O terreiro que você frequenta é melhor do que o meu, ou o meu é melhor do que o seu? Afinal, qual é o melhor terreiro para se frequentar?
Tais dúvidas já afrontaram diversos membros e frequentadores da Umbanda e muitos desses ainda acham, ou afirmam categoricamente, que a sua umbanda é a única e verdadeira.
Vamos analisar para entender quem está com a razão e, acredito que as afirmações abaixo valham para o terreiro de quem está lendo este texto.
O terreiro que frequento não pratica o mal e não deseja o mal de ninguém. Lá não é feito amarração para o amor e muito menos é feito magias para as pessoas ganharem na loteria ou afins. O respeito às pessoas é o mínimo exigido. Sempre que possível, é praticada a caridade de doação de materiais ou alimentos aos mais carentes. Os guias espirituais dão bons conselhos e enchem de luz e força o ambiente quando estão presentes. A natureza também é respeitada e as matas, cachoeiras, praias, pedreiras, campos floridos, lagos, lagoas, rios, vento, raio, chuva, estrelas, o sol e a lua, são considerados pontos de força sagrados. Nenhum animal é maltratado. Não há racismo ou exclusões sociais. As crianças e os idosos são bem-vindos.
Somente por esses poucos exemplos, consigo mostrar que o terreiro que frequento é bom e se o seu se encaixa na maioria dos itens, ele também é bom. Mas ainda não consegui responder qual umbanda é a melhor.
A umbanda, no geral, é baseada em outras fontes de crença: kardecismo, catolicismo, cultos africanos, neopaganismo, crenças indígenas (do Brasil), entre outras. Cada terreiro dosa mais ou menos cada uma dessas crenças e, por isso, há a diferença entre os terreiros. A umbanda de Omolokô e os chamados Umbandomblés, adotam mais os cultos africanos do que o kardecismo em seus rituais. Os mestres e as umbandas de jurema, lá do nordeste, incluem mais catolicismo e rituais indígenas do que o africanismo. A umbanda de mesa branca tem muito mais kardecismo em seus rituais do que as outras vertentes. Há terreiro que não canta para Orixá. Outros não cultuam Exú e Pombagira. Tem aquele terreiro que só faz oração e ladainha para os santos. O outro, não tem atabaques. Tem terreiro sem altar e tem também o que não tem tronqueira. Existe terreiro que sacraliza o Santo Daime, ou ayahuasca. Há, inclusive, terreiro de uma pessoa só.
Ora, se cada terreiro, ou umbanda, é diferente, de acordo o seguimento escolhido pelo sacerdote responsável, não existe maneira de dizer qual deles é melhor do que o outro, pois todos estão corretos, baseados naquilo que direcionam sua fé. A escolha de frequentar este ou aquele terreiro é de cada pessoa, também de acordo com sua crença e ideais. A umbanda, ou as umbandas, assim como as demais religiões refletem aquilo o que cada frequentador busca em sua vida, então o gostar de um templo, se identificar com ele ou não, pode representar o indivíduo se encontrando com um grupo que pensa e compreende a vida e o universo de maneira similar.
Então, se uma umbanda é diferente de outra, por causa de seus rituais, assim como seus frequentadores escolheram aquilo que é melhor para eles, não podemos afirmar, em nenhuma hipótese, que esta umbanda é melhor do que a outra, menos ainda, que este terreiro pratica a verdadeira umbanda e o outro não! Não existe uma única umbanda verdadeira, pois todas são verdadeiras! Isso é, inclusive, um paradoxo: essa umbanda é tão verdadeira quanto à outra, apesar de suas diferenças.
O ponto que quero chegar é o seguinte: tente, aos poucos, tirar o véu de competição que os homens carregam na frente de seus olhos. Tente ver e entender as diferenças, mantendo o devido respeito, e um novo horizonte se abrirá. Ao visitar um terreiro, que não o seu, não busque encontrar os erros e os problemas, mas procure ver as coisas boas que podem fazer por sua vida ou para a sua fé na umbanda; não critique se este parece ser kardecista ou se o outro se parece com o Candomblé; não duvide da opinião de um sobre a fundação, ou não, da Umbanda por Zélio Fernandino de Moraes, ou quem quer que seja. As diferenças entre as umbandas e o respeito entre elas é que fazem a Umbanda se tornar una. A única crença que talvez possa ser taxada de "errada" é aquela que não permite aos seus frequentadores o direito de saber seus fundamentos e intenções.
