A SAGA DE UMA SINHÁ
Pelo Espírito Luís Fernando - Pai Miguel de Angola
Médium: Maria Nazareth Dória
É sempre muito emocionante termos a oportunidade de apreciar uma obra que narra sobre os tempos da escravidão no Brasil. Tempos de irracionalidade humana, a tratar seres humanos como diferentes somente porque nasceram com outra cor de pele. Pessoas, humanas, irmãos que sofreram a perda da própria identidade, a perda de suas origens, a perda de liberdade, a perda de sentido para a vida, submetendo-se humildemente aos caprichos insanos de tantas almas involuídas a lhes trilharem caminhos tortuosos de muitas dores e incertezas. Mas tudo o que acontece entre o céu e a terra tem a sabedoria de Deus a iluminar as consciências de que há sempre um propósito, um alerta, de que todo sofrimento pode ser modificado pela ação do próprio homem. Esta grande obra, através da história de Pai Miguel, é obra considerada romance espírita, mas para nós umbandistas temos mais uma oportunidade de sentir as bem-aventuranças de um valoroso Preto Velho a nos presentear com a sua sabedoria e amor. Sem proselitismos, pois sabemos que o espírito imortal está em toda parte, em todas as religiões, vestido perispiritualmente com a aparência que queira ou necessite. Segue abaixo um trecho do livro, em que ele nos deixa a sua mensagem, para a nossa reflexão. Saravá! (Ednay Melo)
Trecho do livro:
(...) Morri sem sofrimento nenhum; pelo contrário, foi em um dia de festa que meu espírito se apartou do velho corpo. Naquele dia eu cheguei a ver uma estrela cruzando o céu e um vaga-lume passando perto da janela... Bem que desconfiei que era o último presente que Deus me dava na terra.
Hoje, totalmente consciente de que os meus deveres continuam, procuro me envolver em trabalhos de ajuda a outros irmãos. A minha contribuição é pequena, mas pode auxiliar muitos filhos que necessitam se sustentar na mão de um velho amigo.
Meus amados filhos, tudo o que vocês enxergam existe! E muitas coisas que os seus olhos não enxergam também existem, e como existem!
Muitas vezes presenciamos correntes de sofrimento tão pesadas que são bem piores que as correntes usadas nos antigos negros escravizados. Aquelas correntes prendiam o corpo físico, doíam na carne, mas a alma era livre e sadia. E isso atinge a todas as famílias, seja de brancos, seja de negros. Os carrascos chamados drogas, corrupção, violência e tantas novas doenças, tantos novos sofrimentos que naqueles tempos não nos atingiam, hoje aprisionam tantos jovens, mutilando seus corpos físicos e enlouquecendo suas almas!
Desde aqueles tempos, já pressentíamos que o descaso e o abuso no tratamento com a mãe Terra iriam trazer consequências dolorosas para os viventes do planeta. Começaram com as derrubadas, e as matas foram desaparecendo; o fogo queimava a terra e matava os animais. Os rios secavam; os peixes morriam envenenados. A pesca nos mares não só matou enormes quantidades de peixes como poluiu as águas.
A ganância ultrapassou os limites; os homens esqueceram suas diferenças de cor, mas começaram a enxergar outra coisa bem pior: a moeda! Se tiver dinheiro, tanto faz ser branco ou preto, o que vale mesmo é a quantia que se tem no bolso.
Vieram as guerras pelo poder, inventaram armas e mais armas, gastaram quantias enormes em invenções que não vão levar o homem a lugar nenhum. Enquanto isso, as doenças se alastram, e a pior fome que existe para o homem, que é a falta de amor, toma conta dos lares.
E nas novas previsões que tenho ouvido por aí, tanto dos estudiosos encarnados na Terra quanto dos amigos aqui de muitas esferas espirituais, se não houver um movimento mais rigoroso que o da libertação da escravatura, o planeta não terá condições de se sustentar em sua rotação.
Filhos do Brasil, filhos do planeta Terra, juntem-se a este movimento de libertação! Libertem o sofrimento da mãe Terra. Plantem e replantem o que arrancaram dela.
Este espírito velho que agora lhes fala já viveu nesse mesmo mundo em que você se encontra agora. Já vi muitas coisas acontecerem. Ouçam bem o que direi, meus filhos: muita coisa boa foi trazida e colocada nas mãos de vocês. Infelizmente, estes benefícios de Deus foram usados de forma errada, e eis aí os resultados: um planeta pendurado por um fio de cabelo!
Com muita consideração e respeito, deixo a cada um de vocês o meu abraço e a minha benção. Continuo do mesmo jeitinho! Confesso que não sinto falta do meu antigo corpo físico; sinto saudade, isso eu não posso negar! Ele muito me ajudou a atravessar as barreiras, e é por isso que sinto saudade. Meu corpo físico foi um instrumento amigo na minha escalada, e através dele conquistei amigos e mais amigos.
Irmãos, nunca é tarde para recomeçar um novo empreendimento. Que tal nos unirmos para fortalecer este movimento de fé? Não estou falando de religião, estou falando de Deus. Eu, por exemplo, pelo bem do nosso Deus entraria em qualquer lugar sem hesitar.
Separados, não somos ninguém; juntos, somos um povo! Deixo a minha mensagem de amor e fé a todos vocês, e espero que tenham gostado dessa minha história: uma história mais real do que possa parecer.
Paz!
Luis Fernando (Pai Miguel de Angola)
Axé. Gratidão. Agora encontrei o que procurava.
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