Magia de Umbanda – O que é Magia? – Tipos de Magia
O que é magia?
Existem muitas definições para magia como manipulação de forças; como a capacidade de interagir com os elementos da natureza; como produzir uma ação por meio da vontade; ou a evocação de poderes e mistérios de maneira que os coloque a seu favor; ou a evocação de poderes, forças e mistérios para ajudar você ou outra pessoa.
Há muitas definições para magia, mas às vezes por mais que a gente dê várias definições, para muitos ainda é difícil entender o que venha a ser magia e fica mais delicada ainda a diferença entre magia e religião.
Existe uma linha tênue entre o que é magia e o que é religião, até porque as religiões também possuem um viés mágico e as magias muitas vezes tem uma conotação religiosa.
Existem religiões mágicas, magias religiosas e religiões que mesmo não se considerando religiões mágicas têm uma influência da magia ou no seu ritual ou na sua origem. Existem vários olhares para explicar o que é magia, diferentes olhares e formas de entender.
Magia é manipulação de forças, é chamada de poderes, é chamada de entidades, a relação, a forma de evocar, de determinar. O praticante de magia tem uma postura diferente da postura do religioso.
A pessoa que pratica magia é ativa, tem um contato direto com os mistérios aos quais está se submetendo/lidando, a pessoa que pratica magia trabalha direto com a divindade, com as forças, com os poderes, com os mistérios determinando, dando ordens mágicas, realizando ações mágicas com a finalidade de alcançar um objetivo.
A palavra mago hoje tem um peso tão grande que é difícil utilizar essa palavra porque quando você fala que alguém é um mago, já imaginam que ele tem que ser o Merlin com chapéu de Merlin com uma varinha na mão, com uma roupa esquisita e fazendo mágica de palco.
O mago, o praticante de magia é e pode ser uma pessoa comum que conhece técnicas de magia, essa é a questão.
A postura do religioso é de reverência, de humildade, de quem está pedindo, clamando, se curvando. O religioso é aquele que está sempre pedindo, o praticante de magia é aquele que está determinando, a postura é diferente.
O religioso está sempre esperando que as coisas aconteçam sob a vontade de Deus, o praticante de magia está interferindo como elemento ativo e dependendo do segmento, o praticante de magia é o elemento ativo da vontade de Deus, o religioso é sempre um elemento passivo.
A relação do religioso com o mistério Maior, na maioria das religiões, é de passividade e em muitas religiões o fiel, o religioso, não tem um contato direto com a divindade, entre ele e a divindade existe um intermediário: o sacerdote.
O praticante de magia tem contato direto.
Há uma ação mágica e uma ação religiosa: a ação religiosa é aquela que está trabalhando o seu íntimo, o seu lado interno; ação mágica está trabalhando o lado externo e aquilo que você quer conquistar, que você quer trabalhar ou aquilo que você quer cortar, anular, a energia que você quer descarregar, a entidade que você quer encaminhar, o trabalho que você quer desfazer, quer desamarrar. Isso é uma ação mágica e uma ação mágica em que você está manipulando elementos e sabe que, por meio daqueles elementos, você desamarra, corta, purifica, esgota, encaminha, quebra, desfaz.
Na ação religiosa você entra em contato com sagrado e pede que se for do seu merecimento, de forma direta, seja feito o que tiver de ser das suas necessidades, esse é o contato religioso.
O contato mágico implica num conhecimento, é uma ciência, uma arte real, a arte da magia, da prática da magia, ciência que implica o conhecimento de um objeto que está sendo trabalhado.
O religioso não precisa conhecer uma ciência, ele precisa ter uma doutrina, o religioso não é estudioso de ciência, o religioso é doutrinado é ovelha, o praticante de magia é leão.
O religioso pode se tornar uma galinha, o praticante de magia deve ser uma águia. O religioso é passivo, o praticante de magia é ativo. A religiosidade é algo que acontece de dentro pra fora, a magia acontece de fora para dentro.
Rubens Saraceni diz que: “ A ação religiosa é uma ação que se desdobra a partir do lado interno da criação”.
O que tem no lado interno da criação?
O lado íntimo de Deus, o lado íntimo daquilo que é o sagrado e é desconhecido, onde a gente não penetra.
E o lado externo da criação?
É o mundo tal qual nós conhecemos com suas dimensões paralelas, com o lado espiritual, o material que é possível ver e relacionar-se.
Temos o lado interno e externo da criação e no lado externo a gente tem as realidades divinas que é aquela que se manifesta para nós, a natural das realidades naturais e paralelas e a realidade espiritual.
Nós nos relacionamos com seres naturais, com seres divinos e com seres espirituais isso é um conceito da obra de Rubens Saraceni em Teologia de Umbanda.
Na ação religiosa o meu lado interno se comunica com o lado interno do criador, com o lado interno da criação, é uma ação que se desdobra de dentro para fora.
Na ação mágica, o meu lado externo, a minha espiritualidade, minha relação com as divindades, com os seres naturais, com os elementos, com as forças, com os poderes, isso é o meu lado externo e está atuando, ou seja, há um desdobramento mágico que acontece no lado externo. Então, a ação religiosa é uma ação que acontece de dentro para fora e ação mágica que acontece do lado externo para o lado interno a partir do externo vai provocar mudanças que vão alterar o meu interno.
O religioso é submisso, reverente, humilde, aquele que se curva.
O praticante de magia é ativo, ele determina e ele manipula.
Max Weber explica que a grande diferença entre religião e magia é: que a religião é a prática de uma comunidade e a magia é uma prática solitária, o religioso se estabelece em comunidades, se congrega, se une em torno de uma doutrina, de uma filosofia, de um Templo.
O praticante de magia realiza a sua arte, a sua ciência sozinho, de forma solitária, para ver como é difícil entender a diferença entre magia e religião, o Weber não entra no mérito de como é feita a prática, ele entra no mérito que religião é algo que congrega as pessoas, magia é algo que você pratica sozinho.
Essa é uma característica de que para praticar magia você não precisa de uma congregação, não precisa se congregar com as pessoas para praticar a magia você não precisa de um Templo para reunir pessoas, para praticar magia você não precisa de hierarquia religiosa, você não precisa de um sacerdote, você não precisa de uma doutrina porque a doutrinação envolve a maneira de conduzir um grupo.
A magia é uma prática que pode ser solitária porque ela dispensa toda organização do contexto religioso que implica em como conduzir uma comunidade, o praticante de magia tem um contato direto com o mistério, ele é ativo, determina, faz, realiza e ele não depende de ninguém, de nenhuma estrutura, de nenhuma hierarquia, ninguém está acima dele, ele tem um contato direto. Agora, os praticantes de magia podem se reunir, mas eles não dependem de uma reunião para realizar a sua arte mágica, mas eles podem se reunir.
Da mesma forma, os religiosos podem ter práticas mágicas, mais ou menos mágicas e aí entram as religiões mais ou menos mágicas.
A Umbanda é uma religião mágica, o religioso de Umbanda não é alguém que fica apenas em atitude passiva, ele não vai ao Templo para sentar e ficar esperando de forma passiva, essa atitude passiva na Umbanda a gente só vê nos consulentes que não são exatamente a figura do religioso de Umbanda porque o consulente não precisa nem ser Umbandista, o consulente pode ser Católico, Judeu, Muçulmano, ateu – o consulente – e o consulente é passivo porque ele chega, senta no banquinho e ele fica esperando a hora de chegar sua consulta, o consulente é passivo.
Esse consulente pode se tornar um religioso Umbandista passivo enquanto consulente, mas quando uma entidade falar para ele: “Meu filho, pra trazer fartura para sua vida, você pega uma moranga dá uma cozinhada nessa
moranga, tira a tampa de cima da moranga, abre ela, faz uma canjiquinha amarela cozida coloca dentro da moranga, coloca uns cravos da índia por cima, acenda uma vela verde de sete dias e coloque dentro dessa moranga oferece isso para Oxóssi, o Orixá do reino vegetal, dos vegetais e da fartura e pede para Oxóssi trazer fartura para sua vida, faça isso e como resultado você vai sentir uma melhora nesse campo”.
A entidade está ensinando magia, está falando: “Meu filho, pra abrir os seus caminhos vá até uma estrada, até um trilho de trem e faça uma oferenda pra Ogum”, esse consulente que é passivo, está aprendendo práticas mágicas, então, a religião é uma religião mágica.
Quando a gente olha uma religião como o Catolicismo, a gente pensa que é uma religião que se coloca frontalmente contra a magia e não tem prática nenhuma de magia. A gente pensa que no Catolicismo não existe magia porque historicamente o Catolicismo foi contra a magia, no entanto, o eixo central da religião, da ritualística Católica é a missa e na missa você transforma o vinho em sangue e o pão em carne, em corpo de Cristo.
E aí você pensa: “É, mas, o vinho não se torna sangue de fato e a hóstia não se torna carne de fato”, pois é, mas simbolicamente sim.
Simbolicamente aquele vinho não é mais visto como vinho e sim como o sangue de Cristo, simbolicamente a hóstia não é mais um pão, ela é o corpo de Cristo, a carne de Cristo, então, simbolicamente o vinho foi consagrado para tornar-se sangue de Cristo. E como? Por meio de um ritual.
Na missa existe um ritual no qual você faz com que o vinho se torne sangue e com que o pão se torne carne, esse é um ritual mágico. A missa tem um ritual de magia que não pode ser explicado para os fiéis e só quem pode fazer esse ritual é o sacerdote, o fiel é passivo.
A religião Católica busca os fundamentos do Cristianismo é uma forma de Cristianismo, não é a única forma, ela revive a vida, a história, a filosofia de Jesus Cristo e na vida de Jesus é relatado, por exemplo, a multiplicação dos pães - é magia, o momento em que Jesus faz com que a água se torne vinho – é magia, Jesus levanta a mão e expulsa demônios ou espíritos imundos, seja lá qual for a tradução – é magia.
A linha é tênue entre magia e religião.
