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20/11/2013

Poema da Gratidão


Muito obrigado Senhor!

Muito obrigado pelo que me deste.
Muito obrigado pelo que me dás.
Obrigado pelo pão, pela vida, pelo ar, pela paz.
Muito obrigado pela beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar
Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil 
E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil. 

Muito obrigado Senhor! 
Porque eu posso ver meu amor. 
Mas diante da minha visão 
Eu detecto cegos guiando na escuridão que tropeçam na multidão, que choram na solidão. 
Por eles eu oro e a ti imploro comiseração 
Porque eu sei que depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão! 

Muito obrigado Senhor! 
Pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus. 
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro 
A melodia do vento nos ramos do olmeiro 
As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro! 
Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar. 
A melodia dos imortais, que se houve uma vez e ninguém a esquece nunca mais! 
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro. 
E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro! 
Pela minha alegria de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir 
Porque eu sei 
Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir! 

Obrigado pela minha voz 
Mas também pela sua voz 
Pela voz que canta 
Que ama, que ensina, que alfabetiza, 
Que trauteia uma canção 
E que o Teu nome profere com sentida emoção! 
Diante da minha melodia 
Eu quero rogar pelos que sofrem de afazia. 
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia. 
Oro por eles 
Porque eu sei, que depois desta prova, na vida nova 
Eles cantarão! 

Obrigado Senhor! 
Pelas minhas mãos 
Que aram, que semeiam, que agasalham. 
Mãos de ternura que libertam da amargura 
Mãos que apertam mãos 
De caridade, de solidariedade 
Mãos dos adeuses 
Que limpam feridas 
Que enxugam lágrimas e dores das vidas! 
Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias! 
Pelas mãos que atendem a velhice 
A dor 
O desamor! 
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio! 
E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar! 

Obrigado Senhor! 
Porque me posso movimentar. 
Diante do meu corpo perfeito 
Eu te quero rogar 
Porque eu vejo na Terra 
Aleijados, amputados, decepados, paralisados, que se não podem movimentar. 
Eu oro por eles 
Porque eu sei, que depois desta expiação 
Na outra reencarnação 
Eles também bailarão! 

Obrigado por fim, pelo meu Lar. 
É tão maravilhoso ter um lar! 
Não é importante se este Lar é uma mansão, se é uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor, um bangalô, uma casa do caminho ou seja lá o que for. 
Que dentro dele, exista a figura do amor de mãe, ou de pai 
De mulher ou de marido 
De filho ou de irmão 
A presença de um amigo 
A companhia de um cão 
Alguém que nos dê a mão! 

Mas se eu a ninguém tiver para me amar 
Nem um teto para me agasalhar, nem uma cama para me deitar 
Nem aí reclamarei. 
Pelo contrário, eu te direi 

Obrigado Senhor! 
Porque eu nasci! 
Obrigado porque creio em ti 
Pelo teu amor, obrigado senhor! 

Amélia Rodrigues / Divaldo Pereira Franco











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