Quando vamos a um terreiro de umbanda procurar por ajuda espiritual, ou quando somos indicados, encaminhados, ou por curiosidade e até mesmo para visitar, em geral ficamos impressionados e curiosos com o andamento das atividades que serão ou estão sendo desenvolvidas. A umbanda traz uma impressão e imagem lúdica que nos envolve, que é atrativa, que vai desde o som do atabaque, que nos recorda algo muito familiar como as batidas do nosso próprio coração e o pulsar de nossa vida: ora corrida, ora estressada ou calma nos causando identificação imediata. Cercada de cores, velas, defumador até o brado de um Caboclo e o estalar de dedos de um Preto velho ou o balançar de seu rosário, que nos lembra de nossa casa, lugar de aconchego, onde podemos ter o mesmo rosário na cabeceira de nossa cama. Todo este ambiente visivelmente atrativo ou pitoresco pela grande quantidade de informação e representação que possui esconde-e-revela o místico, o que está para acontecer, o segredo da busca e descobre o véu da razão e/ou do sofrimento, oferecendo consolo, edificação (afirmação e confirmação dos objetivos) e ainda exortação, que se expressam pelas linhas de trabalho do dia e a qual o indivíduo que procurou foi atraído ou se afinizou. Como dizia um grande homem de DEUS: “… assim como a alma busca a DEUS, muito mais DEUS procura a alma para a esta se revelar.
Interessante é notar que os instantes antes da consulta ou do passe envolvem uma mistura de tensão, angústia, confiança e esperança, que se separam e voltam a se misturar, com perguntas que trazem respostas como: o que está encoberto se revelará? A trégua da luta chegará ao fim? Ganharei mais fôlego e força para ir em frente? Ou a tão sonhada palavra “BASTA este tempo acabou” será pronunciada pela entidade que me atenderá? Esta gama de emoções, sentimentos, pensamentos e situações que se passam no coração e na mente se retratam na postura e comportamento de quem aguarda sua hora de atendimento.
Fundamental para a assistência nesta hora é que mantenha sua postura orante, evite conversar, evite uso de eletrônicos, ou de qualquer coisa que tire sua atenção, pois será um grande encontro, um encontro com o divino, e por isto é necessário ter foco, ser pedinte e insistente, como a mulher que ao muito insistir como disse o mestre Jesus em seu evangelho teve seu pedido atendido. Estaremos falando com os mensageiros de Deus, e por este motivo devemos trazer “tudo” para a consulta ou para a gira, trazer “tudo o que somos”, usar de sinceridade, verdade e expor nossas feridas sem medo, com a confiança de que a Deus tudo é possível!
Ao buscarmos esta sintonia com Deus durante a sessão, ou durante a espera para o atendimento, os guias que cuidam da casa e de seus trabalhos se aproximarão de nós e contribuirão na realização do propósito de Deus a nosso respeito, segundo a abertura de nossos corações. Nosso papel, enquanto assistência, é nos abrir à energia que flui através do trabalho espiritual que está sendo realizado naquele ambiente, pois este tem objetivos, de modo a estar em sintonia, colaborando para que esta mesma energia flua em nós e que a finalidade da ação espiritual seja cumprida. A cada trabalho espiritual desenvolvido nos terreiros, sessões, consultas, passes e outros, as sementes do reino de Deus são lançadas em nós ou regadas em nossos corações, de modo que quando começam a crescer seus frutos, podemos perceber o quanto nos tornamos diferentes, ou as pessoas que nos cercam sinalizam através de seus comentários que estamos melhores do que antes.