Muitas vezes o religioso, principalmente o Católico vai dizer assim: “O que Jesus fazia não era magia era milagre”. E nas outras religiões? “Ah nas outras religiões era magia”, então, a ação mágica da sua religião é um milagre e a ação mágica da outra religião é magia, é feitiçaria.
Atente para esse detalhe: que o religioso de outra religião quando não reconhece a presença divina e sagrada na sua religião ele diz que o que você faz é magia e feitiçaria porque ele não está reconhecendo que ali está Deus e ali tem algo sagrado.
No momento em que reconhece isso deixa de ser magia pra dizer: isso aí é um milagre, uma intercessão de Deus, mas um milagre é também uma ação mágica quando a pessoa que faz sabe o que está fazendo.
O que vem antes do Cristianismo?
O Judaísmo.
No Velho Testamento nós temos Moisés: “Moisés solta sete pragas no Egito. Foi um milagre que Deus operou”, é magia; “Moisés pega um cajado bate no morro e sai água”, é magia; “Moisés pega o cajado e joga no chão e o seu cajado se transforma numa cobra”, é magia. Não é milagre. Milagre é porque é da sua religião porque quando você olha de fora é magia, isso é magia. “Moisés bate o cajado no chão e abre o mar”, é uma ação mágica produzindo um efeito externo, isso acontece de fora para dentro, isso é magia. Moisés poderia operar tudo isso sozinho sem intercessão de ninguém, então isso é ação mágica.
Moisés diz: “Que todos os primogênitos no Egito irão morrer menos os filhos primogênitos dos semitas”, mas para isso todos fizeram sinal na porta da sua casa para que a morte não entrasse. Quem é a morte? É o Anjo da Morte.
Moisés evocou o Anjo da Morte, a presença do Anjo da Morte para levar a morte para todos os primogênitos dos Egito menos na casa dos semitas, por quê? Porque na porta de entrada eles colocaram um sinal, esse sinal é um sinal cabalístico, é um sinal que tem o poder, que tem uma força.
Ali há uma ciência, é magia.
Quem é Moisés?
Moisés é um semita que foi criado como príncipe do Egito, foi criado para ser Egípcio, mas ele foge e se casa com Séfora passando a conviver com seu sogro, chamado Jetro, que é negro, Africano, passa a conviver com ele, vai aprender magia com Jetro, Moisés torna-se um grande praticante de magia e ele dá base de fundamentação para o Judaísmo tanto a base Judaica religiosa quanto a base Judaica Mística ou Mágica que está na Cabala ou na Cabalá. “Ah, então, o Judaísmo tem religião e magia?”. Sim. O Judaísmo tem uma vertente mais religiosa e uma vertente mais mágica.
As religiões possuem a vertente mágica também que é relacionada com a mística e a parte que a gente chama de mediúnica.
Embora uma coisa não dependa da outra: o ato mediúnico não depende do ato mágico e o ato místico não é necessariamente um ato mágico. O ato místico é o encontro com a deidade, o ato místico é quando você e a divindade se tornam um, então, o transe mediúnico tem viés místico.
Os místicos também tem um viés mágico que é o de conhecer de perto a divindade e por meio desse conhecer, manipular forças e poderes, mistérios e etc.
Mas, voltando ao Judaísmo, o Judaísmo tem um viés mágico que é trabalhado na Cabala ou Cabalá Hebraica, na Cabala Hebraica se estuda a mística ou a magia do Judaísmo que é antiguíssima e que é uma magia que remonta, por exemplo, a Moisés que é alguém que estudou Magia Egípcia, que estudou a magia Africana de Jetro que é uma forma de Xamanismo Africano, que estudou a Magia Semita que já descende de Abrahão que vem de uma cultura mágica religiosa.
Moisés dá esse fundamento mágico religioso, mas Moisés dá a base religiosa para o seu povo ser pacífico e passivo pelo fato de Moisés ter contato direto com Deus. Mas, sempre existe um grupo mais próximo em que vai se ensinar a arte real, a magia, por isso Jesus tinha doze discípulos. Jesus tinha doze discípulos diretos, por quê? Para que ter discípulos diretos? Porque alguma coisa ele ensinava para esses discípulos que não chegava para o resto da população.
O ensinamento mais próximo, fechado, é um ensinamento mágico, místico, é aquele ensinamento que para você transmitir para alguém esse alguém tem que assumir uma responsabilidade, é um ensinamento que, para ser passado, implica em uma iniciação.
Jesus iniciou doze discípulos e pelo menos uma discípula que se tem notícia: Maria Madalena que era muito querida a Jesus, amada a Jesus e o que fica evidente e claro nos Evangélicos Apócrifos e com certeza ele também deve ter iniciado a sua mãe Maria, então, Maria Madalena, Maria sua mãe e provavelmente outra Maria, irmã de sua mãe, que juntas são as três Marias, provavelmente no mínimo ele iniciou três Marias daí ser tão forte o nome Maria no contexto religioso Cristão.
Essa iniciação diz respeito a um contato direto com o mistério, com o poder, o ensino de uma ciência fechada, de um conhecimento secreto. Esses discípulos de Jesus iniciaram outros, que iniciaram outros, que iniciaram outros e que geraram uma hierarquia que em religião é a hierarquia sacerdotal e em magia é iniciação.
Na Cabala Hebraica existem iniciações para que você possa trabalhar. Antigamente, para um Judeu praticar Cabala tinha que ser homem, maior de quarenta anos e casado e não bastava ser homem tinha que ser o primogênito.
Antigamente um praticante de Cabala só podia ensinar Cabala para o seu primogênito homem no momento em que ele estivesse com quarenta anos e fosse um homem casado, por quê?
Porque esse era um conhecimento secreto considerado algo muito delicado que para trabalhar com esse conhecimento você precisa ter maturidade. Então, a magia foi tratada dessa maneira como segredo por muitas culturas, no Judaísmo as práticas de magia estão na Cabala.
A Cabala estuda a magia que há nessa religião, nessa cultura, é um fato que existe magia na religião Judaica, no Islã é o sufismo, no Cristianismo você tem o Gnosticismo e tem a alta magia dos Cristãos praticantes de magia.
A magia em si é algo que sempre existiu desde que o homem é homem, desde que o homem se torna homo sapiens ele pratica religião e também pratica magia de tal forma que ninguém pode dizer com certeza o que nasce primeiro: religião ou magia, as duas nascem juntas na vida do ser humano tanto a prática mágica quanto a prática religiosa.
Nós podemos afirmar sem medo de errar, categoricamente, que a primeira forma de manifestação religiosa, a forma mais antiga que nós temos conhecimento é o Xamanismo.
No Xamanismo você verifica o transe como prática básica do Xamã e em quase todas as formas de Xamanismo você vai identificar práticas mágicas, o Xamã é também um praticante de magia, nem todo praticante de magia é um Xamã porque nem todo praticante de magia trabalha a arte do êxtase ou do transe que é a arte do Xamã. Mas, quase todos os Xamãs têm práticas mágicas.
Quem é a figura do Xamã?
Por exemplo, os Pajés Brasileiros indígenas todos eles são Xamãs e todos eles trabalham com ferramentas, com recursos de magia, com maraca, com fumo, com canto, com tambor, com erva, com reza de determinação mágica, isso é magia.
Antes da religião se tornar algo organizado, ela surge na prática Xamânica e com o tempo os grupos sociais vão dogmatizando, vão doutrinando, vão criando suas Teologias em cima da prática Xamânica ou da experiência Xamânica ou da experiência mística. Os grandes fundadores de religião como Cristo, como Moisés, como Buda e tantos outros são grandes místicos e muitos deles, místicos praticantes de magia, assim nascem as religiões.
A magia é algo natural para o ser humano. A gente vai encontrar práticas de magia em todas as culturas, assim como encontramos práticas religiosas em todas as culturas e em todas as culturas a magia era, no passado, praticada junto com a religião - podendo ser praticada de forma separada também.
O Pajé, que um Xamã, é o representante mágico e religioso de uma tribo. Nas culturas Africanas nós encontramos os sacerdotes que são também praticantes de magia e os praticantes de magia que não necessariamente conduzem um grupo de sacerdotes.
Nós vemos em culturas antigas como a cultura Celta, que é a cultura que antecede o Cristianismo, uma religião mágica, aquela imagem do Merlin é a imagem de um Druida, o Druida é um sacerdote na cultura Celta e esse sacerdote é um praticante de magia – quem não assistiu recomendo que assista Brumas de Avallon – onde a presença das mulheres praticando magia era muito forte.
Na cultura Nórdica, na cultura indígena, em todas as culturas aborígenes você vai ver a prática de magia, as religiões organizadas, as grandes instituições religiosas não incentivam a magia e não incentivam a prática mística como o transe, por quê?
Porque quando um religioso tem um contato direto com a divindade ele não precisa mais da organização religiosa.
Quando um religioso entra em transe místico com a divindade ele não precisa mais do Templo e nem do sacerdote, não precisa mais de ponte, Deus não está mais no Templo, está dentro dele e aí este religioso só continua no Templo e na religião se ele estiver ali por amor e em muitas organizações religiosas, as pessoas permanecem por medo, medo do diabo, medo da vida descambar, medo de toda Teologia do terror colocada em cima da pessoa, medo de não ser mais perdoado e não ser absolvido mais dos seus pecados.
E quando o adepto começa a praticar magia ele mesmo começa a manipular as forças e os elementos, ele sai da postura de ovelha para a postura de leão, sai da postura de galinha para a postura de águia, ele sai da postura de passivo para a postura de ativo e isso não interessa para as grandes religiões organizadas.
As grandes religiões pretendem conduzir ovelhas, pessoas passivas porque não dá trabalho conduzir ovelhas, você só precisa tomar conta dos lobos para eles não atacarem as suas ovelhas e colocarem os cães de guarda tomando conta das ovelhas, então, esses cães são os sacerdotes que tomam conta das
ovelhas.
