e muito menos a mediunidade e espiritualidade alheia, isso é um fato realmente verdadeiro.
Pode acontecer de um médium entrar para dentro de um terreiro e saber coisas que o dirigente não saiba, claro, porque veja já vi médiuns com seus 30 anos de mediunidade trabalhando singelamente como médiuns de trabalho, não quiseram abrir suas próprias casas, ao contrário do que todo mundo pensa nem todos os médiuns por melhores e aplicados que sejam possuem a missão e condições de serem dirigentes e nem por isso deverão ser vistos com menos valor ou tratam seus dirigentes com arrogância.
Mas todo professor sabe ensinar, tem paciência, tem sabedoria de mostrar conhecimento sem ostentação, é humilde, fatores ai que faltaram no nosso irmão X.
O diálogo sempre tem que ser construtivo e não prepotente.
Apesar de saber que muitos dirigentes por aprenderem errado não se abrem ao diálogo sadio, não se permitem a troca. Melindrosos, não permitem que ninguém os ensine, SABEM DEMAIS em sua convicções, e perdem a chance de mostrar de uma forma inteligente o que sabem e de aprenderem também.
Tem uma frase que gosto muito e que cabe muito bem nessa questão que diz assim:
“Com carinho e gentileza me levas na boca do Inferno, mas com gritos e grosseria não me levas nas portas do Céu”.
Muito ensinamento fica perdido, inutilizado porque as pessoas não sabem ensinar, querem apenas impor.
“MEUS GUIAS NÃO SE ADAPTAM EM TERREIRO NENHUM”
Eu falo para vocês como dirigente, é muito triste ouvir ou ler uma declaração onde um médium fala uma coisa assim, porque denota um desconhecimento tremendo, quantos bons médiuns a gente não vê trabalhando até em casas desequilibradas, onde a presença dos seus guias são fundamentais para aquele grupo e que com o tempo seus guias vão ajudando a reequilibrar a egrégora da casa, ou porque querem mostrar a seus pupilos ensinamento que só com o exemplo pode ser obtido? Pois é.
Guias e mentores não possuem esse tipo de vaidade, fora que um espírito para não se adaptar em lugar algum o problema não é com a casa, é com o médium e com a ordem de espíritos que ele anda se sintonizando, fora que denota uma arrogância e prepotência enorme desse médium como se não houvesse casa boa suficiente para ele.
E muitas vezes são oriundas de médiuns, e espíritos não muito idôneos que não aceitam ordenança, doutrina, médiuns desequilibrados.
“TODA CASA QUE ENTRO, ME ENVOLVEM EM FOFOCAS E NÃO CONSIGO PERMANECER”
Fofoca é uma via de mão dupla se você se envolveu é porque você consentiu, estava ali no meio da roda.
Alguns médiuns falam isso, mas quando você vai buscar informações, ele pode até não ter dito nada, mas estava ali no meio ouvindo tudo, se colocando a par do ibope da semana, então ele foi tão maledicente quanto.
O pior que o perfil desses médiuns é daqueles que nada falaram, mas são o primeiro a ir levar para o dirigente.
São os famosos puxa sacos, destrutivos e leva e trás. Usam os outros como degrau.
Essas são apenas três situações bem corriqueiras, mas há várias outras.
Médiuns extremamente anímicos, que literalmente passam a carroça na frente dos bois, como bem diz o ditado.
Mistificadores, que um dia já foram realmente bons médiuns mas que se deixaram corromper pela vaidade, arrogância, ganância.
Médiuns com más posturas, mal educados, com falhas graves de doutrina, não conseguem seguir regras e normas.
Orgulhosos não aceitam serem criticados, estão acima de qualquer questionamento quanto as suas maravilhosas qualidades mediúnicas.
As vezes um conselho, nem diria uma critica, pode salvar todo o caminho de um médium, evitando que ele se perca em sua missão.