Newton Marcellino
Tais dúvidas já afrontaram diversos membros e frequentadores da Umbanda e muitos desses ainda acham, ou afirmam categoricamente, que a sua umbanda é a única e verdadeira.
Vamos analisar para entender quem está com a razão e, acredito que as afirmações abaixo valham para o terreiro de quem está lendo este texto.
O terreiro que frequento não pratica o mal e não deseja o mal de ninguém. Lá não é feito amarração para o amor e muito menos é feito magias para as pessoas ganharem na loteria ou afins. O respeito às pessoas é o mínimo exigido. Sempre que possível, é praticada a caridade de doação de materiais ou alimentos aos mais carentes. Os guias espirituais dão bons conselhos e enchem de luz e força o ambiente quando estão presentes. A natureza também é respeitada e as matas, cachoeiras, praias, pedreiras, campos floridos, lagos, lagoas, rios, vento, raio, chuva, estrelas, o sol e a lua, são considerados pontos de força sagrados. Nenhum animal é maltratado. Não há racismo ou exclusões sociais. As crianças e os idosos são bem-vindos.
Somente por esses poucos exemplos, consigo mostrar que o terreiro que frequento é bom e se o seu se encaixa na maioria dos itens, ele também é bom. Mas ainda não consegui responder qual umbanda é a melhor.
A umbanda, no geral, é baseada em outras fontes de crença: kardecismo, catolicismo, cultos africanos, neopaganismo, crenças indígenas (do Brasil), entre outras. Cada terreiro dosa mais ou menos cada uma dessas crenças e, por isso, há a diferença entre os terreiros. A umbanda de Omolokô e os chamados Umbandomblés, adotam mais os cultos africanos do que o kardecismo em seus rituais. Os mestres e as umbandas de jurema, lá do nordeste, incluem mais catolicismo e rituais indígenas do que o africanismo. A umbanda de mesa branca tem muito mais kardecismo em seus rituais do que as outras vertentes. Há terreiro que não canta para Orixá. Outros não cultuam Exú e Pombagira. Tem aquele terreiro que só faz oração e ladainha para os santos. O outro, não tem atabaques. Tem terreiro sem altar e tem também o que não tem tronqueira. Existe terreiro que sacraliza o Santo Daime, ou ayahuasca. Há, inclusive, terreiro de uma pessoa só.
Ora, se cada terreiro, ou umbanda, é diferente, de acordo o seguimento escolhido pelo sacerdote responsável, não existe maneira de dizer qual deles é melhor do que o outro, pois todos estão corretos, baseados naquilo que direcionam sua fé. A escolha de frequentar este ou aquele terreiro é de cada pessoa, também de acordo com sua crença e ideais. A umbanda, ou as umbandas, assim como as demais religiões refletem aquilo o que cada frequentador busca em sua vida, então o gostar de um templo, se identificar com ele ou não, pode representar o indivíduo se encontrando com um grupo que pensa e compreende a vida e o universo de maneira similar.
Então, se uma umbanda é diferente de outra, por causa de seus rituais, assim como seus frequentadores escolheram aquilo que é melhor para eles, não podemos afirmar, em nenhuma hipótese, que esta umbanda é melhor do que a outra, menos ainda, que este terreiro pratica a verdadeira umbanda e o outro não! Não existe uma única umbanda verdadeira, pois todas são verdadeiras! Isso é, inclusive, um paradoxo: essa umbanda é tão verdadeira quanto à outra, apesar de suas diferenças.
O ponto que quero chegar é o seguinte: tente, aos poucos, tirar o véu de competição que os homens carregam na frente de seus olhos. Tente ver e entender as diferenças, mantendo o devido respeito, e um novo horizonte se abrirá. Ao visitar um terreiro, que não o seu, não busque encontrar os erros e os problemas, mas procure ver as coisas boas que podem fazer por sua vida ou para a sua fé na umbanda; não critique se este parece ser kardecista ou se o outro se parece com o Candomblé; não duvide da opinião de um sobre a fundação, ou não, da Umbanda por Zélio Fernandino de Moraes, ou quem quer que seja. As diferenças entre as umbandas e o respeito entre elas é que fazem a Umbanda se tornar una. A única crença que talvez possa ser taxada de "errada" é aquela que não permite aos seus frequentadores o direito de saber seus fundamentos e intenções.
Newton Marcellino
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