O pastor é uma imagem mítica porque se chama o sacerdote de pastor, mas nas grandes religiões eles estão mais para o cachorro que toma conta do rebanho e o pastor é Jesus, ele é o grande pastor, ele é o divino salvador.
Jesus é a figura do pastor, o grande pastor conduzindo o rebanho com os cachorros em volta evitando que os lobos ataquem, então, diz para o rebanho: “Aqui vocês estão protegidos, os lobos não vão lhe pegar”.
Agora, quando você deixa de ser uma ovelha para ser um leão, você não tem mais medo do lobo e você não precisa do cachorro, não precisa do pastor e de nada mais porque você tem o contato direto com a deidade, mas você continua no rebanho se você tem amor por aquele rebanho, você vai ser um leão ajudando a conduzir aquele rebanho, essa é a postura de quem pratica magia, do praticante de magia, essa é a grande diferença, as grandes instituições não se interessam em ensinar magia, mas elas sabem que a magia existe.
Nas sinagogas se ensina religiosidade judaica, em algumas sinagogas existem estudos paralelos de Cabala ou Cabala Hebraica, nem todo rabino é um estudante da Cabala e nem todo Cabalista é um rabino, no Islã há o sufismo, mas nem todo Sheikh é um praticante Sufi, nem todo Cristão é um praticante de magia.
No caso da Umbanda, nós temos uma religião que é mística e mágica, aprenda e aprofunde-se nisso porque é uma oportunidade única, a nossa religião não é uma religião que tem uma grande instituição central querendo comandar todo mundo, deixe de ser ovelha, se torne um leão; deixe de ser galinha, se torne uma águia. Entenda que o Umbandista transita entre momentos nos quais a sua atitude deve ser passiva e momentos em que a sua atitude deve ser ativa.
Funcionamento da Magia na Umbanda
No momento em que uma religião, como a Católica, assume o poder, e ela assumiu durante um bom tempo, essa religião começa a perseguir as outras e uma forma de perseguir é afirmar que a magia do outro é uma coisa demoníaca, isso é uma receita antiga.
Historicamente, quando o Catolicismo se torna uma grande religião, de poder, uma religião do estado, que tem o poder de perseguir, de castigar, naquele momento foi, por exemplo, criada a inquisição.
Historicamente, quando o Catolicismo se torna uma grande religião, de poder, uma religião do estado, que tem o poder de perseguir, de castigar, naquele momento foi, por exemplo, criada a inquisição.
E por meio da inquisição essa organização persegue as outras religiões, os praticantes de outra religião. No olhar preconceituoso, a prática de outra religião é sempre de feitiçaria, de magia.
Nomearam de bruxos e bruxas todos que tivessem alguma prática religiosa de outra religião, uma rezadeira da cultura Celta era considerada uma bruxa, uma benzedora de outra cultura era considerada uma bruxa, alguém que soubesse trabalhar com ervas, com algum elemento da natureza, era considerado bruxo ou bruxa.
A Inquisição levou à fogueira os praticantes de magia de outras religiões e mesmo as religiões que insistiram em praticar a religiosidade que não fosse a Católica.
Esta é uma página da história da humanidade que a Inquisição “escreveu” e é um momento em que a religião instituída assume uma guerra contra a magia e o que a magia representa, lançaram guerra contra a magia impedindo as pessoas de praticá-la, referindo-se à magia como algo que não presta, não serve, essa ideia foi incutida na cabeça das pessoas durante séculos e foi sendo trabalhada essa ideia de que magia não presta e de que qualquer magia é algo enganoso, embusteiro, que toda forma de magia, toda e qualquer forma de magia não é algo sagrado porque não pertence àquela religião e isso ficou no inconsciente coletivo.
Até hoje é muito difícil para muitas pessoas entenderem o benefício que traz a prática de magia, pra muitas pessoas ainda qualquer forma de magia tem uma conotação negativa, pejorativa, se você tem que fazer uma receita mágica, parece, para algumas pessoas, que se sentem como se estivessem fazendo algo errado por estar praticando magia. E a diferença do certo e do errado é a intenção.
Fala-se na magia branca e na magia negra, existem muitas formas de magia – e negra aqui não diz respeito à raça – mas, diz respeito à magia positiva e magia negativa, magia negativa há muito tempo foi e é chamada de magia negra.
Qual a grande diferença? A intenção...
A magia branca ou magia divina é feita com boa intenção, com a intenção de ajudar e a magia negativa é feita com a intenção de prejudicar.
Dentro de muitas culturas, a grande diferença é a maneira de trabalhar.
Dentro do que nós chamamos de magia existem as magias naturais, ou seja, as magias ligadas à natureza que são as práticas de magia das religiões ligadas à natureza e aí nós temos: magia branca e magia negativa/ magia negra, aí tem magia astrológica, magia Celta, magia rúnica, magia Egípcia, magia Maia, magia Asteca, magia deste povo, magia daquele povo, magia dessa cultura, magia daquela cultura e aí também essas formas de magia vão assumindo nomes.
Por exemplo, hoje em dia a prática da magia Celta é chamada de wicca.
Se o Judaísmo tem a Cabala Hebraica e o Islã tem o sufismo, a wicca está para a religiosidade Celta assim como essas práticas estão para outras formas de religiosidade. A wicca é trazer, reviver a magia daquela cultura, daquele povo Celta.
E em todas as práticas mágicas de diversas culturas a gente vê a manipulação de elementos, então, dentro da tradição da Cabala você tem a utilização de nomes sagrados, de palavras sagradas, de letras sagradas, de símbolos, de signos, o uso dos elementos, da vela, da verbalização, da vocalização de sons sagrados, da chamada de forças e poderes.
A Cabala Hebraica influenciou fortissimamente o que é chamado de magia europeia ou ala magica europeia onde, nessa cultura, na alta magia, há uma distinção entre teurgia e goécia, nessa cultura europeia mágica se diferencia magia branca como teurgia e magia negra como goécia, é dito que na teurgia se trabalha com Anjos e na goécia se trabalha com demônios.
E há um tipo de magia em que você trabalha com teurgia e goécia ao mesmo tempo em que se formam signos pantáculos, signos cabalísticos, estruturas simbólicas de magia onde você evoca o poder de um demônio cercado por um poder de um Anjo, então, isso é chamado também de uma forma de alta magia.
Por que trabalhar com Anjos e demônios?
Acredita-se que a força dos Anjos é manipulada por meio da magia ou trabalhada por meio da magia para atingir objetivos espirituais e divinos, e a força dos demônios é para atingir objetivos materiais ou profanos.
Para trabalhar a força de um demônio nesse tipo de magia, você trabalha com a força de um anjo e aprisiona a força do demônio construindo um pantáculo, um círculo mágico com outros círculos dentro - como uma cebola - nos círculos de dentro estão as forças dos demônios e ao redor as forças dos Anjos, no centro fica o praticante de magia que evoca o Anjo e evoca um demônio, o demônio é obrigado a obedecer a sua ordem sob a força e a presença do Anjo.
Muita gente, na Umbanda, já estudou sobre teurgia e goécia, e trouxe para a Umbanda como Aluísio Fontenele em 1950 quando começou a aplicar isso na Umbanda considerando a linha da Esquerda como goécia e linha da Direita como teurgia, ele comparou os Exus aos demônios e os Orixás aos Anjos e ele considerava que o trabalho mágico de Umbanda devia ser feito dessa forma, evocando Exus como demônios e invocando Orixás como Anjos numa magia Cabalística imitada, copiada ou inspirada pela alta magia que mistura Anjos com demônios, teurgia com goécia, no entanto, nossos Exus não são demônios e a nossa magia não é magia europeia, então, é bom estudar outras tradições, mas nem sempre o fundamento de outra tradição pode fundamentar a nossa religião, existe uma magia que é a Magia de Umbanda que se auto explica, é uma magia divina, é uma forma de teurgia, mas os Orixás são divindades, são muito semelhantes aos Anjos, mas não são tratados na Umbanda da mesma forma que os Anjos são tratados no Catolicismo ou da forma como os Anjos são tratados na Cabala Hebraica.
Nossos Exus não são demônios, eles lidam sim com os aspectos mais materiais da vida também, não apenas, mas, a maneira de tratar um Exu não é à maneira da goécia ou da magia negra tratar um demônio.
O sufismo tem práticas mágicas muito parecidas com a Umbanda, mas não é Umbanda, eu posso estudar a obra de Eliphas Levi, mas essa obra não explica a magia da Umbanda “Dogma e Ritual de Alta Magia” – Eliphas Levi publicado pela editora Madras é um livro excelente, mas esse livro não explica a Umbanda, os dogmas de Levi não são os dogmas da Umbanda, para Levi a mulher não pode praticar magia, na Umbanda a mulher pratica a magia, aí tem Umbandista que lê Levi, depois escreve livro de Umbanda dizendo que mulher não pode praticar magia, que bobagem é essa? Porque foi buscar um fundamento alheio, eis a resposta.
Você pode ler o livro magos de Francis Barret, um livro de 1801 que foi publicado pela editora Mercúrio, você pode ler, mas não é Umbanda. Você pode estudar o wicca, mas não é Umbanda. Você pode estudar muitas práticas diversas de magia, você pode estudar a Cabala Hebraica a fundo, mas não é Umbanda.
A Umbanda possui uma magia que se auto explica. É certo que no passado não tinha por onde estudar a magia de Umbanda e todos aqueles que se interessaram pela magia de Umbanda, por falta de uma literatura mágica de Umbanda, buscaram estudar a magia em outras culturas, isso ajuda a entender a magia da Umbanda, mas também pode atrapalhar.
Quando você pega a dogmática de outra religião, os dogmas de outra prática de magia, aí traz pra dentro da Umbanda, que é uma religião mágica, mas que não possui dogmas – dogma é uma verdade que tem que ser aceita sem contestação. Então, tudo na Umbanda é passível de ser questionado e contestado por isso que não tem dogma, dogma é uma verdade que tem que ser aceita porque Deus quis e ponto final.
