Doutrinas Espiritualistas - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

Doutrinas Espiritualistas

Publicado em 22/03/2013

Doutrinas Espiritualistas

Falar sobre todas as doutrinas espiritualistas existentes no mundo é tarefa dificílima, pois seu número é bastante elevado, o que exigiria muito espaço e tempo.

Como nosso trabalho limita-se apenas a apresentar alguns ensinos principais, mas resumidos, objetivando, dessa forma, facilitar mais àqueles que não dispõem de tempo e nem mesmo de muitas obras de consulta, é que resolvemos abordar um pouco de cada assunto que, sobremaneira, interessa aos que desejam formar cultura generalizada no campo espiritual.

Assim, considerando que as doutrinas espiritualistas, notadamente as da antiguidade, vêm trazer apreciável subsídio para o leitor no que diz respeito aos seus conhecimentos espirituais, é que achamos conveniente citar algumas dessas doutrinas, que serviram para o desenvolvimento dos chamados "iniciados" de antanho.

Quando falamos em iniciados, lembramo-nos logo de Moisés – o salvo das águas do rio Nilo – segundo narrativa bíblica.
Moisés fora educado na corte dos Faraós, tornando-se um grande iniciado daquele época. Seus livros, que constituem o chamado Pentateuco, deixam transparecer, claramente, que ele era dotado de grandes conhecimentos das ciências secretas, daquele tempo.

Ao que estamos informados, muitas eram as fontes de consulta de então, as quais teriam servido para aprimorar seu conhecimento no terreno da filosofia espiritualista, tornando-se, dessa forma, um dos grandes iniciados da época.

1 - Os Vedas

Não podemos precisar a data em que foram escritas estas obras, mas Souryo Shiddanto (em sânscrito "tratado do deus do sol"), obra de astronomia, cuja composição remonta, em sua parte mais antiga, ao século IV a.C., já nos fala dos Vedas.
Estas obras constituem a Bíblia da Índia e nelas encontramos preciosos ensinos espiritualistas, como a comunicabilidade dos espíritos, a reencarnação, a pluralidade dos mundos, além de sábios conselhos, muitos deles semelhantes aos que nos foram legados pelo Cristo.
Quanto à comunicabilidade dos espíritos, lemos nos Vedas que, no sacrifício do fogo, muito usado na antigüidade, compareciam os Espíritos denominadosAssouras, que no panteão indiano constituem divindades do mal, e os Pitris, que eram almas dos antepassados, e dele tomavam parte.
Como se vê, desde as mais remotas eras já se estabelecia a comunicação entre os dois mundos, dando prova, assim, da sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico.
Devemos citar, ainda, para maiores esclarecimentos, que os Vedas encerram preciosos ensinos no campo do amor e do perdão. O que se segue é um exemplo de sua sublimidade:
"Sê, para o teu inimigo, o que é a terra que devolve farta colheita ao lavrador que lhe rasga o seio. Sê, para aquele que te aflige, o que é o sândalo da floresta que perfuma o machado do lenhador que o corta."
Os ensinos da pluralidade das existências, ou seja, da reencarnação da alma, eram conservados na tradição oral dos cânticos védicos; foram divulgados somente após a compilação dos Vedas pelo sábio brâmane, Vyasa, cerca de 14 séculos a.C., e fixados definitivamente entre os séculos XII e XI, quando a escrita foi introduzida na Índia pela influência dos fenícios.