Por este motivo, a assistência contribui muito com a gira, pois no astral os mestres e guias sabem quem irão atender e a assistência deve estar ciente de que falará com guias espirituais, seres tão evoluídos ao ponto de atendê-los, inclusive nas entre linhas, há relatos e histórias de grandes mestres como Ramatis e Saint-Germain que se configuraram em outra roupagem, ou seja, plasmaram e mudaram suas formas de apresentação e ainda hoje atendem no banquinho dizendo que são pretos velhos, por exemplo. Por isto deve ocorrer uma atitude respeitosa da assistência com as entidades espirituais, respeito que vai desde a forma de se vestir para ir ao terreiro receber a consulta, se comportar durante a gira ou consulta, pois devemos usar diplomacia e o bom senso de saber o que nos cabe usar a cada hora e de acordo com o ambiente que frequentamos.
Outro ponto que cabe destacar é que alguns terreiros de umbanda usam de preleção ou de alguma pequena palestra de evangelização, que ocorre antes dos atendimentos, utilizando como base o evangelho ou leituras espirituais visando sensibilizar os participantes (encarnados e desencarnados), pois todos estamos em evolução, e todo instante é tempo de mudança e de nos voltarmos para DEUS.
O importante é que ocorra uma mudança interior em nossas vidas, ou uma decisão de procurar este caminho de mudança, pois qualquer jornada neste mundo, quando encarnados, necessita de ajustes e reparos, nunca estamos preparados o suficiente para afirmarmos que já somos iluminados.
Mais um aspecto que cabe considerar é que diante destes maravilhosos mestres que nos atendem, que trazem roupagens diferentes, estes mensageiros de DEUS agem de diferentes maneiras na hora da consulta. Não tenhamos medo de suas atitudes, pois nunca fugirão do respeito e caridade (amor em atos concretos) que podem se expressar por meio de toques, orações, preces, passes, receitas, sons, palavras e recomendações, uma vez que no concreto da vida nos abrem portais internos para que enxerguemos e acessemos as respostas que necessitamos e queremos. Na verdade, estas respostas estão dentro de nós, fruto da presença de DEUS em nós, que em nós habita e que NUNCA se esgota em nos cumular de seus bens e amor.
Não tenhamos medo de ouvir o que não nos agrada, pois de verdade, na essência já sabemos, mas em alguns momentos preferimos o caminho da auto-sabotagem, das ilusões, das paixões gustativas (sejam essas expressas nas mais variadas formas de prazer sensível), da lei do menor esforço, ou de sempre culpar o outro e ainda de viver fugindo de assumir posturas e posicionamentos na vida. Este “conflito” nos faz tocar nosso nada e visualizar nossa sombra e então depender de DEUS e dizer a Ele ilumina-me!
Vale ainda ressaltar concluindo esta reflexão sobre dois tópicos muito importantes: um a passagem bíblica que afirma “de graça recebestes, de graça dai” (Mateus, 10), ou seja, a beleza da gratuidade divina, pois temos livre acesso a Deus através do contato com seus mensageiros de luz, que ocorre de graça e “de grátis”. Nossos guias e mentores não nos cobram nada por seus serviços e orientações, apenas despertar, consciência, entendimento e responsabilidade de sabermos com quem estamos nos envolvendo, com o DIVINO, com eles que são mestres de luz.
Em segundo, a presença da assistência no terreiro e os frutos da realização de DEUS que estas pessoas apresentam em suas vidas, também podem funcionar como um termômetro do terreiro e da vida de fé do corpo mediúnico. Pois, irá expressar o amor sincero vivido pelo mesmo dentro e fora do terreiro, e deve ser mantido pelos membros da casa através da adoção de rituais, preces e orações, cultivando a presença do divino, além do momento da gira; pela disponibilidade e atenção dispensada às pessoas que se afinizam pela casa de caridade, nos dias de trabalho espiritual; pela fidelidade vivida pelo corpo mediúnico aos preceitos e direção espiritual, que são fornecidas pelo terreiro; pelo esforço do desapego na orientação dos indivíduos, que procuram auxilio espiritual no terreiro, pois não somos “donos da verdade” e “ninguém nos pertence”; e ainda, pelo estudo constante e a busca de DEUS, fonte de todo bem!
Dennis de Carvalho
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