A Umbanda tem magia própria, desde o começo da religião se fala em magia, desde Zélio de Moraes, desde Leal de Souza – o primeiro autor de Umbanda – o primeiro livro de Umbanda publicado chama-se: O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda, publicado em 1933, nele já está a magia.
Em 1944, vários autores defendem a Umbanda como magia branca, Lourenço Braga afirma no seu livro Umbanda e Quimbanda: “Umbanda é magia branca, Quimbanda é magia negra” – não vamos entrar no mérito da Quimbanda – mas, a questão é: a Umbanda sempre foi vista como uma prática de magia, magia religiosa e religião mágica pelos seus praticantes, mas houve aqueles que misturaram os fundamentos como os de Aluísio Fontenele, misturou o conhecimento da goécia europeia com a Esquerda da Umbanda e com a Quimbanda.
É algo que dá pra praticar?
Dá para praticar, mas você buscou um fundamento alheio, hoje a magia de Umbanda é uma forma de teurgia quando trabalha com os Orixás, a magia da Umbanda é uma forma de alta magia quando apresenta uma ciência, a magia da Umbanda é uma magia natural quando busca as forças da natureza, a magia da Umbanda é uma magia autêntica e divina no momento em que ela tem fundamento próprio.
Há uma magia da Umbanda que é uma Magia Divina, a Magia Divina de Umbanda é a magia que dá acesso aos mistérios, mistérios relativos e pertinentes as forças e os poderes que se manifestam na Umbanda – poder é a manifestação de uma divindade, força é a manifestação de uma entidade –
Na Umbanda se trabalha com a magia das sete chamas sagradas que é o elemento fogo, com a magia do elemento água, magia do elemento terra, com a magia do elemento ar, com a magia do elemento cristalino, mineral e vegetal.
Na Umbanda se trabalha com magia dos sete elementos. Na Umbanda se trabalha magia da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução, da Geração.
Na Umbanda se trabalha a magia de Oxalá, de Oxum, de Oxóssi, de Xangô, de Obaluayê, de Nanã. A magia do mistério do Caboclo, a magia do mistério do Preto Velho, a magia dos movimentos, a magia da dança, a magia do som, a música de Umbanda é uma verdadeira magia, a magia que há e é praticada por meio do fumo, por meio da bebida, dos símbolos, dos gestos, das palavras, das oferendas, magia de símbolos.
O Preto Velho está incorporado batendo o pé no chão, tremendo a perna e batendo-a no chão, é uma magia e um mistério. E tem o momento em que a entidade pega uma pemba risca um ponto no chão e aí ele coloca água, coloca erva, tem a magia das sete ervas sagradas, a magia das sete águas sagradas, a magia de cada elemento, força, símbolo, de cada signo.
A magia de Umbanda é uma ciência porque existe uma técnica para se trabalhar essa magia e isso acontece de uma forma muito natural.
Como preparar uma defumação?
A defumação é uma prática mágica, implica no conhecimento de uma ciência. O que faz a defumação? Faz a limpeza e a purificação do ambiente por meio da queima de ervas ou de resinas.
Quando a resina do incenso queima em cima de um carvão em brasa, aquela fumaça que exala vai carregada das propriedades aromáticas dessa resina, desse incenso que tem a capacidade de limpar, purificar a energia negativa no ar, é uma magia que trabalha no ar.
Há ainda a defumação pra acalmar o ambiente com camomila, capim limão, melissa ou uma defumação pra queimar e purificar energias de pensamentos viciados como casca de alho, casca de cebola e casca de limão juntos, isso é bom contra comportamentos viciados, formas de pensamento viciada, viciação em alguma coisa ou vício: casca de limão, casca de alho e casca de cebola.
A defumação para a espiritualidade é feita com ervas de Oxalá, para o amor ervas de Oxum, para o conhecimento de Oxóssi, para justiça de Xangô, o olíbano que é o incenso, tem propriedades que agem no sistema nervoso central e que ajudam a pessoa a entrar num comportamento reflexivo, a essência aromática do incenso age no cérebro, no mental, acalmando e ajudando a entrar num estado mais contemplativo, há uma ciência.
Quando você defuma, você deve defumar de dentro levando a fumaça pra rua, há uma técnica, isso é magia, uma defumação bem feita limpa totalmente uma casa, é magia.
Os nossos Guias trabalham com velas, a maneira como ele usam uma vela é uma magia, uma técnica, com uma vela na mão ele limpa, descarrega, corta, encaminha, tira uma demanda, chama uma força, encaminha uma força, isso é magia.
Em algumas culturas indígenas Americanas – Norte Americanas – o índio quando vai rezar ou praticar magia, ele se recolhe e leva o seu cachimbo. E aí quando ele vai rezar, ele diz assim: “Vou fumar”, fumar é um ato mágico, fumar é um ato religioso, sagrado.
Quando você profana isso o resultado é a dor e o vício, é um ato mágico na religião acender um charuto e fumá-lo, não é pra tragar, você não vai tragar essa fumaça, essa fumaça é uma defumação direcionada.
Na hora que o Caboclo sopra, ele está colocando ali a sua intenção de limpar, de curar, de encaminhar, de realizar algo com aquele sopro, há um poder no sopro, o sopro é o hálito divino, o poder, a intenção.
Quando o Guia sopra é Magia Divina porque ele pode soprar com a intenção do mistério da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução, ele pode soprar um mistério desse ou daquele Orixá, ele pode soprar com a intenção de curar, de limpar e de purificar.
E quando ele coloca um elemento junto, que é o fumo, esse sopro está empoderado, elementalizado, o sopro está carregado de um elemento do fogo, da terra, da água, do ar, do vegetal, há poder nisso.
Não é a toa que uma entidade de Umbanda usa um charuto, ele usa, ele não deve ser viciado em fumar, quando usa bebida é a mesma coisa, a água ardente, o álcool tem um poder manifesto, é um fogo líquido, isso é incandescente, queima, é explosivo, tem uma energia, o álcool até bem pouco tempo é usado como elemento de limpeza e purificação, o álcool limpa e purifica por dentro e por fora.
Quantas entidades usam a bebida para limpar um machucado, pois antigamente era usado para esterilizar, isso faz parte da magia de Umbanda, são elementos da magia de Umbanda, assim como a oferenda, a firmeza.
Há uma técnica, uma ciência, isso é uma magia. Uma coisa é você rezar para Oxalá; outra coisa é você rezar e acender uma vela para Oxalá; outra coisa é você riscar uma cruz, colocar uma vela e rezar para Oxalá; uma terceira coisa é você escrever o seu nome no papel, colocar em cima da cruz, por a vela em cima, oferecer um prato de canjica para Oxalá e pedir para ele trazer de volta a esperança, a fé, a paz, a tranquilidade, é uma ação mágica, implica num conhecimento, numa técnica.
Os Guias de Umbanda quando estão incorporados estão praticando magia, o benzimento. O benzimento é uma forma de magia popular. O que é um benzimento? O benzimento consiste de uma oração em que a pessoa vai repetindo a oração e vai fazendo o sinal da cruz, por exemplo.
Tem benzedor que benze com arruda, com copo de água, benzedor que benze com uma faca, uma faquinha, um facão, com um cajado, benzedor que benze com um ovo, com uma chave na mão.
Com uma chave para abrir os caminhos, com uma arruda para tirar olho gordo, com um ovo para puxar toda carga negativa, benze você com uma faca, com um facão para afastar os inimigos, benze você com uma cruz para fechar o seu corpo. Isso é uma magia popular, cada forma de benzimento está usando um elemento diferente, está usando uma técnica diferente e a oração tem um verbo, então, tem a magia do verbo.
Todo verbo implica numa ação e está fundamentado na força desse ou daquele Orixá porque magnetizar e congregar pertence a Oxalá, cristalizar e descristalizar a Logunan, agregar a Oxum, conceber pertence a Oxum, diluir, renovar a Oxumaré, expandir a Oxóssi, concentrar a Obá, equilibrar pertence a Xangô, purificar pertence a Egunitá, ordenar pertence a Ogum, direcionar pertence a Yansã, transmutar a Obaluayê, decantar a Nanã, gerar pertence a Yemanjá, paralisar ou estabilizar pertence a Omulu.
Voce está fazendo uma reza para abrir o caminho. Quem abre? É Ogum. Pra fechar o corpo. Quem abre, fecha. Ogum abre o seu caminho, fecha o seu corpo. Você tem oração, oração de São Jorge em que diz: “Jorge sentou praça na cavalaria e eu estou feliz porque também sou da sua companhia. Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge”. Quais são as roupas e as armas de Jorge?
São principalmente as suas qualidades, pois você está fazendo uma oração de proteção, faça uma oração de proteção e vá fazendo o sinal da cruz – estou fazendo uma oração para São Jorge, para Ogum – então, pegue uma espada na mão ou uma faca na mão, um ferro e eu vou rezando e vou pedindo e dizendo “Que eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge”, a força dele, a presença dele está em mim, isso é uma oração mágica. “...estou vestido com as roupas e as armas de Jorge”, para quê? “...para que os meus inimigos tenham pés e não me alcancem”, “...para que os meus inimigos tenham mãos e não me toquem, para que os meus inimigos tenham olhos, mas não me vejam e nem pensamentos eles possam ter para me fazer mal”, tem verbos aqui, cada verbo está ligado a uma divindade diferente.
Os órgãos, os olhos, os pés, as mãos, a ação de tocar, de correr, de ir atrás, eu estou evocando, estou chamando e estou pedindo que “...armas de fogo não me alcancem, cordas e correntes arrebentem sem me amarrar, facas e espadas se quebrem sem me tocar porque eu estou vestido com as roupas e com as armas de Jorge”, então, eu estou pedindo isso para mim, eu estou determinando, é um ato mágico, é uma magia popular, a oração é ritual.
Se eu pego um elemento, faço um símbolo, risco um ponto de Ogum, entro dentro, rezo dentro desse ponto, eu estou dando poder, estou empodeirando, estou dando ciência e técnica para minha magia.
