Uma data em que muitos visitam cemitérios para homenagear entes queridos que já partiram. É um momento propício para abordar questionamentos que, de tempos em tempos, surgem entre pessoas próximas, curiosos ou interessados nos aspectos da espiritualidade.
Para o umbandista, há a serena convicção de que seu ente querido já seguiu para outras dimensões, mais vibrantes de vida, e que o que permanece na sepultura é apenas a "roupagem" desgastada, e não a essência da pessoa com quem compartilhou amor e experiências.
Isso, no entanto, não implica em críticas àqueles que, com sinceridade, escolhem prestar homenagens aos seus falecidos. Muitos desencarnados comparecem aos cemitérios nesse dia, motivados pelas expressões de afeto e lembrança que recebem. Outros, ainda presos a costumes terrenos, atribuem valor a esse gesto e, de certa forma, ressentem-se quando são esquecidos nessas ocasiões.
Diante dessas reflexões, é sensato compreender que não existe um padrão fixo sobre como lidar com o sagrado espaço interno do ser humano. Cada família é única em seu modo de vivenciar sentimentos e recordações, e são seus integrantes os mais aptos a determinar o que melhor se ajusta às suas emoções e tradições.
O ato de visitar o cemitério, portanto, é uma questão de temperamento, fé e costumes. Mais que o local ou o ato em si, é a sinceridade com que a homenagem é feita que confere significado. O amor aos que partiram pode ser manifestado tanto no recanto de oração do lar, em um templo, no cotidiano das ruas ou no próprio cemitério, a qualquer dia do ano.
Aqueles que nos amaram entenderão a intenção genuína, independente do lugar em que nossa lembrança lhes seja enviada, sendo acolhida de imediato pela linguagem do coração. Já os espíritos que valorizam as tradições do Dia de Finados, na medida de suas condições espirituais, estarão presentes no cemitério para receber as preces e votos de paz com sincera gratidão.
Na nossa religião de Umbanda, como espiritualistas, sabemos que a morte não existe, os nosso entes queridos apenas partiram para outra dimensão. E com eles estamos todos os dias, não apenas no dia consagrado a eles pelos humanos, dia 02 de novembro, estamos com eles através do sentimento de afeição que transcende qualquer tempo e espaço, e a nível terra os homenageamos em nossos Templos, nossos espaços de luz e fé todos os dias do ano, e rogamos a nosso Pai Omulu, Orixá que nos ampara na passagem do mundo físico para o espiritual, que os acolham, fortificando e vivificando o seu espírito na seara do amor e do trabalho da caridade, que resplandece o espírito nas regiões sutis da Divina Luz.
O Dia de Finados é também uma ocasião de intensa atividade para as equipes espirituais de socorro, que ajudam os encarnados que ainda sofrem pela separação e os desencarnados que se afligem com as energias de dor emanadas pelos que ficaram. Muitos visitam os cemitérios para limpar túmulos e colocar flores, expressando saudades. Contudo, a melhor forma de lembrar os que partiram é orar pela paz e evolução deles, compreendendo que a morte é uma transição, não um fim definitivo.
Embora não haja objeção à visita aos cemitérios, é recomendável que se tenha cautela, buscando proteção espiritual ao entrar e sair, e orando pelos irmãos que ali permanecem, sem consciência de sua nova condição, pedindo que recebam esclarecimento e auxílio conforme mereçam.
Para a Umbanda, a morte é apenas o fechamento de um ciclo físico. Após essa transição, cada espírito segue para uma dimensão que reflete sua vibração emocional acumulada. Assim, ambientes espirituais são compatíveis com a natureza de cada ser: ódio atrai locais de dor, enquanto o amor leva a moradas harmoniosas. O umbandista entende que a realidade espiritual pós-morte é construída conforme as escolhas feitas em vida, e que a reencarnação permite ao espírito redimir seus débitos e aprimorar-se.
No Dia de Finados, o umbandista, ao reverenciar o Pai Omulu, direciona pensamentos aos ancestrais desencarnados, pedindo por eles. Se algum deles ainda necessitar de auxílio para alcançar a luz, a oração pode ser uma oportunidade de resgate. Aqueles que já evoluíram espiritualmente se sentirão agradecidos pelas vibrações de amor e respeito recebidas.
O culto a Omulu é uma celebração da divindade que representa o encerramento de ciclos, e não apenas a morte física. Sua presença se manifesta em diversos momentos de finalizações em nossa vida, seja um relacionamento, um emprego ou qualquer etapa que chega ao fim. Omulu auxilia no processo de transição, orientando os envolvidos a seguirem seus novos caminhos, e isso reflete a sabedoria espiritual na condução das transformações naturais da vida.
QUESTIONAMENTOS:
1) Os Templos de Umbanda funcionam nesta data?
R) Sim. Não há motivo para não funcionar, desde que os Templos também trabalham em benefício dos desencarnados todos os dias do ano, acolhendo-os quando eles acompanham visitantes do terreiro, por exemplo. Além do que, é mais uma porta aberta para familiares que tenham a preferência de orar por seus entes nos templos umbandistas.
2) A Umbanda encomenda corpo?
R) Sim. A Cerimônia Fúnebre na Umbanda tem a intenção de proporcionar ao espírito desencarnado a proteção da Lei Divina, evitando interferências negativas. É um sacramento bonito, envolvido pela luz da fé, do amor e da caridade. A TULCA promove este sacramento, desde que tenha sido o desejo do falecido.
Por Mãe Ednay
Dirigente da Tulca
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