Como é difícil ser umbandista.
Numa primeira visita a um terreiro as pessoas costumam se deslumbrar com o espetáculo que assistem - sim, porque para muitos soa como um espetáculo. E nesse deslumbre resolvem aderir à religião.
Toda religião, quando levada a sério, requer entrega. E aí reside o problema, pois nem sempre se leva a sério o que merece tanta seriedade. Ao primeiro arrepio o sujeito já acha que está incorporando suas entidades. E mais: acha que a suposta entidade possui força e sabedoria acima das demais, que já trabalham com seus cavalos há tanto tempo no terreiro.
E quem leva a Umbanda a sério olha isso, muitas vezes se cala para evitar intrigas, mas se magoa.
O neófito procura o pai ou mãe da casa a todo instante, pelas coisas mais fúteis, para tirar as dúvidas mais triviais. Mas com alguns poucos meses na gira, já se acha no direito de criticar o dirigente e até suas entidades.
E quem leva a Umbanda a sério olha isso, muitas vezes se cala para evitar intrigas, mas se magoa.
Alguns mal sabem acender uma vela, mas recorrem ao "Pai Google de Oxalá" e fazem as mais estapafúrdias mazelas espirituais e acha que já tem conhecimento para criticar os mais experientes.
E quem leva a Umbanda a sério olha isso, muitas vezes se cala para evitar intrigas, mas se magoa.
Muitas vezes o médium em desenvolvimento não consegue resolver nem os próprios problemas, mas já usa o sagrado nome da Umbanda e dos orixás para resolver as intrigas pessoais e até intimidar pessoas de seu convívio.
E quem leva a umbanda a sério olha e isso e começa a acreditar que já não mais deve se calar.
Conselhos são dados. Os mais velhos, experientes e o (a) dirigente da casa e suas entidades tentam sutilmente avisar que a pessoa está trilhando um caminho tortuoso, mas ela se faz de desentendida.
E quem leva a Umbanda a sério - em especial o (a), já não aguentando mais que usem o nome de sua sagrada crença para fins profanos, coloca a pessoa no seu devido lugar.
Aí essa pessoa deixa a casa, cuspindo no prato em que comeu, maldizendo a todos e reclamando que não foi acolhida e que faltou paciência com seu aprendizado.
E quem leva a Umbanda a sério respira fundo e parte para uma nova missão, mesmo sabendo que o seu prêmio pode ser a maledicência e a ingratidão. Às vezes cansa ser umbandista.
Douglas Fersan
Nenhum comentário:
Postar um comentário