Para os benzimentos de “olho gordo”, você pode pegar um galho de arruda, mergulhando na água e vai rezando, por exemplo, dizendo que: “Com dois te deram, com três te tiro; com dois te deram com três te tiro; com dois te deram com três te tiro, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”. “Com dois te deram, com três te tiro; com dois te deram com três te tiro; com dois te deram com três te tiro”, “com dois” com dois olhos te deram olho gordo pra você, em cima de você, “com três” com os meus dois olhos e a minha arruda tiro: “com dois te deram e com três eu te tiro, com dois te deram e com três eu te tiro, com dois te deram e com três eu tiro”, esse é um benzimento, se parece com um mantra.
Você está dizendo que houve uma ação de dar algo ruim e você está, não pedindo que Deus te tire, você está dizendo: “Eu te tiro”, a ação é incisiva, é ativa, é altiva: Eu tiro o olho gordo. É uma magia popular, por que uma magia popular? Porque não tem um estudo da ciência, da técnica, passa a ser magia propriamente dita quando você estuda o verbo, aí você tem a magia da palavra, magia do som, magia da ação, magia do fator: tirar.
A Umbanda é recheada de magia, o altar é um recurso mágico onde há um portal.
O Caboclo, Preto Velho, Baiano, Boiadeiro, no altar abrem um portal, abrir portal é um ato mágico, eles abrem portais para as realidades paralelas no altar.
O Guia está trabalhando e ele vira, estala o dedo e você fala: “Ah ele está estalando o dedo, não tem o que fazer, não é? Ele só está estalando dedo”. Não, ele abriu um portal, ele abriu um campo de atuação, ele abriu um círculo no ar, ele soltou a fumaça e dentro da fumaça ele abriu um portal absorvedor de energia negativa. Ele envolveu você numa nuvem de fumaça, purificadora, limpadora, esgotadora do seu negativo, imantadora, irradiadora, que tem a força congregadora, agregadora, expansora, te envolveu. Ele está te limpando, dando um passe, rezando e fazendo um ponto cantado, é uma magia acontecendo.
O Preto Velho incorporado, às vezes, está dando passe e está cantando um ponto e aí nesse ponto, que ele está cantando, está chamando uma força, determinando aquela força, aí passamos para a magia do verbo, do som, a magia da palavra e aí se abre outro campo que é muito forte na Umbanda, a magia da música, a magia do som.
Para falar dessa magia da oração, olhar o benzedor trabalhando ajuda a entender porque o benzedor está trabalhando com o verbo e ali ele está determinando que vai tirar um olho gordo, que vai tirar um quebranto, o benzedor está determinando que ele vai curar o mal olhado e ele sabe que isso funciona, que cura porque ele tem a oração contra o mal olhado, que tem as chaves de acesso pra cortar o mal olhado.
Quando a gente assiste um trabalho da Jurema ou do Catimbó, vemos a importância do fumo como erva de poder, quando o índio utilizava o fumo, ele colhia as folhas na natureza saudando a divindade regente daquela folha, daquele fumo e ele pedia força para aquela divindade para que na hora que ele estivesse queimando o fumo, fumando, o poder da divindade e do fumo estivesse junto dele.
O fumo é uma erva de poder, além de ser uma defumação direcionada, o Xamã utilizava o fumo como erva de poder, existem tipos de fumo que induzem a um estado alterado de consciência – que não é a utilização que a gente dá na Umbanda – mas, o fumo tem um poder relacionado a uma divindade, há a divindade do fumo, assim como há a divindade da jurema, da espada de São Jorge, da melissa, da malva, da arruda, da guiné, porque há divindades maiores como gênios da natureza que estão ligadas a cada uma das folhas, há a divindade Ossain que é a divindade das folhas, de todas as folhas, uma das oferendas para Ossain é feita com fumo, então, há uma ligação do fumo com Ossain, há uma ligação de Ossain com todas as folhas, há um poder que se manifesta por meio das folhas, por meio do fumo, fumar é um ato sagrado, é uma magia.
Quando uma entidade trabalha com uma pedra, nós temos pedras de várias cores, se a pedra é azul clara está no campo de Yemanjá, se é azul escuro está no campo Ogum, se é vermelha pode estar no campo de Xangô, pode estar no campo Ogum, se é marrom está no campo de Xangô, se é amarela está no campo de Yansã, um quartzo transparente cristalino está no campo de Oxalá.
Trabalhar com pedras implica numa magia das pedras e aí a entidade, com uma pedra na mão, abre um portal da dimensão daquela divindade, com as pedras você faz um triângulo de pedras ou um círculo de pedras, ou ainda uma estrela de cinco pontas com pedras, uma estrela de seis pontas com pedras.
Cada pedra dá acesso a um reino, a uma dimensão elemental, a pedra tem uma estrutura de cristalização, as pedras têm sete tipos de estrutura de cristalização, cada estrutura de cristalização está relacionada a um sentido da vida, a uma estrutura de uma tela planetária de um dos sete Tronos maiores.
Por meio do fogo, você entra em contato com o reino do fogo, com a dimensão ígnea, com os elementais do fogo, as entidades trabalham com os elementais da água, com os elementais do ar, mas com uma linguagem própria ou sem linguagem nenhuma com os encantados, trabalham com essas realidades paralelas.
A magia do som, do verbo, pode ser vista quando uma entidade, com uma maraca na mão, vai fazendo um toque, uma marcação que ajuda no transe, que induz o transe. O atabaque quando tocado, ele tem ritmo, tem frequência, tem intensidade de toque, isso altera as ondas, a nossa frequência mental, a gente pode recorrer muito ao Xamanismo pra explicar magia.
Na origem do Xamanismo é larga a utilização da música, do som, o tambor Xamânico induz aos estados alterados de consciência é considerada uma prática mágica, a ciência de tocar o tambor e induzir um estado alterado de consciência.
Na cabala, quando você quer evocar um anjo, você canta o nome dele ou você faz um mantra, a ciência que há por trás dos mantras, da vocalização, da sonorização, esta ou aquela vogal implica em uma força, uma energia, o poder do mantra de parar a mente, a repetição mântrica faz a mente parar e entra num estado de frequência mais baixo para que o poder se manifeste no seu inconsciente, para que o seu consciente se revele, o tambor Xamânico é chamado de veículo porque ele leva o Xamã aos mundos desconhecidos, o tambor Xamânico é chamado de arco porque o Xamã se torna a flecha quando o tambor está tocando, o tambor Xamânico é chamado de cavalo porque ele vai levar o cavaleiro para os lugares desconhecidos.
O tambor é um instrumento de transe, para que se entre em estado alterado de consciência, o canto traz o verbo como poder realizador da ação, a cadência da música, a estrutura cadenciada de uma música faz o seu cérebro funcionar numa frequência diferente.
Está tocando o atabaque e o seu cérebro vai acompanhando e de repente a mente para de pensar, está só acompanhando a música e aí quando o seu cérebro está na frequência diferente, entra um verbo: vamos cortar, vamos purificar, vamos chamar a força de Oxalá e a mente vai buscar isso dentro de você, isso é uma magia, é um poder e ajuda no desenvolvimento do médium para melhor incorporar, o transe é quase que induzido para ele começar a experiência do transe, é praticamente induzido ao transe e a música, o toque ajuda a induzir: “Caboclo lá da samambaia onde está que não vem cá, mas ele mora na boca da aldeia arreia, arreia, arreia...”, “Araribóia, sucuri, dendê, onde está esse Caboclo que não quer descer? Araribóia, sucuri, dendê, onde está esse Caboclo que não quer descer?...”, “Eh eh eh boca da mata, deixa esse Caboclo passar boca da mata...”, você está induzindo o transe, você está chamando, está dando força para o médium “...deixa o Caboclo passar, deixa ele vir, deixa ele manifestar, por que você não vem, por que você não chegou”, é o poder do verbo, quer dizer: se abra, se entregue.
A mente fica entregue ali e a palavra de ordem é: se entregue, deixa vir, deixa passar e a música vai te conduzindo e você vai se perdendo e há um ambiente, você foi defumado, aquele cheiro de incenso, de olíbano, a música tocando, isso é uma magia.
Você está dentro de um Templo, um lugar onde você se sente seguro, é uma magia e se diz: “Agora, Caboclo incorpora, mostra tua presença, dê sua chegada, meu Pai”, é o poder do verbo, o transe está sendo praticamente induzido porque o médium ainda está em desenvolvimento.
Depois que esse médium já é desenvolvido, o transe será conduzido, apenas dizendo que esse é o momento de incorporar o Caboclo, não tem que “puxar com saca rolha”, não tem que arrancar ele lá de dentro, não tem que fazer força, desgaste, nem ficar nervoso.
O couro é uma ferramenta de magia, o tambor, que é o atabaque, toca a música numa frequência de Xangô, de Ogum, numa vibração de Yemanjá e você desagrega uma energia negativa, você corta uma demanda, encaminha um espírito, chama a força de cura.
O Ogã é um praticante de magia, magia do som porque ele está determinando a presença de uma força, está determinando um descarrego isso tudo é magia.
Elementos de Magia – Pemba, Pedras, Ervas, Águas
O que é a pemba?
A pemba é nada mais do que um giz, um mineral e é feita do mesmo material que se faz o giz de quadro negro, o valor da pemba é ser um mineral.
Desde o início da religião, a pemba é utilizada na Umbanda, a magia de pemba é uma magia legítima da religião de Umbanda.
Na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, no Terreiro de Zélio de Moraes, antes de se começar os trabalhos, com a pemba são riscados no chão os pontos dos Orixás e dos Guias.
