"Intolerância religiosa ou Bullying religioso: como estão criando o ódio ao outro, em vez de criar o amor ao próximo."
BONDADE
"Ninguém nasce odiando outra pessoa
pela cor de sua pele,
ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta."
(Nelson Mandela)
É doloroso a um pai e a uma mãe ver seu filho chegar em casa chorando e, ao perguntá-lo o que houve, ouvir de sua boca que ele está sendo perseguido na escola (seja agredido verbalmente, psicologicamente ou fisicamente). Isso causa revolta a família e a uma grande parte da sociedade, ao saber que casos como este existem.
Saber que estão ridicularizando seu filho por ele ser magro, gordo, vesgo, muito baixo, muito alto, porque tem um pequeno ou um grande defeito físico, por ser muito inteligente ou por não ser tanto inteligente assim, ou, simplesmente, porque ele tem uma crença religiosa, é muito difícil de se lidar.
O interessante é que o bullying não se limita somente a escola, mas a toda sociedade quando alguém, um grupo, persegue, ridiculariza, maltrata, agride, humilha uma pessoa ou grupo de pessoas. No caso, dão-se outros nomes, como: assedio moral, intolerência religiosa (art. 20 – lei Caó - Lei 7716/89), a ofensa à integridade física (art. 129, Código Penal); injúria (art. 140, Código Penal); calúnia (art 138, Código Penal); difamação (art. 139, Código Penal); ameaça (art. 147, Código Penal)
Normalmente quando isso acontece com um filho, um parente, há uma comoção, os pais procuram a escola, falam com o diretor, orientador pedagógico, pois querem uma solução para isso e não querem ver seu filho sofrendo esse tipo de abuso. E tudo isso é entendido como um abuso que necessita parar, algo inadmissível.
Bom, o triste é que existe também o bullying religioso ou intolerância religiosa, em que, não só as crianças, mas também seus pais e parentes, são vítimas de preconceito religioso, perseguição e discriminação. E isso acontece no dia a dia, na escola, no trabalho, ou seja, em qualquer lugar.
A diferença do bullying religioso e do bullying escolar é que primeiro é fomentado e estimulado e, o segundo, condenado. No entanto, ambos são práticas ofensivas que não deveriam ser permitidas ou estimuladas em nossa sociedade, pois propagam o ódio e a raiva em virtude das diferenças. Lembrando que podemos ser diferentes em muitas coisas, mas somos semelhantes, pois todos nós somos seres humanos.
No âmbito religioso existem setores que trabalham fomentando o bullying religioso através de um artifício chamado proselitismo religioso, ou seja, de acordo com a minha religião (ou o que eu interpreto dela ou o que assumo que outro interprete, seguindo suas palavras sem questionamentos) eu desqualifico, denigro ou demonizo outras religiões, simplesmente porque são diferentes, assumindo que a minha, é a verdade absoluta, a única certa e verdadeira; ou, o meu Deus, é o único caminho de salvação e verdade. Assim, as outras, todas as outras religiões são mentiras, não tendo valor, e não fazem parte da verdade de Deus, pois meu Deus é o único caminho. Outro ponto é que religiões que assim procedem, também estimulam seus fiéis a converterem pessoas de outras crenças a qualquer custo, sem respeitar o direito do outro de ter a sua própria fé e manifestá-la livremente. E, quando não convencem o outro, partem para as agressões, perseguições, difamações, chegando algumas vezes até a agressão física, para, supostamente, tirar o demônio do corpo daquele indivíduo que quer, somente, ser respeitado em sua religião, em sua crença.
O fato é que não se admite o bullying escolar, mas certas crenças estão assumindo, no proselitismo que fomentam, o bullying religioso. E isso é um absurdo e uma grande falta de amor e respeito ao outro. Como é possível dizer amai-vos uns aos outros, se existe um fomentar o ódio e a agressão àqueles que, simplesmente, escolheram uma outra fé, uma outra crença, uma outra religião?
Já é hora de começar a pensar nisso tudo, pois se aqueles que fomentam o bullying religioso através do proselitismo não acordarem hoje, provavelmente seus filhos e filhas estarão copiando isso e levando para dentro das escolas e perseguindo crianças de outras crenças. Transformando nossa sociedade em uma sociedade de segregados, de pessoas perseguidas e gerando, cada vez mais, ódio nas pessoas e nas crianças, só porque existem pessoas de outras crenças.
"Creio na verdade fundamental de
todas as grandes religiões do mundo.
Creio que são todas concedidas por Deus
e creio que eram necessárias para os
povos a quem essas religiões foram reveladas.
E creio que se pudéssemos todos ler as
escrituras das diferentes "fés", sob o ponto
de vista de seus respectivos seguidores,
haveríamos de descobrir que, no fundo,
foram todas a mesma coisa e sempre úteis
umas às outras."
(Mahatma Gandhi)
Um amigo me falou sobre uma passagem do NT, João 14: 6 Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim."
Esse amigo me disse que a melhor interpretação, vendo que Jesus sempre professou o amor, que nunca impôs o curar ou o ajudar o outro que a pessoa acreditasse nele, é que o maior caminho, verdade e vida que esse grande mestre nos mostrou foi, sem sombra de dúvidas: "Amaras o teu próximo como a ti mesmo". Mateus 22:39. E que esse é o grande caminho que a humanidade tem que percorrer: amar o próximo, e, por esse amar, alcançar a Deus.
A grande verdade é que quem ama não discrimina, persegue, ofende, mas aceita o outro em suas diferenças, mesmo que essas diferenças sejam na escolha de uma religião.
Se todas as pessoas se amassem mais, e se respeitassem mais, teríamos um mundo bem melhor, independente da religião de cada um.
Um mundo mais em paz e mais próximo de Deus, ou seja, um mundo com muito mais amor.
Pai Etiene Sales
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