“Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas.” 1 Coríntios, cap. 14 – v.32
A afirmativa de Paulo é de uma profundidade admirável. Em poucas palavras, ele define bem o papel dos médiuns nas comunicações: “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas”.
Sem rodeios, o Apostolo quis dizer que o médium atrai os espíritos com os quais se afiniza e que, de certa forma, os espíritos que por ele se expressam se lhe submetem...
Se lhe submetem ao que?! – muitos formulariam a indagação. Sem a pretensão de uma resposta definitiva, redargüiríamos: se lhe submetem aos conhecimentos, se lhe submetem aos sentimentos, se lhe submetem aos propósitos, se lhe submetem ao modo de ser, se lhe submetem ao animo, se lhe submetem á vontade...
É claro que os espíritos que não aceitam tal ou qual médium, procuram outro e... se lhe submetem. A recíproca igualmente é valida: o médium também está sujeito aos espíritos que por ele se expressam... Sujeito as suas intenções, sujeito aos seus anseios, sujeito a sua condição espiritual...
Vejamos que a responsabilidade do medianeiro no intercambio entre as duas dimensões é fundamental. O médium pode, e, infelizmente, isso é o que quase sempre acontece, distorcer a opinião do espírito, alterar o seu parecer, mudar o teor de suas palavras, forçar a sua interpretação... Tem razão os que dizem que, em determinados médiuns, fica difícil separar o que pertence a eles do que pertence aos espíritos, mas semelhante colocação nem sempre evidencia a fidelidade do médium em ralação ao espírito comunicante.
É comum que médiuns, a fim de verem acatadas as opiniões que lhes são próprias, as atribuam aos espíritos, transferindo-lhes a paternidade de suas idéias.
Sabendo que “os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas”, notemos que a personalidade do médium retrata a personalidade dos espíritos que com ele se dispõem a trabalhar, porquanto espíritos humildes não se sujeitarão a médiuns arrogantes... Embora a sua humildade, deixarão que os medianeiros arrogantes se lhe tornem instrumentos menos presunçosos e, portanto, um tanto mais maleáveis ao espírito da mensagem que desejam transmitir.
Observemos, ainda, que a personalidade do médium pode acabar interferindo na personalidade dos espíritos, assim como a convivência de uma pessoa com outra pode influenciá-la. O médium despojado de qualquer interesse pessoal estabelecerá sintonia com espíritos de bom senso, espíritos conscientes de suas limitações e que não hesitarão em declinar seus equívocos.
Mas avancemos um tanto alem em nossas considerações, a respeito das sabias anotações de Paulo no capitulo em foco. O médium, como médium, pode ser excelente instrumento, mas não tendo bom caráter, os espíritos bem intencionados o deixarão entregue as experiências que lhe dizem respeito. Ele, o médium, poderá até prosseguir desenvolvendo considerável tarefa, pois, em seu tempo de convivência com os espíritos, terá algo aprendido com eles; todavia, se assim podemos nos expressar, sempre estará “faltando espírito” naquilo que faz.
Portanto, para os espíritos, é preferível um médium que seja menos médium do que um que o seja em excesso mas sem o mínimo de discernimento.
Em mediunidade, o caráter do médium chega a ser mais importante que a mediunidade em si.
A formação do médium é de importância fundamental para os espíritos. Muitos espíritos desistem do contato com os homens, porque não encontram sensitivos capazes de interpretá-los na integralidade de suas emoções... O autor de uma peça teatral anseia por um ator que consiga ser ele próprio em cena.
Nem sempre o que um espírito diz através de um médium é como ele gostaria de te-lo dito e, quase sempre, é necessário que ele se contente com a “filtragem psíquica” que obteve. É preciso cautela com o médium que, á miúde, afirma que tal ou qual espírito está dizendo isto ou aquilo e cuidado redobrado com o “espírito” que, freqüentemente, se imiscui nos comezinhos assuntos do cotidiano das pessoas.
Sintetizando: a alma do médium atrai o espírito com o qual se compraz e por ele deixa-se empolgar nos interesses que lhes são comuns. Tal o médium, tal a mediunidade...
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