Quando você firma um ponto de um Orixá com a pemba, você está fazendo uma firmeza, você faz um símbolo, o símbolo de Ogum são duas espadas cruzadas, de Oxóssi: duas flechas cruzadas; símbolo de Obaluayê: um cruzeiro; de Oxalá: um sol ou uma estrela de cinco pontas ou uma cruz sozinha; de Oxum: um coração; de Oxumaré: um arco-íris; de Logunan: uma espiral, de Xangô: um machado ou uma estrela de seis pontas; de Egunitá: uma estrela de seis pontas cruzada no centro ou um raio; de Yansã: pode ser um raio curvilíneo ou uma estrela feita com as linhas curvas - uma estrela de cinco pontas feita com as linhas curvas; símbolo de Nanã: a lua crescente e a lua decrescente; de Omulu: uma foice ou uma cruz equilátera dentro de um círculo ou círculos no centro com uma cruz; de Yemanjá: pode ser as ondas do mar ou uma estrela com uma reta que fecha em curva em baixo – como uma bengala, esses são símbolos dos Orixás.
São apenas estes os símbolos dos Orixás?
Não, existem muitos outros símbolos para os Orixás.
Há literaturas de Umbanda que mostram esses símbolos para o Orixá Oxalá, Oxum, Oxossi, porém outra literatura pode mostrar outro símbolo.
Existe uma grande quantidade de símbolos, a estrela de cinco pontas é símbolo de Oxalá, a cruz é símbolo de Oxalá, o sol pode ser símbolo de Oxalá, mas existem outros símbolos que pertencem a Oxalá, então, não são apenas esses símbolos.
O símbolo é algo que traz a força, a energia do Orixá, traz uma simbologia, o símbolo traz algo relacionado àquele Orixá, traz algo da vibração do Orixá, da energia do Orixá, da força do Orixá.
Se eu risco o símbolo de um Orixá – e eu posso riscar e você pode riscar – o símbolo de um Orixá e coloco uma vela do Orixá, aquilo é uma firmeza da força daquele Orixá.
Qualquer adepto, qualquer médium de Umbanda pode riscar o símbolo do Orixá de forma religiosa e não de forma iniciática, ou seja, na magia pura você precisa de iniciação, mas de forma religiosa não. Então, dentro do que é magia religiosa, você pode riscar uma estrela de cinco pontas para Oxalá e oferecer em cima dessa estrela, um prato de canjica com uma vela de sete dias dentro ou um prato com água da fonte e uma vela de sete dias branca dentro, isso é magia religiosa, você pode fazer magia religiosa e trazer a magia de pemba para essa magia.
Por que usar a pemba e não o giz de cera?
Por que a gente não risca com o carvão?
Por que a gente não risca com um lápis? Por que não usa uma canetinha?
Porque a pemba é um mineral.
Quando você risca com um mineral, esse mineral dá força para aquele símbolo, o mineral riscado cria uma onda, uma vibração, uma frequência em torno daquele símbolo.
Cada símbolo gera um tipo de frequência, de energia, de vibração e entra em sintonia com a tela vibratória dos Orixás.
O que é a tela vibratória?
É o conjunto de energias e vibrações de cada Orixá que envolve o Planeta, quando o meu símbolo tem sintonia com esta ou aquela tela, porque o símbolo gera uma frequência de onda, uma vibração fundamentada numa geometria sagrada que encontra sintonia com a geometria das ondas e vibrações e energia presente na tela desta ou daquela divindade.
Por isso cada símbolo de cada Orixá encontra sintonia, ressonância, na tela daquele Orixá que envolve o Planeta.
Temos os símbolos sagrados de Umbanda, a Umbanda tem uma simbologia própria. “Ah, mas a estrela de cinco pontas é usada em outras culturas também”, pois é. Mas, na Umbanda ela tem um significado próprio, a estrela de seis pontas tem um significado para o Judaísmo, mas na Umbanda a estrela de seis pontas tem outro significado, aqui a estrela de seis pontas é a estrela da justiça, a estrela de Xangô.
Podemos, como magia religiosa, riscar uma estrela de seis pontas, colocar um prato de azeite em cima - azeite de oliva porque o azeite de oliva tem propriedades purificadoras da energia negativa - e colocar uma vela vermelha de sete dias ou marrom dentro desse azeite e oferecer para Xangô em cima do símbolo sagrado de Xangô.
E podemos nos ajoelhar e clamar a Deus, a sua Lei Maior e a sua Justiça Divina, a força e a proteção de Pai Xangô e oferecer a ele esse símbolo sagrado, esse azeite, essa vela que por meio dessa magia, desse recurso, Xangô possa afastar os inimigos da vida, cortar as demandas, limpar e purificar toda e qualquer energia negativa, isso é magia.
Eu posso fazer o símbolo de Yansã, partindo de um ponto central, posso fazer sete arcos voltados para fora ou uma estrela de cinco pontas feita com curvas, posso oferecer água de chuva num prato em cima de uma estrela de Yansã.
Cada Orixá tem a sua estrela.
Podemos ofertar água de chuva a Yansã em cima da estrela de Yansã, isso é magia. Eu risco uma estrela para Yansã e coloco quatro peras em volta e peço a Yansã para me dar força, poder, energia, coloco a vela amarela de sete dias no centro.
O símbolo de Obaluayê, por exemplo, pode ser um cruzeiro com três degraus e três cruzes, uma cruz no centro, no alto, e mais duas, uma de cada lado, no cruzeiro de Obaluayê.
Há ainda o octágono; uma cruz cruzada, como um asterisco, quatro retas que dá um total de oito pontas é um símbolo de Obaluayê.
Podemos colocar um prato com terra em cima e uma vela violeta para Obaluayê.
Há uma ciência, qual é a cor? É violeta. Qual elemento de Obaluayê? É terra. Qual o símbolo de Obaluayê? Pode ser uma cruz, pode ser um cruzeiro, pode ser um octágono, isso é magia.
Podemos nos ajoelhar e evocar a força de Obaluayê elevando o pensamento a Deus, Pai Criador, sua Lei Maior e sua Justiça Divina e invoco, evoco e clamo a partir da minha fé, a força e a proteção de Obaluayê para me ajudar nesse sentido da vida, me ajudar a passar por essas dificuldades, me ajudar a evoluir.
Para cura, podemos colocar terra por baixo e estourar pipocas, as pipocas trabalham na força de Obaluayê, risco o símbolo de Obaluayê, coloco terra e pipoca por cima e peço a Obaluayê que me ajude a curar essa doença, aquela enfermidade, essa dificuldade.
Podemos riscar a estrela de Yemanjá, se pode riscar uma estrela de sete pontas, que é a estrela de Yemanjá, feita com sete pontas e em cima colocar um prato com água do mar – você não tem água do mar, coloque um prato com água e misture com sal grosso - ofereça a Yemanjá, isso é magia de Umbanda, é simples. Alguns podem dizer: “Ah, isso é uma simpatia”. O que é uma simpatia? Uma magia que perdeu o seu fundamento.
Quando você não sabe o fundamento de algo, você faz só por repetição, isso é simpatia. Agora, quando você sabe o fundamento é magia, então, se eu risco uma estrela de sete pontas com a pemba, se eu coloco um prato com água do mar, se eu pego uma rosa branca e coloco as pétalas da rosa em cima dessa água, coloco uma vela azul claro de sete dias e ofereço para minha mãe Yemanjá e peço a ela para me ajudar a lidar com a força criacionista, geracionista, que ela me dê o poder de criar, que ela me dê o poder de gerar, que ela me traga criatividade, que ela me traga a força da mãe, que ela me ajude a cuidar dos meus filhos, que ela traga força, o poder, a energia do mar pra limpar e descarregar qualquer energia negativa no meu lar, na minha casa.
Eu posso fazer isso dentro de casa, uma magia de Umbanda que nesse caso não requer iniciação, porque é uma magia religiosa, você está fazendo enquanto religioso. Esse é o símbolo de Yemanjá. Apenas a estrela de sete pontas com uma vela dentro já tem um poder incrível porque é um espaço mágico, você tem um espaço formado por um símbolo, então, as estrelas dos Orixás criam espaços mágicos.
Logunan nos protege contra o mal religioso.
Logunan é a senhora que encaminha os espíritos perturbados e perturbadores. Logunan é a senhora da religiosidade, é o Orixá do tempo, é a mãe que faz par com Oxalá – Oxalá é o espaço, Logunan é o tempo – o símbolo de Logunan é uma espiral, você começa de fora para dentro ou de dentro para fora, comece do ponto central para fora girando no sentido anti-horário para fora e termina apontando para cima. Depois você começa de fora para dentro, girando para dentro ou você simplesmente faz uma espiral, como um caracol, risque uma espiral no chão, coloque uma vela em cima, ofereça para Logunan, ali está uma firmeza de Logunan pra você pedir a proteção de Logunan.
Há ainda a firmeza de Logunan com o bambu, coloca-se um bambu, uma cabacinha na ponta, com a tampinha da cabacinha cortada, coloca-se água dentro e oferece-se isso para Logunan, você pode acender uma vela branca e uma preta ou você pode acender uma vela azul petróleo, azul bem escuro. Agora, você pode fazer uma firmeza interna de Logunan, riscando o símbolo de Logunan e colocando uma vela branca no centro, pedindo a força de Logunan, o amparo de Logunan para sua religiosidade, para que ela proteja a sua religiosidade.
Para Omulu, quando se quer cortar demanda, você faz uma cruz com quatro lados iguais e risca um círculo ou você risca um círculo e faz uma cruz dentro dele e oferece uma vela roxa pra Omulu, é uma firmeza de Omulu pra quebrar demanda, pra cortar demanda, pra paralisar uma ação negativa, podemos nos ajoelhar, evocar a força de Omulu, religiosamente, e pedir para Omulu paralisar toda força negativa que estiver indo ao seu encontro..
Temos símbolos de Oxalá, Logunan, de Oxum – o coração; risque com a pemba um coração, experimente fazer, pegue a pemba e risque um coração, coloque dentro dele uma vela de sete dias cor de rosa, ofereça pra Oxum, peça a ela força e proteção.
Faça um arco-íris, você pode pegar pembas coloridas e fazer um arco-íris religiosamente, faça um arco-íris ou faça um circulo e coloque sete velas coloridas para Oxumaré, coloque o seu nome no centro com uma vela de sete dias branca em cima, peça a Oxumaré para renovar o seu amor, diluir o seu ciúme, o seu negativismo.