2 - Krishna

Continuando nosso estudo em torno de algumas doutrinas espiritualistas da antigüidade, devemos lembrar o grande pensador brâmane, Krishna, que foi o inspirador das crenças dos indus. Através de sua doutrina, verificamos que a imortalidade da alma, as vidas sucessivas, a lei de causa e efeito, faziam parte dos seus ensinos.
A doutrina de Krishna se contém inteirinha no Bhagavad-Gita, que é um dos hinos do Mahabhárata e, por sinal, a mais bela e profunda mensagem de filosofia que nos legou a antigüidade.
"O corpo – dizia ele – envoltório da alma que aí faz sua morada, é uma coisa finita; porém a alma que o habita é imortal, imponderável e eterna".
Esses ensinos nos mostram a imortalidade da alma como princípio básico, e que a vida do corpo é transitória.
"Todo renascimento, feliz ou desgraçado, é uma conseqüência das obras praticadas em vidas anteriores."
Aí está patente a lei de causa e efeito. Colhemos o fruto oriundo da semente que lançamos.
Com referência à reencarnação, dizia ele:
"Tanto eu como vós temos tido vários nascimentos. Os meus, só de mim são conhecidos, porém vós nem mesmo os vossos conheceis."
Ao que parece, Krishna, em decorrência de sua evolução, lembrava-se das encarnações pretéritas.
Ainda, sobre reencarnação, devemos citar mais este ensinamento:
"Como a gente tira do corpo as roupas usadas e as substitui por outras novas e melhores, assim, também, o habitante do corpo (Espírito), tendo abandonado a velha morada mortal, entra em outra nova e recém-preparada para ele."
Sobre a moral, pregava Krishna:
"Os males com que afligimos o próximo nos perseguem, assim como a sombra segue o corpo."
"As obras inspiradas pelo amor dos nossos semelhantes são as que mais pesarão na balança celeste."
"O homem virtuoso é semelhante a uma árvore gigantesca, cuja sombra benéfica permite frescura e vida às plantas que a cercam".
"Se convives com os bons, teus exemplos serão inúteis; não temas habitar entre os maus para os reconduzir ao bem."
São ensinamentos que muito se assemelham aos de Jesus, porquanto fora Krishna um de seus enviados.

3 - Buda

Outro missionário que veio ao mundo para trazer ensinos de amor e de perdão foi Buda, cujo nome verdadeiro era Gautama Sáquia Muni (Gautama é o nome étnico e designa o clã a que pertencia Buda. Quanto a Sáquia Muni designa "o santo oriundo dos Sáquias" – família de guerreiros).
Buda viveu cerca de 600 anos a.C. Renunciou às grandezas, à vida faustosa para isolar-se nas florestas, às margens dos grandes rios asiáticos, em profunda meditação e estudo, durante sete anos, reaparecendo, depois, para pregar a necessidade de se praticar o bem, porque "o bem – dizia ele – é o fim supremo da natureza."
Sobre reencarnação disse:
"O que é que julgais, ó discípulos, seja maior: a água do vasto oceano, ou as lágrimas que vertestes, quando, na longa jornada, errastes ao acaso, de renascimento em renascimento, unidos àquilo que odiastes, separados daquilo que amastes? Uma vida curta, uma vida longa, um estado mórbido, uma boa saúde, o poder, a fraqueza, a fortuna, a pobreza, a ciência, a ignorância... tudo isso depende de atos cometidos em anteriores existências."
"As almas não penetram no ‘mundo das formas’ senão para trabalhar no complemento da sua obra de aperfeiçoamento e elevação. Podem realizar isso pelos Upanichades e completá-lo pelo Purana ou amor."
(Os Upanishades são tratados de mística hindu, que se reportam aos Vedas, especialmente ao Yadjur-Veda).
"A ciência e o amor são dois fatores essenciais do Universo. Enquanto não os adquirir, o ser está condenado a prosseguir na série de reencarnações terrestres."
Sobre os males decorrentes da ignorância, devemos citar este outro ensino, que está sempre atualizado:
"A ignorância é o mal soberano de que decorrem o sofrimento e a miséria humana. O conhecimento é o principal meio para se adquirir a elevação da vida material e espiritual."
É interessante notar haver Buda colocado o conhecimento como base da elevação espiritual, o que atesta a importância dada, já naquela época, ao estudo das ciências da alma e, conseqüentemente, do princípio das coisas, para a realização desse desiderato.
Podíamos falar ainda mais sobre este grande missionário, mas, dada a exigüidade de espaço, limitamo-nos, apenas, a estas citações, concluindo com a afirmativa de que a doutrina de Buda é toda de amor e caridade, oferecendo, assim, profunda analogia com os ensinos legados por Jesus.
Devemos lembrar, também, de três outras figuras importantes no mundo Oriental, que foram Lao-Tseu, Mêncio e Confúcio.
O primeiro, apresenta o Livro da Razão Suprema, estabelecendo elevados princípios morais; o segundo, em seu Tratado de Moral, concita os homens à boa conduta, e, o terceiro, trouxe a grande máxima: – "Não façais aos outros o que não quereis que eles vos façam."

