O lema da Umbanda que praticamos é sempre a simplicidade, não confundir com o simplório, mas entender de forma simplificada o que, talvez, não estejamos ainda preparados para entender em sua plenitude e essência.
O que a espiritualidade que nos assiste nos informa e que somos capazes de entender é o seguinte, para que principalmente os médiuns da nossa Casa, da Tenda de Umbanda Luz e Caridade – Tulca, tenham um conceito sobre Orixás Regentes de Coroa mais próximo da nossa doutrina:
Os Orixás Ancestrais são os que chamamos de Pai e Mãe de Cabeça, ou Pai e Mãe Orixás. É o casal Orixá cuja essência, qualidade divina, herdamos em alguns traços da nossa personalidade, que nos direcionam e sustentam em toda a nossa existência como ser encarnado e desencarnado. É como a marca do DNA no corpo biológico, sendo uma característica interna de toda a existência espiritual. Fique bem claro que as características negativas de personalidade nunca são dos Orixás e sim do encarnado que usa o seu livre arbítrio.
Entendemos Orixás de Cabeça porque eles regem o nosso campo mental, campo das ideias e pensamentos. Exemplo: O encarnado que tem o Orixá Ogum como seu Orixá de Cabeça ou Ancestral, terá sempre a Centelha Divina da Lei e da Ordem em seu inconsciente. E por que inconsciente? Porque o inconsciente é a instância psíquica onde reside todo o arquivo mental, de todas as vidas, sendo o condutor mestre de todas as ações e reações do indivíduo.
Então, a essência Orixá está lá bem guardadinha no inconsciente. Acontece que a pessoa pode seguir fielmente as virtudes dos seus Orixás, no caso do nosso exemplo do Orixá Ogum e pode também não seguir e se tornar uma pessoa contrária à Lei e à Ordem, ser em ações contrária à sua essência divina e isto causará um grande desequilíbrio em sua estrutura emocional, por exemplo: uma pessoa corrupta filha de Ogum, estará sempre com um "peso na consciência", porque estará contrária à sua essência, aos seus reais valores internos. Este é apenas um exemplo, grosso modo, para que possamos entender.
Importante salientar, que a Energia Primeira do Criador representada na Umbanda por Pai Oxalá, também está presente na coroa de todos os filhos, ao "lado" da vibração dos Pais Ancestrais. Imaginemos, grosso modo, sobre a nossa cabeça e onde reside o chakra coronário a nível perispiritual, imaginemos três feixes de luzes, uma na cor branca que vem de Pai Oxalá e as outras duas nas cores do nosso casal de Orixás Ancestrais ou Pai e Mãe de Cabeça. Acontece que o filho pode ter, por afinidade que ainda não sabemos definir, pode ter mais presente o feixe de luz branca em seu Ori, a energia de Pai Oxalá se sobrepõe aos seus dois Orixás Ancestrais, mas isto não quer dizer que ele seja filho apenas de Pai Oxalá. Então, na nossa Casa, todos são filhos de Pai Oxalá.
Para simplificar, usamos o termo Força Orixá. Temos na nossa Casa sete forças Orixás que formam a Coroa Espiritual dos filhos: Oxalá é a primeira força, o casal de Orixás Ancestrais é a segunda força e da terceira à sétima força são os Orixás de Frente e Adjuntos.
E o que seriam então Orixás de Frente e Adjuntos? É um par de Orixás, não necessariamente um casal, sendo que estes direcionam apenas a encarnação presente. O Orixá de Frente está mais presente e evidente do que o Adjunto, que o auxilia em um segundo plano, sempre com o principal objetivo de fornecer o equilíbrio energético, a fim de harmonizar ao máximo o indivíduo, considerando o ser humano em sua forma holística. Ressaltamos que o Orixá de Frente pode ser também um dos Orixás Ancestrais ou ambos. Ressaltamos também que por serem cinco os Orixás de Frente e Adjuntos, pois como vimos acima, Oxalá e os Ancestrais ocupam as primeiras e segundas Forças Orixás respectivamente e estamos nos referindo às sete Forças Orixás, então ressaltamos que o Orixá de Frente que está na “última” posição, ou a quinta, faz par com o Adjunto anterior. Se você entendeu o nosso raciocínio, deve estar se perguntando: “Então eu tenho três Orixás de Frente?” Ao que te respondemos: Sim, você tem! Só que apenas um é o dominante, o mais evidente, de acordo com a sua maior necessidade atual.
Basicamente à frente do indivíduo estão todos os Orixás, que harmoniosamente interagem e se completam para auxiliá-lo em determinados momentos da sua vida. Exemplo: uma pessoa reprimida em suas emoções estará à sua frente, pela misericórdia Divina, a Orixá Iansã para proporcionar o dinamismo e o extravasamento destas emoções contidas.
É por isto que costumam dizer, erradamente apenas na denominação, que os Orixás “brigam” pela coroa do filho, termo este inconcebível a um Orixá. Eles não brigam, apenas estão ali porque o filho está precisando das suas vibrações energéticas naquele momento, em outro momento o filho poderá estar precisando de outro tipo de energia para restabelecimento do seu equilíbrio, daí a constatação pelo sensitivo de mais de um Orixá de Frente. Ou então em um momento visualizar um Orixá e em outro momento visualizar outro. O dinamismo entre as vibrações Orixás a frente do indivíduo se faz necessário para o equilíbrio energético, físico e emocional do encarnado.
Enfim, Orixás Ancestrais estão na nossa essência energética, são a nossa característica básica de personalidade que nos acompanham pela eternidade, um é mais dominante a quem chamamos de Orixá Regente da nossa Coroa, o outro menos dominante, mas igualmente importante, a quem chamamos de Orixá Co-regente da nossa Coroa; em contrapartida, os Orixás de Frente ao “lado” dos seus Adjuntos se fazem presentes diante da necessidade momentânea do filho, estão presentes também de acordo com o seu compromisso reencarnatório.
Daí a importância de não se ter preferência nem fanatismo por nenhum Orixá, todos são importantes e essenciais na nossa vida. Devemos agradecer sempre a todos eles, com muita fé, amor e respeito.
Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo
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