O que eu peço a Oxóssi?
Fartura, expansão, conhecimento, faça a firmeza dele, experimente fazer a firmeza de Oxóssi com a pemba.
Obá: você faz o símbolo de Obá que é um losango, risque um losango e coloque uma vela vermelha ou magenta – a cor é magenta, mas você não encontra magenta, coloque uma vela vermelha dentro de um losango ou risque a estrela de Obá, que é linda.
Como é a estrela de Obá? Como uma flor, faça um círculo e comece a riscar pétalas em volta, pétalas e mais pétalas até que forme uma flor de lótus; uma flor olhada de cima é símbolo de Obá.
Pede-se a Obá foco, determinação, você pode colocar também um prato de terra úmida ou molhada para Obá, você oferece uma vela, pede a ela para te dar foco, quando você está distraído, disperso ou quando você vai fazer uma prova. Se você vai fazer uma prova, se você está passando por uma avaliação. Quem pode lhe ajudar? Obá, porque ela te dá concentração, foco, objetividade, faça uma flor de lótus vista por cima e coloque uma vela e seu nome em baixo.
Em todas essas firmezas você pode escrever o seu nome e colocar em baixo da vela. Por que então há outro elemento na magia, o nome representa a sua presença, colocar o nome debaixo da vela é mais um elemento de magia, é trazer essa magia para sua identidade.
Símbolo de Nanã: risque uma lua decrescente ao lado de uma lua crescente, duas luas, uma sobre a outra é símbolo de Nanã Buroquê.
Se você quiser, pode riscar uma lua voltada para direita e uma lua voltada para esquerda, uma lua voltada para cima e outra voltada para baixo, você tem uma cruz feita com luas: símbolo de Nanã Buroquê, ali você coloca uma vela lilás.
Além disso, temos na Umbanda, o ponto riscado que entra nesse mérito da magia de pemba; dentro da Umbanda é uma polêmica. O primeiro autor a afirmar isso foi Aloisio Fontenelle. Começou afirmando que aqueles pontinhos de Umbanda, de flechinha, solzinho, eram fracos e que tinha que ter uma alta magia de Umbanda que é a magia com símbolos e signos cabalísticos derivados de uma escrita perdida, sabe-se lá qual e só você lendo os livros dele vai saber por que senão você não vai saber e tirando o mérito da escrita mágica de Umbanda, de pemba.
Nossos Caboclos, Pretos Velhos, Baianos, Boiadeiros, riscam ponto. O ponto riscado, às vezes, está dentro do círculo, às vezes está sem círculo, então, quando está dentro do círculo é ponto riscado fechado, sem círculo é ponto riscado aberto; quando o ponto riscado está dentro do círculo é porque a ação mágica vai ocorrer dentro do círculo. E no ponto riscado pode ter flechinha, solzinho, cruzinha, pois todos têm um poder incrível de ação, atuação.
Todo ponto riscado tem valor, poder e é mágico.
Existem ainda, autores de Umbanda que dizem que a mulher não pode fazer magia, não pode riscar ponto e se a mulher estiver menstruada então, ela não deve nem sair de casa porque a menstruação vai atrair obsessor.
A obra de Elifas Levi de alta magia dá um descrédito total para a mulher porque a base é o Judaísmo.
No Judaísmo, a mulher não podia fazer nada de magia, a mulher nunca estudava Cabala Hebraica, nunca iria se iniciar na magia por ser mulher, sabe por quê? Porque as mulheres são muito melhores, não é? É por isso. Você ensina e ela logo está fazendo melhor que você, que também é uma bobagem, uma crença tola e preconceituosa infelizmente absorvida por alguns Umbandistas até os dias atuais.
Não faz diferença se é homem ou mulher na prática da magia, mulheres riscam magia. E dizer que esses pontos de Umbanda não têm valor, o que tem valor é a alta magia riscada é uma bobagem porque se o Caboclo está incorporado, o Preto Velho está incorporado, o Baiano está incorporado e ele riscou aquilo tem poder de realização, o que importa na magia é o poder de realização e aí há uma ciência para explicar, para se entender como funciona o ponto riscado.
Temos de abandonar a ideia de que existem pontos riscados válidos e pontos riscados inválidos. O ponto riscado, quando é feito pela mão de uma entidade, sempre tem valor, sempre funciona. E esse tipo de escrita mágica é algo milenar, mas na Umbanda tem a sua forma de ser, na Cabala Hebraica tem uma escrita mágica, é feita a partir das letras hebraicas, no Sufismo há uma escrita mágica feita a partir da escrita sagrada daquele povo, nas culturas indígenas existe a escrita mágica. Existe um Reik Xamânico ou método Amadeus que fala sobre uma escrita mágica dos índios, eles tem símbolos mágicos.
No Hinduísmo existe escrita mágica e você tem o estudo das mandalas, a mandala é um espaço mágico por excelência, é uma construção geométrica que parte de um ponto central para todos os lados, ela se multiplica de forma harmônica, isso é uma mandala, há mandalas específicas pra cada coisa que aquela forma geométrica desperta dentro de você.
Isso é magia simbólica, geométrica, existe uma geometria sagrada na construção de uma mandala. As igrejas, as catedrais têm rosáceas que são enormes janelas redondas, aqueles vitrais que são mandalas, têm uma geometria sagrada e é calculado a que horas e quando o sol bate naquela rosácea, a imagem então é refletida num lugar exato, determinado por cálculos, dentro da igreja, quando o sol bate, a luz, toda colorida, que passou por essa mandala, vai alcançar o altar, antes de alcançar o altar o sol está se movimentando e ela alcançou todo o interior da igreja.
Existe a geometria sagrada que estudava e calculava como construir um Templo, uma geometria sagrada que diz qual é a força que tem o triângulo, o quadrado, a estrela de cinco pontas, de seis, de sete, de oito, de nove e aí tem uma relação com os números.
Que força e energia tem o número um do círculo, a unidade? Que força e energia tem o número dois? O círculo cortado ao meio ou aquele yin e yang a energia do número dois, a dualidade na criação: masculino e feminino, luz e trevas, positivo e negativo, é a força do número dois, do círculo cortado ao meio. Que energia tem o triângulo? A energia multiplicadora, o número três é multiplicador. Do quatro? Dos quatros elementos: norte, sul, leste e oeste. Do quadrado? Da cruz? O poder da cruz que pode ser riscada num círculo.
O círculo é o todo, com um ponto no meio representa Deus, o ponto no meio é o lado interno da criação, o arco é o lado externo da criação, é o criador e a sua criação: o ponto e a circunferência – criador e criação – ali está o tudo, o todo na circunferência.
O circulo dividido ao meio tem o mistério do número dois: masculino e feminino, positivo e negativo, se houver um triângulo dentro, você tem o mistério do número três, do multiplicador, do gerador, ligado a pai Oxóssi. O quatro é a cruz, o mistério da cruz, do quadrado. O cinco: estrela de cinco pontas. O seis: estrela de seis pontas. Sete: estrela de sete pontas. Oito: o octágono. Nove: estrela de nove pontas.
Então, você tem o mistério das estrelas, das pontas, do círculo para entender a magia da mandala, a magia do ponto riscado que é feito dentro de um círculo.
O Guia espiritual, quando usa a pemba, sabe o que ele está fazendo e é isso que importa, o que ele faz ali não precisa estar escrito em algum livro, você pode ler livros pra tentar entender o que ele faz, mas ele não está preso a dogmática e ao ensino de determinada escrita mágica desse ou daquele livro.
Mesmo que você não saiba, o Caboclo sabe o que está fazendo com uma pemba na mão. Ele risca um círculo que é um espaço mágico, quando ele risca um espaço mágico é muito importante o que é que está na mente dele, ele mentalmente determina de qual base ele vai usar para esse círculo, esse espaço mágico.
No espaço mágico ele pode riscar uma estrela de cinco pontas em cima do círculo, no norte do círculo, se ele riscar em baixo, essa estrela já está num outro quadrante e diz respeito a um campo de atuação de outro Orixá. Então, esse círculo pode ser mentalmente dividido em sete, as sete vibrações num círculo.
Esse círculo pode ser mentalmente dividido em quatorze, então, se esse círculo está dividido em quatorze, está de forma implícita a presença dos quatorze Orixás na circunferência, no círculo que é o todo, é Deus.
Se ele risca uma estrela de cinco pontas em cima está no campo de Oxalá e vai dando a volta, você pega o círculo e divide em quatorze pontos no sentido horário, no primeiro ponto em cima que é o ponto do meio dia – do relógio– você tem Oxalá e vai fazendo o giro no sentido horário, você terá Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluayê, Yemanjá em baixo, o próximo ponto Logunan – Logunan está no extremo oposto a Oxalá, Oxalá em cima, Logunan embaixo.. Oxalá no meio dia, Logunan embaixo no ponto das seis. Depois vem o oposto a Oxum Oxumaré, a Oxóssi: Obá, a Xangô: Egunitá, a Ogum: Yansã, a Obaluayê: Nanã, a Yemanjá: Omulu – lá em cima do lado de Oxalá.
Quando o Caboclo risca o círculo, se isto está na mente dele, ele coloca uma estrela em cima no ponto de Oxalá, coloca uma estrela embaixo e está no ponto de Logunan, o Caboclo coloca uma estrela aqui na direita, ele está no ponto de Ogum ou de Xangô, na esquerda está no ponto de Yansã ou de Egunitá. E se esta estrela estiver mais para dentro, você começa a entender que está na vibração interna, mais para fora, na vibração externa dessa circunferência.
Há uma graduação, de dentro para fora existe graduação e essa graduação alcança as sete vibrações: fé, amor, conhecimento, lei, justiça, evolução e geração de dentro para fora.
O Caboclo fez um círculo, riscou uma estrelinha lá dentro, esta estrela não está perdida lá dentro. Agora, quando ele riscou o círculo, na mente do Caboclo está em cima o norte, embaixo é o sul, direita é a leste, esquerda é oeste, então, ele vai trabalhar os mistérios do alto, do embaixo, da direita e da esquerda da pessoa que ele está consultando.