4 - Sócrates e Platão

Sócrates, como o Cristo, nada escreveu. O que sabemos, hoje, a respeito de sua doutrina, foi escrito por Platão, seu discípulo. Morreu condenado a tomar cicuta, por haver atacado as crenças da época e colocado a virtude acima da hipocrisia. Combateu, de corpo e alma, os preconceitos religiosos como o fez Jesus, a quem os fariseus também acusaram de corromper o povo.
Como nosso objetivo principal é trazer, através destas páginas, um pouco de conhecimento, não só do Espiritismo, mas também de mais algumas doutrinas espiritualistas, que nos foram legadas por aqueles que antecederam o Cristo, não podemos deixar de inserir, aqui, alguns tópicos da doutrina de Sócrates e Platão, que servirão para mostrar a grande semelhança com os ensinos que nos dão os Espíritos.
Vejamos:
"O homem é uma alma encarnada. Antes da sua encarnação, existia unida aos tipos primordiais, às idéias do verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles encarnando, e, recordando seu passado, é mais ou menos atormentada pelo desejo de voltar a ele."
Aqui vemos a distinção entre o espírito e a matéria, o que nos mostra o princípio da preexistência da alma antes de reencarnar, guardando intuição do mundo espiritual. Está, desta forma, bem expressa a reencarnação.
E, continuando, vamos citar vários outros trechos desta doutrina, que servem para aclarar nosso espírito na compreensão de que há um grande paralelo entre ela, a do Cristo e o Espiritismo, embora seja esta mais completa, mas, de qualquer forma, Sócrates e Platão, no dizer de Kardec, pressentiram a idéia cristã através de seus escritos.
"A alma – diziam eles – se transvia e perturba, quando se serve do corpo para considerar qualquer objeto; tem vertigem como se estivesse ébria, porque se prende a coisas que estão, por sua natureza, sujeitas a mudanças; ao passo que, quando contempla sua própria essência, dirige-se para o que é puro, eterno, imortal, e, sendo ela dessa natureza, permanece aí ligada, por tanto tempo quanto possa. Cessam, então, os seus transviamentos, pois está unida ao que é imutável e a esse estado da alma é que se chama sabedoria."
"Após a morte, o gênio (daimon, demônio), que nos fora designado durante a vida, leva-nos a um lugar onde se reúnem todos os que têm de ser conduzidos ao Hades, para serem julgados. As almas, depois de haverem estado no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida em múltiplos e longos períodos."
"Os demônios ocupam o espaço que separa o céu da terra; constituem o laço que une o Grande Todo a si mesmo. Não entrando nunca a divindade em comunicação direta com o homem, é por intermédio dos demônios que os deuses entram em contato e se entretêm com eles, quer durante a vigília, quer durante o sono."
"A preocupação constante do filósofo é a de tomar o maior cuidado com a alma, menos pelo que respeita a esta vida, que não dura mais que um instante, do que tendo em vista a eternidade. Desde que a alma é imortal, não será prudente viver visando à eternidade?"
"Se a alma é imaterial, tem que passar, após esta vida, a um mundo igualmente invisível e imaterial, do mesmo modo que o corpo, decompondo-se, volta à matéria. Muito importa no entanto distinguir bem a alma pura, verdadeiramente imaterial, que se alimente, como Deus, de ciência e pensamentos, da alma mais ou menos maculada de impurezas materiais, que a impedem de elevar-se para o divino e a retém nos lugares da sua estada na terra."
"Se a morte fosse a dissolução completa do homem, muito ganhariam com a morte os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, da alma e dos vícios. Aquele que guarnecer a alma, não de ornamentos estranhos, mas com os que lhes são próprios, só esse poderá aguardar tranqüilamente a hora da sua partida para o outro mundo."
"O corpo conserva bem impressos os vestígios dos cuidados de que foi objeto e dos acidentes que sofre. Dá-se o mesmo com a alma. Quando despida do corpo, ela guarda evidentes os traços de seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida. Assim, a maior desgraça que pode acontecer ao homem é ir para outro mundo com a alma carregada de crimes. Vês, Cálicles, que nem tu, nem Pólux, nem Górgias podereis provar que devamos levar outra vida que nos seja útil quando estejamos do outro lado. De tantas opiniões diversas, a única que permanece inabalável é a que mais vale receber do que cometer uma injustiça e que, acima de tudo, devemos cuidar, não de parecer, mas de ser homem de bem."
"De duas uma: ou a morte é uma destruição absoluta, ou é passagem da alma para outro lugar. Se tudo tem que se extinguir, a morte será como uma dessas raras noites que passamos sem sonho e sem nenhuma consciência de nós mesmos. Porém, se a morte é apenas uma mudança de morada, a passagem para o lugar onde os mortos se têm de reunir, que felicidade a de encontrarmos lá aqueles a quem conhecemos! O meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes dessa outra morada e de distinguir lá, como aqui, os que são dignos dos que se julgam tais e não o são. Mas, é tempo de nos separarmos, eu para morrer, vós para viverdes,"
"Nunca se deve retribuir com outra injustiça, nem fazer mal a ninguém, seja qual for o dano que nos hajam causado. Poucos, no entanto, serão os que admitem este princípio e os que se desentenderem a tal respeito nada farão mais, sem dúvida, do que votarem uns aos outros mútuo desprezo."
"É pelos frutos que se conhece a árvore. Toda ação deve ser qualificada pelo que produz: qualificá-la de má, quando dela provenha o mal; de boa, quando dê origem ao bem."
"A riqueza é um grande perigo. Todo homem que ama a riqueza não ama a si mesmo, nem ao que é seu; ama a uma coisa que lhe é ainda estranha do que o que lhe pertence."
"É disposição natural em todos nós a de nos apercebermos muito menos dos nossos defeitos, do que nos de outrem."
"Se os médicos são mal sucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passa bem."
"Todos os homens, a partir da infância, muito mais fazem de mal do que de bem."
Conforme acabamos de ver, estes ensinos, que foram difundidos quase quinhentos anos antes do Cristo, encerram grandes verdades que, no século XIX, foram confirmadas pelo Consolador Prometido, personificado na Doutrina Espírita, a qual representa, há mais de um século, o Cristianismo Redivivo.



