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Umbandista de Internet

Publicado em 16/01/2017


Internet é terra de ninguém, isso é fato.

Posso escrever aqui o que eu quiser sem que se comprove a veracidade. Qualquer um pode publicar os maiores absurdos em blogs, sites pessoais, facebook, sem que ninguém fiscalize e comprove se as informações ali contidas são fidedignas. Essas informações podem se espalhar livremente (ou viralizar, como se diz em linguagem de internet) e muitos podem tomá-las como autênticas. Alguns passam até a defender esses impropérios como verdades absolutas e questionáveis.

Quando se trata da nossa religião, a Umbanda, a situação fica ainda mais perigosa.
Muitos caem na ilusão de buscar informações via internet. Em primeiro lugar se esquecem do que foi dito logo acima: que a internet é livre, é terra de ninguém e cada um publica nela o que bem entender, inclusive informações falsas. Esquecem também que já que a Umbanda não possui uma "Bíblia" ou um código de conduta, cada casa possui suas particularidades. Então, se você busca informações na internet, pode até encontrar algumas que sejam sérias e verdadeiras, mas que não se adaptam à liturgia da casa que você frequenta.

A situação fica pior quando a pessoa passa a buscar informações sobre a "sua" entidade na internet. Experimentem encontrar a história do Exu Caveira, do baiano Zé do Coco ou de qualquer outra entidade. Encontrarão pelo menos três histórias diferentes para cada uma delas (lembre-se que as entidades trabalham em falanges e cada uma delas que pertence a essa falange possui sua própria individualidade e história).

Só é possível piorar a situação se você tentar descobrir o ponto riscado da sua entidade via internet. Aí o caldo entorna de vez... Pontos riscados, além de serem a assinatura das entidades, são os portais abertos por elas. Aí você "estuda" (sim, entre aspas mesmo) pela internet e passa a reproduzir o ponto que viu em um site, mas esse site não é confiável e aquele ponto não corresponde à realidade.
Lascou... você sabe para quem abriu um portal?
Nem eu. E prefiro não saber. Deixe que a própria entidade risque seu ponto, jamais tente passar à frente dela para isso.

Esses foram apenas alguns exemplos dos perigos que se corre quando se fala em estudar a Umbanda pela internet. Claro que não podemos descartar totalmente esse instrumento tecnológico, mas jamais o substitua pela experiência.

Então se você quer estudar a Umbanda, o faça em seu terreiro. Sente-se aos pés de alguma entidade e converse com ela. Observe a forma de agir e trabalhar quando elas estiverem em terra. Camboneie bastante (esse deveria ser o estágio obrigatório dessa faculdade chamada Umbanda), pergunte aos mais velhos e experientes. Mas jamais pense que você sabe muito por ter pesquisado na internet, pois você pode ter perdido seu tempo e pior, pode estar reproduzindo rituais e comportamentos que não condizem com a realidade da nossa religião.

Douglas Fersan





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