Ele risca a estrela ou uma cruz ou uma flecha, em cima ele está trabalhando os mistérios do alto daquela pessoa ali, risca uma estrela embaixo está riscando os mistérios do embaixo, da direita vai trabalhar a direita dessa pessoa ou a esquerda.
O que está dentro do círculo pode dizer respeito aos sete campos, aos sete sentidos, aos quatorze Orixás ou ao alto, ao embaixo, à direita e a esquerda, quem está riscando sabe onde está colocando cada símbolo.
Essa é uma magia muito mais profunda, muito mais complexa do que se imagina. O Caboclo fez um círculo e colocou no centro dele uma estrela de cinco pontas, então, a partir do eixo central do sagrado, do interno da criação, de Deus para fora, o Caboclo riscou ali uma estrela de cinco pontas, uma estrela da fé; riscou uma estrela de seis pontas; riscou um cruzeiro, colocou em cima uma cruz, o mistério do alto do pai Oxalá ele está chamando para a evolução, embaixo é uma estrela, ele está pedindo descarga.
Dentro de um ponto riscado pode se trabalhar embaixo o que é para descarregar, na direita o que é para trabalhar as virtudes, na esquerda o que é para trabalhar os vícios, no alto o que é para trabalhar de natureza ancestral.
Duas flechas cruzadas, quando essas duas flechas se cruzam, logo se pensa: “Flecha é de Oxóssi”, mas elas se cruzaram com um ângulo de 90º graus, 90º graus pertence a Xangô; elas estão com ângulo de 45º graus pertence a Ogum; elas estão com ângulo de 60º graus pertence a Oxalá, então, cada Orixá tem um ângulo específico. Você corta o círculo em seis e dá triângulos com 60º graus, então, quando divide um círculo em certo número, divide um círculo em quatro tem uma cruz, cada quatro triângulos com 90º graus que é o ângulo reto, esse ângulo pertence a Xangô.
Você corta outra vez dá ângulos, mais uma vez você faz mais quatro, mais quatro riscos dividindo esse triângulo, do centro para o em torno surgem triângulos de 45º graus que pertencem a Ogum, tem muita coisa por trás da magia, muita coisa por trás da escrita mágica e tem muito mais coisas que a gente desconhece, isso é um pouco do que a gente conhece, é um pedacinho, é geometria sagrada, é uma magia riscada, é uma magia de pemba.
O Guia vai lá e risca o seu ponto, quando o Guia risca um ponto, pode ser o ponto dele, mas pode ser um ponto de descarga, um ponto de firmeza, um ponto de corte de demanda, ponto para várias coisas e aí dentro desse ponto ele coloca um copo de água, ele põe o seu cachimbo, o charuto, o café, a pinga.
Exu incorpora faz um ponto riscado e põe lá dentro um copo de pinga, então, ele está usando os símbolos dos Orixás, dos mistérios de Deus, ele está usando um elemento.
A que divindade está ligado esse elemento? Ele coloca uma erva, coloca uma flor: a Pombagira risca um ponto e coloca uma rosa vermelha. A gente risca um ponto e coloca palmas para Oxalá. Cada flor está ligada a uma divindade diferente. Eu posso pegar pela cor, flores amarelas para Yansã, flores cor-de-rosa para Oxum, flores vermelhas para Ogum ou para Pombagira ou Xangô, flores violetas para Obaluayê, flor lilás para Nanã Buroquê, flores brancas para Oxalá.
Temos a magia das sete flores sagradas, das sete pembas sagradas porque o Caboclo usou pemba amarela, usou pemba verde, usou pemba roxa; magia das sete águas sagradas porque usou uma água de cachoeira, usou uma água de mar, porque usou água de rio. O Caboclo tirou a sua guia e colocou no ponto riscado, magia das sete guias sagradas. Por que magia das sete águas? Por que eu estou falando magia das sete pembas?
Porque cada magia tem um mistério, cada elemento que entra no ponto riscado tem um mistério e aí o Caboclo abre aquele mistério e com isso, no ponto riscado, ele abriu um portal, coloca você dentro do portal e só de você estar lá dentro começa a ser limpo e descarregado de tudo quanto é energia negativa, isso é magia de Umbanda. É linda, fascinante, encantadora, é simples e poderosa.
É simples de fazer, é simples de riscar, é poderosa, mas a compreensão e o entendimento dessa magia implica numa profundidade de saberes, de conhecimento, de conhecer os símbolos, os signos, as pedras, as ervas, as folhas, quais são as cores, quais são as ondas, as vibrações, as energias de cada divindade, de cada Orixá, de cada mistério. Como, quando e onde usar isso?
E tem gente que é contra o estudo, mas você acha que o Caboclo aprendeu a fazer ponto riscado sem estudar?
Nossos Guias não são nosso exemplo?
Será que o Preto Velho faz ponto riscado só de intuição? Não estudou? Não tem o conhecimento para saber quando pedem pra você tomar um banho de erva, banho de erva também é magia.
Se o Preto Velho fala: “Tome um banho de arruda, filha”, “Tome um banho de guiné, meu filho”, “Tome um banho de manjericão”, “Tome um banho de alfazema”, tem uma ciência, tem um conhecimento, ele estudou para saber isso.
É comum o Terreiro de Umbanda ser um pronto-socorro, as pessoas vão correndo com “dor de barriga” ao Terreiro de Umbanda porque querem resolver algum problema, isso ou aquilo, mas às vezes falta despertar uma religiosidade nessas pessoas que acorrem aos Terreiros sem nenhum conhecimento acerca da religião.
Uma forma de trabalhar a religiosidade e despertar-la é trabalhar a ideia de culto coletivo. O que é um culto coletivo? Um culto coletivo é promover o encontro dos irmãos e da consulência para fazer um trabalho espiritual de limpeza, de reza, de oração, mas sem o atendimento particular.
O culto coletivo pode ser feito para Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô que é a ideia de desenvolver a religiosidade, desenvolver no consulente o sentido de religiosidade, ajudar a despertar a religiosidade para que ele não fique vendo a Umbanda apenas como magia, para que ele entenda que a Umbanda não é um balcão de negócios, a Umbanda não é um balcão de milagres e nem uma casa de negócios, Umbanda não é lugar de ficar fazendo troca, Umbanda não é um lugar em que você vai só para fazer magia, Umbanda é uma religião.
E, às vezes, falta colocar a Umbanda como religião, falta convidarmos os consulentes para um culto. Como seria esse culto? Na sequência normal de Gira, faz-se oração, saudação à esquerda, uma defumação coletiva, se chama a consulência para o meio, faz-se um círculo de médiuns em torno da consulência, a consulência pode ficar sentada no meio do Terreiro enquanto se defuma, faz-se um culto coletivo para Oxalá, consagra-se uma água para Oxalá antes, compartilhe a água, consagre pão para Oxalá, compartilhe pão, faça um culto, convide todos para rezar para Oxalá, cantar para Oxalá, cultuar Oxalá, se levantar, se movimentar, cultuando Oxalá, fazendo o culto coletivo a Oxalá.
Se for fazer o culto coletivo para Xangô? Preparar o Terreiro para Xangô, pode se montar uma oferenda para Xangô, uma mandala de Xangô, um ponto riscado de Xangô, o símbolo de Xangô, pode-se distribuir um folheto: Culto Coletivo de Xangô para equilibrar a sua vida e as suas emoções, um culto temático na força de Xangô, distribuindo folhetos e explicando quem é o Orixá Xangô, o pai Xangô, qual é o sincretismo, a força, a energia e a cor, o ponto de força de Xangô, como Xangô atua na nossa vida.
Pode-se fazer um culto coletivo para Ogum, para abertura dos caminhos, para arrumar emprego, monte um folheto, faça um ponto riscado de Ogum, monte uma oferenda para Ogum, chame as pessoas para comungar, compartilhar da força de Ogum, temos ponto cantado de Ogum, enquanto está cantando os pontos de Ogum, coloque o povo para louvar, para cantar, para sentir a força de Ogum.
Ensine que nesse momento em que você estiver louvando para Ogum, cultuando pai Ogum, nesse momento se faz a chamada da vibração ou um médium incorpora Ogum ou que todos incorporem Ogum em torno para que a consulência apenas possa sentir a energia de Ogum e que pai Ogum limpe e descarregue todos de forma coletiva.
Essa é a ideia do culto coletivo, despertar a religiosidade. No dia normal de Gira, a gente já deve ter a preleção, deve ter um esclarecimento, um folheto, alguma coisa que explique as coisas para quem está ali dentro do Terreiro.
Vamos desenvolver e despertar a religiosidade, a espiritualidade, fazendo culto coletivo aos nossos pais e mães Orixás.
Essa é uma ideia nova dentro da religião, uma ideia trazida pelo Rubens, desenvolva essa ideia, trabalhe essa ideia, traga elementos que possam complementar esse culto. Consagre a água, consagre o pão, consagre sementes, folhas, algo que a pessoa possa levar para casa, peça ao Orixá que ampare nesse ou naquele sentido, criando um culto coletivo, um culto religioso Umbandista para mudar a postura do consulente, para que o consulente não fique no Terreiro só para pedir alguma coisa, que ele tome um passe coletivo e que no dia desse passe você fale, dê uma palavra sobre a religião, a religiosidade para que o consulente entenda melhor, para que ele deixe de ser apenas um consulente para poder se tornar um religioso.
Abra as portas do Terreiro para um culto, faça de seus consulentes religiosos de Umbanda, ensine o consulente a tomar banho de erva, ensine o consulente a acender vela para o Anjo da Guarda, ensine o consulente a fazer firmeza para os Orixás na casa dele, ensine o consulente a ser um religioso Umbandista, ensine práticas religiosas e devocionais a seu consulente, faça do frequentador um religioso de Umbanda, você pode, demonstre, mostre seu amor pela religião.
Annapon
(Texto baseado no curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)
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