E tem aqueles que se acham tão bons que não querem trabalhar em terreiro algum, viram verdadeiros nômades, ficam 3 meses num terreiro, 6 meses em outro, e assim por diante, não conseguem passar de 1 ano numa casa fixa, não conseguem manter raízes, criar uma história, uma herança.
Se esquecem que para ensinar é preciso aprender, que para ser bom pai e mãe é preciso ser bom filho.
Em toda casa que vão, não pode começar a tocar o atabaque que eles já começam a querer espiritar, “são tão bons”, mas não possuem firmeza, controverso, fazem da casa alheia uma verdadeira descarga de suas energias negativas, nada contra, todo bom terreiro é para cura de quem está adoentado, é um hospital. O grande problema não é nem esse, o problema é que não admitem estarem passando por momentos de desequilíbrio espiritual, imaginem são tão bons, como assim? tratamento, acompanhamento, fala sério, eu me garanto. Huumm será?
Por outro lado, em suas ignorâncias acham que recebendo seus guias vão mostrar para os outros como eles são bons, trabalham bonito, são firmes.
Muitos até tem bons e excelentes guias mas se perdem na vaidade de suas arrogâncias.
Será que são firmes? será que essa palavra é adequada, um guia não precisa se mostrar para ninguém. Pensemos.
Um detalhe interessante nesta questão, muitas vezes um guia vem em terra, para descarregar seu médium, tem casos e CASOS, as vezes a entidade precisa daquele choque anímico junto ao médium, mas … nem sempre é necessário, porque na hora que o guia está dando o passe, o guia mentor daquele médium já está próximo e o descarrega sem necessariamente ter que estar acoplando a seu médium, principalmente se tratando de médium já firme e com um grau de desenvolvimento bom, é mais comum ver isso em médiuns neófitos que ainda estão no começo de desenvolvimento por não possuírem um maior controle de suas faculdades mediúnicas.
Na realidade os bons médiuns sabem perfeitamente que não podem ficar dando passagem para seus guias em tudo que é terreiro, muito menos permitem que qualquer médium lhe traga seus guias em terra, questões de equilíbrio, doutrina, vigilância.
Não se enquadra nessas questões é claro quando se trata de visitas em outras casas religiosas, ai nesse caso o guia poderá vir em terra para prestigiar a casa daquele irmão.
E temos aqueles que passam a dar passagem a seus guias em casa, isso já foi em várias ocasiões falado que não é algo recomendável e aconselhável, por várias questões espirituais, mediúnicas.
Um dos fatores correlacionados a isso, fora a vaidade e o comodismo, que dentro de uma casa religiosa, de um terreiro tem todo um amparo, e olha que mesmo assim, vira e mexe é um choque energético nefasto que pode surgir, toda casa está sujeita a isso mas para isso temos nossas firmezas e sustentações, a nossa egregora espiritual que irá estar de prontidão.
Agora imaginem um médium que trabalha sem essa sustentação, sozinho, por mais boa vontade que tenha, sem onde dissipar tanta carga energética, por mais que seus guias e mentores sejam bons, ele com o passar do tempo irá virar um imã, adoece, e poderá a vir necessitar de amparo extra espiritual, onde deverá ser socorrido por uma boa casa religiosa, que irá lhe tratar, por essas e outras não é recomendável, deve ser evitado. E todo bom guia e mentor sabe dessas consequências e não irá contribuir para o desmantelar energético de seu médium. Isso se tratando de um médium experiente, agora imaginem de um médium que nem bem desenvolvido foi e se acha em condições de estar prestando atendimento.
O médium que fala que toda casa que ele trabalha, nenhuma casa é boa o suficiente para ele, nenhum lugar é bom, duas ou uma, ou ELE É BOM MESMO, ou ele é um FALASTRÃO.
