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03/12/2018

A Mediunidade como Pilar

A Mediunidade como Pilar

A Umbanda é diferente do Candomblé, apesar de ambos cultuarem os Orixás. A diferença principal é a mediunidade. Na Umbanda, os médiuns recebem os espíritos de seres humanos que passaram pela Terra e atingiram um certo grau de evolução. São os espíritos dos nossos ancestrais, reverenciados na Umbanda porém tratados como eguns no Candomblé, não sendo permitida sua presença nos barracões ou roças que seguem realmente as tradições das nações ketu, jeje ou angola. No Candomblé, quem se manifesta nos iniciados são os Orixás, considerados como divindades ou forças divinizadas da natureza. Existem até algumas lendas que falam da passagem dos orixás pela Terra na forma humana, como Xangô quando ele foi o rei de Oyó, Obá e Oyá suas esposas etc. Mas essas estórias se referem a um tempo mítico. Já a mediunidade com espíritos dos ancestrais é o pilar do sistema religioso da Umbanda.

Algumas pessoas acreditam que as entidades que se manifestam na Umbanda são espíritos comuns de pessoas que desencarnaram mais ou menos recentemente. Para esses adeptos, o trabalho na mediunidade favorece a evolução tanto do médium quanto da entidade. No entendimento da Umbanda Esotérica, conforme as obras de W. W. da Matta e Silva, os mentores de Umbanda não são espíritos quaisquer. Na verdade são espíritos muito antigos, ancestrais da humanidade inteira que por misericórdia divina se manifestam nas formas adaptadas de Caboclos, Pretos-velhos, Crianças e Exus. Vêm com a missão de trazer as vibrações dos Orixás, os espíritos de Deus, sob o comando do Cristo Jesus. São, portanto, ordenados de cima para baixo através das hierarquias celestes e não dependem dos humanos encarnados para seguirem suas vias evolutivas.

De qualquer modo, para ser um médium de verdade é preciso ter uma preparação especial. É preciso estar muito bem estruturado do ponto de vista energético, emocional, moral e de consciência para suportar ser o mediador da interação entre o plano espiritual e o plano material. Não é fácil. Mesmo pessoas que encarnaram com a missão de serem médiuns, que tiveram os chacras e o corpo astral estruturados antes do reencarne para esse contato mediúnico se desgastam facilmente e não conseguem manter seu mediunato por um longo período. E se não se cuidarem, acabam a carreira mediúnica dando incorporações vacilantes, consultas atravessadas e até servindo de ponte para o baixo astral que os utiliza como intermediários para obsessores e quiumbas travestidos de entidades de Umbanda. Muitos terreiros terminam assim, com a mediunidade do pai ou da mãe de santo corrompida e com a presença de entidades negativas infiltradas, levando aos desmandos do sexo, álcool e dinheiro.

É possível entender o risco que envolve o trabalho mediúnico na Umbanda. Se observarmos o kardecismo, por exemplo, veremos que as comunicações são feitas por mentores que são espíritos de um grau vibratório próximo ao de nós encarnados. Não existe uma grande diferença entre o médium e seu mentor espiritual. Também os desencarnados não-mentores que se apresentam são pessoas comuns, mães, filhos, pais, avós dos consulentes que transmitem suas mensagens por meio da psicografia ou da psicofonia. Existem ainda os obsessores cujas influências negativas são resolvidas por meio de passes e de doutrinação. Na maior parte são espíritos sofredores, perdidos no umbral que se associam a encarnados com os quais têm alguma conexão kármica ou vibratória. O trabalho do Espiritismo é de suma importância e atende a uma plêiade de espíritos situados nas esferas espirituais próximas do plano terrestre.

Na Umbanda, temos uma diferença maior entre o médium e as entidades atuantes. Os espíritos ancestrais vêm de esferas elevadas, com os conhecimentos necessários para trabalhar na magia, mexer no karma dos consulentes e lidar com espíritos obsessores mais graves. Se o médium não está bem preparado e sintonizado com seu guia, os trabalhos podem não ocorrer como deveriam e o primeiro a sentir os impactos será ele mesmo, pois as cargas negativas ficarão no terreiro e no campo astral do médium. Como já dissemos, os quiumbas que são combatidos pelos caboclos, pretos-velhos e exus são espíritos enquistados no mal, conscientes de suas ações negativas e muitas vezes conhecedores da magia negra e das artimanhas necessárias para atingir a fraqueza dos seres humanos. Tais espíritos não são convencidos com doutrinações, eles sabem o que fazem e porque o fazem. Nesse embate entre a Luz e as sombras, o médium é o grande instrumento e o ambiente astral do terreiro é o campo de batalha. Claro que as demandas acontecem no plano astral, mas o ponto de sustentação física é o templo.

Por esses motivos, ser médium de Umbanda é uma tarefa árdua que requer um espírito indômito, uma persistência hercúlea e um burilamento moral contínuo para não sucumbir aos perigos e tentações. O conhecimento metódico e a iniciação são armas importantíssimas para quem quer se aventurar nesse campo. A manutenção zelosa do contato com seus mentores é imperativa.

Autor desconhecido



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