Da diferença entre Espiritismo e Espiritualismo

É muito comum afirmar-se que ser espiritualista é a mesma coisa que ser espírita ou espiritista. Aqueles que assim pensam dão prova de que desconhecem os fundamentos da Doutrina Espírita. Há outros que, ao serem interrogados sobre a religião a que pertencem, embora sejam espíritas militantes, vacilam e dão esta resposta: Sou espiritualista.
De duas uma: ou respondem assim porque desconhecem a diferença que há entre a Doutrina Espírita e as doutrinas espiritualistas, ou porque temem confessar a qualidade de espírita convicto. Acham que, afirmando serem espiritualistas, eximem-se de quaisquer responsabilidades, no tocante à religião, diante da sociedade a que pertencem. É a isto que se chama "covardia moral".
É preciso que se saiba que "todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas".
Embora seja a Doutrina Espírita uma doutrina espiritualista, por excelência, é necessário fazer-se distinção das demais correntes espiritualistas.
Para exemplo, tomemos a Umbanda, seita muito divulgada no Brasil.
Será a Umbanda doutrina espiritualista?
Sim, é doutrina espiritualista, porquanto estabelece a comunicação entre os vivos e os chamados mortos, admitindo, conseqüentemente, a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico; admite sua evolução através das vidas sucessivas e crê no resgate, pela dor, das faltas cometidas em existências anteriores.
Por essas características, não há dúvida alguma tratar-se a Umbanda de uma doutrina essencialmente espiritualista. Mas, por outro lado, será ela Doutrina Espírita ou Espiritismo?
Não. A Umbanda não pode ser considerada Doutrina Espírita porque admite cerimônias litúrgicas, entre elas a do casamento e a do batizado; é litólatra, porque adota nos seus trabalhos imagens dos chamados "santos" (a palavra litólatra vem de litolatria, que é a adoração das pedras), e é também fitólatra, porque faz uso de ervas para defumações, além de outros ritos (a palavra fitólatra vem do grego phyton "planta"; o segundo elemento, latra, provém do verbo grego latrein"adorar"). Mas o Espiritismo não tem ritos de espécie alguma.
Como se vê, por estas observações ficou demonstrada a diferença existente entre a Doutrina Espírita e uma das doutrinas espiritualistas, que é a Umbanda, doutrina esta que tem, face aos seus dogmas e ritos, bastante afinidade com o Catolicismo, também considerado espiritualista, porque admite a existência de Deus e de entidades espirituais que sobrevivem após a desencarnação.

Do livro: "ABC do Espiritismo" - Victor Ribas Carneiro






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