Vamos analisar com cautela a frase acima, o médium quando ele é um bom INSTRUMENTO MEDIÚNICO, primeiramente ele tem raízes, ele tem experiência de chão de terreiro, tem estudo aprimorado, é idôneo, sério e comprometido, tem uma cultura espiritual sustentável. Nesse caso a própria ordenança divina vai colaborar para que esse médium tenha seu próprio axé ou seja bem aproveitado numa boa casa religiosa, ele terá amparo, sustentação, missão e ordenança, e não fugirá de suas responsabilidades. Quando falo de tempo, estou falando de tempo preenchido e não de caçambas vazias.
Agora quando você se depara com um médium com muito pouco do que está citado acima, e quando questionado, tipo: “Você é tão bom, porque você não abre um terreiro então para você” , e em seguida vem com ns. desculpas e argumentações e diz: não quero isso para mim, ele no mínimo é um FALASTRÃO, porque sempre é muito fácil criticar o trabalho, a missão alheia, o duro é arregaçar as mangas e se colocar em serviço, infelizmente tem muito médium assim, que não sabe o quanto é difícil manter uma casa religiosa nos dias de hoje, o lidar com o ser humano nunca foi e nunca será uma tarefa fácil.
É fácil dizer que a carga está leve quando não é no nosso lombo que está pesando.
FALASTRÃO também se enquadra naquele médium que não tem nenhuma experiência de chão de terreiro sustentável, nem estudo suficiente e bagagem mediúnica e espiritual, e lá com seus 2 anos de desenvolvimento porque fez um cursinho, pegou um diploma e se acha CAPACITADO para estar abrindo um TERREIRO DE UMBANDA. Infelizmente é a nova moda do momento para que ser filho de santo se pode pular etapas e ser pai e mãe de santo, se esquecem que em todo exercito para se chegar a general se aprende a ser soldado primeiro, as consequências já estamos vendo, médiuns sugestionáveis, extremamente anímicos, mistificadores, corrompendo mediunidades e desequilibrando vidas.
É muita arrogância, muita petulância, se colocar acima dos próprios guias e mentores, tem muito médium se achando guia em terra, muita vaidade que não combina com as leis sagradas de Umbanda.
Médiuns chegando agora, questionando e modificando doutrinas antigas a seu bel prazer. Doutrinas que foram pilares da Umbanda e hoje estão sendo consideradas ultrapassadas.
O médium precisa ter senso crítico antes de culpar o outro, apontar o erro, olhar para si próprio e pensar, se ele é tão bom assim, porque não contribuiu, não agregou, não fortaleceu. Não deixaram? pode acontecer, mas o bom médium é servidor da caridade, serviço não lhe falta seja onde for. Vamos procurar ser úteis.
É muito fácil querer e se achar acima do bem e do mal, agora fazer a diferença são para poucos.
Médium bom é médium humilde, não precisa de marketing pessoal, a sua bondade, o seu caráter, a sua índole fala por si mesmo. A sua obra é seu estandarte.
Médium bom é aquele que respeita o mestre, sabe ser discípulo dos guias e mentores.
Médium bom é instrumento afinado com as leis disciplinatórias e doutrinárias.
Fala pouco e ouve muito.
Médium bom é honesto, sincero, caridoso, não é ostensivo, manipulador, mercenário.
Enfim meus irmãos, quando se acharem muito bons, vejam e analisem para quem realmente estão sendo bons, se para alimentar o vosso ego, ou para o bem e a caridade pelas quais carregam suas missões mediúnicas e espirituais.
Sejamos úteis, prestativos, caritativos, nossa mediunidade não é para vaidades e arrogâncias tolas, mediunidade estagnada é como a água parada que fica turva e poluída e atrai insetos e doenças. Pensemos.
Que nossos falangeiros de Oxossi nos tragam a sabedoria tão necessária para nossa evolução, que seus conselhos nunca nos faltem, e que sempre tenhamos tempo para ouvi-los.
Paz e Luz a todos.
Cristina Alves
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