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08/02/2013

O Inferno e os Exus


O Inferno e os Exus

Para nós umbandistas não existe o inferno onde existem penas eternas e governado por uma entidade totalmente maldosa pois não há lógica nisso.

Pois se Deus é onipresente como ele estaria lá no inferno assistindo a atos demoníacos aquelas almas em danação sem ter a mínima esperança de salvação?

Então descartamos a ideia desse inferno.

Admitimos que existam zonas espirituais trevosas, onde se encontram espíritos que ainda não atingiram a elevação moral esperada, mas que pode ser conquistada um dia, através de reencarnação e do trabalho árduo na espiritualidade. Nessa região ou plano que chamamos de baixo astral ainda reina uma espécie de barbárie espiritual, já que os valores de seus habitantes não são nada elevados, necessitando de alguém que freie suas ações, não permitindo que encarnados sejam sempre alvos de seus ataques e obsessão.

E essas entidades são os Exus, os guardiões, que atuam como agentes da lei e da ordem dentro desse principio.

Só que teremos que entender a diferença entre o Exu Orixá do candomblé e o Exu catiço (entidade, espírito, guia...) da Umbanda.

Como sabemos, por diversos fatores históricos, houve em nosso país um processo de sincretismo religioso do qual os orixás africanos foram associados aos santos católicos.

Assim Nanã por ser a orixá mais velha, foi associada a Santa Ana, avó de Jesus, Iansã à santa Bárbara pois esta é associada a raios e a trovões e assim sucessivamente.

No entanto com o orixá Exu houve ainda dentro do sincretismo um processo de demonização, pois exu é a divindade ligada à sexualidade e a virilidade; inclusive carregando em suas representações um cetro em forma de pênis e tendo sua personalidade um tanto rebelde e irreverente (como nos contam as lendas africanas), não tardou para ser associado ao demônio bíblico. Assim, desde o princípio, Exu foi temido, e provavelmente gostou disso.

Apesar da confusão em torno da natureza de Exu, não podemos esquecer nem menosprezar sua importância dentro do panteão africano, já que atua como mensageiro dos Orixás.

Na Umbanda encontramos também Exu, mas não o Exu Orixá e sim o Exu catiço (entidade,) espírito desencarnado que viveu na Terra e através de trabalho que realiza procura alcançar seu progresso espiritual.

Em Alguns templos de Umbanda também é associado a figuras demoníacas. O Exu na Umbanda é um trabalhador valoroso que indiferente a essas interpretações calcadas na ignorância e visões preconceituosas, segue perseverante no cumprimento de sua tarefa.

O papel do Exu numa gira de Umbanda é de uma importância fundamental, pois ele é que realiza a segurança do templo, para guardar o mesmo de ataques de espíritos zombeteiros e de quimbas.

Em casos de descarrego são os Exus os principais agentes, pois cabe a eles a tarefa de encaminhar cada espírito obsessor ao seu lugar de merecimento.

Exu também é o agente da justiça kármica, sendo sua tarefa levar a cada um o que lhe é de direito ou merecimento - por isso mais confusão em torno do seu caráter, já que ao coração humano é muito fácil aceitar o que é agradável, porém muito difícil entender que os revezes da vida muitas vezes são resultados de nossas próprias ações.

Ao contrário que muitos dizem sobre exu, eles são fiéis amigos, sempre dispostos a ajudar seus protegidos, mas são também bastante rigorosos em relação à conduta dos mesmos.

De uma forma muito simples, podemos fazer uma analogia de Exu com o carteiro e o gari, pois ele traz o que tem que entregar e varre aquilo que deve ser levado.

Por fim Exu não é bom nem mau ele é justo.

laroiê Exu

Déborah Aguiar

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