08 Perguntas sobre Mediunidade e Depressão - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

08 Perguntas sobre Mediunidade e Depressão

Publicado em 09/01/2019

08 Perguntas sobre Mediunidade e Depressão

Mediunidade é uma bela oportunidade de crescimento e aprendizado. Vê-la como uma prova imposta em função de dívidas do passado é cultivar uma visão doentia de algo que, em verdade, é uma benção, um tesouro.

É comum ouvirmos a expressão: “estou com problemas mediúnicos.” Todavia, não é a mediunidade o problema, mas o médium. Consideremos, porém, que não existem problemas mediúnicos, temos problemas morais e emocionais que são refletidos no exercício da mediunidade. A mediunidade é uma força neutra e sua aplicação toma o colorido moral inerente ao médium. Existem problemas psicológicos e não mediúnicos.

Um exemplo típico disso são as depressões. Muitas pessoas são orientadas a desenvolver mediunidade como solução de sua depressão. Entretanto, são muitos os médiuns portadores de depressão que assumem fervorosamente a tarefa mediúnica nessa expectativa, e não obtém o que desejavam. E os que conseguem algum resultado, certamente estavam em encerramento de seu processo doentio ou eram portadores de depressões leves ou moderadas, que regridem com relativa facilidade a tratamentos e iniciativas espirituais.

A rigor, em casos de depressão crônica, portanto mais severa, a orientação do exercício mediúnico pode, inclusive, constituir um risco. Dependendo do estágio e do momento do doente, a atividade mediúnica pode ser fator de agravamento do quadro psíquico.

Elaborei abaixo uma pequena entrevista com as perguntas que recebo com mais freqüência sobre o tema. O intuito é apenas ter algum material para uma boa conversa sobre o assunto, nada mais…


1) A mediunidade causa a depressão?

A mediunidade é uma benção, um tesouro de trabalho e crescimento espiritual. A faculdade em si mesma não é causa de perturbação. Quando alguém usa a expressão “problemas mediúnicos” é necessário distinguir que os problemas são da personalidade mediúnica, isto é, do médium.

Consideremos a mediunidade como recurso de evolução e a depressão como uma doença cuja causa repousa nas velhas atitudes morais do médium. Mediunidade não causa depressão. Entretanto, é freqüente encontrarmos médiuns portadores de sintomas depressivos. Nesse caso, a aplicação da mediunidade ou, como é mais conhecido, o desenvolvimento mediúnico pode ser terapêutico, amenizando as dores do deprimido. Apenas amenizando-os, fique claro! Ainda assim, a cura da depressão não virá do exercício mediúnico e sim da reeducação emocional do deprimido por meio da mudança de condutas que alicerçam o núcleo moral da depressão.


2) Os deprimidos são portadores de obsessão?

Algumas pesquisas feitas em grupos mediúnicos e hospitais psiquiátricos espíritas mencionam a presença de obsessão em 70% dos casos de depressão.

Aqui também é preciso uma distinção. Não é a obsessão que causa a depressão. A depressão é doença mental que pode ocorrer sem fatores espirituais coercitivos, embora a maioria dos casos, por se tratar de atitudes infelizes na caminhada evolutiva, carreia para o deprimido uma série de influências de ordem energética e espiritual como fatores de agravamento e não causais.


3) Qual a relação entre perturbação espiritual e depressão?

Alguns tipos de depressão mais leves ou moderadas podem ser acionadas por presença espiritual perturbadora.

Mesmo neste caso, depois de socorridas as influências espirituais, o deprimido precisa examinar quais foram as causas dentro de si mesmo para que aquilo acontecesse.

Nem a obsessão e nem a perturbação espiritual podem causar a depressão, sem que o deprimido tenha em si mesmo algum componente psíquico não resolvido que constitui a raiz da sua doença.

Perturbação espiritual e obsessão são fatores agravantes e não causais.


4) Os deprimidos obsidiados devem obrigatoriamente educar a mediunidade?

O exercício da mediunidade é terapêutico para vários quadros mentais e até para algumas doenças orgânicas, trazendo alívio e amenização de dores.

