(...) - Por que temos que nos vestir de branco? - Perguntou Jonas.
- Porque o branco, além de representar a paz, a pureza e a perfeição, possui a vibração da luz que contém todas as cores. O branco é luminosidade que penetra até a alma, tornando-nos mais alegres e renovando-nos para a vida. Facilita a nossa relação com o mundo externo, retirando-nos do isolamento de nossos sentimentos. E nada melhor do que igualar a todos nessa vibração de pureza. Vestidos de branco, estamos todos iguais, evitando comparações de quem é melhor ou pior.
- Quer dizer então que os centros que utilizam roupas coloridas estão errados? - indagou Lilian.
- Eu não disse isso. Nada no mundo está errado, e nós não somos ninguém para fazer um julgamento desse tipo. Isso seria leviandade da minha parte. O que eu disse foi que aqui, na nossa casa, a opção foi por igualar a todos na pureza do branco. Existem lugares que prezam as diferenças individuais, porque isso é importante para o tipo de trabalho que desenvolvem, e deve ser respeitado, assim como desejamos que respeitem o nosso culto.
- Mas isso não sugere uma superioridade da nossa casa em relação às demais? - insistiu Lilian.
- Não. Sugere apenas que cada um tem os seus métodos próprios. Essa distinção entre superior e inferior está somente no coração dos orgulhosos.
(...) Mas estas vestes coloridas não despertam a vaidade de certa forma? - perguntou Nádia.
- A vaidade, como tudo mais, habita o coração de cada ser. Quando falo em vaidade, refiro-me àquela que é daninha, que nos faz crer que possuímos algo que nos diferencia dos demais por sermos melhores, diferentes ou especiais. Essa deve ser combatida. Mas há aquela vaidade que brota do reconhecimento dos nossos valores e do nosso desejo de estar bem. Essa é apenas fruto do valor pessoal que cada um deve estimular em si.
- Certo. Mas a utilização de vestes coloridas não faz nascer justamente esse sentimento de que se é melhor do que os outros?
- A utilização de vestes coloridas pode estimular a vaidade de quem a tem, assim como pode despertar o gosto pela beleza naqueles que apreciam o que é belo. Pode também servir de facilitador para a incorporação das entidades não por elas, mas pelo médium, que ainda necessita de artifícios para abrir o seu canal de comunicação com o mundo astral.
- Mas como saber o que vai no coração de cada um? - interessou-se Silmara.
- Não sabemos. Cada um é que sabe de si, quando sabe. Como as vestes coloridas podem representar uma faca de dois gumes, nós da Umbanda preferimos não arriscar. As almas que vêm a nós tentam vencer as suas dificuldades, e a vaidade pode ser uma delas. Então, por que dar a esses a oportunidade de exercitar um sentimento contra o qual estão tentando lutar?
- Para testá-los - sugeriu Gilda.
- A vida não cria armadilhas. E todos os testes só são aplicados depois de aprendida a lição. Ora, se os que aqui estão vieram aprender, por que iríamos testar antes de estarem preparados?
A Umbanda é uma escola que prepara para a vida, e os testes, se é que assim podemos chamá-los, surgem naturalmente na convivência do dia a dia. Não é preciso provocá-los para ver cair aquele que ainda não está firme na sua convicção.
Trecho do livro "Jurema das Matas" / Leonel - Mônica de Castro
Nenhum comentário:
Postar um comentário