Porém cada caso deve ser analisado criteriosamente, uma vez que a indicação da atividade mediúnica não pode ser tratada de forma generalizada. O exercício da mediunidade age apenas como um processo de depuração energética para que o doente não piore, além de promover a oportunidade de o médium entrar em contato com sentimentos diversos para análise pessoal. Para as pessoas deprimidas, romper com a interferência espiritual do obsessor, poderá na maioria dos casos, apenas abrandar e/ou mascarar os sintomas da doença, já que a solução da depressão sempre será a libertação da consciência e o desenvolvimento dos potenciais íntimos que a criatura traz em si mesma.

A depressão é uma doença sintomática, ou seja, é uma dor que está querendo chamar a atenção do doente para algo que ele não quer ver ou para algo que ele não está cuidando adequadamente na sua vida interior. Dessa forma é imprescindível que o deprimido compreenda que será necessário buscar várias fontes de ajuda, uma vez que se trata de uma doença complexa. A pessoa com sintomas depressivos sempre deve ser orientada a procurar o devido suporte médico e psicoterapêutico.


5) Como saber quando um deprimido não deve frequentar a reunião mediúnica?

Não existe regra no assunto. Darei uma pálida idéia que não deve constituir um roteiro, mas apenas um caminho que deverá ser aprimorado.

Existem alguns ciclos pertinentes às depressões crônicas nos quais os doentes experimentam vários sintomas que já lhe são habituais, mas com características mais acentuadas, como por exemplo: sentem-se mais exauridos, mais tristes, totalmente indispostos com ao contacto social, com larga confusão mental, presença de episódios de insônia persistente, extremamente irritadiços e com profunda apatia afetiva.

Naturalmente, em grupos que se respeitam e existe uma convivência saudável, ficará evidente quando um médium com depressão apresentar alterações que comprometem sua atuação mediúnica. Nesse caso, um afastamento programado de algumas semanas com acompanhamento fraterno do grupo, torna-se desejável em favor do doente e da tarefa.


6) O que a Casa Espírita deve fazer pelo deprimido?

Orientá-lo sobre a conduta a seguir para recuperar sua saúde. Oferecer o apoio da fluidoterapia espírita na amenização das dores, encaminhá-lo para profissionais da saúde mental que sejam competentes e humanos e, sobretudo, acolhê-lo com muito afeto, dando oportunidades de integrar-se às atividades da Casa Espírita.

Entretanto, como descrevo em meu livro DEPRESSÃO E AUTOCONHECIMENTO, a depressão necessita de reeducação comportamental e emocional.

A depressão atinge várias dimensões do ser humano. Quando o depressivo usa medicação, alcança sua dimensão orgânica. Quando faz psicoterapia, investe na recuperação de sua dimensão psicológica. Quando realiza tratamento espiritual, trata sua dimensão dos corpos sutis. Mas depressão tem quatro fundamentais dimensões que são: bio-sócio-psíquico-espiritual. A sua solução só pode vir da dimensão onde ela foi gestada, isto é, a social. É através do comportamento que se constrói uma doença mental, e somente através da reeducação dessa conduta será possível se libertar dela.

Que conduta está por trás das depressões mais severas? Como reeducar essa conduta padrão que é a raiz da depressão?

É a isso que meu livro se propõe: orientar o depressivo, sua família e também ao Centro Espírita sobre como lidar com o assunto e melhor orientar o doente.


7) Os médiuns têm tendência à depressão?

Os médiuns têm tendência a carregar alguma alteração no seu campo mental, mas não necessariamente a depressão. Todavia, eu ainda não conheci um médium que não tenha alguma relação a ser resolvida e reeducada com os temas: depressão e as perturbações da sexualidade.

Isso tem explicações muito sensatas que valem a pena serem analisadas.


8) Qual a orientação adequada a um médium com depressão?

Primeiramente aceitar que está doente e necessita tratamento em várias dimensões. Em seguida, orientá-lo sobre o exercício da mediunidade no bem e seus pré-requisitos. Durante seu tratamento, acolhe-lo e acompanhá-lo com muito carinho para que encontre apoio nas iniciativas de melhora. Posteriormente, enquadrá-lo no trabalho espiritual.

Claro que não podemos fazer isso nessa ordem que mencionei para todos os casos. Portanto, o bom senso deve inspirar essa orientação ao depressivo, cientes de que cada caso será de natureza particular.

Bom, ficamos por aqui. Vamos parar um pouquinho para refletir.

Wanderley Oliveira





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